— Nós não estamos sozinhos, sabia ? — Eu murmurei entre risos enquanto observava meu noivo tirar a camiseta rapidamente.

— Eles estão dormindo, nem vão ligar — Thor murmurou antes de subir na nossa cama espaçosa. Eu ri antes de retribuir o beijo do meu noivo. O loft estava mergulhado no mais profundo silêncio, as crianças estavam dormindo e agora aproveitávamos o silêncio para matar as saudades. Eu havia passado dois dias desde a minha volta colocando o loft no lugar, ele estava uma verdadeira bagunça e isso causava tonturas em mim, uma amante da organização. Eu arranhava as costas musculosas de Thor, passava a mão nos seus cabelos que lentamente cresciam novamente. Suspirei alto e ouvi um choro infantil quebrar o silêncio.

— Milo está bravo — Murmurei enquanto fazia menção de me levantar.

— Eu vou até lá — Thor me deu um selinho rápido e foi ver o por que do nosso filho estar chorando. — Amor ! — Thor gritou e eu dei um pulo da cama, quase caindo de cara no chão ao fazer isso. Corri até o quarto do Milo e eu vi Thor embalando nosso filho nervosamente, meu pequenino chorava a plenos pulmões.

— O que foi que aconteceu ?

— Ele tá ardendo em febre — Thor disse e eu me aproximei, pegando Milo no colo em seguida. Milo estava vermelho de tanto chorar e ele queimava de febre. Medi sua temperatura e ele estava com 39 graus.

— Meu amor, o que foi que aconteceu com você ? — O embalei com carinho, alisando suas costinhas. — Acho que é uma virose, tem tidos muitos casos ultimamente.

— O que vamos fazer ?

— Um banho morno, isso pode ajudar. Entra com ele embaixo do chuveiro, água morna indo para a fria, isso vai fazer a febre baixar, acho — Falei enquanto colocava Milo no seu colo.

Thor foi para o nosso quarto com o nosso filho no colo e eu fui pegar uma fralda nova e uma camisetinha larguinha e fresquinha. Voltei para o meu quarto e pude ouvir Thor cantarolar algo lá no banheiro, Milo havia parado de chorar, o que era um alívio. Meia hora depois Thor saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e com Milo no colo todo enrolado em uma toalha duas vezes maior que ele.

— Acho que ele deu uma melhorada, a febre parece ter cedido um pouco — Thor me informou enquanto secava nosso filho com carinho e muito cuidado, me impressionava até hoje ver Thor ter tanto cuidado com um ser tão pequeno como nosso filho. Milo ainda estava manhoso mas parecia melhorzinho, coloquei minha mão na sua testa e vi que a febre tinha cedido um pouco. O vesti com carinho e o embalei até ele pegar no sono, não o devolvi para o berço, o deixei dormindo do meu lado na cama, eu e Thor não pregamos o olho a noite toda.

No dia seguinte a febre voltou, a choradeira constante veio junto. Levamos Milo no médico e o mesmo disse que era virose, receitou analgésicos e antitérmicos, disse que em três dias Milo estaria curado. Esperamos os três dias, nenhuma melhora, voltamos no médico e ele disse a mesma coisa de antes, que era para continuar dando os remédios que logo ele estaria bem, fizemos isso e Milo não melhorava. Meu garotinho vivia chorando, a febre cedia um pouco para depois retornar com força total. Eu e Thor não sabíamos mais o que fazer, Bruce tinha examinado Milo e constatado que fisicamente ele estava ótimo, que isso que ele vinha sentindo nas duas últimas semanas era algo mais psicológico.

— Poderíamos o levar para Asgard, os curandeiros dariam um jeito nele — Thor sugeriu certa noite enquanto descansávamos um pouco, estávamos exaustos fisicamente e mentalmente.

— Seu pai nos receberia ?

— É claro.

— Vamos para Asgard então, talvez as respostas para as nossas perguntas estejam lá.

Naquela madrugada mesmo partimos, não queríamos perder tempo. Allison e os gêmeos ficariam com o pai, eu havia deixado um bilhete para o meu pai o avisando da nossa partida e o tranquilizando.

“ Fomos para Asgard com o Milo, Thor acha que lá pode ter cura para que o Milo tem, voltamos em breve. Amo você, M (: “

Fomos até a nossa varanda e Thor gritou por Heimdall, ajeitei melhor Milo no meu colo e logo fomos sugados pelo o clarão multicolorido, assim que abri os olhos vi que estava em Asgard novamente, devia ser início da noite pois estava bem escuro. Milo abriu o berreiro e eu comecei a cantar a única canção de ninar que eu conhecia, modificada por mim, se ela não funcionasse eu teria que apelar para AC/DC, Black Sabbath e Beatles.

— Hush, little baby, don't say a word , Momma's gonna kill for you the whole damn world. And if that mockingbird won't sing, Papa's gonna buy you a diamond ring — Milo se acalmou e eu suspirei aliviada. Minha musiquinha era mórbida, eu sei, mas ela tinha um fundo de verdade: Para proteger meus filhos de qualquer ameaça eu mataria o mundo inteiro se fosse preciso. Caminhamos pela a Bifrost e Frigga já nos aguardava na entrada do palácio.

— Megan, Thor — A deusa nos abraçou ternamente e olhou Milo que cochilava no meu colo todo agasalhado. — Pobre do meu netinho, vamos leva-lo até as casas de cura. Megan, eu posso segurar ele ? — Perguntou hesitante.

— Claro que pode rainha Frigga — Sorri antes de depositar meu filho nos braços da minha sogra.

— Ele é tão lindo, me lembra meu falecido Balder.

— É o que eu vivo dizendo mãe.

— O último bebê que segurei foi Loki, faz tanto tempo — Murmurou antes de beijar a testinha do neto com ternura. Fomos até as casas de cura e os curandeiros e médicos trataram de descobrir o que Milo tinha, sabíamos que não era nada físico e eu temia pelo o pior, admito. Frigga disse que devíamos descansar por que parecíamos péssimos, devíamos estar mesmo, eu me sentia esgotada. Minha sogra ficou ali de olho no nosso filho e Thor e eu fomos descansar um pouquinho, precisávamos dormir nem que fosse uma horinha. Nos acomodamos no antigo quarto do Thor, local do nascimento dos gêmeos, e capotamos em uma velocidade impressionante.

Acordamos três horas depois e nos sentíamos muito melhores, trocamos nossas roupas por vestes asgardianas e fomos atrás do nosso filho. Encontramos Milo no colo de Freya e ele parecia bem entretido com o seu purê de batatas, seu rostinho estava todo sujo e ele aparentava estar melhor.

— Oi meu amor, tá melhor ? — O peguei do colo da minha amiga e me sentei ao seu lado. — Olha só você, todo sujo — Peguei um guardanapo e o limpei, depois lhe dei o purê de batatas e uns pedacinhos de carne.

— Nem precisa me falar nada, sei de tudo.

— Tudo o quê Freya ?

— Vai entrar para a família – Cantarolou enquanto batia palmas animada. — Eu sempre soube, vocês são o casal mais perfeito que já vi.

— Obrigada Freya mas o casamento ainda vai demorar, então se acalme e sossegue — Falei entre risos e deixei que Freya planejasse o casamento dos sonhos, na verdade eu e Thor queríamos a cerimônia mais simples do mundo, sem festas de arromba. Após Milo terminar sua refeição e Thor ter conversado com os amigos de longa data, procuramos Frigga que nos contou que os médicos e curandeiros não encontraram o que fazia meu filho sofrer daquele jeito mas conseguiram aliviar os sintomas, os mesmos diziam que iriam pesquisar mais a fundo para encontrar a causa e a cura, enquanto isso teríamos que ficar ali.

Milo melhorava a cada dia que passava, ele agora usava no pescoço um pequeno medalhão que segundo meu sogro iria ajudar a manter espíritos malignos, feiticeiras e qualquer coisa desse tipo longe, além de impedir ataques psíquicos e possessões, achei isso genial. Meu Milo parecia tão em paz em Asgard, era como se ele sempre pertencesse aquele lugar, ele não usava mais seus poderes e era sempre visto correndo pelos os corredores com seus passinhos vacilantes de bebê.

Os curandeiros e médicos não acharam a causa daquele tormento do meu pequeno mas disseram que tinha haver com a natureza divina dele, que Hela podia estar por trás disso mas que nada era confirmado. Quando perguntei se ele iria melhorar os curandeiros foram categóricos: " Podem esperar mais dessas crises ao longo dos anos, seus poderes evoluem conforme ele cresce mas não se preocupe Lady Megan, o pequeno príncipe não corre risco de vida e ele se tornará um dia um bravo guerreiro feito o pai. "

oOo

Por mais que eu amasse demais a Terra, minha família e rotina, eu apreciava muito ficar ali em Asgard, agora eu me dava o luxo de imaginar uma rotina ali, uma vida inteira. Eu podia imaginar várias criancinhas louras e morenas correndo pelos os corredores, fingindo serem heróis, eu podia imaginar Thor um dia ocupando o lugar do pai e eu ao seu lado, lhe dando apoio. Thor também imaginava isso por que sem mais e nem menos, em uma noite particularmente abafada, ele me pediu em casamento novamente.

— Outro pedido grandão ?

— Casa comigo, amanhã mesmo, não precisamos esperar mais.

— Mas ... e a minha família ? nossos amigos ? tenho certeza que eles queriam estar juntos, meu pai quer me levar ao altar.

— Faremos outra festa quando voltarmos a Midgard, uma com tudo o que tem direito, seu pai a levará ao altar como dizem seus costumes midgardianos.

— Se é assim, então tudo bem, não vejo mal nisso mas amanhã não dá, muito em cima da hora, semana que vem — Dei de ombros antes de começar a gargalhar, Thor havia pulado para cima de mim e beijava meu pescoço, sua barba cerrada me fazia cócegas.

Freya e Frigga foram as primeiras a saberem da notícia e logo elas começaram a trabalhar comandando pessoas e mais pessoas para ajeitarem um dos salões de festa. Eu ouvia dizer pelos os corredores de que seria uma grande festa, de que finalmente Thor tinha encontrado uma pessoa decente para ser a futura rainha de Asgard, de que logo o povo seria abençoado pelo o nascimento de mais príncipes e princesas, confesso que fiquei assustada com essa parte, mais filhos ? isso nem passava pela a minha cabeça, depois de tudo o que passei com os gêmeos mas e o Thor ? seria que ele pensava em ter mais filhos ? eu deveria perguntar isso um dia.

Quando o grande dia chegou, após eu ter tomado meu café da manhã, Freya me trancou no meu quarto e me arrumou para a cerimônia, pedi algo simples e assim foi feito. O vestido era de alças e roxo bem clarinho indo para o cinza, eu usava sapatilhas e o meu cabelo estava solto em cachos definidos, a única coisa que os adornava era uma tiara linda que continha pequeninas estrelas do mar que segundo Freya fora seu pai, Njord, que as tirara do oceano e as colocara ali.

Eu estava arrumada em tempo recorde, Freya estava arrumada, eu sabia que Milo estaria arrumado graças a Frigga, eu só esperava que Thor estivesse arrumado também. Freya me conduziu até o salão lotado e eu ao ver Thor, parado e me esperando ao lado de Odin, eu tomei o maior dos sustos: ele estava de cabelo comprido novamente !

— Como ... como ...

— Como é possível o Thor estar de cabelo comprido novamente ? isso é até que muito simples Meg. Sabia que Sif tinha cabelos louros ? isso mesmo. Um dia, quando ela, Loki e Thor eram pequenos, Loki cortou seus cabelos por pura pirraça. Odin ordenou que o filho desse um jeito no que tinha feito e Loki arranjou aquela cabeleira negra. Um pouquinho de magia e estava feito — Freya me explicou e eu assenti. Thor estava absurdamente lindo, como sempre, e abriu um largo sorriso ao me ver, não pude deixar de sorrir junto. Caminhei até ele e segurei sua mão, a ficha ainda não havia caído, eu iria me casar com o homem da minha vida. Meu coração estava acelerado, minhas mãos tremiam mas eu não conseguia parar de sorrir. Milo estava no colo da avó e parecia ótimo, estava tão lindinho na sua roupinha asgardiana que era idêntica a que Thor usava.

Odin falou um pouco sobre a alegria de uma pessoa achar seu par, nos abençoou, desejando que tivéssemos muitos filhos, depois os deuses nos abençoaram e por fim meu sogro me declarou princesa consorte de Asgard, todos agora deveriam me chamar de Princesa Megan. Enquanto o povo asgardiano festejava, coisa que eles sabiam fazer muito bem e com grande alegria, eu e Thor fomos para uma das sacadas ver o por do sol e curtir um pouco a presença um do outro sem ninguém nos atrapalhar, estávamos casados agora, ele era meu e eu era dele.