Só mais uma noite escrita por Catwoman


Capítulo 1
Apenas um


Notas iniciais do capítulo

Gente, essa é só uma short. Não haverá outros capítulos.



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A noite, como sempre, segue em uma escuridão macabra.

Não sei o que acontece com Gotham, mas quando o sol se põe sobre a ponte que liga essa cidade e NY tudo muda de figura.

Pessoas trancam as portas e saem das ruas, enquanto malucos maquiados de palhaços erram sobre as calçadas do velho subúrbio. E a espreita, as pessoas dentro de seus aquecidos e desprotegidos lares esperam pelo cavalheiro negro adentrar as trevas da noite e salvar suas vidas e, ocasionalmente, o mundo.

Mas não eu... Pois, assim como ele, adentro-me por noites frias seguidas em busca não somente do que sou paga para fazer, mas também de minha essência, há muito perdida pelas ruas do esgoto a qual chamam de cidade. E ao contrario daqueles que aclamam e confiam no ser negro que mantém Gotham em pé, eu não preciso de um herói.

Nunca precisei.

Enquanto saia de mais um roubo bem sucedido, torcia para que nenhum dos capangas de Coringa pudesse me identificar nas sombras. Há algum tempo ele vem monitorando meus pulos afim de tentar descobrir quem veste a mascara do morcego. Pobre palhaço, gastando tempo de seus capangas - o que não é lá muita coisa - com algo que vem a ser inútil; Batman e eu temos uma história, é verdade, porém eu raramente tive interesse em descobrir quem ele era, porque não importa quem esteja por trás daquela mascara, o verdadeiro eu dele virou o ser que vaga incansavelmente noite após noite buscando justiça.

Perdida em pensamentos acabei perdendo a noção de onde estava, e consequentemente a localização de minha moto. Precisava dar o fora dali o mais rápido possível e entregar minha encomenda, antes que fosse tarde de mais.

Na penumbra de uma decrepita gárgula no telhado da igreja mais alta da região onde estava puxei minha luva preta alguns centímetros em direção a meu pulso, apenas o suficiente para apertar o botão do controle remoto de minha moto para que ela viesse até mim, e assim que ouvi o bipe que determinava que estava sendo acionada ouvi em conjunto sua voz grave:

–Você deveria saber que eu a encontraria.

Fechei os olhos, me amaldiçoei mentalmente e fiquei em silêncio.

–Vamos, Selina, saia das sombras!

–Essa fala é minha - retruquei, dando um passo lento e largo em direção a fraca luz que emanava sobre o telhado farto

–Roubar uma fala de uma ladra, não faz mal, faz? - ironizou

–Quando essa fala é recorrente... acho que sim! - rebati

Ele se aproximou e ergueu um dos braços cobertos em negro, fazendo sua capa movimentar contra o vento congelante. Entendi o gesto.

–Não!

–Não quero ter que fazer algo que ambos não apreciaremos - ele parou, e com seus olhos cor de carvão me olhou profundamente - Já passamos dessa fase.

Senti seu olhar aquecer uma chama quase apagada dentro de mim.

–Não. - repeti com firmeza

–Se você não me entregar o que roubou..

–Já sei - interrompi, andando hostilmente ao seu redor - Gordon. Central. Blá-blá-blá - falei em ênfase -

–Selina... - ele investiu

–Eu deveria contar as vezes que você fala isso a mim. Certamente ganharia algum prem... - ele me puxou para si que não fui capaz de ver - ou sentir -

–Não estou com paciência para brincadeiras - seu pulso apertou ainda mais sobre o coro de minha vestimenta o braço puxado, eu estremeci. Ele puxou o porta pinturas de minhas costas e afrouxou o toque em meu braço.

Ele me olhou por alguns segundos e sussurrou:

–Sua hostilidade ainda vai me fazer algo no qual me arrependerei.

Ambos sabíamos que eu ainda estava presa a seu aperto porque o permitia. Nenhum outro alguém, quem quer que fosse, me puxaria daquele modo sem que saísse com, pelo menos, alguns ossos fraturados.

–Você se arrepende toda vez - Atirei, puxando meu braço dramaticamente de volta para mim, mas ele manteve seu aperto, deixando bem claro de que eu só sairia dali quando ele quisesse.

Olhei em seus olhos novamente e percebi que a fogueira não estava acesa só em mim.

–Você não sabe o que fala - irrompeu ele. O ignorei.

–Se não se importa, preciso ir falar para meu cliente que fui abordada por você e que perdi a encomenda. - tentei sair, novamente.

–Selina... - bufou, em desaprovação - Eu deveria leva-la para a central....

–Mas o nível de diversão que você tem comigo é grande de mais para isso -eu disse, o cortando

–Mas, - continuou ele, ignorando minha interrupção - ainda tenho esperança de um dia você venha a perceber que o que faz... Você nunca vai perceber, não é? - ele exigiu saber

–O que o faz pensar que eu já não percebi? - tirei o olhar de seus olhos e o virei para o vazio ao lado

–Eu não entendo

–Basta se olhar no espelho - devolvi, ainda olhando o vazio.

–Olhe para mim! - pegando sua outra mão e puxando meu rosto para que voltasse os olhos para os seus - Nossos princípios são diferentes

–Você não tem tanta certeza assim - afirmei.

O silencio se seguiu enquanto ele mergulhava sua íris negra dentro de minhas esmeraldas. Ainda com sua mão em meu rosto, passeou os dedos sobre a pele exposta que minha mascara deixava, até que em um movimento tirou-a. Meus cabelos negros como seus olhos seguiu os mesmos comandos rebeldes do mesmo vento que balançava a capa do herói a minha frente.

–Essa é você. Selina Kyle.

Fechei os olhos tentando de qualquer forma subtrair o que ele havia falado e foi assim que senti seus lábios macios tocarem os meus. Assim que ia dar abertura para que ele pudesse aprofundar o beijo, ele se afastou.

Abri os olhos em decepção. Eu o queria, e sabia que ele também me queria.

Por mais que existisse todo aquele drama ao nosso redor, que existisse Batman e Mulher Gato sobre nós, havia um sentimento grudado em ambos que provocava o esquecimento de tudo aquilo que correntemente gostaríamos de esquecer.

Ele voltou seus dedos para minha nuca, ajeitando minha cabeça para me olhar melhor.

–Sempre me perguntei porque nunca tentou descobrir minha identidade

–Eu não preciso

–Eu não entendo

–Você não anda entendendo muitas coisas recentemente, mas não se alarme, você não precisa compreende-las. - levantei minhas mãos e as coloquei sobre seu peito

–Guardo um receio. - disse ele, com um olhar cansado - Eu receio que um dia, durante minhas patrulhas a encontrarei sem vida sobre esses telhados e não poderei fazer nada... Além de me culpar por não ter coragem suficiente para tirar você desses telhados deploráveis, mesmo que fosse para coloca-la em uma jaula. - abri a boca para falar, mas ele me calou com outras palavras - Mas não consigo. Não com você. - Ele calou

Talvez aquelas palavras tenham me tocado o suficiente, ou talvez eu só precisava ouvi-las dele para ter certeza que algo que já sabia. Não era uma declaração, eu não esperava uma, e aquelas palavras, provavelmente, seriam o mais próximo de algo carinhoso que eu um dia ouviria dele, mas no momento foram o suficiente para eu me colocar nas pontas dos pés e reatar o beijo que ele havia iniciado e interrompido. Só que dessa vez ele não interromperia, e assim não fez.

Pousei suavemente meus lábios frios contra os dele e busquei o aprofundamento que queria a momentos atrás. Encontrei. Sua língua entrou em minha boca devagar, como quem pede permissão e assim que percebeu que tinha explorou todo o território. Com a mão enluvada em minha nuca, senti a pressão de seus dedos contra meu cabelo. A outra mão que agarrava meu braço agora estava em minha cintura, me puxando para si e me empurrando para a parede sombreada de um velho elevador de serviço -provavelmente em não funcionamento - que dava acesso a salas privativas da igreja a qual o telhado estávamos.

Subindo sua mão de minha cintura ao meu busto ele encontrou o zíper de minha vestimenta- o que já havia descido antes -

O abriu até a curvatura de meus quadris, e abriu minha vestimenta dando acesso do meu pescoço ao inicio do meu sexo, que ainda jazia coberto.

Sua boca avida encontrou a curvatura de meu ombros descobertos e o beijou incansavelmente, subindo e descendo do meu pescoço, até descer o suficiente para encontrar meus fartos seios desnudos. Ainda presa sobre seu corpo na parede ele sugou meus seios passando de um para o outro, enquanto eu arfava de prazer. Me livrando de minha vestimenta para que uma de suas mãos que passeavam sem pudor sobre meu corpo semi nu encontrasse meu sexo percebi que eu, já estava quase nua e entregue a ele, enquanto ele me tomava para si e estava completa e perfeitamente vestido. Parei de me mexer um instante e em meio de suspiros pedi para que ele também tirasse sua vestimenta. Eu conseguia sentir sobre o grosso material que mantia sua armadura, seu peitoral definido, e assim sabia porque já havia visto algumas vezes. Não sei exatamente como se seguiu o minuto seguinte, mas quando percebi ele estava de peito desnudo, mostrando todo seu porte. Pelos finos faziam sobre seu peitoral, assim como inúmeras cicatrizes, contrastando com as minhas, que apesar de menor em numero se mantinham em meu corpo, me relembrando de suas histórias sempre que me olhava no espelho;

Corei ao perceber que ele me observava enquanto passava a mão em seu peito, mas logo fui invadida por desejos furiosos de luxuria. Aquele homem, quem quer que fosse, me deixava insanamente louca. E eu não podia fazer nada.

Gemi quando ele penetrou um dedo em meu sexo, aumentando ainda mais minha excitação.

–Preciso de você dentro que mim agora! - Arfei

–Ainda não! - Ele sussurrou na beira do meu ouvido com uma mão eu meu seio e outra em meu sexo, abrindo espaço devagar.

Senti sua boca correr sobre meus lábios e meu pescoço, até sentir seu segundo dedo em meu sexo, provocando os tecidos sensíveis que ali estavam, me provocando, e trazendo a mim uma explosão de prazer, me levando assim ao ápice pela primeira vez na noite. Quando meu corpo se acalmou dos estímulos do primeiro orgasmo senti seus dedos saindo de dentro de mim.

Ele pegou minha mão esquerda e a levou ao seu sexo. Libertando mais uma dose de luxuria furiosa em meu corpo.

Seu sexo estava completamente ereto, sua extensão era enorme e minha mão não conseguiu acolhe-lo completamente.

–Coloque-me dentro de você - ele disse firmemente.

Obedeci. Quando ia encaixa-lo dentro de mim, percebi que ele havia me levantado um pouco para que pudesse estar na altura suficiente. Hesitei na entrada do seu sexo no meu, esfregando delicadamente toda aquela espessura em meus lábios frágeis. Quando encaixei deixei a ele o trabalho de adentrar, ele entendeu, e entrou com tudo, me fazendo dar um grito abafado de dor e prazer. Sua boca encontrou a minha, como um consolo pela dor quase incomoda de sua penetração avantajada e nada sutil;

Seus movimentos começaram devagar, mas aumentaram o ritmo rápido, e eu o acompanhei, remexendo os quadris para que o prazer fosse completo.

Ainda de bota, subi minhas pernas para apoiar na base das costas de sua cintura, enquanto suas mãos estavam ocupadas em brincar deliciosamente com meus seios e a curvatura de minha cintura.

Apoiei minha cabeça em seu pescoço e sucessivamente procurei sua boca. As estocadas que ele dava aumentava o ritmo de nossos corpos.

–Assim! - Ele repetia

–Mais devagar - eu implorava a ele, mesmo sabendo que aquele era o nosso ritmo e que ele também sabia disso.

Não sei quanto tempo passamos daquele jeito, mas despertei da imersão em prazer quando comecei a sentir que o orgasmo estava chegando para mim e para ele.

Com outro grito abafado suspirei em prazer. Eu poderia chamar seu nome, mas não sabia. E ''Batman'' nunca fora o suficiente para mim, apesar de eu nunca reclamar.

Ouvi meu nome, quando o orgasmo chegou a ele.

Senti meu ventre se encher de seu liquido, como se fosse uma penetração.

Ele colou sua testa, envolta pela mascara, na minha coberta por suor. Sua boca se aproximou, e ainda dentro de mim - ereto- tomou outro beijo meu.

–Eu poderia ficar a noite toda aqui... - ele falou, quando tirou seus lábios dos meus, ainda testa com testa.

–Eu sei. - compreendi - Eu senti sua falta - admiti

–Eu também - disse ele, tirando sua testa da minha e a apoiando em meu ombro.

Após nos recompor, ele pegou em minha mão enluvada e olhou nos meus olhos cor de mar como sempre fazia, mas dessa vez foi diferente. Em seu olhar, algo estava diferente, eu conseguia sentir. Antes de soltar sua mão, senti a necessidade de falar para ele:

–Eu vou estar aqui sempre e você sabe disso. -

Eu não podia ver suas expressões sobre a mascara, mas tive a impressão de que algo dentro dele tranquilizou.

No instante em que soltei sua mão algo fez um bipe em sua roupa, o que fez com que ele desse sua atenção para aquilo, mas antes de apertar o botão para falar com quem que fosse do outro lado ele me olhou, como se pedisse desculpas -ou licença-, balancei a cabeça e virei o corpo, andando em direção ao parapeito. Ao olhar para baixo, vi que algo me esperava. Minha moto. E foi então que lembrei que eu tinha uma encomenda para entregar, e não iria ser o magnifico homem que eu acabara de fazer sexo que me impediria. Sem fazer barulho puxei meu chicote - que ficava sobre um suporte no cinto -, virei lentamente em direção ao morcego e o vi pela ultima vez na noite, vidrado em uma tela que certamente lhe dava informações sobre algo recém acontecido.

Quando ele voltou os olhos para mim, senti meu corpo acender, mas apenas dei um sorriso, sentindo o olhar dele ir para o cilindro que contia a obra de arte que havia furtado mais cedo e que silenciosamente havia pegado do chão onde ele deixara antes de me empurrar para a parede. Com um movimento rápido mergulhei na escuridão e cai em cima do estofado da minha moto, arranquei o motor sem pudor, e senti sobre minhas costas um par de olhos negros observar inerte minha partida furtiva. Se ele quisesse ele viria atrás, mas ele não queria, e não viria.

A meu leste vi um minúsculo ponto que anunciava o inicio do nascer do sol, em poucas horas as ruas voltariam a se encher, e Gotham voltaria a claridade, deixando espíritos noturnos como eu, e Batman para trás.

O que eu não sabia era que assim como todo dia Gotham deixa um velho dia - e noite- para trás, essa noite particular eu nunca esqueceria ou deixaria para o passado. Pois ela marcaria o inicio de uma nova vida que eu levaria. A vida de uma nova vida.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Confiram minhas outras histórias no meu perfil :)