" Don't know how to take it
Don't know where to go
My resistance's running low
And every day the hold is getting tighter
And it troubles me so "

[ Under Attack - ABBA ]

Meu deus, o Happy estava internado. Ele que sempre havia sido um ótimo segurança, motorista e amigo, ele que sempre me levava e buscava da faculdade, que cantava comigo as músicas da Rádio Disney. Gritei de ódio e senti uma dor lancinante no local onde jaziam as minhas cicatrizes, levei a mão lá e vi que estava sangrando, os pontos tinham estourado.

— Droga ! — Gritei, Clint colocou as minhas pastas e arquivos na mesinha de centro e foi ver como eu estava.

— Olha só, se me conseguir uma agulha esterilizada e um rolo de linha eu refaço os seus pontos em dois tempos — Disse e eu o olhei arqueando a sobrancelha. — Que foi ? eu tive que aprender a dar pontos sozinho — Eu ri mas fui buscar o que ele tinha me pedido, voltei 10 minutos depois com a agulha e a linha, nos sentamos no sofá e Clint começou a refazer os meus pontos. — Quer ficar quieta ? assim eu vou te espetar com essa agulha.

— Eu já enfrentei coisas piores do que uma agulhinha de ... AI — Droga, ele tinha me espetado mesmo. Fiquei quieta e ele continuou o seu trabalho.

— O que aconteceu ?

— Happy tá internado em estado grave, ele foi atingido por uma daquelas bombas do noticiário.

— Ele vai ficar bem ?

— Não sei Clint, espero que sim — Seguimos em um silêncio meio desconfortável que só era quebrado por alguns "Ais" meus e os resmungos de Clint mandando eu ficar quieta. — Eu não consigo ficar quieta Clint, isso vai contra a minha natureza.

— Eu sei o que é melhor para você.

— E o que é melhor para mim Clint ?

— Casada, mãe de família, morando em uma casa com um jardim enorme e cerca branca, com piscina nos fundos e uma churrasqueira e dona de dois labradores chamados Max e Rex — Falou e eu ri tentando não me mexer, eu não queria ser espetada novamente.

— A sua visão do meu futuro é tentadora mas acho que não vai rolar e sabe por que ? por que eu tenho sangue Stark e sangue Stark clama por confusão — Falei e foi a vez dele rir.

— Mas sonhar não custa nada não é ?

— É, sonhar não custa nada.

— Terminei gatinha — Anunciou e eu me levantei, indo de encontro ao espelho que tinha ali na sala. Clint havia feito um belíssimo trabalho, os pontos eram muito discretos, a única coisa que chamava a atenção era o azul da linha.

— Ótimo trabalho Gavião, já sei quem eu vou procurar quando precisar de pontos.

— Estamos as ordens — Batemos as palmas e eu fui para o meu quarto tentar descansar um pouco, tomei um banho para tirar o sangue seco do meu pescoço e vesti um short e uma regatinha. Melanie surgiu uma hora depois com Allie nos braços, minha garotinha tinha passado o dia com a madrinha. James, Natasha e Steve tinham saído em uma missão controlada pela a Sharon. Depois que o meu pai e a Pepper se mudaram para Malibu Steve voltou para o seu apartamento reformado e Natasha foi morar em um loft não muito longe da torre, só permaneceram na torre o Bruce, o Thor e o Clint, eu sabia que o Clint tinha um loft no Brooklyn mas aparentemente ele preferia ficar ali na torre.

Melanie perguntou se eu precisava de alguma coisa e eu disse que não, eu só precisava ficar um pouco sozinha com a minha neném, antes de ir Mel disse que qualquer coisa era só ligar para elar, agradeci minha prima e disse que iria ligar para ela caso algo acontecesse. Deitei Allie do meu lado e liguei a tv, deixando em um canal qualquer, logo começou o noticiário das 19hrs e eu vi o meu pai. Muito irritado, meu pai se dirigiu para o mandante dos atentados daqueles atentados e deu o endereço da casa de Malibu. Eu gemi com a cena, por que ele tinha que fazer isso ? meu pai tinha praticamente pintado um alvo nas suas costas.

— Ei — Clint surgiu e eu desviei os olhos da tv. — O jantar tá pronto, vai descer ?

— Vou sim, me dá uns minutinhos — Ele assentiu e se retirou, Allie estava cochilando do meu lado agarrada no seu mini Hulk de pelúcia, presente da Sharon. A peguei no colo e sai do quarto, desci as escadas e encontrei os rapazes já sentados em volta da mesa, eles apenas me esperavam para iniciar o jantar, pizza com cerveja. Coloquei Allie no cadeirão e peguei sua papinha pronta de frango com batata, enquanto eu lhe dava papinha eu tomava um gole de cerveja, dava uma mordida na pizza e conversava com os rapazes, foi um jantar bem agradável e me fez esquecer um pouco das minhas preocupações.

Eu dormi muito mal naquela noite, pesadelos me assombravam e a dor no pescoço tinha se instalado na cabeça. Acordei mais cedo do que de costume, tomei um remédio para enxaqueca e me arrumei para o trabalho, aquela manhã seria diferente pois levaria Allie comigo. Arrumei a minha neném e fui tomar café da manhã, aproveitei e deixei o café da manhã dos dorminhocos prontos.

Taylor, meu novo segurança e motorista a pedido do meu pai, me levou para o trabalho, ele me levava e Clint me buscava. Jason Taylor tinha os seus 40 e poucos anos, estava em forma e era super gente boa, tratava eu e Allie como se fôssemos suas netas, ele era um ótimo segurança e motorista. Chegamos no trabalho com tempo de sobra e Taylor, como eu o chamava, foi verificar se estava tudo em ordem na minha sala.

— Tudo certinho Taylor ? — Perguntei do batente da minha porta, em um braço estava a Allie e no outro a minha bolsa cheia de coisas.

— Tudo certinho senhorita Stark — Disse com um sorriso. — Tenha um ótimo dia, até mais princesinha — Ele se retirou e eu larguei a Allie no tapete fofo, ela começou a engatinhar por tudo e até arriscava uns passinhos mas ela caía em seguida entre risos. O trabalho daquele dia era fácil, eu só tinha que revisar uns contratos e os assinar, eu parava de hora em hora para dar de mamar para a Allie e trocar a sua fralda, depois de algumas horas engatinhando e rindo para o seu Hulk de pelúcia ela caiu no sono.

— Senhorita Stark, o senhor Barton está aqui — A voz de Bárbara soou no auto falante e me tirou dos meus devaneios, já era 17hrs ?

— Mande-o entrar Bárbara, obrigada — Eu respondi, um minuto depois Clint surge com o seu costumeiro sorriso.

— E aí, estão prontas ? — Perguntou enquanto girava a chave do carro no indicador esquerdo.

— Ela está — Indiquei a Allie que dormia no sofá espaçoso. — Eu só preciso assinar esses dois contratos e estou pronta também — Sorri. Clint pegou Allie no colo com toda a delicadeza do mundo e a ficou embalando. Terminei de assinar os contratos, arrumei a minha mesa e ficou observando a cena a minha frente com um sorriso bobo. — Já pensou em ter filhos Clint ? — Perguntei bem do nada.

— Já mas a mulher ideal para ser a mãe deles não está disponível no momento então eu me contento em ser um tio babão e zeloso — Falou com um sorriso, Clint era muito babão e zeloso quando se tratava da Eva.

— E como sabe que essa mulher não está disponível ? já experimentou conversar com ela ? — Perguntei um tanto curiosa. — Não é a Nat ? pensei que estavam tendo algo.

— A Nat partiu para outra, ela estava cansada da minha falta de atitude como ela mesmo disse — Riu sem humor e eu continuei lhe encarando. — Mas não é a Nat, nunca foi. Meg ... — Ele ia falar algo mas o telefone tocou, ergui o indicador esquerdo lhe pedindo um minuto, e atendi.

— Stark — Falei séria. Conforme o que eu ia ouvindo a minha expressão séria de executiva de alto padrão de lugar a uma expressão horrorizada. As lágrimas começaram a cair e eu não as impedi, minhas mãos tremiam tanto que deixei o telefone cair, por muito pouco ele não se espatifou.

— Meg ? gatinha, o que houve ? — Clint perguntou preocupado e eu lhe encarei entre lágrimas, meu corpo todo tremia e eu me recusava a creditar no que eu tinha acabado de ouvir.

— O meu pai Clint, ele tá morto, os Dez Anéis mataram ele — Exclamei antes de me entregar a dor e ao desespero. Meu pai, meu herói, ele não podia estar morto, ele não estava morto, eu me recusava terminantemente em acreditar nisso.

Clint me levou para casa e eu chorei o caminho todo, meu rosto já estava todo inchado e os meus olhos estavam muito vermelhos, o Gavião me consolou o caminho todo de uma maneira muito fofa e eu sou grata por isso.

— Fica com a Allie um pouco, por favor Clint ? eu preciso ficar sozinha por um momento — Murmurei assim que coloquei os pés na torre.

— É claro Meg — Clint sorriu e eu tentei sorrir para ele, sem chance, nenhum músculo do meu rosto se movia, parecia que o meu rosto tinha se petrificado naquela máscara de dor. Eu fui para o laboratório do meu pai e me tranquei lá, o laboratório estava do mesmo jeito que o meu pai tinha deixado, estava tudo uma bagunça. Olhei suas armaduras e mais lágrimas caíram dos meus olhos, as limpei e me aproximei da bancada mais próxima, lá estavam várias plantas, projetos e pedaços de armaduras diferentes. Peguei a máscara da Mark 24, um protótipo novo, e a abracei, foi então que percebi que ela estava ligada e tinha uma luzinha vermelha piscando no interior.

Enxuguei as lágrimas e a coloquei, logo ouvi a voz de J.A.R.V.I.S dizendo " Scanner de retina confirmado, olá Megan " e depois veio a voz do meu pai.

— Oi Meg, é o papai. Você já deve estar sabendo das últimas notícias, eu consegui sobreviver assim como a Pepper, então não se preocupe. Estou no Tennessee investigando pois ocorreu uma explosão aqui, eu peço que você NÃO venha aqui, é perigoso e não quero que você corra perigos desnecessários mas como eu sei que você não me obedece vou te passar algumas coordenadas e quero que pesquise algumas coisas para mim — Ele passou uma lista de coisas para mim pesquisar e eu as memorizei. — É isso baby girl, o pai te ama — A gravação foi interrompida e eu funguei. Tirei a máscara e a coloquei no seu devido lugar.

— Hora de trabalhar — Sorri para o nada e bati palmas, fazendo o ambiente todo se iluminar e projeções azuladas aparecerem, eu tinha muito o que fazer.