Todos os concorrentes já haviam chegado, menos Harry. Meu coração estava doendo de tanta preocupação, ele não podia demorar tanto assim. Outra parte de mim conseguia sentir pela da Delacour, que não conseguiu realizar a prova, ou seja, sua irmã ainda estava debaixo d'água. Olhei pela centésima vez para o enorme relógio, enquanto sentia a mão de Cedrico em meu ombro. Faltavam apenas alguns segundos para a prova terminar, e quando o sinal soou, avisando o tempo já havia passado, Ronald e a irmã de Fleur apareceram. Tudo bem, cadê o Harry? Todos estavam apreensivos, parecia que Neville iria ter um ataque do coração. Quando vimos um ser pular da água e cair no palanque improvisado. Era Harry.

– Harry! Você quase me matou de susto! – me ajoelhei ao seu lado, enquanto ele ainda cuspia água. – Foi muito corajoso você querer salvar a irmã da Fleur. – beijei sua bochecha e ele sorriu.

– É, mas acabei como último. – murmurou.

– Não acabou. Fleur desistiu, foi atacada por Sereianos. – tudo bem, não era uma notícia muito boa para ela, mas era para nós.

– Que bom. – sorriu. Coloquei mais uma toalha em seus ombros e ele agradeceu. Logo Dumbledore apareceu, para anunciar o vencedor.

– Anuncio que o vencedor desta prova é Cedrico Diggory, que efetuou o resgate com sucesso com o feitiço Cabeça-De-Bolha. – ouvimos gritos de vitória e Cedrico me abraçou de lado. – Contudo, se o Sr. Potter não estivesse tão focado em salvar não só o Sr. Weasley, mas como a Srta. Delacour, teria acabado em primeiro lugar, concordamos em dar a ele o segundo lugar. Por sua grande fibra moral.

Logo mais gritos foram ouvidos, e Igor Karkaroff não parecia muito feliz. Abracei Harry e logo depois percebi que Cedrico me chamava com a mão. Andei até ele com uma certa dificuldade, já que o palanque estava lotado de pessoas. Quando cheguei até ele, me deparei com um Cedrico mais risonho que nunca. Ele estava feliz e eu estava feliz por ele.

– Oque foi? – perguntei alto, todos falavam ao mesmo tempo.

– Sei que pode ser muito cedo, mas eu gosto muito de você. E, bom, eu posso morrer nesse Torneio e a última coisa que eu quero é ir sem fazer isso. – sorriu, envergonhado.

– Morrer? Claro que não, não seja bobo! Fazer oque? – perguntei.

– Quer namorar comigo? – Okay. Isso me pegou de surpresa. Mas eu gostava tanto de Cedrico que meu coração deu um grande salto.

– C-Claro! – logo após ele me deu um beijo, calmo. Nada podia representar a minha felicidade naquele momento.

***

Finalmente, era o dia da terceira tarefa. Eu tentava apoiar Harry e Cedrico ao mesmo tempo, oque era um pouco difícil. Cedrico não parecia tão nervoso, já Harry só faltava sair correndo. Estavam todos em uma arquibancada improvisada, em frente ao Labirinto.

– Tudo bem, vai ficar tudo bem. – Cedrico dizia. Eu já estava quase em prantos. Quando Dumbledore disse que era a prova mais arriscada, caramba!

– Eu sei. Você é muito forte e inteligente. Vai vencer fácil. – sorri.

– Me acha forte e inteligente? – perguntou rindo.

– Bobo! Mas é claro que eu acho. Portanto, tome cuidado. – sorri.

– Nos vemos mais tarde. – se aproximou e me beijou. Um beijo diferente, com voracidade. Eu sentia que devia falar algo, mas não sabia se tinha coragem. Mas a coragem surgiu de sei lá onde e resolvi falar.

– Cedrico?

– Hum. – ele disse, ainda com a testa colada na minha.

– Eu acho que te amo. – sussurrei. Ele abriu os olhos devagar, e seu sorriso aumentava cada vez mais.

– Isso é ótimo. – me beijou novamente. – Por que acho que também te amo. – nós rimos. – Preciso ir, nos vemos mais tarde. – assenti e lhe dei outro beijo.

Fui para a arquibancada e me sentei ao lado de Hermione que me encarava com um semblante safado. Ri de sua expressão e dei um último aceno a Harry e Cedrico, antes deles sumirem naquela imensidão.

***

Caramba! Quanto tempo já havia passado desde que eles tinham entrado? Como sempre, Fleur fora a primeira a desistir. Logo depois, acharam o corpo de Victor desmaiado em qualquer canto. Só faltavam Harry e Cedrico. Meu coração parecia querer explodir. Meu melhor amigo e meu namorado eram os únicos que não voltavam, eu tinha que me preocupar.

– Calma Clarisse, logo eles estão de volta. – Hermione disse.

– Eu sei, algo me diz que estão em perigo. – murmurei.

– Vai ficar tudo bem, não se preocupe. – logo após ela dizer isso, sentimos um solavanco no chão. Olhei para a arena e vi Harry e Cedrico, mas ele estava diferente. Logo um grito foi ouvido, era Fleur. Por que eles estavam gritando? Olhei novamente e Cedrico ainda não tinha se mexido. Espera! Saí empurrando todos os professores que bloqueavam a passagem e consegui chegar até Cedrico, mas me arrependi. Seus olhos não tinham mais aquele brilho, eram escuros. Sua pele estava ainda mais pálida, e em seus lábios não tinha aquele sorriso brincalhão.

– Cedrico? – chamei por ele. Harry ainda estava ajoelhado sobre ele, chorando. – CEDRICO? – gritei. Logo os alunos começaram a gritar, assustados. – NÃO! HARRY, ELE ESTÁ VIVO, NÃO É? – Harry não me respondeu, só me encarou com pena.

Me ajoelhei ao lado de Cedrico e chorei como nunca chorei pra nada. Eu estava soluçando freneticamente, quando vi Dumbledore tentando tirar Harry de cima do corpo morto de Cedrico.

– EU NÃO VOU DEIXÁ-LA SOZINHA AQUI! – ele gritava, preocupado comigo, e eu ainda chorava, ajoelhada. Senti pela última vez o rosto de Cedrico, antes de tudo ficar escuro.

***

(N/A: Coloque essa música para tocar.)

Quando acordei, já estava no dormitório. Voltei a chorar, mas bem baixinho. As outras meninas ainda dormiam, eu não queria acordá-las. Eram duas da manhã. Eu não conseguiria dormir novamente, não quando aquele sentimento me corroía por dentro. Desci até o Salão Comunal com um edredom em meus ombros e me joguei em uma poltrona. Quando me virei, vi Harry sentado no sofá, encarando a lareira.

– Clarie. – sorriu fraco.

– Harry. – eu não consegui sorrir de volta. – Me conte oque aconteceu.

– Clarisse, eu não quero machucar...

– Por favor. – implorei.

– Nós dois chegamos na Taça juntos. Acontece que era uma chave de um portal, e nós fomos parar em um cemitério. Logo vi Rabicho e Você-Sabe-Quem. Só que ele não era humano, era como um bebê. E então ele disse para Rabicho matar Cedrico, que tentava me defender. Foi horrível, quando ele girou no ar e caiu morto. – minhas lágrimas já voltavam a escorrer pelo meu rosto. – Não chora, por favor.

Harry pegou minha mão e me levou até o sofá, onde deitei em suas pernas. Quem melhor que o meu melhor amigo e que também estava sofrendo por isso pra me ajudar? Chorei durante o resto da madrugada toda, enquanto Harry encarava a lareira, com um olhar vago.

Aquele definitivamente era o meu pior ano.