POV. James

Okay, situação constrangedora. Eu não sei bem o que fazer agora, ela está me encarando e provavelmente eu também estou encarando ela. Meu braço está em volta de sua cintura e estamos em uma distância onde meu cérebro já não trabalha direito.

– Você está olhando para a minha boca. – Ela sussurrou sem graça, mas parecia haver resquícios de um sorriso em seus lábios. Estávamos tão perto que não era nem necessário falar em volume normal para sermos ouvidos um pelo outro.

– Desculpe - Ri de mim mesmo. – mas é tão impossível...

– Eu sei - ela diz rindo. – Nunca tinha chegado tão perto de você.

– Por que nunca quis. Eu teria deixado.

– Há há há, idiota. – Ela brincou. E deu um tapinha fraquinho na minha cara.

– Hey! Se fizer isso de novo eu solto você.

– Nem brinque com isso, James Potter! – eu teria rido, mas não nessa situação.

– Lily.

– Diga.

– Posso confessar uma coisa?

– Claro!

– Por mais que eu não queira que esse nosso momento acabe, - ela revirou os olhos e eu sorri. – Eu já não sei quanto tempo mais vou aguentar...

– Ai, Merlim... e o que vamos fazer?

– Eu tenho uma ideia...

– Faça logo, não temos tempo. – Cortou-me a ruiva, sempre impaciente.

– Okay, mas não se assuste.

Depois de dizer isso eu a soltei. Sem o peso de Lily, eu consegui voltar para a vassoura e voei a seu encontro. Lily já estava a apenas 3 metros do chão, mas eu a peguei. Mesmo já estando em meu colo a ruiva não parou de gritar nem por um segundo até pormos os pés no chão.

– Seu maluco! Filho da... – Ela foi avançando em cima de mim me batendo com toda sua força, que para minha sorte não era muuuita.

– Hey, hey, ruiva! Foi você quem disse para que eu fizesse logo. – Eu disse me protegendo de alguns tapas até que não aguentei mais e segurei seus punhos. Seus braços eram tão finos que eu consegui segurar ambos em uma única mão.

– Mas você não disse que eu poderia morrer! – Ela berrava

– Você disse para eu não dizer nada. – Essa mulher é confusa. Mulheres são confusas.

– E se eu tivesse caído? Pela décima vez, por que você não usa o feitiço Arestum Momentum? – Ela já estava vermelha de tanto gritar.

– Eu nunca te deixaria cair.

– Como você pode ter tanta certeza? – Pela primeira vez desde o “incidente” ela disse algo sem gritar.

– Por que você é importante pra mim. – eu disse. Ela imediatamente entrou com choque.

– E-eu..eu... Eu sou? – Ela já estava voltando a sua cor normal, e agora estava gaguejando. Ela já não fazia mais força para se desprender de minha mão. Passei meu braço livre por sua cintura.

– Que pergunta idiota- Disse soltando suas mãos e pegando seu pescoço. Ela tinha suas duas mãos em meu peito. Ela estava toda boba. Era uma cena até engraçada, e inimaginável até pouco tempo atrás. Eu podia quase sentir seus lábios nos meus, até que...

– Pontas, isso é inacreditável! Você não sabe quem eu encontrei no trem vindo para cá. McKinnon! Sim, Marlene McKinnon! E sabe quem estava com ela? Malfoy estava com ela. Dá pra acredi... – Pela primeira vez desde que Almofadinhas entrou no campo berrando e sem olhar para lugar algum direito, ele olhou para mim e viu a cena. – Estou atrapalhando?

Nenhum de nós dois respondeu. Se você está pensando o porquê de eu e Lily não nos soltarmos assim que ouvimos Almofadinhas, eu acho que a resposta mais plausível seria “Porque não tivemos força” ou talvez “Porque não queríamos”. Mas de uma coisa eu tenho certeza, hoje eu vou bater tanto em Almofadinhas que ele vai sangrar. Duas vezes em um único dia? Já era gozação. Almofadinhas entendeu o recado, mas eu e Lily já havíamos nos separado.

Eu peguei minha vassoura, dei um beijo na bochecha de Lily e fui em direção a Almofadinhas. Eu o peguei pelo nó da gravata e o arrastei até fora do campo enquanto ele dizia coisas como “Okay, foi mal" e "Por favor, não me mate!”. Eu consegui de relance olhar para trás, e vi Lily com uma das mãos onde eu a havia beijado. Ela tinha um sorriso bobo no rosto e estava corada. Era uma visão muito agradável.

Eu arrastei Almofadinhas até nosso dormitório. Não preciso nem dizer que ele reclamou o caminho inteiro e que chamamos muita atenção. Ele poderia ter se soltado se quisesse, mas acho que no fundo ele sabia que merecia tudo aquilo. Chegando em nosso quarto eu o arremessei em sua cama e ele bateu a cabeça na parede.

– Au! Isso vai fazer um galo! – Eu não tive expressão nenhuma, a não ser a de morte que já vinha estampada em meu rosto há algum tempo. – James, calma. Eu não vi vocês, desculpe! – Ele nunca me chama de James, a não ser quando a coisa é mesmo séria.

– Opa! O que está acontecendo aqui? – Aluado surgiu de sei lá onde e pôs-se entre mim e a cama de Almofadinhas.

– Nada... – Resmunguei. Aluado as vezes trazia paz consigo.

– Nossa! Valeu cara! – Disse Almofadinhas apontando para Aluado. Eu fui até minha cama e sentei na beira com a mão na cabeça.

– Foi mal, Almofadinhas. É só que...

– Eu sei, cara. – Ele disse sentando do meu lado.

– Vocês dois parecem crianças... – Resmungou Aluado sentando de frente para nós em sua própria cama.

– Falou o adulto! – Riu Almofadinhas.

– Ah, cala boca! – Reclamou Aluado. Todos rimos. – Afinal, o que aconteceu?

Contamos toda a história para ele. Almofadinhas se defendia muito, e isso já estava começando a me irritar.

– Nossa Almofadinhas, bola fora em...

– Qualé, gente. Eu já entendi, okay?

Rabicho chegou mas mal deu tempo de ele sentar, já precisávamos ir para a casa dos gritos. Enquanto Aluado não se transformava, conversamos um pouco, mas não demorou muito para começarmos a noite cansativa de sempre. E assim começava mais uma semana de cão. Ou talvez deva dizer, de lobo.