" Don't let me hear you say life's taking you nowhere, angel
Come get up my baby
Look at that sky, life's begun
Nights are warm and the days are young
Come get up my baby "

[ Golden Years - David Bowie ]

Um raio de sol ultrapassou a cortina de seda azulada e atingiu em cheio o meu rosto, me fazendo assim acordar. Resmunguei com a claridade repentina e me enrolei feito uma bola no cobertor mas de nada adiantou, o sono tinha ido embora. Me levantei e cambaleando fui até o berço da Allie, estava vazio, ela certamente estava com Thor ou Frigga. Troquei o pijama de seda dourada por um vestido esvoaçante lílas bem clarinho com detalhes prateados, dei um jeito naquele ninho de passarinho que era o meu cabelo e o trancei, quando eu me achei arrumada o suficiente eu saí do quarto.

Encontrei Thor tomando café da manhã na companhia dos amigos, como eu pensei Allie estava com ele. Thor atirava minha filha no ar e a pegava quando ela caía, Allie gargalhava e balançava as perninhas cheia de dobrinhas. Me aproximei e peguei a minha filha no colo antes que Thor a jogasse no ar novamente.

— Bom dia — Desejei enquanto me sentava e ajeitava a minha neném no colo.

— Bom dia Meg — Thor desejou. — Preparada para hoje a noite ?

— Tenho escolha ?

— Não, não tem — Thor replicou de modo alegre. Hoje a noite teria um grande e suntuoso baile para comemorar o meu aniversário de 21 anos, eu tinha comemorado o aniversário da Allie de modo discreto, como eu sempre quis. Eu queria fazer do mesmo modo com relação ao meu aniversário mas Thor não permitiu, ele disse que iríamos comemorar o meu aniversário do jeito certo.

— E por que eu ainda me dou ao trabalho de perguntar ? — Revirei os olhos mas sorri, tomei o meu café da manhã e depois fui indagar Heimdall sobre como andava as coisas lá na terra.

— Calmas, calmas demais para o meu gosto — O guardião falou, fazendo assim todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. — Sua família e amigos estão bem, estão se preparando para uma batalha que está por vir, eles sentem muita a sua falta e da pequenina.

— Obrigada Heimdall, continue de olho neles, por favor.

— Continuarei Megan — O guardião disse me dirigindo um sorriso terno. Voltei para o castelo e vi que Frigga me esperava, ela sorria de modo maternal para mim.

— Megan, temos um dia cheio hoje querida — Disse enquanto entrelaçava o seu braço no meu, começamos a caminhar juntas pelos os corredores, passamos por um dos salões destinados aos bailes e vi que estava todo decorado.

— Mas ... rainha Frigga, não precisava de tanto.

— Eu não tenho nada a ver com isso querida — Disse bem humorada. — Foi Thor quem providenciou tudo.

— Thor ?

— Querida, você roubou o coração do meu filho e se eu bem vi e notei, ele não parece nem um pouquinho inclinado a pedir ele de volta.

— N-não era a minha intenção — Murmurei envergonhada.

— Não estou reclamando querida — Frigga deu um tapinha afetuoso na minha mão. — Na verdade estou adorando tudo isso, agora talvez o meu filho crie juízo — Não pude deixar de rir com o comentário e Frigga me acompanhou, eu adorava aquela mulher.

Quando a tarde caiu eu me tranquei no meu quarto na companhia de Frigga e Freya. Conheci Freya em uma tarde que eu estava praticando arco e flecha, ela era a deusa do amor e por incrível que pareça nos demos bem na hora. Enquanto Frigga arrumava a minha filha, Freya tagarelava ao meu redor dando mil e uma sugestões de looks e penteados, por fim eu escolhi um look que não me parecia tão ruim e tinha aquela simplicidade que eu gostava. O vestido era preto, sem mangas, com detalhes de renda no busto e uns detalhes dourados na barra, calcei sapatilhas pretas e deixei Freya brincar com o meu cabelo. Depois de vários minutos Freya anunciou que eu estava pronta, o meu cabelo escuro estava liso e sem nenhuma ondulação, ela havia feito duas pequenas trancinhas decoradas com fios de ouro nas laterais e uma tiara delicada adornava o topo da minha cabeça.

— Nossa Freya, você se superou.

— Que bom que gostou Meg — Sim, ela me chamava de Meg, todos chamavam menos Lady Sif. — Vai arrasar corações hoje, principalmente do cabeçudo do Thor.

— Não quero arrasar o coração de ninguém.

— Acredite em mim Meg, você vai.

Fiz um bico mas deixei por estar. Fui até Frigga e o meu coração disparou ao ver a minha filha já arrumada, ela estava a coisa mais perfeita do mundo com o seu vestidinho rosa e os sapatinhos em um claro de prateado, um look digno de uma princesa asgardiana. A peguei no colo e saímos as quatro do meu quarto, nos dirigimos para o salão, a música e o som de risadas me atingiram em cheio.

Estava tocando uma música que muito me lembrava aquelas músicas celtas que as vezes eu colocava para tocar para irritar o meu pai, quando eu dei por mim eu já estava me mexendo conforme a música tocava. Frigga pegou Allie do meu colo e me disse para ir dançar, foi o que eu fiz. Me embrenhei no meio da multidão de asgardianos e comecei a dançar, em um momento de pura felicidade ergui os meus braços e comecei a rodar no lugar. Quando a música acabou eu estava toda corada e com um enorme sorriso no rosto, olhei em volta e vi que Thor me olhava fixamente, ele estava sorrindo abertamente. O grandão estava vestido com a sua armadura mas os braços musculosos estavam nus, o cabelo louro estava preso.

Uma nova música começou porém eu preferi não dançar essa, caminhei até onde Thor estava e lhe dirigi um sorriso.

— Esse lugar está ocupado ? — Perguntei indicando a cadeira vazia do seu lado.

— Agora está — Ele sorriu e eu me sentei do seu lado, observei de longe Allie ser paparicada por Frigga e Freya, em pouco tempo de convivência minha neném já tinha conquistado a todos com o seu jeitinho todo meigo de ser. Ficamos ali conversando e bebendo, relembrando os velhos tempos. — Você está usando o anel que eu te dei — Thor disse de repente e eu olhei para a minha mão direita onde jazia o anel de rubi que ele havia me dado.

— Por que eu não usaria ? foi um bonito presente Thor — Ele sorriu com os meus dizeres e se levantou, me estendendo a mão logo em seguida.

— Dança comigo ?

— Ãhn ... tá, tudo bem — Peguei a sua mão e me deixei conduzir para o meio do salão lotado, outros casais já haviam se formado para aquela dança. A música começou a tocar e começamos a dançar de forma suave, os movimentos eram simples e graciosos, quem diria que o armário loiro era um bom dançarino. Thor me girou e me puxou para perto de si, me afastei graciosamente e me remexi conforme a música. Thor pegou as minhas mãos e aproveitando o súbito apoio, eu desci conforme a batida da música e me levantei devagar, sem desviar uma única vez dos olhos azuis claros do grandão a minha frente, gente, o que estava acontecendo comigo ? eu nem tinha bebido tanto assim para me comportar desse jeito, acho que isso tem dedo da Freya.

A música parou e todos começaram a aplaudir animados, Thor me puxou para perto de si pela a segunda vez naquela noite mas desta vez foi diferente pois ele me beijou. Naquele momento eu não sabia que tinha sim um dedo da Freya naquilo tudo, a minha amiga deusa queria nos juntar novamente, então por isso eu retribui o beijo do grandão. O povo asgardiano nos aplaudiu e o som das palmas me acordou do meu transe, eu empurrei o Thor. Depois de alguns segundos o encarando com os olhos arregalados, corri na direção da Freya.

— Preciso falar com você, é urgente — Seguimos para uma varanda que tinha ali perto, longe das pessoas e do burburinho. — Abre o jogo Freya, o que você fez comigo ?

— Com você ? nada Meg.

— Não mente, isso dá rugas — Falei e ela riu. — Abre o jogo, você colocou algum feitiço do amor em mim para eu beijar o Thor, não é ?

— Ai, joguei mas ele não iria funcionar se você não sentisse nada pelo o Thor — Ela sorriu para mim e o meu mundo desabou. — Ih, sinto o cheiro de conflito interno a distância.

— Culpa sua — Rosnei.

— É minha culpa achar vocês dois perfeitos juntos ? é minha culpa querer ajudar duas pessoas que gosto a ficarem juntas ? Esqueceu que eu sou a deusa do amor Meg ? eu sei reconhecer o amor verdadeiro a distância e pode ter certeza, o amor de vocês é o mais verdadeiro impossível, ele só está enterrado debaixo de toneladas de sentimentos confusos.

Nossa, a Freya defendia o amor verdadeiro mesmo.

— Desculpa — Murmurei e ela me lançou um sorriso amoroso.

— Não foi nada, lembre-se meu bem, eu só dei um empurrãozinho, a decisão só cabe a você, não faça o grandão esperar muito, ele é louco por você, sempre foi.

— Mas eu namoro o James !

— Acho que você não me ouviu dizer que reconheço o amor verdadeiro a distância hein Meg ? tsc tsc, vou deixar você sozinha com os seus sentimentos, me procure se precisar de alguma ajuda — Ela beijou a minha testa como se fosse minha irmã mais velha e se retirou para o salão.

Eu estou ferrada.