" How could she look so fine?
How could it be she might be mine?
How could she be so cool?
I've been taken for a fool, so many times "

[ So Fine — Guns N' Roses]

[ POV CLINT BARTON ]

Aparentemente o trio não havia sido o único afetado, Bruce também havia caído nas garras de Wanda Maximoff e agora, transformado no Hulk, destruía a cidade. Eu sabia que Megan não ia ficar parada ali assistindo tudo, dito e feito, a garota de ferro e dona do meu coração foi correndo até o avião. Ouvimos o seu grito e eu mais do que rapidamente corri até lá, o trio ainda estava muito abalado e não iria para lugar nenhum. Encontrei Megan chorando, não sei se de tristeza ou raiva, no meio dos destroços das suas armaduras.

— Meg ...

— Ele destruiu tudo Clint, não sobrou nada inteiro — Falou entre soluços sofridos enquanto pegava o braço de uma das armaduras. Minha gatinha atirou a peça destruída no chão e começou a vasculhar um baú prateado que havia em um canto, tirando de lá flechas que eu sabia que continham poderosos soníferos. Megan estendeu a mão na minha direção e eu lhe entreguei o meu arco, ela não precisava falar nada para que eu adivinhasse o que ela queria.

— Se cuide, por favor, não posso sair correndo para ir te salvar.

— Você é um docinho Clint — Ela beijou minha bochecha e se foi. Ela se foi e meu coração se apertou de uma maneira muito dolorosa porém extremamente familiar, eu sentia essa dor toda vez que a via nos braços do Thor. As horas passaram extremamente devagar, eu ouvia os rugidos do Hulk, a voz de Tony ampliada mas de Megan nem um pio. O trio parecia estar melhor, ainda meio lentos, mas melhor. Quando a noite caiu Megan voltou acompanhada do pai e de Bruce, este já na forma humana. Assim que vi seu lábio inferior cheio de sangue meu coração se acelerou no mesmo instante, quem havia sido idiota o suficiente para tocar nela ? — Nem pergunte — Falou enquanto me entregava o arco.

— Pergunto mesmo assim, o que aconteceu ?

— Mordi a língua — Falou e cuspiu o excesso de sangue.

— Me deixa ver.

— Não.

— Não estou pedindo Megan — Falei e ela bufou, porém me mostrou a língua ferida mas ela não tinha só mordido a língua, seu lábio inferior estava cortado. — Mordeu só a língua não é ?

— Sai Gavião — Ela riu baixinho e eu a abracei apertado. Megan suspirou alto.

— Eu falei para tomar cuidado por que eu não estava lá para te salvar — Ela se desvencilhou de mim com um sorriso, ainda estava com o lábio cheio de sangue e agora bem inchado mas nunca parecera tão bonita e atraente para mim. Voltamos todos para o avião e eu tratei de pilotar ele com Megan de co pilota, ela segurava uma bolsa de gelo contra o lábio ferido e volta e meia soltava um gemido de dor, ah seu eu descobrisse que havia sido o cretino que a machucara, ele ia ganhar um terceiro olho.

— Para onde vamos Clint ? — Tony se pronunciou e eu acionei o piloto automático.

— Para um lugar seguro. Já volto — Me levantei e fui para os fundos do avião. Ao ver que ninguém prestava atenção em mim, peguei meu celular e disquei para a minha sobrinha.

— Tio Clint ?

— Oi Eva.

— Tio ! que saudades, está tudo bem ?

— Está sim querida. Só liguei para avisar que eu e os Vingadores vamos passar aí.

— Ah, sério ? Allison, larga esse controle remoto menina .. só um instante tio — A linha ficou muda e eu podia ouvir ao longe minha sobrinha pedindo para Allie largar o controle remoto e ir brincar com suas bonecas. — Voltei. Vou arrumar tudo aqui, quando vocês chegam ?

— Ao amanhecer, acho.

— Venha inteiro tio, você e os demais.

— Tentaremos, até mais tarde Eva.

— Até tio.

Desligamos ao mesmo tempo e eu voltei para o meu posto, Megan estava dormindo toda encolhida na poltrona, seu lábio já aparentava estar um pouquinho melhor mas continuava bem inchado. Ao amanhecer pousei em um campo e tratei de acordar todos.

— Vamos acordar flores do dia, já chegamos no nosso destino — Fui cutucar Megan e ela ergueu a perna para me chutar, sorte que apanhei o seu pé antes dele fazer contato com as joias da coroa. — Acorda Bela Adormecida, chegamos.

— Ãhn ... ? — Ela me encarou, toda tonta de sono, porém assentiu e se levantou. Saíamos do avião e logo avistei Eva na varanda, a mesma tinha uma carinha fofa de sono porém abriu um largo aos nos ver.

— Ei, já não era seu tempo — Ela me abraçou, depois abraçou os demais e por fim Megan. — Misericórdia Megan, o que aconteceu com a sua boca ?

— Mordi a língua — Respondeu e Eva a olhou desconfiada.

— Aham, tá. Bom, vamos todos entrando, fiz caminhas para vocês no chão. Desculpem a bagunça mas tenho que cuidar de quatro crianças abaixo de três anos — Ela sorriu e olhou para Megan que saiu correndo para dentro da minha pequena residência, indo assim verificar sua prole que estava aos cuidados de Eva.

— Essa casa é sua Barton ? — Tony me indagou e eu assenti concordando.

— Eva mora aqui, eu pedi para a S.H.I.E.L.D a esconder por um tempo, achei mais seguro.

— E os meus netos estarem aqui, qual é a explicação ?

— Megan quis deixar todos em segurança, falei de Eva e ela concordou deixa-los aqui — Expliquei. Entramos, estava tudo organizadinho. — Bom, Eva montou camas para vocês aqui na sala, tem um quarto de hóspedes vago ...

— É meu ! — Natasha se pronunciou e eu assenti em concordância.

— Os outros estão ocupados por Eva e as crianças. O café da manhã logo vai sair, então podem tomar banho, vestir algo mais confortável, essas coisas.

Cada um tomou o seu rumo menos Thor, esse saiu de modo tempestuoso da sala, pude ver pela a janela ele girando o martelo e sumindo no céu que ia se tornando azulado, isso não ia prestar nem um pouco.

— Cadê o Thor ? — Megan perguntou enquanto descia as escadas aos pulos, ela parecia bem disposta e feliz. Ninguém se pronunciou, ela percebeu na hora que algo estava errado. — Cadê ele galera ?

— Foi embora — Tony disse após alguns minutos de silêncio. Megan arquejou e correu para fora, por puro instinto eu fui atrás.

— Megan ! — A peguei pela a cintura e a ergui, ela começou a se debater e tentar me chutar.

— Me solta Clint, ele não pode ter feito isso comigo, de novo não — Falou, ela estava chorando. Após alguns minutos ela se acalmou e eu a soltei. — Por que Clint ? por que ele teima em ir embora sem me avisar ? será que ele me acha indigna de confiança mesmo eu sendo a mulher dele ? isso é tão injusto.

— A vida não é justa gatinha — Falei, se fosse Megan estaria ostentando o meu sobrenome ao lado do dela. — Vem, vamos entrar, você toma um banho quentinho, come alguma coisa e descansa — A conduzi para dentro novamente e a guiei até o meu quarto. Lhe entreguei uma muda de roupas da Eva, disse para que se sentisse em casa. Megan se trancou no banheiro e logo ouvi o barulho do chuveiro. Enquanto ela tomava banho eu trocava de roupa. Catei uma calça jeans surrada, uma blusa de manga curta e uma flanela no guarda roupa e as vesti. Quando eu estava calçando os sapatos Megan surgiu vestindo uma regata roxa e um short, o cabelo curto estava solto e pendia sobre os ombros.

— Roxo ... sabe como me alegrar Clint — Falou antes de me abraçar. Pousei meu queixo de forma delicada no topo da sua cabeça e suspiramos juntos. Senti sua mãozinha delicada apalpando a minha cintura e arregalei os olhos de leve, Jesus isso está acontecendo mesmo ?

— Eu consigo sentir a diferença — Falou, ela estava apalpando o lado da cintura onde eu havia me ferido.

— Que bela observadora — Eu ri e apalpei sua cintura também, onde eu sabia que havia uma cicatriz. — Quase não dá mais para sentir, sabia ?

— Mas ela está constantemente aí, um lembrete — Nos separamos e fomos tomar café da manhã, nunca vi Megan tão feliz por estar reunida com os seus pequenos. Após o café da manhã cada pessoa foi fazer alguma coisa, eu fui cortar lenha por que a que eu tinha estocado meses atrás havia acabado. — Essa é a sua ideia de uma vida calma Clint ? — Megan surgiu com um sorrisinho, parei de cortar a lenha e a encarei. — Tá faltando a cerca branca, os labradores, a piscina e a churrasqueira.

— Vou providenciar isso, não me deixe esquecer.

— Não deixarei, quer ajuda ? preciso me mexer um pouco.

— Claro, traz mais lenha, tem bastante na orla — Apontei para as árvores e ela foi para lá, voltando minutos depois com os braços cheios de lenha. Eu cortava e ela fazia pequenas pilhas organizadas, ficamos nessa função até um pouco mais do meio dia.

O restante do dia foi bem tranquilo, risos infantis eram ouvidos por todos os lados, eu não tirava os meus olhos de Megan, simplesmente não conseguia e não queria. A noite chegou, fui verificar se Megan estava bem confortável no meu quarto e a encontrei sentada no gradil da varanda, observando pensativa o céu. Ela cantarolava e percebi que era American Pie, uma das minhas músicas favoritas.

— Did you write the book of love and do you have faith in God above. If the Bible tells you so? Do you believe in rock 'n roll. Can music save your mortal soul and can you teach me how to dance real slow?

Me aproximei e não resisti, cantei também.

— Well, I know that you're in love with him, 'cause I saw you dancin' in the gym. You both kicked off your shoes. Man, I dig those rhythm and blues.

Megan se virou e me encarou com aqueles lindos olhos escuros. Ela sorriu e eu me aproximei mais, ficando de frente a ela.

— I was a lonely teenage broncin' buck with a pink carnation and a pickup truck but I knew I was out of luck. The day the music died — Ela cantou mais um pedaço antes de me abraçar pela a cintura, suas pernas e pés balançavam.

— I started singin'. Bye-bye, miss American pie. Drove my chevy to the levee but the levee was dry. Them good old boys were drinkin' whiskey and rye and singin', "This'll be the day that I die" "This'll be the day that I die" — Cantei mais um pedaço e o sorriso dela aumentou mais um pouco. Megan suspirou e encostou a sua testa no meu peito, eu pousei meu queixo na sua cabeça, e assim ficamos. O tempo parou e nada mais importava, nada a não ser a minha gatinha.