Encarávamos Ultron com olhares perplexos, ele havia tomado um corpo físico, ele estava ali diante de nós. Thor, provando que paciência não era o seu forte, jogou o seu martelo contra Ultron, o despedaçando. Eu achei que aquilo seria o suficiente mas não foi, Ultron surgiu em outro corpo, um pouco menos detonado que o primeiro, mas o grande problema era que ele não estava sozinho, ele tinha agora a companhia da tropa de ferro do meu pai.

Minutos de silêncio, ninguém ousava dar um passo ou mesmo respirar mais alto, então o caos se instalou. As armaduras avançaram contra nós, Thor me empurrou para o lado e eu caí sobre o sofá, uma das armaduras havia avançado sobre ele. Me levantei e foi ajuda-lo, minhas mãos já estavam luminosas e eu desmontava aquele robô peça por peça.

— Thor, me levanta.

— O quê ?

— Agora !

Ele me deu apoio, o famoso pezinho, e me jogou no ar bem na hora que uma armadura voava por ali. Me agarrei nela e puxei um bocado de fios coloridos, o robô tentou revidar mas puxei outro bocado de fios. Ele começou a dar defeito nos propulsores e me vi caindo, por sorte Thor me pegou antes que eu atingisse o chão. Não tive tempo de agradecer o grandão, outro robô veio na nossa direção e saímos os dois no braço, eu já estava cheia de arranhões e meu vestido estava todo sujo de graxa. O último robô foi derrotado, Ultron não estava mais ali, havia escapado através da internet. Eu respirava em arquejos curtos e bem dolorosos, os outros estavam em um estado semelhante ao meu, até Alice que não sabia praticamente nada de luta.

— Reunião, agora — Meu pai falou antes de ir para o laboratório. Aos poucos o pessoal foi para lá, todos queríamos uma ótima explicação do que havia acontecido. Quando enfim estávamos todos lá papai começou a explicar sobre o Ultron e de como ele seria um programa de segurança em nível mundial. E as más notícias não pararam por aí, logo após papai havia mostrado que Ultron havia destruído J.A.R.V.I.S. Quase chorei nessa hora, J.A.R.V.I.S era um amigo muito querido mesmo sendo um programa.

— Vocês então estavam trabalhando nisso ? queriam transformar o Ultron em um programa de segurança mundial ? — Perguntei, meio incrédula. — Então era por isso que vocês dois ficavam trancados aqui, no melhor estilo clube do bolinha ? por que isso não me surpreende ? — Falei brava. Tudo piorou ainda mais quando papai falou que ambos, ele e Bruce, estavam trabalhando com o cetro do Loki. Thor avançou contra o meu pai e o prensou na parede. — Pare já com isso Thor, esganar o meu pai não vai adiantar nada — Falei, me metendo entre os dois. — O que precisamos agora é de um plano para deter aquele psicopata e não de mais brigas — Todos me olhavam e um por um foram assentindo em concordância. Entramos madrugada adentro bolando um plano que parasse aquele louco a tempo de ele não destruir nada nem ninguém, só quando estava amanhecendo e o laboratório já cheirava a graxa é que conseguimos bolar um plano que todos acharam suficientemente bom. Iríamos para a África do Sul.

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A viagem foi demorada, cansativa e tediosa. Todos estávamos mergulhados no silêncio e nos seus próprios pensamentos. Eu fazia uns ajustes na Dominique e Thor me auxiliava no que podia. Eu temia que a velha guerreira não aguentasse o novo tranco da vez e por isso eu tinha trazido duas outras armaduras reservas.

O avião deu um solavanco e começou a fazer a manobra de pouso. Vesti meu casaco de couro roxo escuro por cima da camisa social preta de manga curta que eu havia colocado e amarrado a barra, do modo que seis centímetros da minha barriga apareciam. A camisa combinava com a saia plissada que ia até metade das coxas, os coturnos e o meu novo corte de cabelo: meus cachos escuros batiam nos ombros agora e uma franja desfiada cobria a minha testa.

Deixei as armaduras ligadas, prontas para o combate caso fosse necessário, peguei minhas duas facas de caça de estimação e segui os demais. Estávamos pousados em uma área verde suficientemente longe da cidade e do estaleiro que pertencia a um tal de Ulysses Klaw. Tínhamos que impedir Ultron de colocar as mãos no Vibranium e construir assim um corpo para ele com o mesmo material que compunha o escudo indestrutível do escudo do Capitão.
Seguimos juntos para o estaleiro, papai foi voando, Thor me deu uma carona, os outros seguiram por uma passagem que devia ser secreta, Bruce ficou no avião. Eu e o grandão pousamos em uma plataforma, já dentro do estaleiro, e descemos as escadas até nos encontrarmos com os outros.

— Ultron, assim você magoa o papai — Papai disse para a sua criação maligna, apenas crispei os lábios e empunhei as gêmeas. E aí o caos estava solto. Soldados do Klaw nos atacaram assim como a ex-tropa de ferro do meu pai. Eu estraçalhava, chutava e arrancava fios dos robôs, os soldados eu usava os meus golpes de luta para os desacordar. Virei, rapidamente, para chamar Steve mas o vi caído no chão, com os olhos desfocados.

— Merda ! — Corri até ele e me ajoelhei ao seu lado. Aquela garota estava aqui. — Já volto Steve, eu prometo. — Saí correndo atrás de qualquer um dos vingadores e esbarrei no grandão que estava do mesmo jeito que Steve. Abafei um grito e engoli as lágrimas de raiva que queriam descer por minhas bochechas. Não era possível que aquela garota estranha tivesse pego todo mundo. Comecei a correr novamente, encontrei Natasha caída como os demais. Desespero tomou conta de mim até que vi Clint no fim do corredor. — Clint ! — Berrei e corri na sua direção, me atirando nos seus braços em seguida.

— Se prepara que ela está aqui — Murmurou baixinho, bem rente ao meu ouvido, me arrepiei dos pés a cabeça por dois motivos: meu melhor amigo estava quase beijando meu pescoço e a garota estranha estava nos rondando. — Agora ! — Nos separamos e a atacamos, lancei as gêmeas na sua direção mas ela as desviou, avancei na sua direção mas ela me jogou longe. Me choquei contra uma parede e caí feito uma boneca de trapo no chão. Minha vista havia se enchido de pontinhos negros, minha cabeça latejava.

— Você não vai conseguir brincar com isso queridinha, a única que pode mexer com a minha cabeça está logo ali — Clint apontou para mim antes de cravar uma flecha na cabeça da garota, a flecha provocava fortes dores de cabeça e a impedia de usar seus poderes contra nós. Logo a garota não estava mais ali, fora resgatada por um rapaz de cabelo cinza. Clint se abaixou na minha frente e me ajudar a levantar. Cambaleei e levei a destra até a nuca, minha mão voltou rubra, bom, merdas aconteciam. — Tudo bem gatinha, quantos dedos está vendo ? — Clint ergueu dois dedos, eu estava vendo tudo dobrado.

— Quatro.

— Quase isso, vamos, temos que ajudar os outros.

Clint foi me arrastando até onde estava Natasha e logo mais a frente Thor. Enquanto o Gavião tentava tirar a Viúva do transe, cambaleei até o grandão e me ajoelhei ao seu lado. Coloquei sua cabeça no meu colo e passei minha mão na sua testa.

— Thor, volte agora, ouça a minha voz, siga ela grandão.

Longos minutos se passaram mas lentamente os olhos de Thor entraram novamente em foco. Ele piscou diversas vezes e abriu um sorriso ao me ver, não pude deixar de sorrir junto.

— Você se machucou — Falou enquanto tocava minha nuca suja de sangue.

— Isso não foi nada, nem tá doendo mais — Mentira, tava doendo pra caramba mas não era necessário falar isso, não agora. Levantamos e fomos acudiu o Steve, logo estávamos todos reunidos porém o trio afetado não parecia nada bem.

Fomos para fora, papai e Bruce não estavam por ali. Meu coração se apertou, havia algo errado e o urro ensandecido do Hulk vindo da cidade confirmou isso.