Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 3
Novo parceiro?!


Notas iniciais do capítulo

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A brisa estava suave e a manhã fresca enquanto May pedalava pela rota. O vento batia em seu rosto e balançava seu cabelo à medida que os metros eram vencidos por ela. Enquanto pedalava, a garota observava atentamente o caminho que percorria. No geral, o mesmo estava deserto, exceto por alguns camponeses que via ao longe cuidando de suas plantações; alguns acenavam alegremente quando a viam passar, pois a conheciam ou a seu pai, outros simplesmente ignoravam.

Vez ou outra, algum pokémon arteiro surgia em meio a grama alta, principalmente Zigzagoons, mas logo voltavam para a mesma apressadamente. Em algum trecho do percurso, ela quase teve a certeza de ter avistado um Linnone atravessando a estrada, mas como fora extremamente rápido, não teve a completa certeza. Em pouco tempo, a menina se sentiu solta e livre o suficiente para cantar uma música que aprendera enquanto ainda era criança e logo pequenos Tailows começaram a voar ao seu redor acompanhando com seus doces piados o ritmo da música.

Por volta das onze ela finalmente parou alguns minutos para descansar. Estaria em Littleroot em menos de meia hora por isso havia tempo de folga o suficiente para que relaxasse e deixasse sua pokémon fora da pokeball. Sentou-se e escorou em uma grande árvore de troco escuro e pegou a Premier Ball que continha sua Skitty. A pequena ficou feliz em ser solta mais uma vez naquela manhã e pôs-se a correr em volta de sua treinadora enquanto farejava as delicadas flores amarelas que podiam ser vistas entre o mato baixo.

– Em breve chegaremos ao laboratório Skitty. Lá vou pegar minha pokedéx e então seremos pokémon e treinadora oficialmente.

– Meoowww- Miou a gata em resposta e se aproximou da garota para ganhar carinho, entretanto, parou no meio de seu trajeto erguendo as grandes orelhas e olhando de um lado para o outro como se procurasse por algo.

– O que aconteceu Skitty? – Perguntou May, estranhando a ação de sua pokémon. Ao ver que a mesma não lhe deu atenção e continuou a concentrar-se no som, parou de falar e também tentou escutar algo. Não ouviu nada a princípio até que um som fraco e distante, atrapalhado pelo soprar do vento chegou a seus ouvidos.

“ Socorro! Socorro! Alguém por favor me ajude!” O som da voz não lhe era estranho, embora não soubesse de quem pertencia por conta da altura.

– Vamos até lá Skitty, seja lá quem for parece estar com problemas... – Ela levantou-se e pegou sua bicicleta e montou-a, seguindo sua pokémon que preferiu ficar no chão para poder guiar melhor sua treinadora.

Elas seguiram pela rota por poucos minutos até terem que adentrar as árvores beira da estrada fazendo com que a garota tivesse de seguir andando diante da impossibilidade de seguir de bicicleta naquele caminho irregular. Andaram durante mais algum tempo e ouviram os pedidos de socorro mais algumas vezes até que May reconheceu a voz e apertarem o passo. Tudo indicava que ela pertencia a seu Padrinho que era expert em se meter em confusões e aquela com certeza seria apenas mais uma. Vários minutos passaram-se até que ambas chegaram ao local destinado. A cena que encontraram seria preocupante se não fosse tão cômica.

Ali na frente da garota estava o maior pesquisador da região de Hoenn em cima de uma árvore de tronco fino cheio de escoriações e com a roupa toda suja, sendo acuado por dois pequenos pokémons semelhante a lobos que mal haviam chegado à idade adulta. Possuíam pelos cinzentos por todo o corpo, exceto na barriga, na face e na extremidade das patas onde estes eram quase negros. Seus olhos eram da cor amarelada e as pupilas vermelho-sangue. Ambas rosnavam para o pesquisador mostrando as presas brancas e afiadas, algumas delas inclusive, saindo para fora dos lábios devido ao tamanho. Aqueles eram Poochyenas, pokémons comuns nas rotas de Hoenn principalmente durante a noite.

Os dois pokémons atacavam o tronco da árvores com fortes investidas e May logo constatou que aquela árvore não ia aguentar muito e que além de se machucar, seria alvo do ataque de ambos os pokémons. Ela sabia que teria de intervir o mais rápido possível. Abaixando-se na altura de Skitty, sussurrou para a pokémon o que ela teria que fazer. Aquela seria a primeira batalha que fariam juntas e não poderiam falhar ou trariam problemas para elas mesmas.

– Comece com o Fake out e ataque a Poochyena da direita que é menor – Ordenou, sua ideia era assustar a menor e em seguida tentar derrotar a outra. Se fossem dois contra um estaria em desvantagem.

Skitty sem contestar obedeceu ao comando da garota e partiu em direção ás pokémons. Ambas as Poochyenas perceberam a aproximação da pokémon mas surpreendentemente a mesma desapareceu por poucos segundos atingindo seu alvo de surpresa e lançando-o para o lado. Aquela era uma das melhores funcionalidades do Fake out, apesar de só poder ser realizado no primeiro turno era um ataque surpresa quase impossível de ser detectado ou defendido.

A Poochyena menor encolheu-se ao ser atingida, entretanto o golpe de surpresa pareceu ter provocado a fúria de seu parceiro que imediatamente revidou o golpe com um Tackle afastando Skitty mais uma vez dos pokémons. A pequena gata chiou e os pelos de seu dorso arrepiaram-se, uma reação semelhante aconteceu com Poochyena que arreganhou as presas em um sinal de ameaça. Sem nenhuma ordem, ambos os pokémons atacaram com Tackle resultando em danos semelhantes para ambos. May tentou recordar-se dos ataques de sua Skitty e assim que o fez, deu um novo comando.

– Use o Tail Whip – Poochyena já havia iniciado um segundo Tackle e, ao ter seu foco desviado para a cauda da adversária, perdeu um pouco a direção errando-a por pouco. Imediatamente a gata saltou alguns centímetros de distância do lobo e logo em seguida golpeou-o com um Tackle que atingiu diretamente suas costelas. Ele foi lançado para o lado ferido e um pouco confuso – Rápido Skitty, não o deixe se recuperar!

Mais uma vez seu pokémon atingiu o adversário que vendo-se quase fora de combate, deu um leve latido para sua parceira que também estava ferida, fazendo-a se levantar e juntos fugirem em passos rápidos para longe dali. Skitty, ao ver que ambas foram embora, espreguiçou-se e começou a lamber as patas e esfrega-las na cabeça numa tentativa de arrumar os pelos bagunçados enquanto sua treinadora aproximou-se da árvore gritou para o homem que ainda estava pendurado.

– Pode descer padrinho, elas já se foram!

Em poucos segundos pode ouvir o som de ramos agitando-se com o descer do pesquisador, mas um estralo seguido de um grito a fez perceber que ocorrera aquilo que por ela havia sido premeditado por ela desde o início. O fino galho no qual o homem sentava-se não suportou seu peso e quebrou-se, fazendo com que o mesmo desabasse no chão com um ruído seco.

Imediatamente ela correu em direção ao pesquisador ao lado de Skitty que também havia acompanhado a queda. Ele já levantava-se e embora um pouco confuso, não parecia ter se machucado muito além dos ferimentos já existentes. Ao perceber a garota aproximando-se, sorriu.

– O senhor está bem? Foi uma queda e tanto – Perguntou ela preocupada, acompanhada de um pequeno miado de Skitty que aproximava-se do outro para farejá-lo. Ele deu uma gargalhada.

– Haha! O não se preocupe May, esse Raticate velho aqui aguenta muitas paradas. Eu estou bem, isso não foi nada – Respondeu acariciando o pelo da gata com uma mão e apoiando-se no chão com a outra para levantar-se, entretanto assim que começou a mexer seu braço sentiu uma pontada de dor vindo do mesmo – Ai... Bem, não estou tão bem assim. Devo ter torcido o braço.

Ela ajudou-o a se levantar com cuidado e observou-o tentar tirar a sujeira da roupa, o que, na situação em que a mesma se encontrava, era quase impossível. Ela observou que o mesmo vestira o que uma vez fora um jaleco branco, mas que agora parecia mais um uniforme militar sujo de lama e pedaços de folhas secas e verdes. Ele sobrepunha uma camisa azul marinho e uma bermuda folha seca.

– Como o senhor conseguiu irritar essas Poochyenas?

– Bem eu... Estava fazendo uma pesquisa nessa rota pequena. Pensei que talvez conseguisse encontrar algum pokémon diferente vivendo aqui já que a mesma faz contato direto com o mar – Explicou ele – Mas quando eu estava caminhando distraído sem querer tropecei na Poochyena menor e ela e seu amigo me perseguiram por vários metros até me encurralarem nessa árvore – Suspirou – Foi apenas um empecilho, nada que impeça o avanço da ciência!

– E porque simplesmente não usou um pokémon para se defender?

– Ér, eu poderia, mas é que... O zíper de minha pasta não quis abrir então tive que apelar para minhas pernas mesmo – Riu. Ela acenou a cabeça negativamente e olhou ao redor observando a pequena Skitty arrastar pela alça a grande pasta atrás de si – Oh, obrigado garota – Agradeceu ele e pegou a alça com um braço bom e pendurou no ombro.

– Vamos para a cidade Padrinho. O senhor precisa ir ao hospital dar uma olhada nesse braço – Disse ela levantando sua bicicleta que havia ficado caída no chão um pouco mais atrás e recolhendo Skitty com sua Premier Ball

– Hospital? Não é preciso. Basta pô-lo numa tipoia e logo estará tudo bem. Já me machuquei centenas de vezes, isso não é nada...

– O quê? Nada disso! Nós vamos para o hospital imediatamente. Já pensou que dessa vez possa ser algo grave? – Falou ela, preocupada com o homem. Ainda não acreditava no quanto o mesmo poderia ser tão descuidado e despreocupado com a própria saúde, parecia mais um adolescente problemático.

– Tudo bem, tudo bem. Mas vamos ao Centro Pokémon e não ao hospital. A enfermeira Joy já está acostumada com minhas fraturas e escoriações. Você pode aproveitar para deixa-la dar uma olhada em sua Skitty – May confirmou com a cabeça concordando. Preferia que ele fosse a um hospital, mas sabia que as enfermeiras dos Centros Pokémons eram profissionais extremamente capacitadas e certamente saberiam como cuidar de um braço torcido e caso fosse algo mais grave, encaminhariam o caso para um médico.

Passaram rapidamente pelas árvores e chegaram a estrada, mantendo um ritmo bom rumo a cidade. Conversavam sobre banalidades, embora fosse Birch quem falava na maior parte do tempo. Parecia animado sobre a perspectiva de sua afilhada sair em viagem, mas lamentava que o filho não tivesse despertado o mesmo interesse. Relembrou algumas histórias de quando ele mesmo era um treinador iniciante e começou sua jornada, bastante animado e um pouco inseguro de sair de casa sozinho. May pode perceber em sua voz um leve nervosismo, entretanto ignorou-o, pois provavelmente o mesmo estava relacionado a dor que sentia no braço. Ela permaneceu quieta a maior parte do tempo. Seu objetivo ao encontrar o Prof. Birch, além de receber a Pokedéx era fazer algumas perguntas que tinha certeza de que ele saberia responder; ela só não encontrava o momento certo para fazê-las.

Em cerca de meia hora finalmente chegaram a pequena porém famosa Littleroot. Era uma cidade bonita, suas casas eram pequenas, porém extremamente aconchegantes e bem decoradas diante das quais jardins e gramados bem cuidados podiam ser vistos. Dificilmente as ruas ficavam vazias, pois sempre eram vistas crianças brincando ou pessoas sentadas em frente a suas casas conversando com os vizinhos. No extremo sul estava a maior atração da cidade cuja presença todos os anos trazia centenas de viajantes: o principal laboratório pokémon de Hoenn coordenado pelo pesquisador mais conhecido da região e também um dos mais conhecidos do mundo, o Prof. Albert Birch.

Caminharam pelas ruas calmamente. Enquanto andavam, diversas pessoas acenavam para o pesquisador que sorria e sempre retribuía o aceno. Nenhuma delas parecia espantava em ver o importante homem naquele estado. Sinal de que suas aventuras e confusões nas rotas próximas já eram algo comum. Sem que a garota percebesse, finalmente chegaram até o Centro Pokémon da cidade. Não era um prédio muito grande, pois geralmente poucas pessoas vinham até ali. Sendo eles principalmente de visitantes que não necessitavam de muitos cuidados ou ficavam pouco tempo, também haviam alguns Pokémons dos habitantes da cidade que vez ou outra apareciam por apresentar algum problema simples e os pokémons dos laboratório, mas esses vinham raramente pois eram cuidados por lá mesmo. Possuía paredes pintadas de branco com os dizeres Pokémon Center pintados na lateral com a cor vermelha idêntica a cor com a qual fora pintado o teto.

Assim que chegaram, as portas de vidro automáticas se abriram revelando o interior do prédio. Possuía paredes pintadas de cor branca e piso amarelo claro, havia alguns sofás espalhados para acomodar as pessoas que esperavam por atendimento. Na parte em frente à porta havia um grande balcão vermelho e branco com um jarro de flores decorando-o o e, ao lado do vaso uma linda mulher de cabelos rosados e pele branca ocupava-se em escrever em alguns documentos, levantando seu olhar apenas quando percebeu que ambos já haviam entrado.

– Prof. Birch, como está? Não está machucado outra vez não é? – Perguntou ela sorridente e ao mesmo tempo preocupada.

– Bem, eu... – Começou ele ligeiramente envergonhado, esfregando a parte de trás da cabeça com a mão boa – Na verdade, eu queria que você desse uma olhada no meu braço. Acho que o torci – A mulher suspirou e fez um gesto para que ele se aproximasse.

– O senhor tem que tomar mais cuidado. Nem me lembro mais de quantas vezes veio aqui só esse ano. Suas lesões na maioria das vezes são leves, mas em um desses momentos descuido algo grave pode ocorrer. Já imaginou o que seria do seu filho se algo acontece contigo? – Repreendeu ela, fazendo-o ficar um pouco sem graça.

– Er, você tem razão. Vou tentar ficar mais atento da próxima vez – Concordou – Mas você não precisa me tratar como senhor faz eu me sentir um velho decrépito. Chame-me de você ou de Birch mesmo.

– Certo Prof. Birch. Acompanhe-me então até a sala ao lado para tirar um raio X – Disse ela, apertando algo sob o balcão fazendo com que a porta a esquerda deles se abrisse.

– Espere enfermeira Joy! – Chamou May com sua Premier Ball em mãos – Você pode dar uma olhada rápida na minha pokémon? Ela enfrentou uma batalha enquanto vinhamos para cá e eu gostaria de saber se está tudo bem.

– Claro que posso. Apenas me dê a Pokéball que voltarei em poucos minutos – May assim o fez e depois de observar a enfermeira e o pesquisador entrarem pela porta, se dirigiu a um sofá e sentou-se nele.

Imaginou quando teria coragem e tempo de abordar o homem e perguntar o que desejava. Felizmente, isso não demorou muito, pois alguns minutos depois o pesquisador surgiu pela porta onde entrara com o braço em uma tipoia. Vendo a cara de preocupação da menina já levantou o outro braço e fez com a mão um sinal de que não era nada demais.

– Está tudo bem. Como eu te disse, não era nada sério. Apenas vou ter que ficar com o meu braço esquerdo nessa coisa por uns dias para evitar complicações. Ela também me passou um remédio para dor e fora isso nada demais – Explicou – Ah! Ela disse que daqui a pouco vai trazer sua Skitty. Ela está muito bem e só precisa fazer um rápido checkup.

May confirmou com a cabeça aliviada e em seguida respirou fundo, percebendo que aquele era o momento perfeito para perguntar ao homem o que queria saber.

– Preciso conversar com você padrinho...

– Estou ouvindo May, pode falar... – Disse estranhando o tom de voz que a menina usava.

– Eu... Eu preciso que o senhor seja sincero ao me responder essa pergunta – Respirou fundo – Padrinho, afinal, minha mãe está realmente morta?

De início o rosto do pesquisador travou-se pela surpresa e pelo choque provocado pela pergunta. Em seguida, apertou as mãos e olhou para baixo, como se pensasse numa forma de respondê-la. Sabia que aquela não era uma simples pergunta como às que fazia quando era criança, havia um motivo pelo qual a garota desejava saber aquilo.

– Por que está me perguntando isso? – Perguntou ele por fim. Ela não respondeu de início, então, depois de um tempo finalmente falou.

– Eu te fiz só uma pergunta padrinho. Independente do que responder eu sei qual é a verdade. Estou apenas querendo saber se posso confiar em ti ou não – Nesse ponto, ela estava blefando. Não tinha certeza da resposta e sim uma suspeita, mas precisava garantir que o professor não mentiria para ela. Alguns segundos de silêncio decorreram-se novamente.

– Não. Ela não está morta – Disse ele diretamente com uma expressão nervosa. O corpo da menina deu um leve tremor e ela tentou manter sua oz inalterada.

– Ela está presa? – Continuou, sabia que provavelmente o homem já sabia que a mulher teria fugido, mas preferiu manter-se como ignorante.

– Você já conversou com James sobre isso?

– Não – Disse simplesmente.

– Sim, ela foi presa pouco tempo após você ter nascido – May confirmou com a cabeça.

– Qual foi o motivo dessa prisão? – Perguntou novamente. Birch encarou-a, olhando profundamente em seus olhos como se tentasse desvendar o que a garota estava pensando ou o quanto sabia. Ambos nunca viram tanta seriedade nos olhos do outro.

– Ela envolveu-se com a equipe Aqua a alguns anos atrás. Na época em que a equipe Rocket e ela estavam aliadas. Envolvia algo relacionado à manipulação genética de pokémons – Pelos seus olhos May pôde perceber que não era só isso, mas preferiu manter-se somente com isso por enquanto.

– Certo – Disse enquanto sentava-se e observava um ponto invisível na parede enquanto processava as informações que acabara de receber.

– O que pretende fazer agora então? Se está me perguntando isso provavelmente já sabe que ela fugiu – Ela pode perceber um tom ansioso em sua voz, entretanto já tinha uma resposta pronta para isso.

– Eu tenho um sonho, não, mais que isso, um objetivo: vou ser a melhor treinadora de Hoenn, e, se um dia for possível, do mundo inteiro. Não tenho em mente sair desesperada atrás de uma mulher que eu não sei onde está e que não quer ser encontrada, embora dentro de mim sinta que eu não deva deixar isso passar em branco. De qualquer forma, onde quer que eu esteja, vou procurar informações sobre ela para talvez algum dia encontrá-la, nem que seja ao menos para ver seu rosto.

– Sabe que seu pai e eu não podemos deixar você ir atrás de uma pessoa assim, ainda mais uma criminosa. Se ele não te disse sobre ela antes é porque tinha grandes motivos para isso!

– E quais seriam esses motivos? – Perguntou ela, seus olhos pareciam ter assumido um tom azul escuro, ouviu-se então o som de gotas caindo no teto anunciando que chuva havia se formado, não condizendo com o céu tão claro daquela manhã. O pesquisador não respondeu deixando de encará-la. Percebendo que o mesmo não ia responder sua pergunta, continuou – Bem, como eu já disse. Não pretendo ir atrás dessa mulher, ela está sendo procurada. Se a polícia não for capaz de encontra-la, eu muito menos serei.

– Certo. Então, vai contar ao seu pai?

– Não, ele manteve isso escondido de mim durante anos por algum motivo e justamente agora, quando ela fugiu, me deixou sair de casa. Se ele souber o quanto eu sei vai me impedir de sair em jornada por não sei quantos anos. Peço que o senhor também não conte a ele Padrinho.

– Isso será difícil, não posso prometer-lhe uma coisa dessas – Ela suspirou.

– Bem, eu não gosto de fazer isso, mas não me resta alternativas. Se o senhor contar e eu voltar para casa por conta disso, darei um jeito de fugir de lá e vocês não saberão mais notícias minhas até ter encontrado minha mãe – Ela no fundo sabia que provavelmente não iria conseguir manter uma ameaça dessas e que o pai conseguiria impedi-la de fugir se quisesse, mas ainda assim manteve firmeza em sua fala. Muito tempo seguiu-se de silêncio total até que a enfermeira surgiu por trás do balcão com a Premier Ball da garota em uma bandeja. Imediatamente percebeu o clima tenso que pairava no local e franziu o cenho, mas não comentou nada.

– Seu pokémon está muito bem May. Desculpe-me pela demora – Disse colocando a bandeja sobre o balcão. A garota levantou-se, pegou a esfera e guardou-a, agradecendo a mulher em seguida.

– Não tem problema. Muito brigada por tudo Srta. Joy.

– Não há de que. Pode voltar sempre que precisar – Disse sorridente feliz pela educação da garota.

– Isso mesmo, obrigado por tudo – Birch levantava-se também – E até a próxima vez que eu me machucar. Haha! – Riu – Venha comigo May, ainda preciso conversar algo com você.

– Sim senhor. Até logo enfermeira! – Despediram-se e saíram do prédio. Ainda caia uma chuva leve e o céu encontrava-se um pouco escuro. Ambos seguiram um caminho que ia para o sul.

– May, eu decidi não contar nada para seu pai, porém em troca você terá de me contar tudo o que fizer e tudo o que descobrir. Não quero que me esconda nada. Preciso saber que posso confiar em você e como seu Padrinho garantir que não tome nenhuma atitude imprudente ou desnecessária – Disse ele ainda encarando o seu. A chuva aos poucos parava.

– Sim senhor, farei isso então – Era melhor do que nada na opinião dela.

– Tenho uma coisa a pedir-lhe também – Completou ele um pouco receoso.

– O quê? – Indagou curiosa.

– Convença o Brendan para sair em jornada contigo – Pediu.

Por um instante a garota parou, surpresa pelo pedido inesperado. Brendan era o único filho do Prof. Birch. Um adolescente da idade dela que fora seu colega durante vários anos. Os dois não se davam bem e Birch sabia disso. Por que fazia um pedido desses? Afinal, nem sabia se o garoto queria mesmo seguir carreira em um ramo que envolvesse pokémons, pois nos últimos anos o garoto não havia mencionado nada sobre o assunto.

– Eu... Não. Não padrinho, por favor. O senhor sabe que não nos damos muito bem.

– Mas vocês eram tão amigos no início – Lembrou-se com uma cara chateada.

– Isso foi há muito tempo. O Brendan e eu... – Começou, mas parou ao ver a cara desapontada do homem. Odiava deixar as pessoas tristes, ainda mais ele que ela gostava tanto e que era tão bom para ela.

– Tudo bem então. Vamos ao laboratório comigo? Preciso entregar sua pokedex – Disse prosseguindo a caminhada e acenando para ela com a mão.

– Espere – Ia arrepender-se por isso depois – Eu posso perguntar para ele. Não garanto nada, apenas irei chama-lo... – A expressão do homem imediatamente mudou e ele sorriu.

– Isso é ótimo. Olha, aqui está a minha chave, vá até lá e converse com ele. Depois você me liga assim que tiver resposta, ok?

– Ah, o-ok – Confirmou um pouco nervosa perante a animação do homem pois tinha certeza que o mesmo iria sair decepcionado. Brendan nunca ia sair em jornada, muito menos com ela.

Caminhou vagarosamente rumo a casa do pesquisador que não ficava muito distante dali. Logo chegou até o local. Era uma casa simples, porém bonita. Era pintada da cor branca e o telhado era constituído por tenhas de cor clara. Possuía dois andares e suas portas e janelas eram todas de madeira. Havia uma pequena chaminé de tijolos cinza na frente, próxima a garagem. Ela se aproximou da porta e destrancou-a, ainda um pouco envergonhada de sair entrando assim na casa dos outros.

– Brendan? – Chamou da sala de estar. De início não obteve resposta, mas depois de algum tempo pode ouvir uma voz ligeiramente grossa de adolescente respondendo-a.

– Aqui em cima – Gritou. Ela vagarosamente subiu as escadas encontrando-se no corredor que levava para os quartos e banheiro. Pode notar que a porta de um deles estava aberta, com uma placa de não perturbe pendurada por um prego.

O quarto era de bom tamanho. Possuía paredes pintadas de branco e marrom e cortinas marrom-avermelhadas na janela. Ali havia uma cama, uma guarda roupa grande, computador além de uma televisão grande conectada a um vídeo-game de última tecnologia. Espelhados pelo local haviam boné, mochila, bola, tênis e até uma bicicleta encostada na parede.

Brendan estava sentado no chão escorado na parte frontal da cama enquanto mantinha o controle do vídeo-game em mãos tentando jogar o que parecia ser um jogo de luta. Possuía pele muito branca que ficava ainda mais evidente com os cabelos negros como a noite. Seus olhos eram vermelhos com sangue e o corpo magro e esguio como o de uma adolescente que crescera demais em pouco tempo. Virou rapidamente seu olhar para garota escondendo um pouco a surpresa por vê-la e em seguida retornou seu olhar para o jogo.

– O quê veio fazer aqui? Meu pai não está em casa. Você deve saber disso, pois está com a chave dele.

– Bom dia pra você também – Disse ela um pouco aborrecida, com certeza aquilo não iria dar certo. Perante ao silêncio do outro, ela continuou – Soube que fez catorze anos recentemente...

– Sim, eu sei. Você e seu pai me enviaram um presente – Respondeu sem olhá-la – Você veio aqui para bater papo? Se for pode ir, pois estou ocupado – Ela suspirou.

– Eu comecei minha jornada hoje.

– Parabéns para você. Isso com certeza foi algo que mudou minha vida... – Ela se sentiu ofendida pelo modo de falar do rapaz, ele era grosso, arrogante e irônico. Não sabia como iria levar aquilo até o fim.

– Você já tem um Pokémon não é?

– Sim – Respondeu. Ela respirou fundo, iria direto ao ponto para acabar com aquilo logo.

– Quer sair em jornada comigo? – Perguntou rapidamente. Isso causou tamanha surpresa no jovem que fez o mesmo deixar o controle de lado e voltar-se para ela.

– Quê? – Perguntou ele incrédulo. Tinha certeza que havia ouvido errado.

– Você ouviu. Quer sair em jornada comigo? – Repetiu ela.

– Por que isso agora? Ficou louca? – Perguntou desconfiado.

– Não era você que quando mais novo espalhava para todo mundo que queria ser tão famoso quanto seu pai?

– Foi meu pai não foi? – Perguntou ele olhando de cara fechada para o chão.

– Não – Disse ela.

= Não minta. O que ele te ofereceu? Um Pokémon raro? Dinheiro? Metade das Fitas de Contest da região? Não importa o que seja, se eu for quero metade – Aquilo a irritou. O motivo que a fez ir até ali fora um pedido de seu Padrinho, nenhum suborno do mundo valeria o suficiente para aguentar aquele garoto egocêntrico e mal educado.

– Informações – Respondeu entrando no jogo dele.

– De que tipo?

– Não é da sua conta. Já cumpri minha parte do trato, vim aqui e te chamei. Você que se vire com sua vida – Disse levantando-se e indo em direção à porta.

– Ei cabeçuda, espere aí – Chamou e ela virou-se. O garoto já havia retornado ao seu jogo – Quando for ligar para o velho, diga a ele que aceitei.

– Aceitou o quê?

– O quê? Tapada! Aceitei sair em jornada com você! Garota sonsa.

– Mas, mas... – Ela não podia acreditar, daria pra ter tanto azar em tão pouco tempo?

– Vá logo, anda! E deixe a chave comigo – Disse fazendo um sinal com a mão para a garota ir. Ela simplesmente jogou a chave testa do garoto e saiu do quarto descendo as escadas e saindo pela porta da frente.

Todo o começo pacífico que ela havia planejado para si no início de sua jornada chegara ao fim. Ela agora se perguntava se seria possível que Brendan e ela chegassem a próxima cidade sem se matar. Parecia uma missão impossível

– Senhor Arceus, me ajude por favor!


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Notas finais do capítulo

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