Após o pequeno incidente no trem, ninguém disse absolutamente nada. Bom, quase ninguém. Ronald ficou o tempo inteiro rebatendo o irmão, que tentava ser cordial e ignorá-lo, mas ninguém consegue ignorar Ronald por muito tempo, não é? O resto da viagem foi bastante rápida, até por que estavam todos calados. Logo depois, Gina e Neville saíram para trocar suas vestes e Hermione e eu expulsamos Harry e Ronald da cabine para nos trocarmos.

***

Já no Salão Principal, logo após a famosa cantoria do Chapéu Seletor, aplaudimos as crianças que eram escolhidas para a Grifinória. Antes de começarmos a jantar, Dumbledore nos deu um pequeno aviso. Não prestei a mínima atenção, só notei que haviam mais estudantes que o normal, e de uniformes diferentes.

– Do que o diretor estava falando? – perguntei, já sabendo que ela iria me dar uma bronca.

– Francamente, Clarisse. Onde está aquela menina que está sempre antenada em tudo? – perguntou, cruzando os braços.

– Desculpe-me.

– Dumbledore falou sobre o Torneio Tribruxo. Três alunos de três escolas competem para ganhar a Taça Tribruxo. – ela disse, e Ronald se meteu na connversa.

– Infelizmente, Bartô Crouch disse que só estudantes com dezessete anos podem competir. – disse ele, lamentando.

– Infelizmente? Esse torneio é ridículo! Lutam até a morte para nada! – rebateu Hermione.

– Nada? Você chama a glória eterna de nada? – ótimo, mais um discussão.

– Quem são aquelas pessoas? – apontei para os estudantes com uniformes diferentes, parados ao lado de Dumbledore.

– São as outras escolas. Durmstrang e Beauxbatons. Acredita que Victor Krum está aqui? Acho que posso ter um ataque cardíaco agora. – disse Ronald.

O jantar passou-se calmamente, e os dias também. Hermione passava os dias estudando, e eu lendo. Presenciamos vários estudantes colocando seus nomes no Cálice, que eu descobri ser encantado por Dumbledore. Victor também colocou seu nome, e quando foi embora, lançou um olhar para Hermione, que estava envergonhada. Cedrico também apareceu para colocar seu nome, e deu um breve aceno para mim, e eu retribuí.

– Oque foi aquilo com o Diggory? – perguntou Harry, que se sentava ao meu lado.

– Oras, Cedrico é meu amigo. – respondi, me concentrando no romance trouxa, que estava em minhas mãos.

– Hum. – resmungou e saiu.

***

Mais alguns dias se passaram e hoje seriam escolhidos os Três Campeões. Eu estava sentada na beira do lago, com um livro da seção reservada em mãos. Foi quando vi um ser nadando no lago. Com aquele frio, só poderia ser maluco. Quando olhei mais de perto, percebi que era Cedrico. Suspirei e voltei para minha leitura, quando senti um corpo molhado sentar ao meu lado.

– Clarisse, não? – perguntou.

– Sim. – respondi, cordial. – Nadando neste frio?

– Me faz bem. Sabe, expandir os pensamentos. – sorriu.

– Prefiro os meus bons livros. – rebati.

– Cada louco com sua loucura. – rimos. – Deseje-se sorte hoje á noite. – disse, me dando um beijo na bochecha e se afastando com uma toalha em mãos.

– Tchau. – sussurrei, vendo-o se afastar.

Logo a noite chegou, trazendo o ânimo dos alunos consigo. Eu não estava nem um pouco animada, pra falar a verdade. Só fui por que minha curiosidade falou mais alto. Quando estavam todos sentados em suas mesas improvisadas, Dumbledore começou a falar.

– E o Campeão de Durmstrang é Victor Krum! – logo vários berros foram ouvidos daquela mesa, e Krum se levantou, sendo aplaudido. – A Campeã de Beauxbatons é Fleur Delacour! – aplausos cordiais foram ouvidos daquela mesa, e ela se levantou, caminhando elegantemente até Dumbledore. – O Campeão de Hogwarts é Cedrico Diggory! – meu coração deu um salto. Fiquei feliz e apreensiva ao mesmo tempo. Ele se levantou e foi até Dumbledore.

Quando todos estavam prontos para começar a comer, um estrondo foi ouvido e mais um papel saiu do Cálice. Dumbledore o pegou, olhou para os lados e sussurrou, mas todos conseguiram ouvir.

– Harry Potter? – Hermione logo empurrou Harry, que saiu da mesa atordoado. Todos estavam chocados.

***

– Você vai conseguir derrotar o dragão, Harry. – eu apoiava meu amigo.

– Isso se eu não virar churrasco antes. – resmungou. A tenda para os Campeões estava vazia, a não ser pelos quatro e eu, intrusa, que conversava com Harry.

– Você já enfrentou Voldemort, um Basilisco e conseguiu salvar Sirius e Bicuço da morte. Acha que não consegue se livrar de um dragão? – ele apenas sorriu e me abraçou.

Me levantei, destinada a ir embora, mas parei em frente a tenda de Cedrico. Um boa sorte não faria mal. Quando entrei, ele estava encarando seu reflexo no espelho, e parecia confiante. Quando me viu, sorriu.

– Clarie. Que bom que está aqui. – sorriu.

– Vim desejar-lhe boa sorte. – sorri.

– Sabe oque me traria boa sorte? – perguntou, se aproximando e eu fiz a maior força para não gaguejar.

– Oque?

– Isso.

Me beijou. Cedrico Diggory estava me beijando. O beijo era leve, calmo, suave, mas com um toque de voracidade. Deduzindo, era perfeito. Ele terminou o beijo com alguns selinhos, e ouvimos um pigarrear atrás de nós. Era Dumbledore.

– Senhor Diggory, estamos te esperando. – Cedrico me olhou e sorriu, indo embora logo depois. Dumbledore me encarava risonho, como se gostasse.

Tio Dumby pervertido.