Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 15
Uma aula nos campos de pedra!


Notas iniciais do capítulo

Fanfic postada em: http://neo-hoenn.blogspot.com/



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Capítulo 13 – Uma aula nos campos de pedra

                A rodovia que ia para Rustboro se tornava cada vez mais movimentada a medida que o grupo se aproximava da cidade. Carros em alta velocidade passavam sem dificuldade por eles nas vias mais rápidas. Enquanto o carro se movia, os adolescentes contemplavam a bela visão da imensa ponte que atravessava o imenso rio que separava Rustboro da parte sul do continente. Ao longe eles podiam ver embarcações de porte médio fazendo o transporte de mercadorias e pessoas e mais longe ainda, a bela e extensa ponte de maneira que era usada pelos treinadores para atravessar os rios em segurança.

                O céu estava claro naquela manhã e o clima estava fresco. No céu azul turquesa, Wingulls voavam fazendo algazarra enquanto tentavam tomar uns dos outros os peixes roubados de modo furtivo dos pescadores. Pelippers preguiçosos cochilavam no topo das grandes vigas de ferro, enquanto esperavam o dia esquentar para realizarem seus mergulhos acrobáticos para conseguir sua alimentação no rio.  Logo eles deixaram a ponte e começaram a atravessar uma pequena zona rural, onde identificaram uma imensa variedade de produtos, desde banana até grandes campos de cultivo de soja.

Aos poucos, o ambiente rural da cidade foi substituído pelos prédios de concreto que indicavam a chegada da zona urbana. Grandes construções podiam ser vistas em todos os lugares, conforme eles atravessavam as ruas. Era evidente que os prefeitos da cidade não faziam questão de esconder a grande fonte de renda, sendo as calçadas e praças pavimentadas com belas e enormes pedras, dando a cidade um aspecto único que provavelmente não seria encontrada em outro lugar do planeta. Apesar de ser uma cidade praticamente ligada ao rio, não era dele que Rustboro retirava seu principal sustento, sendo principalmente uma cidade mineradora e universitária, que atraia centenas de jovens todos os anos.

O centro pokémon da cidade era grande e imponente, embora não tanto quanto o de Petalburg, como os jovens puderam observar. Era todo construído por pedras brancas rústicas e telhas de cor marrom-avermelhada. Uma grande pokébola vermelha e branca sobre a porta de entrada deixava bem evidente que aquele lugar era destinado aos pokémons. Apesar de possuir apenas dois andares, o prédio era extenso, ocupando quase metade de um quarteirão.

Jonas entrou no estacionamento em frente ao centro e estacionou o carro em uma das vagas perto da entrada. Dali o mesmo se dirigiria às empresas Devon, no norte da cidade. Agora seria a hora deles finalmente se separarem. Todos desceram do veículo e os adolescentes foram até ele para se despedirem. Apesar do pouco tempo que passaram juntos, a companhia de Jonas e sua esposa foram agradáveis e eles se afeiçoaram um pouco ao casal.

— Muito bem, garotos. Deixo vocês aqui no centro pokémon pois estou um pouco atrasado e vocês precisam se preparar para seus desafios. Assim que resolverem tudo, podem dar uma passada lá no prédio para me visitar. Tem muita coisa bacana que estamos desenvolvendo e creio que vocês vão gostar – Disse ele em tom animado, também se afeiçoara aos jovens.

— Passaremos lá assim que for possível, nem que seja para nos despedir. Muito obrigada por nos hospedar em sua casa, trazer até aqui e por toda a ajuda no treinamento – Agradeceu May cordialmente.

— Sim, sim! Certeza que a gente vai brilhar no ginásio e no concurso – Completou Juliana, animada com os desafios que viriam a seguir.

— É uma pena eu não poder ficar para acompanhar tudo isso, mas meus compromissos me chamam e eu ainda tenho muito trabalho a fazer – Suspirou desanimado – Eu vou indo então.

Os quatro trocaram palavras de despedida e apertos de mão, sendo novamente repetido pelo homem o convite para visitarem-no na empresa. Em seguida, ele entrou em seu carro e saiu do estacionamento rumo ao trabalho. Eles então entraram no prédio do centro, onde deixaram seus pokémons para um breve check up com a enfermeira e se dirigiram ao restaurante, visto que já estava quase na hora do almoço.

Serviram-se do almoço do dia e escolheram uma mesa afastada para comer. O restaurante estava cheio, a proximidade de um novo concurso trouxera um grande número de treinadores da redondeza. Seria o primeiro a ser realizado naquela parte do continente.

— Quanta gente... – Comentou Juliana, mas nenhum dos dois respondeu. May estava preocupada com a batalha que se aproximava, questionava-se se estava realmente pronta. Já Brendan preferia ficar quieto por natureza, além disso, May até então ainda não lhe dirigia a palavra, coisa que o incomodava mais do que queria admitir. O orgulho no entanto, o impedia de tentar puxar qualquer tipo de conversa com ela.

— Acho que vou ao ginásio após pegar meus pokémons com a enfermeira – Disse a menina enquanto seus pensamentos divagavam. Brendan inspirou e decidiu tentar a sorte, talvez dessa vez ela o respondesse.

— Acha que já está pronta? – Perguntou ele. Ela novamente não dirigiu-lhe o olhar, mas decidiu por educação não deixá-lo no vácuo.

— Treinei para isso, não foi? – Respondeu de modo seco. Sentindo que uma resposta grossa da parte do amigo estava por vir, Juliana rapidamente tomou a fala.

— Aaaahh, eu acho que você vai arrasar no ginásio, May. Skitty e Dustox treinaram muito e estão bastante fortes! – Ela sorriu para a amiga, que retribuiu o sorriso.

— Obrigada, Ju. Nigel também está indo muito bem, você vai arrasar no concurso – Deu uma piscada para a negra.

— Vamos! Mas antes eu preciso pegar um pokémon – Suspirou ela – Depois da sua batalha de ginásio a gente podia dar uma passada na rota 104, tenho certeza que posso achar algo legal por lá.

— Claro, vamos achar o melhor pokémon de todos para você!

Eles então seguiram seu almoço com pouca conversa. Aos poucos o restaurante do centro foi esvaziando e junto com os outros visitantes, os jovens também deixaram o lugar. Cada um seguiu para seu quarto para um pequeno descanso para tomar um banho e se trocarem e logo em seguida foram até a enfermeira Joy que entregou seus pokémons em perfeito estado. May se informou ali mesmo sobre a localização do ginásio e logo os três se dirigiram para lá.

A medida que caminhavam, o frio aumentava na barriga de May como o vento soprado por um Articuno. Suas mãos suavam copiosamente, de modo que as luvas que usava logo ficaram totalmente molhadas e ela teve que retirá-las. Não era difícil caminhar por Rustboro, grande parte da cidade havia sido planejada e as ruas eram largas e bem arborizadas. As pessoas, no entanto, não pareciam muito dispostas a parar e dar informações. A maioria andava dentro de carros e as que não faziam isso pareciam estar com tanta pressa que eles não tinham coragem para perguntar.

Apesar disso, em pouco tempo chegaram ao endereço informado pela enfermeira Joy e imediatamente pensaram ter se confundido. Aquele lugar totalmente diferente do ginásio de Petalburg com a simplicidade e equilíbrio das construções japonesas. Na verdade, se assemelhava tanto a uma escola que a menina olhou novamente no papel com o endereço para ver se não estava se confundindo. Na frente deles havia um imenso prédio branco com diversos andares e um grande jardim verdejante. Possuía tantas janelas que a garota perdeu a conta e era todo rodeado por uma cerca formada com tijolos e grades de ferro.

— V-Você tem certeza que leu esse negócio direito? – Perguntou Brendan, deslumbrado com a beleza do local, mas duvidando que estivessem no local certo. May conferiu novamente o papel.

— É aqui! Ou a enfermeira nos passou o endereço errado – Falou ela enquanto adentrava pelo portão aberto da escola. Alguns Zigzagoons corriam pelo jardim pulando uns sobre os outros e se divertindo.

— Parece uma escola – Comentou Juliana enquanto olhava o prédio, também impressionada.

Eles adentraram o prédio e assim que o fizeram depararam-se com um grande hall com diversas escadas. A parte interna do prédio era pintando no tom avermelhado que combinava com toda estrutura interna de madeira rústica. Não havia ninguém a vista para que pudessem se informar, então continuaram a caminhar e atravessaram um arco largo onde se depararam com uma bela e grande sala de recepção, onde no final dela havia um balcão com uma bela atendente de cabelos alaranjados e óculos de grau.

— Com licença – Chamou, fazendo com que a atendente desviasse os olhos do computador no qual estava digitando – Eu... Procuro o ginásio de Rustboro. Quero desafiar a líder – Vendo o nervosismo da adolescente, a atendente sorriu, já acostumada a lidar com esse tipo de situação.

— Não se preocupe, você está no lugar certo – Falou ela, fazendo May suspirar de alívio. Em seguida voltou a mexer no mouse, aparentando estar procurando por algo na tela – A líder está disponível para batalhar agora, mas se você desejar pode agendar sua batalha para outro dia.

— Não, não. Eu prefiro batalhar agora mesmo – Ela sentia que se saísse daquela sala, não teria coragem para retornar ali tão cedo. A atendente apenas assentiu e pegou o telefone ao seu lado e digitando um ramal para uma rede específica, demorou poucos segundos para que a pessoa do outro lado da linha atendesse.

— Srta. Roxanne? Há uma treinadora aqui que quer desafiá-la – Parou alguns segundos na linha – Sim. Sim, irei informá-la – A ligação foi encerrada e o telefone colocado de volta no gancho. Ela voltou novamente seu olhar para May – Você poderia me passar sua identificação?

May retirou sua Pokedéx da bolsa em sua cintura e entregou a atendente que colocou a mesma em um dispositivo de leitura ao seu lado e voltou a digitar.

— É a sua primeira batalha de ginásio? – Tornou a falar, vendo o evidente nervosismo da jovem que tremia em sua frente.

— É sim – Respondeu, dando um pequeno suspiro.

— No início parece tudo assustador, mas tente se concentrar e ficar calma – Tentou reconfortá-la enquanto entregava-lhe a pokedéx – A líder já está vindo, mas pode se sentar e esperar um pouco se quiser.

May se virou e fez sinal para que seus amigos a seguissem para o sofá mais próximo, não que ela estivesse cansada, mas a medida que o tempo passava sentia suas pernas tremerem. Ela sabia que havia se preparado o máximo que podia, mas naquele momento não se sentia mais capaz de derrotar Roxanne. Sentia que deveria voltar para sua casa e treinar semanas, talvez meses antes de se estar preparada para tal situação.

O som de passos no corredor de madeira se fez ouvir e logo a pesada porta de madeira a direita deles se abriu. Para o alivio de May, era apenas uma garota que aparentava ser estudante de escola ou universidade. Possuía cabelos castanhos escuros amarrados na parte de trás da cabeça por um enorme laço rosa. Sua pele era muito clara, fazendo um contraste com os olhos de exótica cor rosa. Usava um vestido azul escuro de mangas longas e meia calça rosa. Em seus pés, confortáveis e belas sandálias azuis completavam o look.

— Olá! Quem é minha desafiante? – Perguntou em tom animado, como se fosse uma novidade para ela também. May arregalou os olhos e olhando para os amigos, pode ver que eles também. Com certeza não esperavam que a líder de ginásio tivesse aquela aparência.

— S-Sou eu! – Respondeu May timidamente enquanto se levantava. A líder foi em sua direção e segurou-lhe a mão.

— Muito prazer! Meu nome é Roxanne e sou a líder de ginásio de Rustboro. Fico muito feliz em receber seu desafio! – Disse ela com um enorme sorriso no rosto.

— M-meu nome é May...

— AAAHH, não precisa ficar com vergonha! Estamos entre amigas – Passou o braço no ombro da menina, aproximando-se tão abruptamente que a mesma corou. Ela virou-se ainda segurando May e acenou para os outros dois.

— E vocês? São amigos da minha desafiante?

— Somos sim! – Respondeu Juliana, já adorando a personalidade simpática da líder – Adorei seu vestido! Meu nome é Juliana e sou coordenadora!

— Sou Brendan – Disse o menino estendendo a mão.

— Prazer em conhecê-los e tê-los aqui na minha escola! – Apertou a mão dos dois com entusiasmo – E obrigada pelo elogio! Estou querendo mudar os uniformes e fazer algo parecido no ano que vem.

                – E-escola? Mas aqui não é o ginásio? – Perguntou May, ainda presa no abraço da líder.

                – Minha desafiante é atenta, eu gosto disso. É uma escola-ginásio, se é que essa denominação existe – Riu de sua própria fala – Você vai entender quando eu lhe mostrar nossa arena. Mas antes disso, preciso te perguntar se você se importa de meus alunos assistirem a nossa batalha. Vai ser só uma turma, pouca coisa. No início de temporada não temos muitos desafiantes e sempre gosto de dar a eles demonstrações de como são as coisas na prática – Ela falou as coisas de maneira tão rápida que May precisou de alguns segundos para entender o que foi dito.

                – Tudo bem, eu acho... – Ela certamente preferia que não houvesse plateia além de seus amigos. Se fosse humilhada ao menos que fosse no sigilo e não em público.

                – Por isso que já gosto de você! Venham comigo – Virou May e guiou-a pela porta por onde entraram, parando antes para dar um recado à atendente – Jenny. Poderia mandar a turma 2C para a arena?

                – Claro que sim, Srta. Roxanne!

                – Obrigada!

                Roxanne os guiou então pelos corredores na sua escola. Por aquele ser o andar inferior, não haviam muitas salas de aula, ficando elas reservadas aos andares superiores. Mesmo assim eles passaram por tantas portas que davam para bibliotecas, salas de computação, laboratórios, sala de música, refeitório e outras tantas mais que logo May não sabia onde era o quê. O ultimo corredor terminou em uma grande porta de madeira escura que a líder abriu, revelando uma escada. O grupo desceu por ela e logo encontraram um túnel limpo e bem iluminado. A líder ia perguntando coisas para May e seus amigos no caminho, ainda sem soltar a garota que não sabia se ficava ansiosa, com medo ou constrangida.

                Por fim eles chegaram até o final do túnel onde o espaço se abriu abruptamente revelando uma arena enorme. Dois círculos brancos de metal em lados opostos demarcavam a área ocupada pelos treinadores. Entre eles um grande campo com vários pedregulhos era visível. Ao lado campo duas paredes enormes de pedra marrom separavam o campo das arquibancadas em ambos os lados, nas quais já chegavam alguns estudantes. Na parede oposta a qual entraram, uma havia uma imensa representação de fóssil de algum pokémon desconhecido na parede.

                – Você ficará ali, May – Mostrou o círculo mais próximo deles – Seus amigos podem subir por aquela escada para alcançar as arquibancas.

                Os outros dois foram na direção que lhes foi indicada enquanto Roxanne levou a garota até seu círculo. May sentiu-se pequena diante de tudo aquilo, era algo além do nível que ela esperava. Vendo sua cara de apreensão, Roxanne beijou-lhe a bochecha e a menina sentiu seu rosto esquentar tanto que devia ter ficado roxa.

                – Não fique nervosa, a primeira batalha de ginásio assusta todo mundo. Você vai se sair bem – Deu uma piscada para ela, que nesse momento queria enfiar seu rosto no chão de pedra.

                Ela se dirigiu calmamente até seu lado da arena e se posicionou virada para a garota, já com uma pokebola em mãos. Naquela posição, o fóssil do dinossauro ficava atrás da líder e May viu o quanto esta era bonita. Naquele lugar ela parecia tão imponente que ninguém duvidaria de sua posição como líder de ginásio. Roxanne era segura e determinada, assim como os pokémons que representava. Talvez não fosse tão jovem quanto aparentava, mas certamente ser líder e dona de uma escola com tão pouca idade demonstrava quanto potencial ela carregava.

                – VAI LÁ MAY! DESTRÓI TUDO ISSO! ACABE COM ELA E MOSTRE O SEU PODER – Gritou Juliana da arquibancada. Ela olhou em sua direção e viu a amiga de pé aos gritos enquanto Brendan apenas sentava-se calado, mas quando seu olhar encontrou com o dela, ele deu um sorriso e fez um sinal positivo com o polegar.

                – Vai nessa!

                May respirou fundo e olhou para Roxanne, dando um aceno positivo com a cabeça. A líder respondeu com um sorriso e fez sinal para o lado esquerdo onde estava uma garota de cabelos negros com uniforme escolar que estava de pé sobre um pequeno palanque. Ela carregava um apito pendurado no pescoço e duas bandeiras na mão, sendo uma vermelha e outra verde. A estudante levou o apito até a boca, silenciando todos que estavam ali. Aparentemente ela seria a juíza da partida.

                – A batalha de ginásio irá começar. A desafiante May Primrose desafia a líder de ginásio de Rustboro, Roxanne. Ambas podem usar dois pokémons, sem limite de tempo. Apenas a desafiante pode fazer substituições! – Disse a garota com a bandeira verde erguida.

                – May, você provavelmente já deve ter se informado. Se não o fez, a aparência da arena lhe deu o sinal. Uso pokémons do tipo pedra e você terá de ser capaz de derrubar minha defesa – Anunciou a líder de maneira orgulhosa – Vá Geodude!

Na arena entrou o pokémon de rocha já conhecido por May. Esse parecia ser mais novo do que o de Jonas, porém o entusiasmo era visível em seus olhos, já fechando os punhos com um sorriso, já esperando o que viria a seguir. Respirando fundo, May sacou sua pokeball.

— Ganhe o céu, Dustox! – A bela mariposa voou em sua frente.  Já sabia o desafio que a aguardava e também estava determinada.

— Comecem a batalha! – A juíza gritou e abaixou a bandeira.

— Foi uma escolha ruim, May. Insetos são fracos contra pokémons de pedra. Geodude comece com Rock Throw! – O pokémon pedra enfiou a mão no solo e dele arrancou facilmente grandes pedaços de pedra que lançou na direção de Dustox. Sua treinadora, porém, já conhecia aquele movimento.

— Evasiva Dustox – A mariposa desviava das pedras lançadas com agilidade. Mesmo este sendo mais rápido do que o Geodude de Jonas, Dustox ainda era mais veloz e mais habilidoso no ar.

— Só desviar não vai te fazer ganhar essa batalha! – Provocou a líder – Aumente a velocidade, Geodude!

— Eu sei que não. Voe por entre as pedras e passe por cima dele com o Poison Power – O movimento do inseto foi executado com eficiência e logo ele soltava seus esporos de cor roxa. Percebendo o perigo, a líder reagiu.

— Fuja do veneno usando o Dig! – Aquele era um movimento aprendido pelos Geodudes apenas por TM e aquele usou-o com maestria, fugindo bem a tempo de ser atingindo pelo pó venenoso e consequentemente ficasse envenenado – Alteração de status. Muito bom, May.

                May deu um sorriso, mas não se deixou desconcentrar. Uma ideia havia entrado em sua mente e ela não a desperdiçaria.

— Continue voando e usando o Poison Power, Dustox – A marioposa espalhou uma grande quantidade de esporos pelo ar que, sem atingir ninguém, se espalhavam pelo chão.

— Não sei qual seu objetivo em desperdiçar movimentos do seu pokémon, mas não vai fazê-lo mais. Ataque-o Geodude! – Geodude saiu do chão com grande velocidade e força, saltando por trás da mariposa em uma altura que surpreendeu tanto May quanto seu pokémon.

Com o peso do pokémon de pedra em suas costas, Dustox não foi capaz de manter-se no ar, indo diretamente ao chão em um golpe que acabou sendo super efetivo pelo fato do inseto possuir também o tipo veneno.

— Acabou May. Seu pokémon está no chão e vulnerável, não pode mais lutar – Em seguida, falou num tom que tentava ser simpático – Você lutou bem, é difícil batalhar com uma desvantagem de tipos tão evidente.

— Ainda não acabou – Disse May, ouvindo um grito que pareceu ser um “Acaba com ela, May!” em resposta da arquibancada – Dustox, tire-o de cima de você! Use o Confusion!

A mariposa mal respirava com o peso do pokémon de pedra em suas costas. No entanto, não perderia dessa maneira e nem decepcionaria sua treinadora. Mostraria a todos que tinha muito mais a oferecer do que esperavam dele. Reunindo toda sua energia mental, lançou o Geodude para longe de seu corpo, arremessando-o contra uma das pedras da arena, que se partiu. Em seguida, bateu suas enormes asas e ganhou o céu novamente, mostrando que ainda podia muito e que essa batalha estava longe de terminar.

— Com essa você me surpreendeu – Admitiu Roxanne. – Mas meu pokémon não foi tão ferido e ainda está mais forte do que o seu.

— Você disse bem, ainda! – Disse a desafiante – Dustox, quero que use o Gust! Faça o que treinamos!

— Esse é um movimento inútil. Movimentos do tipo voador são fracos contra os tipos pedra. O tornado de seu pokémon não tem nem forças pra mover meu pokémon de seu lugar – Comentou a líder, parecendo estar decepcionada com sua desafiante.

— Mas esse não é meu objetivo – May sorriu com a fala da líder – Enfrente o tornado venenoso do meu pokémon!

— O que? – Mas rapidamente a líder entendeu. O Gust da treinadora não tivera como objetivo atingir e vencer a força de seu pokémon e sim levar a grande quantidade de esporos venenosos presentes na arena até ele. Apesar de ter a pele dura como pedra, Geodude ainda precisaria respirar e o veneno entraria por sua boca. Se não, pelos próprios olhos do pokémon – Geodude, Defense Curl!

Em resposta ao comando de sua treinadora, o pokémon enrolou-se em forma de bola para proteger-se do ataque. Apesar disso, May acreditava que ele já havia ingerido uma quantidade razoável de esporos. Ela esperava que fosse o suficiente para que o mesmo ficasse envenenado.

— Vamos acabar com essa batalha, Geodude. Rock Throw em sua velocidade máxima! – O pokémon pedra desenrolou-se e começou o ataque, sendo muito mais veloz do que a vez que o fizera anteriormente.

— Continue desviando Dustox! Se achar que não consegue use o Confusion pra bloqueá-las!

Uma batalha de resistência iniciou-se. Geodude arremessava pedras na maior velocidade que conseguia enquanto Dustox tentava desviar da melhor maneira possível a e várias vezes usava seu Confusion para arremessar os pedregulhos de volta ao pokémon. Ali ganharia aquele dos dois que se cansasse primeiro e May rezava para que fosse o pokémon da líder. Suas preces foram atendidas quando observavou satisfeita que aos poucos a respiração de Geodude tornava-se mais pesada e ele diminuía seu ritmo. Sua pele de pedra parecia estar cada vez mais úmida com o suor, prova de que o pokémon estava sentindo efeitos além do simples cansaço. Ele estava envenenado.

Num momento em meio a seus arremessos, o pokémon fez uma breve pausa, aparentando estar sentindo dor. May viu aquele momento com uma possível oportunidade de encerrar a batalha. Poderia ordenar ao seu pokémon que executasse um simples Confusion e terminasse com tudo aquilo, mas achou que seria melhor dar a líder a oportunidade de recolher seu pokémon.

— Agora use o Moonlight – Ordenou May e todo ambiente ao redor do pokémon escureceu. Uma luz clara de formato semelhante a uma lua apareceu no alto, mas logo transformou-se em pequenos brilhos que rodearam o inseto e curaram seus ferimentos, assim como sua exaustão.

— Que filho da p*** - Disse Brendan com um pequeno sorriso enquanto observava a amiga. Ele não esperava por aquilo. Aparentemente, Roxanne também não, pois com um sorriso ela retornou seu pokémon exausto.

— Geodude está impossibilitado de continuar batalhando. A líder deve lançar um novo pokémon – Disse a juíza erguendo a bandeira vermelha.

— Isso foi muito, bom. Você é muito melhor do que os desafiantes que aparecem por aqui. Superar em resistência uma  pokémon do tipo pedra é algo impressionante – Comentou a líder - Espero que esteja preparada para enfrentar algo diferente. Vou elevar o nível da batalha. Vamos lá, Nosepass!

Da pokéball da líder saiu um pokémon de aparência completamente inusitada. A primeira vista May achou que se parecia com aquelas figuras chamadas Moai vistas na Ilha de Páscoa, em um continente muito distante de Hoenn. Era uma estátua de pedra de cerca de um metro com cor acinzentada. Possuía um grande nariz vermelho que ocupava quase toda a sua parte frontal. Em seu rosto havia uma espécie de máscara de cor negra que fazia seus olhos parecer que estavam sempre fechados. May já ouvira falar daquele pokémon, mas poucas vezes o havia visto, mesmo em livros e documentários sobre pokémons.

“Nosepass. Seu nariz magnético está sempre apontado para o norte. Quando em perigo, esse pokémon atrai objetos de ferro ao seu encontro para se proteger. Se dois desses pokémon se encontrarem, não podem se aproximar muito pois seus narizes magnéticos se repelem. Já foi muito usado por viajantes que o consultavam para se orientarem.”

— A líder lança seu Nosepass! Que a batalha reinicie!

— Thunder Wave! – Roxanne ordenou rapidamente. Uma onda elétrica saiu de Nosepass e se dirigiu com velocidade ao inseto.

— Que? – May assustou-se pois não esperava aquele ataque do pokémon. O golpe foi tão inesperado e rápido que ela mal teve consciência de comandar uma evasiva. Dustox foi atingindo pela corrente e seus músculos se começaram a tremer e se contrair devido à alta carga elétrica.

— Muito bem, garoto! Finalize com Rock Tomb – Imediatamente o movimento foi executado e uma grande quantidade de pedras imensas surgiu de algum lugar do céu, atingindo o inseto e prendendo-o em um movimento superefetivo.

O pequeno Dustox, que ainda não havia se recuperado totalmente da batalha anterior, ficou imediatamente fora de combate. May arregalou os olhos de preocupação, aquele pokémon estava em um nível diferente do anterior. Parecia ser muito mais poderoso.

— Dustox está fora de combate! A desafiante deve lançar um novo pokémon – Anunciou a juíza.

— ISSO FOI ROUBO! De onde vieram essas pedras? – Juliana falou furiosa.

                – Provavelmente foram criadas pelo movimento – Respondeu Brendan dando de ombros. Seu olhar, porém, estava fixo na batalha, preocupado com a amiga. Não sabia se Skitty seria capaz de vencer o pokémon da líder.

                No resto da arquibancada, a torcida era predominante para a Roxanne, mas alguns alunos bateram palmas ao ver Dustox derrotando o Geodude com uma reviravolta tão inesperada. Todos eles batiam os pés de ansiedade para ver que pokémon a desafiante lançaria a seguir e, ao verem a pequena Skitty entrando na arena, pareciam ter ficado um pouco decepcionados. A líder ergueu uma das sobrancelhas ao ver o pokémon que a outra lançara.

                – Não sei se você não possui conhecimento sobre as vantagens e desvantagens de tipo, quer demonstrar algum tipo de superioridade me derrotando com pokémons com desvantagens ou simplesmente não possui outros pokémons – Suspirou – Essa não foi uma boa escolha – As palavras dela afetaram a treinadora que estava assustada.

                – Meeeeoww – Um miado alto saiu da pequena Skitty, que não gostara das palavras da líder e já se colocava em posição de combate. A treinadora observou sua pokémon, em nenhum momento ela hesitou em frente ao adversário que era duas vezes maior e dez vezes mais pesado do que ela própria. Skitty acreditava em si mesmo e sabia que poderia vencer. May viu que era a única a estar insegura ali.

                – Vou provar para você do que minha pokémon é capaz e você nunca mais olhará para um Skitty do mesmo jeito! – Disse com confiança.

                – A desafiante lança Skitty! Que a batalha recomece!

                – Rock Tomb novamente, Nosepass. Vamos acabar rápido com essa batalha.

                – Mostre a eles sua velocidade, Skitty. Não vai ser fácil nos pegar – Tendo como resposta um miado de animação, a gata se desviava habilmente das pedras lançadas pelo pokémon imã. Parecia quase estar se divertindo com aquilo, deixando o adversário irritado.

                – Vamos mudar a estratégia, Nosepass. Paralise-a com o Thunder Wave! – A mesma onda elétrica lançada contra Dustox foi carregada para ser usada contra a gata. May, contudo já esperava por isso, não ia ser pega no mesmo truque duas vezes.

                – Skitty, esse é um golpe do tipo elétrico. Use sua velocidade ao máximo para fugir dele! – Gritou May. Sua pokémon, assimilando rapidamente o que foi dito, desviou-se do ataque, mesmo que com um pouco mais de dificuldade.

                – Somente desviar não vai fazer com que conquiste a insígneia, May. Em matéria de resistência sua pokémon perde feio para o meu – Provocou Roxanne.

                – E quem disse que eu pretendo desviar? – Perguntou a garota com um sorriso no rosto – Agora é minha vez! Skitty, use o Copycat! – Skitty havia aprendido a usar aquele ataque em seu último treino e se consistia em copiar o último movimento usado na batalha e este havia sido o Thunder Wave de sua adversária.

                – Nosepass, desvie! – Ordenou a líder, porém sua reação foi lenta pela surpresa assim como a de seu pokémon que recebeu toda onda de choque lançada pela pata de Skitty.

                – Nosepass é um pokémon tipo pedra puro e por isso é afetado pelos golpes elétricos. Seu pokémon está paralisado e agora não vai mais se mexer! Agora vamos usar seu Attract, Skitty.

                A gata balançou-se de um lado para o outro fazendo charme. Pequenos corações vermelhos surgiram ao seu redor e foram na direção de Nosepass. Surpreendentemente, seu rosto pareceu atingir uma coloração levemente avermelhada e ele passou a admirar com fascinação a cada movimento da pokémon fêmea em sua frente.

                – Não se deixe enganar por ela, Nosepass. Use Thunder Wave para acertar a Skitty! – Mas seu Pokémon não parecia escutar e quando parecia que ia executar o comando, seu sistema locomotor não respondia pela intensa estimulação elétrica que havia sofrido.

                – Agora vamos acabar com isso, Skitty. Pegue-o com seu Icy Wind. Vamos atacá-lo de longe até que ele esteja fora de combate – A gata começou a efetuar o ataque, acertando-o com a corrente de ar gelado. A líder levantou a mão em sinal que a desafiante parasse e recolheu seu pokémon.

                – Não vou submeter meu Nosepass a levar golpes desnecessários. Essa vitória é sua May! – Disse a Roxanne com um sorriso.

                – A líder recolheu seu pokémon em desistência. A vitória é de May e Skitty! – Anunciou a juíza.

May, no entanto, estava paralisada. Ainda não acreditando no que acabara de ouvir. Somente começou a ser dar conta do que realmente havia acontecido ao sentir o peso de sua pokémon, que pulou em seus braços para comemorar a vitória.

— Nós ganhamos, Skitty? – Perguntou ainda em dúvida. Olhando para sua gata.

— May! – Ela ouviu a voz de Roxanne chamando-a. A mulher havia atravessado a arena parcialmente destruída e agora estava em sua frente – Você demonstrou saber os conhecimentos básicos sobre pokémons, demonstrou perseverança diante de uma situação desfavorável e superou a resistência e defesa impenetrável dos pokémons de pedra. Conseguiu superar todos os desafios do meu ginásio e por isso te considero merecedora de receber a Stone Bagde – Disse a líder, estendendo a mão onde havia um pequeno objeto dourado de formato retangular.

A treinadora pegou o objeto com a mão trêmula e finalmente a compreensão total veio em sua cabeça. Ela havia vencido. Havia vencido sua primeira batalha de ginásio e aquela insígnia era a prova disso. Um sorriso enorme se abriu em seu rosto e ela abraço forte sua pokémon.

— Nós vencemos! Vencemos Skitty! Vencemos! – Ela pulava com a pokémon nos braços comemorando a vitória. A pequena gata também não conteve sua felicidade, lambendo sem parar o rosto da treinadora.

De repente, ela sentiu um peso em seus ombros e olhou para ver Juliana pulando junto com ela, compartilhando com a garota a alegria dessa vitória conquista a duros treinos.

— Minha amiga é incrível! Eu sabia que você ia vencer! – May a abraçou de volta com carinho.

— Você foi muito bem! – Elogiou Brendan, que havia parado ao seu lado. May olhou-o e com a alegria que sentia, pensou em também dar-lhe um abraço, mas mudou de ideia rapidamente ao perceber que isso seria constrangedor para ambos.

— Obrigada, Brendan! – Agradeceu dando-lhe um sorriso.

O resto dos alunos da turma aos poucos também descia a arquibancada parabenizando a garota e a líder por uma das melhores batalhas que eles já haviam visto em muito tempo. Com certeza ela seria lembrada por semanas e o nome de May também, caso ouvissem notícias de suas conquistas futuras. Todos queriam ver a insígnia que era mostrada com orgulho.

Ter vencido Roxanne era apenas o primeiro de muitos degraus que ela teria que vencer para chegar ao título de Mestre no futuro, mas por enquanto, ela não pensaria nisso. Apenas aproveitaria a sensação de que toda a felicidade do mundo estava reunida naquele ponto específico do universo.


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