Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 16
Roubo a luz do dia! A Equipe Magma aparece!


Notas iniciais do capítulo

Você conhece a Neo Aliança? É uma espécie de franquia de fanfics com histórias que se passam em todas as regiões do mundo pokémon, cada uma delas sendo escrita por um autor diferente!

ESTAMOS COM VAGAS ABERTAS! Tem interesse? Acesse: https://neo-hoenn.blogspot.com/



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                Ainda era muito cedo naquela manhã quando May despertou em seu quarto no Centro Pokémon. Abrindo vagarosamente os olhos, a garota contemplou as paredes alvas até reunir coragem suficiente para levantar. Ao seu lado, na cama de solteiro, a pequena Skitty ressonava tranquilamente, sem se preocupar por estar ocupando quase 60% do espaço disponível na cama por estar toda esticada. Moveu-se lentamente para o lado oposto tentando levantar sem acordar a gata e, quando o fez, dirigiu-se ao pequeno banheiro para trocar-se e escovar os dentes.

Naquele dia, May e Juliana haviam combinado de ir até a rota 116, onde esperavam que ela conseguisse capturar mais um pokémon e treiná-lo para o concurso que seria em três dias. Não haviam comentado nada a Brendan pelo fato do mesmo já ter ido dormir no momento em que decidiram e May esperava em seu interior que a negra não houvesse falado, ainda não sabia se queria a presença do garoto perto de si.

Assim que acabou de se trocar e fazer sua higiene matinal, foi até sua Skitty enquanto penteava os cabelos. Cutucou-a enquanto chamava baixinho para despertá-la. A gata moveu-se e virou o rosto para sua treinadora com uma expressão de desagrado por estar sendo acordada tão cedo. Em seguida se levantou, espreguiçou o pequeno corpo peludo, caminhou até a coberta mais próxima, onde entrou e enrolou-se debaixo dela. May revirou os olhos e retirou a coberta, revelando uma pequena bola rosada peluda.

— Pode ficar aqui se quiser, mas estou indo treinar – Disse May enquanto amarrava o lenço na cabeça. A gata deu um miado resignado em resposta e arrastou-se lentamente de baixo dos panos. A garota pegou sua Premier ball e chamou a pokémon de volta, saindo do quarto em seguida.

No centro não havia quase ninguém acordado naquela hora, por isso o silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som de seus passos. Ela deixou seus pokémons na recepção para serem alimentados e foi até o refeitório, onde encontrou a amiga já acordada. Tomaram um café da manhã reforçado e logo se dirigiram até a a enfermeira para pegar seus pokémons e partir para a rota.

— Você disse ao Brendan que iríamos treinar agora pela manhã? – Perguntou a mais nova, sem conseguir conter a curiosidade.

— Eu bati na porta dele agora de manhã, mas acho que ele não me ouviu. De qualquer maneira, deixei um recado para ele por baixo da porta pra procurar a gente quando acordar – May apenas assentiu com a cabeça.

                Elas pegaram seus pokémons com a enfermeira e se dirigiram até a saída do prédio. O estacionamento estava praticamente vazio, bem como as ruas ao seu redor. Alguns garis passavam pela rua conversando animadamente entre ele enquanto varriam o lixo acumulado no dia anterior. Logo aquelas calçadas estariam tomadas de pessoas que se dirigiriam ao centro comercial para ir ao trabalho ou fazer compras.

                – Podemos ir ao Pokemart antes de ir para a rota? Minhas poções e antídotos estão quase acabando e temo que talvez precisemos deles durante o treino – Sugeriu a mais nova.

                – Claro, baby. Temos bastante tempo hoje – Assentiu a outra enquanto tomavam o caminho oposto ao qual iam inicialmente.

***

                Algum tempo depois, em seu quarto, Brendan acordava de um sono tranquilo. Talvez a boa qualidade dos objetos daquele Centro tivesse influência nisso, já que havia dias em que dormira em uma cama tão confortável. Espreguiçou-se demoradamente na cama e pegou o relógio sobre a mesa de cabeceira, vendo que já era um pouco mais tarde do que o horário que estava acostumado a acordar. Esfregou os olhos com os nós dos dedos e levantou-se, indo ao banheiro para se preparar para mais um dia.

                Quando já estava devidamente vestido foi que notou o papel dobrado que se encontrava no chão em frente à porta. Abaixou-se e pegou-o, imaginando quem havia deixado ali. Não reconheceu a letra a princípio, mas o nome assinado no final do bilhete dizia por quem fora mandado.

“Oi, Brendan! Bom dia!

Quase quebrei a porta tentando te acordar hoje de manhã,

mas como não queria se expulsado centro, decidi apenas lhe deixar um bilhete.

A May e eu estamos indo para a rota 116 treinar, quando acordar vá para lá. :D

Beijinhos, Ju!”

                Permaneceu olhando alguns segundos para o papel em suas mãos, enfiando de qualquer jeito no bolso logo em seguida. Não sabia se iria ao encontro das garotas, não parecia animador ficar vendo-as treinando e procurando por pokémons por horas a fio. Por outro lado, não tinha nada para fazer, então qualquer coisa que surgisse para matar o tempo seria melhor do que ficar parado olhando para o teto de seu quarto.

                Ainda perdido em seus próprios pensamentos, tomou seu café da manhã lentamente. O centro naquele horário já estava mais movimentado, em sua maioria por treinadores que pareciam ser mais jovens do que ele. Sua mente se encontrava tão dispersa que mal viu um garoto, que devia ter aproximadamente 10 anos, se aproximar.

                – Oi! Você é um treinador? – Perguntou com voz infantil. Isso despertou Brendan de seus devaneios e ele dirigiu seu olhar ao menino.

                – Sou sim? Por quê?

                – Quer me enfrentar em uma batalha pokémon? – Perguntou e em seguida olhou para os garotos sentados em uma mesma próxima que observavam a cena. Todos pareciam ter a mesma idade.

                – Não, obrigado – Disse Brendan, voltando de novo seu olhar para a xícara em que bebia.

                – Por que não? – O mais velho simplesmente deu de ombros.

                – Eu não estou interessado.

                – Mas você não é um treinador? Tem que fazer batalhas – Insistiu o garoto. Brendan simplesmente revirou os olhos, começando a se irritar com ele.

                – Garoto, esse aqui é um Centro Pokémon. Está cheio de treinadores por toda parte – Fez um sinal como o dedo para sua volta – Tenho certeza de que vai achar alguém pra você importunar e conseguir sua batalha – Sem esperar resposta, levantou com a louça suja e a deixou em área adequada.

                O sol já estava alto quando Brendan chegou à saída do centro após pegar seus pokémons. Para seu desagrado, muita gente caminhava pelas ruas em frente ao estacionamento, sinal de que o centro comercial deveria estar do mesmo jeito. Ele detestava andar entre multidões e detestava o intenso barulho produzido por lojas ao anunciarem seus produtos. No entanto, ter que ficar esperando dentro de seu quarto sem nada para entretê-lo parecia muito pior.

                Sem um destino certo, o caminhou pelas ruas mais vazias observando tudo ao seu redor. Ficava quase evidente a riqueza da maioria dos moradores dali quando observava os preços da maioria dos produtos vendidos. Por sorte, os itens para pokémons ainda mantinham um preço regular e ele conseguiu abastecer com tudo o que lhe faltava.

Conforme o avançar da manhã, o tempo foi ficando cada vez mais quente e ele decidiu parar em uma lanchonete para comprar um refrigerante. Com a bebida em mãos, andou até uma pracinha próxima onde se sentou em um banco e ficou a observar pequenos Oddishs e Shroomishs saltitando de um lado para o outro ao redor do irrigador automático. Foi então que uma ideia de repende se acendeu em sua mente e ele soube onde poderia ir.

Levantou-se e andou até uma dupla de mulheres que havia passado por ele, por elas se informou a localização da Corporação Devon. Não estava muito longe dali, em poucos minutos seus olhos já visualizavam o prédio que era o mais alto e também o mais belo da cidade. Possuindo dezenas de andares, aquela era uma das maiores empresas do mundo, abrangendo não só a área de mineração como ressurreição de pokémons fósseis e desenvolvimento de tecnologias para treinadores. Conforme foi caminhando, o garoto percebeu que o prédio se encontrava bem mais longe do que ele imaginava e que o fato de tê-lo visto rapidamente foi pelas grandes dimensões do lugar.

Quando finalmente alcançou o local, já estava ofegante e uma pequena gota de suor escorria por sua face. Ele já estava subindo uma pequena escadaria para entrar no prédio quando um corpo se chocou contra o seu com tamanha força que o lançou ao chão. Ele olhou para cima para ver quem o derrubara, mas não viu seu rosto, pois o mesmo estava coberto por um capuz vermelho com um M no peito.

— Saia da frente, seu imbecil – Disse a voz agressivamente. Brendan ia responder que fora o outro que esbarrara com ele, mas o homem já estava longe.

— Louco – Comentou baixinho enquanto se levantava.

Suas roupas haviam adquirido um pouco de poeira, a qual ele limpou rapidamente para não passar uma impressão ruim. Assim que entrou pela portaria, se deparou com a luxuosa recepção de paredes brancas e móveis escuros, deixando bem evidente o nível do lugar onde se encontrava. Na recepção, duas mulheres trabalhavam em seus telefones e computadores enquanto atendiam os clientes. Ele esperou pacientemente por sua vez e foi atendido pela de cabelos loiros.

— Com licença. Pode me informar em que andar encontro o Sr. Jonas White?

— Trigésimo nono andar – Respondeu a mulher sem dirigir os olhos para ele.

Brendan caminhou até um dos três elevadores e apertou o botão que correspondia ao andar referido. A parede do fundo do elevador era de vidro, permitindo com que ele tivesse uma bela visão da cidade, bem como de seus campos rurais e rio. Ao contemplar tudo isso, suas pernas tremeram. Poucas vezes comentava isso para as outras pessoas, mas estar em lugares altos o deixava nervoso. Ele tolerava alturas, mas preferia manter os pés bem firmes no chão.

Uma pequena campainha tocou quando o elevador parou, anunciando a chegada ao andar correto. Eles saiu da caixa metálica o mais depressa possível e caminhou até uma segunda recepção, onde havia apenas uma moça de cabelo negro trançado. Ela levantou os olhos dos papéis que lia assim que percebeu a aproximação do jovem.

— Bom dia! Posso ajudá-lo em alguma coisa? – Perguntou olhando-o por trás dos óculos de grau. Certamente avaliava-o mentalmente enquanto questionava-se internamente sobre o porquê dele estar ali.

— Acho que sim. Procuro o Sr. Jonas White – Respondeu distraído enquanto observava o ambiente ao seu redor.

— Você tem hora marcada? – Perguntou com certo desdém. Brendan deu de ombros.

— Não, mas ele disse que eu poderia vir aqui visitá-lo quando quisesse.

— Bem, se não possui hora marcada, o Sr. White não poderá atendê-lo. Ele está muito ocupado em suas pesquisas nesse momento.

— Você não poderia ao menos anunciar que estou aqui? Meu nome é Brendan Birch – Insistiu Brendan, já demonstrando uma leve chateação pela resposta grossa da secretária.

— Sem hora marcada, sem atendimento. Agora me deixe voltar ao meu trabalho – Ela voltou a ler, fingindo que ele não estava ali.

O garoto não respondeu, apenas caminhou até o assento mais próximo e acomodou-se ali. Percebendo que nada foi dito, ela tornou a erguer seu olhar e o viu folheando uma revista tranquilamente.

— O que acha que está fazendo? – Perguntou, a voz mostrando-se visivelmente irritada.

— Você disse que ele está ocupado e como eu não tenho nada pra fazer, ficarei aqui esperando – Deu um sorriso debochado – Não se preocupe, não irei incomodá-la.

— Escute aqui, garoto... – Começou ela, mas foi interrompida pela voz vinda da porta a sua esquerda, que acabava de ser aberta.

— Janine, você poderia ligar para a Microns e confirmar a entrega dos microchips P-932? Estamos com uma linha de produção acelerada e temo que eles não cheguem dentro do prazo estabelecido – Pediu Jonas em tom simpático.

— Sim, senhor – Assentiu a moça, já pegando sua agenda para procurar o número.

Foi aí que o homem notou a presença demais alguém na sala e, ao ver que era Brendan, seu rosto alegrou-se. Andou até o rapaz, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

 – Brendan! Que surpresa vê-lo por aqui – Disse enquanto balançava a mão do jovem – A que devo a honra desta visita?

— May e Juliana foram treinar ou algo parecido hoje cedo. Como eu não queria ir, pensei que seria uma boa ideia vir aqui – Ocultou o fato de não possuir mais nada para fazer para não ser rude.

— Fico bem feliz com sua visita. Já está quase na hora do almoço, mas posso lhe mostrar algumas coisas daqui – Apontou para a porta por onde entrara – Quer ver como revivemos os nossos fósseis? É um processo extremamente interessante.

No entanto, antes que Brendan tivesse a chance de responder, um alarme soou tão alto que ele teve de levar as mãos aos ouvidos. A porta de um dos elevadores por onde entrara se abriu e por ela entrou uma bela moça de cabelos castanhos bem curtos e olhos de mesma cor. Ela carregava em mãos uma pasta de cor amarela e pareceu aliviada ao ver Jonas ali.

— Senhor, temos um problema! – Falou em sua tom de desespero.

— O que houve, Lorraine? – Questionou o homem, preocupado com o estado de sua cientista.

— Eddie foi encontrado desmaiado em seu laboratório com um ferimento em sua cabeça. Encontrei-o quando estava indo pegar os papéis de nosso último projeto – Ela passou as mãos pelo cabelo em nervosismo – Depois de ajudá-lo, não os encontrei por lá. Tenho quase certeza que foram roubados – A postura de Jonas mudou completamente, assumindo uma seriedade que até então não havia sido vista por Brendan.

— Eddie já acordou? Ele disse alguma cosia?

— Quando eu o deixei com o médico da empresa ele estava em estado semiconsciente. Falava da Team Magma e sobre um homem de capuz vermelho – O corpo de Brendan arrepiou-se com a lembrança do encontro ocorrido alguns minutos atrás.

— Você já consultou a segurança? – Perguntou Jonas.

— Eu liguei para que eles vejam nas filmagens se há alguém que bate com a descrição e pedi para que me enviassem o mais rápido possível, caso encontrem algo – Jonas assentiu com a cabeça.

— Fez bem – Elogiou – Irei ligar agora mesmo na delegacia e informar sobre o roubo. Tenho alguns contatos lá que talvez possam vigiar as saídas das cidades.

Ele pegou seu celular e se afastou dos outros dois, que ficaram olhando um para o outro sem saber o que dizer. A mulher ainda estava visivelmente nervosa com o que havia acontecido com seu colega de trabalho. Jonas conversava rapidamente no telefone e suas palavras eram incompreensíveis, mas no rosto era nítido um alto nível de preocupação associada a raiva. Brendan ficou imaginando se aquele era o melhor momento para ir embora, ainda sem saber se deveria falar sobre a figura que esbarrou nele.

Alguns minutos depois, Jonas voltou até eles. Seu rosto estava um pouco pálido e claramente parecia abalado. Olhou para sua cientista que aparentava estar quase tento uma crise de ansiedade.

— A polícia chegará aqui em alguns minutos – Sentou-se de qualquer jeito no sofá – Liguei para um amigo que trabalha patrulhando as rotas e ele disse que ia pedir aos outros que ficassem atentos com a descrição, mas que ele acha que viu uma figura parecida correndo para rota 116.

— E porque ele não o parou? Isso é uma atitude suspeita – Disse a moça, indignada.

— Ás vezes não é. Ele também não teve tempo de averiguar direito a situação, pois estava lidando com um bando de motoqueiros baderneiros – Suspirou – De qualquer modo, ele não pode sair de seu posto para procurar um suspeito sem autorização. Disse que mandará alguém o mais depressa que conseguir.

Mais um calafrio percorreu o corpo de Brendan e ele retirou o papel que havia enfiado no bolso mais cedo. O ladrão estava indo para a mesma rota onde as meninas estavam. Se fosse qualquer outra pessoa, ele não se preocuparia tanto, mas elas eram como um imã para problemas. Qualquer coisa perigosa num raio de três quilômetros certamente irá em direção a elas.

— Eu preciso ir – A voz do adolescente saiu como um sopro, mas foi suficiente para que Jonas notasse e voltasse novamente sua atenção para ele. O mais velho estendeu o braço e tocou no ombro do treinador.

— Me desculpe por não poder mais mostrar-lhe o que havia mencionado, Brendan. Infelizmente essa situação está sob minha responsabilidade e preciso resolvê-la – Deu um suspiro cansado – Eu gostaria muito que você voltasse aqui em outra ocasião.

— N-Não tem problema, está tudo bem – Respondeu ele, sem prestar muita atenção ao que o homem dizia – Eu venho aqui outro dia. Obrigado por me receber – Deu um pequeno sorriso no fim para tentar parecer mais convincente.

Sem esperar por resposta, Brendan virou-se e andou rapidamente até o elevador mais próximo. Seu nervosismo aliado ao medo de altura o fez fechar os olhos e bater o pé ritmicamente enquanto tentava pensar em qualquer outra coisa que não fosse a situação em que se encontrava. Esqueceu-se de mencionar a Jonas o que havia visto, mas isso fora até bom. Talvez se soubesse que o rapaz sabia quem era o ladrão, teria tentado impedi-lo de sair dali de alguma forma. Mesmo sem argumentos convincentes, o Administrador possuía poder suficiente para isso.

Pareciam ter ocorrido horas do momento que ele entrara no elevador até atingir o andar térreo, mas finalmente ele pode sair daquela caixa de morte. Andou o mais calmamente possível em direção à saída para que não o considerassem um suspeito e informou-se com o segurança do prédio qual era a localização da rota, alegando ir treinar seus pokémons. Com a informação em mãos, andou o mais devagar que conseguiu até virar a esquina e, assim que notou estar fora do campo de visão dos seguranças, começou a correr o mais rápido possível.  Esperava que não fosse tarde demais para impedir suas amigas de entrarem em algum problema.

***

                O sol estava forte naquele final de manhã e ameaçava esquentar mais conforme o correr das horas. A rota 116 era uma das mais curtas do continente, fazendo a ligação da cidade de Rustboro com uma grande montanha que separava-a de Verdanturf. No entanto, era uma das rotas mais cheias de treinadores quando comparada as outras pelo seu tamanho. Muitos deles eram estudantes da escola que já possuíam pokémons e iam até ali para treinar suas habilidades mais tranquilamente. Alguns até mesmo reconheceram May da batalha contra Roxanne e parabenizaram-na pela conquista da insígnia. Era estranho para a morena receber tanta atenção.

                Como haviam se alimentado pela última vez ao sair do centro, ambas estavam cheias de fome e decidiram parar para almoçar. O lugar foi escolhido foi a sombra de uma árvore de tamanho grande um pouco mais afastada da estrada principal. A relva ali era mais curta, o que permitiu com que se sentassem no chão sem serem pinicadas por suas folhas. Elas retiraram sanduíches de suas mochilas e serviram ração para os pokémons que haviam passado por um duro treinamento naquela manhã. Juliana ainda não havia capturado nenhum pokémon, mas Nigel demonstrou uma melhora significativa de suas habilidades.

                Ambas comiam seus sanduiches despreocupadamente enquanto dividiam um cantil de água. Uma leve brisa agitava a grama e acariciava-as com toques suaves enquanto eram protegidas pela sombra. Se não fosse por Skitty ter parado de comer repentinamente e balançado as orelhas olhado para uma região específica, elas nunca teriam notado a criatura que viram a seguir.

                Uma pequena criatura bípede de coloração rosa trazia em suas mãos um belo exemplar de Oran Berry. Possuía orelhas imensas com as pontas de coloração amarela, mesma cor da ponta dos pequenos e desajeitados pés. Ele carregava sua fruta despreocupadamente enquanto ia a uma direção específica. May sacou sua pokédex para se informar qual era aquele pokémon, esperava que o som do aparelho não o assustasse e o fizesse fugir.

“Whismur é muito tímido. Se começar a chorar alto, se assusta com o próprio choro e chora ainda mais. Seus gritos igualam-se a um avião a jato em volume. Respira através de seus canais auditivos e por esse motivo, pode chorar continuamente sem perder o fôlego.”

                O pokémon parou de andar assim que o som da voz saiu do aparelho. Uma de suas orelhas levantaram-se e balançaram na direção delas, mas logo esta voltou a sua posição original. May notou que aquela criatura não se parecia com a imagem mostrada pela pokedéx, ele não parecia medroso e nem tímido, muito pelo contrário. O pokémon virou-se e olhou para ambas, mas não pareceu nem ao menos considerar que elas eram algum tipo de ameaça e prosseguiu sua caminhada com um andar pomposo.

                – Ele é muito fofo, meu Deus! Quero pra mim! – Comentou a negra baixinho, encantada pela fofura do pokémon.

                – Podemos ir atrás dele se você quiser. Só temos que tomar cuidado para que não fuja – Respondeu May, ainda observando a criatura.

                Porém os planos delas não chegaram nem a ser pensados. Uma figura estranha surgiu abruptamente por trás de um dos arbustos da rota. Parecia estar correndo muito, pois não teve tempo sequer de ver o pokémon antes de se chocar com ele, acabando por os dois caírem e rolarem pela rota. May e Juliana, bem como seus pokémons assustaram-se, mas antes que tivessem qualquer tempo para reagir, o homem chutou a criatura que havia parado a seus pés. Um grito furioso saiu de seus lábios.

                – Pokémon estúpido! Aprenda a não entrar no caminho dos humanos, seu verme!

Levantou-se e ajeitou a roupa vermelha e preta, bem como o capuz que ocultava o rosto bronzeado. Procurou pelo envelope caído alguns centímetros a sua frente e, quando o apanhou do chão, voltou a correr sem nem ao menos notar a presença das jovens.

Assim que o homem sumiu de seus campos de vista, ambas despertaram do susto e levantaram-se, correndo na direção do pokémon. Assim que chegaram até ele, viram que estava meio atordoado pela pancada e golpe recebido.

— Coitadinho, eu devia ter pegado aquele cara e feito picadinho dele. Droga! – Falou a negra, furiosa consigo mesma e com o homem maldoso. May olhou para o pokémon e então novamente para pokedéx, notando algo que não havia percebido até então.

— É coitadinha. Ela é uma menina – Sorriu enquanto pegava uma de suas potions e dava para a criatura.

Bastaram apenas alguns segundos para que a Whismur acordasse, levantando-se bruscamente. Voltou seu olhar para direção na qual o homem havia seguido e começou a tremer, seu rosto atingiu uma leve coloração avermelhada. Talvez alguns pensassem que ela estava prestes a chorar, mas quando vissem os olhos da criatura, perceberiam que estava bem longe disso. Ela estava furiosa.

— Whismuuurr – Gritou a pokémon rosada e saiu correndo na direção daquele que a atacara injustamente.

— Espere, Whismur! – A negra pediu, mas já era tarde. A criatura já desaparecia por entre a mata – Não podemos deixá-la ir atrás dele. O jeito que a chutou sem motivo algum já mostra que seria capaz de coisas bem piores.

— Então temos de ir atrás dela – Disse enquanto chamava seus pokémons de volta. Juliana assentiu, chamando Nigel.

— Vamos!

E cumprindo o destino esperado por Brendan, as garotas partem rumo ao encontro da Whismur e consequentemente do ladrão dos documentos da Corporação Devon. O sol ainda trazia uma sensação térmica alta, mas elas mal percebiam nisso enquanto os corações bondosos preocupavam-se com o destino da pokémon rosada.


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