Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 2
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Entrem para a Neo Aliança!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485844/chapter/2

Uma leve brisa noturna soprava lá fora fazendo as folhas das arvores tremularem levemente para acompanhar o ritmo daquela que as tocava. Há pouco tempo anoitecera, mas a maioria das criaturas diurnas já repousava em seus abrigos. Agora era a vez dos ferozes caçadores noturnos buscarem suas presas. Na casa dos Primrose tudo parecia estar no maior estado de tranquilidade, exceto por uma garota que andava de um lado para o outro em seu quarto enquanto recolhia coisas pelo mesmo.

May estava em êxtase, até aquele momento mal podia acreditar em tudo o que lhe ocorrera naquele dia. Foram tantos acontecimentos marcantes, tantas alegrias que a garota tinha medo de deitar em sua cama, acordar e descobrir que tudo não passara de um sonho. Primeiro, havia conhecido o grande campeão de Hoenn , batalhado contra ele e sido elogiada pelo mesmo. Em seguida ganhara um pokémon no aniversário de quatorze anos o qual havia esquecido e por último recebera a maior e melhor notícia de todas: poderia sair em uma jornada pokémon!

Recordava-se perfeitamente das palavras do pai e de seu sorriso ao perceber a alegria que suas palavras causaram nela. “Bem, para ser sincero, eu adiei muito isso.” Disse comendo um pedaço do bolo de aniversário que comprara e trouxera para a filha. “Sinceramente acho que você está mais do que preparada para iniciar sua jornada. Há muito tempo acho isso, na verdade. Só não queria ver a minha pequena princesa finalmente saindo de casa” Completou causando um brilho dos olhos da garota do qual ele jamais iria se esquecer.

Um sorriso não abandonava lindo rosto enquanto ela selecionava peças de roupas e outros itens que usaria fora de casa. Sabia que teria que separar apenas o básico e que os famosos e tão importantes livros sobre pokémons e histórias fantasiosas teriam de ser deixados para trás, assim como a maioria de suas coisas, isso a chateava um pouco mas não chegava nem perto de abalar a alegria que sentia naquele momento. Quase havia acabado de arrumar a mochila que levaria com roupas, saco de dormir e outras coisas e uma pequena bolsa que seria colocada em sua cintura que seria usada para guardar, seus pokémons, poções, antídotos e outros itens para pokémons. Assim seria bem mais fácil pegá-los e usá-los, mesmo em uma situação de emergência.

Estava programado que ela passasse no laboratório do Prof. Birch na manhã seguinte para adquirir sua pokedéx. Isso fora combinado pelo pesquisador e o pai da garota há alguns dias e somente naquele momento a mesma ficara sabendo. Birch era amigo de longa data de seu pai. Começaram uma jornada na mesma época e quando, James se mudou para Littleroot por conta do nascimento da filha, Birch havia acabado de se tornar o principal pesquisador responsável pelas pesquisas feitas pelo governo na região de Hoenn. Birch era o padrinho de May e ela o amava e respeitava muito. Ela soube também que fora ele quem dera o pokémon que agora jazia dentro da Premier Ball que estava em cima da cama. Ela ainda não sabia que tipo de criatura era, mas tinha pela convicção de que o Padrinho não lhe daria algo diferente de um grande pokémon.

Terminando de arrumar suas coisas, a garota finalmente pôde voltar-se para o momento que ela tanto esperava: a abertura da Premier Ball que continha seu pokémon. Poderia tê-lo feito antes, mas queria fazer quando estivesse só em seu quarto. Para que o encontro inicial entre treinadora e pokémon não fosse perturbado por ninguém, nem mesmo pelo pai. Além disso, eu seu interior ainda havia certo receio de que a criatura não a aceitasse como sua treinadora. Isso com certeza a desanimaria um pouco e não queria que James visse.

Pegou a esfera com as mãos trêmulas, ali estava um dos objetos mais preciosos que receberia em sua vida, não pelo valor econômico, mas por todo sentimento que é dado pelo treinador ao pokémon inicial. Acariciou o objeto com o polegar, como se para remover dali uma sujeira inexistente. Deu um longo suspiro e finalmente pressionou o botão prateado central, fazendo o objeto abrir-se instantaneamente e liberar a típica luz que era emitida por todos os tipos de pokeballs. A luz voltou-se então para o chão dando forma a nova criatura que estava prestes a se revelar.

De início, a garota apenas pode distinguir que tratava-se de um ser pequeno cuja altura pouco ultrapassava vinte centímetros. Logo a luz se dissipou e ela pode ver a criatura que nos anos seguintes seria sua principal parceira e melhor amiga. Era uma espécie de pequeno felino de grandes orelhas e olhos puxados. Seu pelo de cores creme e rosa pareciam macios e brilhavam com o toque da luz. A maior parte de sua cabeça possuía pelagem rosa assim como todo o seu dorso terminando numa suave transição para o crema na barriga e nas patas curtas. Na ponta da cauda longa e fina formava-se uma espécie de tufo de pelos rosa com três tufos menores saindo deste. A garota logo percebeu que se tratava de uma fêmea, não soube explicar o porquê, apenas sentia isso em seu interior.

Assim que tomou conta do novo ambiente ao seu redor, o pokémon começou a farejar o chão e chacoalhar as orelhas, moveu-se alguns centímetros de um lado para o outro até que percebeu a presença da garota ali e levantou seu rosto para olhá-la com mais atenção.

– Olá! – Cumprimentou ela sem saber muito bem o que dizer.

– Mewwww! - Respondeu a pokémon, sentando-se e continuando a olhá-la.

– Er... Meu nome é May Primrose, Skitty. Serei sua nova treinadora. O que acha? Podemos ser amigas? – Perguntou May, estendendo sua mão e direção a gata que no início recuou, mas no minuto seguinte deixou-se tocar e começou a ronronar. Em seguida correu em direção a garota e saltou em seus braços, esfregando seu rosto com o dela. Estava claro que havia sido aceita como treinadora, ela não pode conter um sorriso.

Levantou-se com a pokémon no colo e começou a mostrar-lhe o quarto, assim como suas coisas e a roupa que pretendia usar no dia seguinte. Skitty parecia ter se entretido e gostado de tudo, principalmente com sua réplica de pelúcia que começou a farejar e em seguida pular sobre ela, fazendo ambas rolarem pelo chão. A garota ficou encantada com a fofura de sua própria pokémon.

– Venha Skitty, vamos conhecer o resto da casa – Chamou enquanto abria a porta, a pokémon correu em seu encalço e a seguiu fielmente. May mostrou-lhe todos os lugares da casa, desde o quarto do pai até a cozinha, que ainda possuía restos de comida e bolo trazidos pelo pai para comemorar seu aniversário.

A pokémon gata imediatamente correu em direção a mesa, subindo na cadeira e preparando-se para atacar um pedaço de bolo que havia ali e teria conseguido se May não tivesse a segurado com ambas as mãos. Ela protestou e se remexeu em seus braços, indignada.

– Nada disso mocinha, isso não é comida para pokémons e sim para humanos – Repreendeu ela enquanto ia em direção a outro armário de onde pegou uma pequena tigela juntamente com um saco, pôs a pokémon no chão enquanto despejava na vasilha uma boa quantidade de ração para pokémons para que a mesma pudesse comer. Skitty imediatamente começou a devorar a ração fazendo-a rir – Vá com calma, garota. Aqui ainda há bastante ração.

A criatura olhou-a sem responder e retomou seu foco para a comida. May decidiu então levantar-se e procurar pelo pai e contar-lhe sobre a pokemon. Foi diretamente para a biblioteca onde tinha quase certeza que ele estaria por ser o único local da casa que não havia sido mostrado a Skitty por ela. Estranhou a porta do aposento estar fechada e deu três suaves batidas na madeira esperando que o pai respondesse. Como o mesmo não fez, a garota tocou a maçaneta e girou-a suavemente.

A primeira coisa que sentiu ao entrar no local foi o cheiro de álcool que impregnava o aposento. A cada passo que dava tinha certeza de que alguém havia bebido ali ou, pelo menos, derramado uma garrafa inteira no chão de alguma bebida com alto teor alcoólico. Andou a passos lentos para não fazer ruídos e aproximou-se de seu pai que estava ocupando uma poltrona que estava de costas para a porta. Assim que o viu o pai, teve certeza de que fora o mesmo que bebera, ele dormia pesadamente com a boca aberta, os cabelos bagunçados e olhos inchados como os de alguém que chorara por algum tempo, além disso, um copo meio cheio ainda estava em sua mão sobre o braço da poltrona.

May retirou cuidadosamente o copo da mão de seu pai e colocou sobre a escrivaninha, mas não acordou-o. Sabia que, por mais que estivesse curiosa, seu pai não gostaria de ser visto naquele estado, sendo as razões importantes ou não. Olhando para o homem pôde perceber naquele momento quantas saudades sentiria do mesmo quando saísse. Estiveram juntos durante toda sua vida mas agora, como dizia o pai, havia chegado a hora em que sua pequena Tailow deveria criar asas e começar a voar sozinha. Por mais que voltasse para casa depois de sua jornada, ela sabia que nunca mais seria a mesma.

Repentinamente, sentiu algo tocar sua pele e quase deu um grito com o susto. Olhou para baixo imediatamente e pode perceber que era a pequena Skitty que havia terminado de comer sua ração. A pequena andou de um lado para o outro no aposento até que encontrou um amontoado de folhas no chão e começou a mordê-los tentando rasga-los. May rapidamente andou até ela e puxou-lhe o que mordia e observando-o, percebeu que se tratava do jornal daquela manhã. O pai provavelmente lia-o enquanto bebia mas ao pegar no sono o objeto deveria ter caído no chão e ficado ali.

Apenas por uma ligeira curiosidade, a garota decidiu abri-lo para ver o que dizia das últimas notícias daquela região e surpreendeu-se com o que dizia estampado na primeira página do jornal.

“Rebelião e fuga da penitenciaria de segurança máxima de Hoenn causa medo na população.”

Fuga? Rebelião? Não sabia que aquilo havia ocorrido naquele dia. Provavelmente devia ter passado em vários jornais durante o dia, mas como a garota estivera ocupada, não ligara a televisão. Continuou a ler a matéria para saber mais sobre o assunto. Aparentemente, uma briga havia sido começada entre os presos por conta do roubo de algum objeto importante que era de um deles. Aproveitando a situação de distração entre presos e policiais, três deles conseguiram escapar do lugar. O fato daquela ser a principal das prisões do continente fazem os moradores das proximidades temerem pois ali estavam alojados alguns dos mais perigosos detentos do país.

Foi então que a garota deixou o jornal cair de suas mãos e bater com um baque seco no chão. Seus olhos azuis brilhantes encheram-se de água incrédulos com o que acabara de ler. Ao final da reportagem, ela pode ler um nome que agora zunia por sua cabeça de maneira assustadora e descontrolada. Ali, naquele jornal, entre os nomes dos fugitivos, estava escrito o nome de Dayane Hughes Primrose. O nome que conhecera e levara consigo em sua vida inteira, na esperança de que um sonho revelasse seu rosto para ver se eram parecidas. Aquele era o nome de sua mãe.

Sem se preocupar se fazia barulho ou não, a garota pegou sua pokémon em seus braços e saiu dali rapidamente. Precisava ter certeza daquilo que acabara de ler, precisava ter a convicção de que tudo aquilo que pensara em sua vida não passara de uma mentira. Os sentimentos estavam confusos em sua cabeça, seria apenas uma coincidência? Seria aquele apenas um nome de uma pessoa qualquer que estranhamente era igual ao de sua mãe?

Entrando quase correndo em seu quarto com Skitty em seus braços ela imediatamente pegou seu notebook que se encontrava sobre a escrivaninha e rapidamente ligou-o. Impaciente esperou que o Windows 8 se iniciasse completamente e finalmente pode abrir seu navegador de internet digitando, com os dedos trêmulos, o nome que repercutia tanto em sua cabeça.

“Dayane Hughes Primrose”

Poucos segundos se passaram até que o Google finalmente deu-lhe a resposta procurada e aquela constatação acabou sendo uma das piores da vida da garota. Em todos os sites em que clicava, abria-se uma imagem de uma linda mulher de cabelos castanho-acobreados e olhos azuis que havia sido presa no ano em que a menina nascera. Ela não olhara o que havia acontecido, não precisava saber o motivo pelo qual a mulher havia sido presa. Só precisava saber que a que pessoa durante anos ela pensara estar morta agora estava ali, revelando-se como uma criminosa. Ela não sabia se sentia-se feliz ou triste, apesar de ter estado presa, aquela não era sua mãe? Não fora aquela mulher que durante anos foi alvo do desejo da garota para simplesmente dar-lhe um abraço?

Sem se conter a menina sentou-se no chão e pôs-se a chorar, a vida dera-lhe uma virada forte demais em apenas um dia para que pudesse suportar. No início daquela manhã, era apenas uma garota com um sonho comum. A tarde, fora uma futura treinadora cheia de alegrias e a noite, transformara-se em uma pessoa qualquer que acabara de descobrir que o pai mentira-lhe a vida inteira e que sua mãe estava viva, era uma criminosa, mas estava viva.

A pequena Skitty não entendia o porque de sua nova treinadora estar chorando daquela maneira, tentava a todo custo chamar-lhe a atenção mas ao ver que não era vista, esfregava-se na menina num gesto de solidariedade com o objetivo de consolá-la. Não fazia sentido para a Pokémon, aquela não era a mesma garota que a poucos segundos esbanjava alegria ao seu lado pelo simples fato de terem acabado de se conhecerem?

Depois de algum tempo, ela conseguiu parar de chorar e pegou a pokémon em seu colo e acariciou-lhe o pelo macio.

– Está tudo bem Skitty, eu já estou bem – Disse mais para si mesma do que para a pokémon. Queria naquele mesmo instante descer as escadas e ir diretamente a biblioteca confrontar seu pai, perguntar se aquela mulher era mesmo a sua mãe e porque ele mentira para ela durante tantos anos, mas não o fez. Se ele já omitira a existência da mulher de sua vida quem garante que não iria fazer novamente? Quem garante que ele diria a verdade ou mesmo a deixaria sair de casa depois daquela notícia? Ela não sabia o que teria que fazer daquele momento em diante, mas sabia que mais do que nunca deveria sair em jornada e encontrar aquela mulher que levou tanto tempo para conhecer. Ao menos que fosse de longe, queria ter a certeza de que ela era real. Só precisava confirmar uma coisa e isso seria confirmado no dia seguinte poucas horas depois que saísse de casa.

Levantando-se vagarosamente, ela pegou seu computador e preparou-se para desliga-lo, mas antes deu uma olhada naquele belo rosto uma última vez. Não iria esquecê-lo facilmente. Assim que guardou o aparelho, ela dirigiu-se ao banheiro para aprontar-se para dormir, tomou banho, vestiu um pijama e escovou os dentes. Quando saiu, pode notar que sua pokémon já a esperava sobre a cama balançando a cauda de um lado para o outro com o sua réplica de pelúcia ao seu lado. Deitou-se, agradeceu a Arceus por mais um dia e acariciou a pokémon que deitava-se ao seu lado.

– Vou precisar de você Skitty, temos mais uma missão além de ser as melhores treinadoras da região e do mundo. Agora teremos também que descobrir onde está a minha mãe. Você vai me ajudar? – Perguntou baixinho para a criatura e pode ouvir um pequeno miado positivo em resposta - Obrigada garota – Disse antes de fechar os olhos e entrar completamente em seu mundo de sonhos.

“Ela nadava. Sentia as águas do oceanos revirarem-se a seu redor como uma saudação para que passasse. As águas estavam calmas e levemente frias, mas nada que incomodasse. Era apenas como um acariciar suave na pele fria e escorregadia. Podia ver todas as criaturas ao seu redor com uma nitidez surpreendente. Vários cardumes de pokémons peixes pareciam dançar com as correntes marítimas e um imenso Gyarados nadou ao seu lado, ela não sentiu medo, apenas feliz por ter uma nova companhia de natação para cruzar os mares do mundo...”

Acordou com o irritante barulho do despertador martelando em seus ouvidos, virou-se para o pequeno cuco em forma de Pidgey e sentiu vontade de atirá-lo para o mais longe possível, mas conteve-se apenas desligando com um toque mais pesado. Ainda eram 6 horas da manhã, mas o sol já podia ser visto exibindo seus belos e brilhantes raios da alvorada. O estardalhaço que os pokémons pássaros faziam naquela hora era impressionante, a garota perguntou-se como não havia acordado antes com tanto barulho. Olhou ao redor e viu que sua nova pokémon já estava acordada. Na verdade, parecia ter acordado há muito tempo pois suas coisas estavam todas reviradas de maneira surpreendente.

– Skitty! – Reclamou ela enquanto começava a arrumar a bagunça pelo quarto. Por sorte, ela era menor do que parecia e rapidamente estava tudo organizado de novo – Fique quietinha enquanto me arrumo ok? Quer me ajudar a escolher algo para vestir?

– Meeeoooww – Miou animada em resposta. Logo a cama tornou-se uma montanha de roupas que iam sendo jogadas pela garota. Ou a roupa não agradava Skitty, ou não agradava May, ou nenhuma das duas. Finalmente, no fundo da gaveta ela encontrou algo que parecia legal o suficiente para usar. Consistia-se de uma blusa vermelha de gola preta e um short curto também preto. Nas mãos usava luvas brancas e pretas e nos pés, os tênis que ganhara do pai naquele mesmo dia e eram próprios para longas caminhadas, possuíam as cores branca e vermelha, com uma faixa preta no meio. Por fim, a garota pegou a pequena bolsa verde ecom os itens para pokémons e prendeu em sua cintura, o resto levaria em uma mochila. Se pegou pensando em como seu time estaria quando estivesse completo, quando o que acontecera np dia anterior retornava mais uma vez sua mente.

– Gostou Skitty? – Perguntou. A pequena fez que sim com a cabeça e então saltou da cama e correu para uma parte do guarda roupa de onde puxava algo da cor verde com a boca – O que você tem aí? – Puxou com sua mão direita o que a gata lutava para retirar e notou que se tratava de uma bandana verde da mesma cor de sua pochete – Acha que eu ficaria bem com isso?

Recebendo um sim da pokemon ela levantou-se e andou até o espelho de seu guarda roupas onde partiu o cabelo castanho liso ao meio e amarrou o lenço em sua cabeça. Deu uma olhada no espelho e gostou do que viu, pelo menos daria para disfarçar quando o cabelo estivesse com frizz.

– Está melhor? – Perguntou olhando para Skitty.

– Meeeowww – Respondeu ela com um sim animado. May sentou-se no chão e fez sinal para que a pokémon viesse. Skitty imediatamente saltou da cama e correu para os braços de sua treinadora.

– Acha que estamos preparadas? Nem sei se dá para encarar meu pai depois do que acho que descobri ontem – Disse acariciando os pelos da gata – Preciso saber a resposta Skitty. Isso é muito importante para mim. Descobrir que não se sabe quase nada sobre grande parte de sua vida é uma coisa estranha.

Criando coragem, ela por fim levantou-se e preparou-se para descer para tomar o café da manhã. Carregando Skitty em seus braços, saiu do quarto e desceu as escadas vagarosamente sentindo o cheiro de comida preencheu o ar fazendo a pokémon agitar-se.

– Calma aí garota, ainda vai ter comida quando você chegar lá.

Quando chegou a cozinha, surpreendeu-se com a quantidade de comida em cima da mesa. Normalmente ela e o pai comiam bastantes frutas, pães e biscoitos, mas naquela mesa havia tudo isso e mais um pouco. Nunca havia visto uma mesa tão cheia e tão bonita em sua casa. Perguntou-se se James pretendia trazer alguém em sua casa, pois aquilo daria para alimentá-la dezenas de vezes.

James já encontrava-se sentando lendo o jornal daquela manhã. May recuou um pouco, por um instante uma sensação desagradável passou por seu corpo como se aquele que estivesse em sua frente fosse um estranho, mas logo expulsou esse pensamento e repreendeu-se. Aquele era seu pai, o homem que havia a criado desde que nasceu, fora ele que ensinara-lhe tudo, acalentara seu choro e ficava em seu quarto por todas as noites até que dormisse. Ele a amava e ela o amava ainda mais. Se James havia escondido ou não algo dela seria para o bem da própria garota e não o contrário.

– Bom dia pai! - Cumprimentou a garota entrando no aposento.

– Bom dia minha princesa – Respondeu ele, ela pode ver a expressão cansada e as olheiras em seus olhos quando encarou-a – Já estava indo chamar-lhe, presumi que queria partir cedo em sua jornada.

– E está certo, não quero perder nem um minuto desse dia maravilhoso. Já conhece a Skitty – Perguntou erguendo a pokémon em seus braços e James sorriu.

– Vi-a quando estava no laboratório. É realmente linda. Tem uma vasilha com ração pra ela no chão ao lado da do George – May abaixou-se e colocou-a no chão para que Skitty pudesse tomar seu café da manhã enquanto ela mesma se servia. Notou que o pai apenas tinha em sua frente uma caneca de café preto quente.

– Não vai comer nada pai? – Perguntou ela.

– Hum... Por enquanto não querida. Estou com um pouco de dor de cabeça, mais tarde como algo.

Conversaram sobre assuntos banais enquanto a garota tomava seu café da manhã. Comeu bastante e de tudo, parando apenas quando sentiu-se realmente cheia. Sabia que sentiria bastante saudades da comida do pai enquanto estivesse fora e provavelmente até emagreceria bastante, por isso comia como uma forma de despedir-se de casa.

Assim que terminou de comer, levantou-se e seguiu para o quarto para escovar os dentes e pegar suas coisas. Acabou tendo que fazer isso e ainda arrumar as roupas que ficaram sobre a cama, sua mania de desorganização já estava irritando ela mesma. Deu uma última olhada no quarto e em suas coisas, sentiria muita falta daquele lugar. De todas as lembranças boas e ruins que tivera ali. Prometeu a si mesma que só retornaria para aquela casa quando estivesse com o troféu de campeã de Hoenn em mãos.

Desceu as escadas pronta para partir. Seu pai já esperava-a na porta com Skitty ao seu lado. Ela retornou a pokémon para sua Premier Ball e virou-se para o pai, dando o abraço mais forte que podia dar. Ele retribuiu o abraço também apertando-a com força.

– Vá com Arceus minha pequena. Que ele sempre guie seus passos e ajude-a a conquistar seus sonhos. Não se esqueça que onde quer que você esteja, eu sempre estarei aqui torcendo por ti. Amo você!– Aquilo deixou-a de olhos marejados.

– Eu amo você também pai. Prometo que quando voltar para casa já serei a campeã de Hoenn – Foi o que pôde dizer.

– Será sim, com certeza. Eu acredito em você!

Sorrindo, ela separou-se do homem e andou em direção à bicicleta já escorada no portão. Parecia um daqueles modelos antigos, mas ainda assim era bonita, pintada da cor branco com uma delicada cesta em sua frente. Vagarosamente, a garota abriu o portão e montou na bicicleta. Deu um pequeno aceno para o pai e para George que ainda observavam-na da porta e começou a pedalar.

Passou pela frente da casa dando uma última olhada para o lugar e em seguida voltou sua atenção para a rota que seguia rumo a Littleroot. Não era um caminho longo e provavelmente estaria lá antes da metade do dia pedalando em um ritmo calmo. A brisa tocava em seu rosto trazendo um cheiro de mundo novo. Iniciava-se o primeiro dia de sua jornada e ela, agora com dois objetivos em mente, seguia confiante. Estava na hora de mudar o mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!