"There's something about you, I wanna rescue. I don't even know you, so what does that mean. — Bon Jovi, Superman Tonight" 

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Eu ainda me lembrava com perfeição do dia em que minha vida mudou drasticamente. Londres havia amanhecido chuvosa e fria como sempre, eu estava sem nenhuma vontade de me levantar da minha cama quentinha.

— Megan! Levante-se e vá para a escola, não vou tolerar mais nenhum atraso seu — Eu ouvi minha mãe berrar do pé da escada antes de sair de casa. Eu bufei e me levantei, tomei um banho rápido para despertar e me vesti do mesmo modo de sempre; calça jeans, camiseta do AC/DC, all star e casaco, tudo simples e sem muitas frescuras. Prendi os meus cachos escuros em uma trança, peguei a minha mochila e fui para aquele inferno que chamava de escola.

A North West High School era uma das melhores escolas de Londres, o seu ensino era de primeira e te preparava para o futuro, 9 entre 10 alunos entravam na faculdade assim que se formavam, os professores eram legais mas os alunos não. Na North West havia muitas panelinhas que te julgavam pela quantidade de dinheiro que você tinha na conta bancária, quanto mais dinheiro mais legal e popular você era.

As três primeiras aulas transcorreram normal, eu prestava atenção no que julgava necessário, tomava anotações para depois cochilar sobre o caderno aberto.

— Senhorita Bennet? — A professora de literatura me chamou e eu dei um pulo na cadeira.

— Presente!

— Vá até a diretoria, a senhora Collins quer falar com você.

Ferrou, pensei comigo mesma enquanto caminhava pelos os corredores, vou ganhar uma suspensão e a mamãe vai me deixar de castigo por uma semana no mínimo. Bati na porta da sala da diretora e entrei depois de ouvir um entre.

— Sente-se, senhorita Bennet — Me sentei na poltrona indicada por ela e a encarei confusa. — Senhorita Bennet...eu tenho péssimas notícias para te dar e por isso serei breve. Sua mãe faleceu essa manhã, parece que ocorreu um acidente no laboratório onde ela trabalhava, sinto muito.

— M-minha m-mãe...? — Gaguejei. Eu e minha mãe não éramos chegadas, na verdade ela me odiava por existir mas eu não pude deixar de ficar chocada com a notícia. A diretora me dispensou por três dias e eu fui para casa cabisbaixa, eu tinha muito o que planejar para o enterro.

O enterro foi simples porém bonito. Minha avó, outra pessoa que me odiava, chorou até não poder mais e resmungava para quem quisesse ouvir que eu era culpada de tudo, velha maluca.

Eu tinha que planejar o meu futuro, eu queria fazer faculdade de engenharia eletrônica mas agora eu tinha que arranjar um emprego já que a minha avó disse que não iria me ajudar em absolutamente nada, além de maluca é mão de vaca. Foi em uma dessas tardes que eu estava sentada na sala, vendo Game of Thrones e pensando no que iria fazer que um homem bateu na minha porta.

— Posso ajudar? — Perguntei enquanto o encarava desconfiada.

— Senhorita Bennet, meu nome é Phil Coulson e sou agente da S.H.I.E.L.D. Estou encarregado de levar a senhorita até a sede da agência em segurança.

— Me levar? Por que? O que eu fiz?

— O diretor Fury vai lhe explicar melhor do que eu, me acompanhe por favor.

— Espera aí, me dê um bom motivo para eu te acompanhar — Falei enquanto cruzava os braços.

— É sobre o seu pai, senhorita Bennet — Pronto, aquelas palavrinhas me fizeram mudar de ideia e acompanhar o tal Coulson, eu não tinha nada a perder mesmo. Desde pequena eu queria saber quem era o meu pai, como ele era, o que ele fazia mas minha mãe nunca me falou sobre ele.

Coulson me levou em segurança até a sede da S.H.I.E.L.D, o que foi uma viagem bem longa e cansativa, e ali eu conheci o tal diretor Fury. Tudo o que eu queria era tomar um banho, colocar uma roupa confortável e dormir para me recuperar do jet lag que eu estava sentindo devido a viagem.

— Ela é a cara do Stark — Ele disse para o agente Coulson que concordou com um sorrisinho.

— O senhor conhece o meu pai? Quem é ele? — Eu comecei a bombardear o homem de perguntas e ele ergueu a mão para me fazer calar a boca.

— Acalme-se e me deixe falar. O seu pai se chama Tony Stark.

Assim que ele falou isso eu comecei a gargalhar, tá bom que Tony Stark, o meu herói favorito, era o meu pai.

— Ótima piada diretor Fury, agora falando sério, quem é o meu pai?

— Eu raramente faço piadas, senhorita Bennet, seu pai é Tony Stark e ele virá aqui para lhe buscar.

— Me buscar?

— Sim, para morar com ele.

Aquilo era demais para mim, eu tive que me sentar para não cair. Meu pai era o Homem de Ferro, eu era uma Stark. Eu fiquei na sede da S.H.I.E.L.D por quatro dias até o meu pai aparecer para me buscar. Primeiramente ele pediu desculpas pela demora mas ele disse que queria aprontar as coisas para a minha chegada.

— Então Megan, que tal um jogo de ping-pong de palavras? Assim eu posso te conhecer melhor — Ele sugeriu enquanto dirigia para a Torre Stark.

— Tudo bem — Eu disse dando de ombros.

— Seriado favorito?

— Game of Thrones.

— Comida favorita?

— Depende da minha fome.

— Banda favorita?

— AC/DC.

— Sério? — Ele perguntou com os olhos brilhando e eu confirmei com um sorriso. — Essa é a minha garota — Ele continuou com as perguntas e eu as respondia, então chegamos na famosa Torre Stark.

— Uau!

— Gostou? — Papai passou o braço pelos os meus ombros e encarou a Torre com um sorriso orgulhoso.

— Adorei — Falei enquanto eu olhava aquele monumento maravilhada. Entramos no elevador conversando animadamente sobre praticamente tudo, eu havia descoberto que papai e eu éramos muito parecidos, não só na aparência mas como também na personalidade e nos gostos.

— Meg, essa é a Pepper, minha namorada, foi ela que montou o seu quarto — Ele me apresentou a uma ruiva linda assim que saímos do elevador.

— Muito prazer — Falei com um sorriso. Pepper se aproximou de mim e me abraçou ternamente.

— O prazer é meu, querida. É incrível o quanto você se parece com o seu pai.

— Fiz ela direitinho não é Pep? — Papai me abraçou e sorriu convencido para a namorada que apenas revirou os olhos e riu.

— Não ligue para ele, Megan. Vamos eu quero te mostrar o seu quarto — Ela pegou a minha mão e eu a segui escada acima. Ela parou na frente de uma porta branca e a abriu devagar, me dando espaço para que eu pudesse entrar na frente.

O quarto era simplesmente incrível, Pepper havia o decorado com muito bom gosto. Minha cama ficava em cima de um tablado e era do tipo king size, na cabeceira da cama havia uma M dourado pintado com uma coroa em cima. Havia uma parede em um tom de roxo, uma poltrona incrivelmente macia com almofadas, luminárias perto da cama, uma TV gigante com DVD, Blu-Ray e Home Theater já inclusos, era tudo perfeito.

— Gostou? Eu reformei esse quarto correndo, se eu tivesse tido mais... — Eu simplesmente a abracei e ela retribuiu o abraço sorrindo.

— Eu amei Pepper, obrigada.

— Que bom que gostou, vou te mostrar o closet e o banheiro — Ela me levou até uma porta e a abriu. O closet era de um bom tamanho, todo em tons marfim, havia um banquinho e um espelho de corpo inteiro além de um pequeno lustre. Dentro dele já havia roupas e calçados do meu gosto.

— Uau! — Foi tudo o que eu consegui dizer. Pepper sorriu satisfeita e me levou até o banheiro. O banheiro era em tons de roxo bem claro, branco e marfim. Havia uma banheira espaçosa, uma penteadeira cheia de maquiagens e vários armarinhos cheios de coisinhas — Pepper, sério, muito obrigada...por tudo.

— Não foi nada querida, fico muito feliz em saber que gostou de tudo.

O resto do dia foi divertido, papai viu Game of Thrones comigo e disse que eu podia ir com ele no laboratório amanhã para mexer e ajudar em alguns projetos, se eu quisesse. Pepper me mimou como uma mãe amorosa mimaria uma filha, em pouco tempo de convivência eu já a adorava.

A noite chegou e eu fui para o meu quarto descansar. Fiquei pensando em como a minha vida havia mudado e para melhor, porque obviamente aqueles dois me amavam de um jeito que a minha mãe nunca me amou. Eu estava com medo de dormir e descobrir que tudo isso era um sonho.

— Confortável aí, pirralha? — Papai entrou no meu quarto e eu ri.

— Muito, lata velha.

— Ai, assim você me ofende — Ele fingiu estar ofendido e colocou a mão no peito.

— Oh, me desculpe pai, não foi minha intenção — Eu segurei o riso e ele se sentou na ponta da cama.

— Sei que você me ama, pirralha mas não foi por isso que vim aqui, eu quero te mostrar algo.

— O quê, pai? — Perguntei curiosa. Ele pegou a gola da camisa e a puxou para baixo, deixando a parte esquerda do peito visível. Ali, perto do coração, havia uma tatuagem. Era uma M com uma coroa em cima, o mesmo desenho que havia na cabeceira da minha cama.

— Eu fiz essa tatuagem quando soube que era minha filha — Ele sorriu orgulhoso e eu o abracei, senti naquele momento que tudo iria se resolver, que tudo ficaria bem porque o meu pai estava ali para me proteger.