Fear

Olhei no oceano,
Olhei no mar,
Encontrei ela rindo,
Olhando para mim,
Deixou a porta aberta,
Deixou a porta larga,
(não dá para entender)
Deixou isso para dentro.

(Rap sem sentido)
Não confie se não, você está lutando pelo o quê?

Lutando por um lugar,
Que nós podemos chamar de lar.
Procurando por um jeito,
De não estar sozinho.
Eu estou lutando por um lugar,
Que nós podemos chamar de lar.
Procurando um jeito,
De não estar sozinho,
De não estar sozinho.

Capítulo 5-Fear

Duas semanas.

Tudo passou muito rápido.Aconteceram tantas coisas nessas últimas semanas que eu não pude nem raciocinar direito.Há tantas coisas em que pensar que eu não consigo parar de pensar naquele pequeno bilhete que fora deixado sobre a cômoda perto da foto de Claire.

Nessas últimas semanas eu tento ao máximo me dedicar ao meu trabalho.Na verdade,ao caso que apareceu há uma semana no departamento.Às 06h13min de uma manhã de quinta-feira,uma jovem apareceu aqui.Quase morta.Com vários machucados e uma bala alojado perto do fígado.

Todas as noites fico preso em meu escritório analisando,pesquisando papéis,lugares que possam me levar à uma resposta.Tento juntar as peças para descobrir o porquê da tentativa de homicídio contra à jovem.

Ela foi diagnosticada com perda de memória.Ela sofreu uma pancada muito forte do lado direito da cabeça,o que acarretou em perda de memória recente.Ela não se lembra dos últimos acontecimentos,nem da tentativa de homicídio e nem do próprio nome.Isso dificultou muito nossa investigação.

Deixei parte do caso para Don Flack,já que ele é detetive em homicídios,porém ele também havia falhado.Eu não poderia me meter nesse caso,não enquanto ainda tivesse relações com o FBI.Procuramos pistas ao redor do departamento,mas não encontramos nada.Nada!

Coloquei minhas mãos entre meu rosto suspirando profundamente.Teríamos muito trabalho para resolver este caso.Eu tinha minhas suspeitas,mas por enquanto não poderia falar nada.Isso era torturante!

–Senhor Taylor.-Darah estava parada à minha frente.-Aquela garota está chamando por você.-O tom que ela havia usado era estranho,com certa maldade.

–Já estou indo,Darah.-Respondi tentando manter a calma.-Será que você poderia fazer um favor para mim?

–Claro senhor Taylor.-Os olhos dela brilharam.-O que o senhor deseja?

–Ligue para minha filha,Elizabeth.-Falei pegando minha anedota para investigações.-Diga à ela para vir para cá junto com Samantha.

–Certo,senhor Taylor.Mais alguma coisa?-Darah sorriu para mim.

–Não.Faça somente isso.E se puder faça seu famoso cappuccino para mim.-Ela sorriu mais abertamente.

–Bom,com licença.-Assenti indo em direção à enfermaria do departamento.

A jovem que foi quase morta havia criado certo afeto por mim.Era como se eu fosse a única pessoa que ela confiasse,talvez isso ajude nas investigações.Porém era um pouco ruim ver os olhares maldosos de Darah e Samantha em direção à ela.Ela se sentia acuada e eu era obrigado a "protegê-la".Há algo maior por detrás desse caso,e eu teria que descobrir.

–Achei que não veria você hoje.-Ela murmurou me olhando.Sua aparência estava muito melhor.Seu rosto havia desinchado e não havia ficado nenhuma marca.Somente havia um pequeno corte em seus lábios.-Aquela ruiva me lança uns olhares tão estranhos como se fosse me trucidar viva.

–Todos os dias você me verá.-Respondi convicto me sentando na poltrona de couro ao lado da sua cama.-O nome dela é Darah Jonhson,é estagiária do departamento.Ela só está incomodada,não se preocupe!

–Taylor,eu posso não me lembrar de nada,mas eu não tenho medo dela.Ela não é capaz de matar nem um inseto.-Ela respondeu me olhando.-Eu quero saber seu nome!

–Detetive Taylor.-Disse dando de ombros.-Por que quer tanto saber meu nome?

–Eu não vou ficar te chamando de detetive Taylor,isso é muito clichê.-Ela respondeu emburrada.-E também eu preciso de um nome,Taylor.É muito irritante ficar ouvindo as pessoas me chamando de "garota".Eu preciso de um nome!

–Você tem um nome,só não se lembra.-Falei pela décima vez.Repetia o mesmo discurso todos os dias.

–Mesmo assim,eu não me lembro.-Ela retrucou afundando na cama.-Por favor,eu preciso de um nome!

–Se eu te der um nome você irá ficar quieta?-Perguntei suspirando.

–Sim,eu prometo.-Ela riu vitoriosa.-Me fale o seu nome,Taylor.Seu próprio nome.

–Mac Taylor,satisfeita?-Respirei fundo.

–Muito.Agora sou eu quem precisa de um nome.

–Certo.Mas eu não sou bom com nomes.-Respondi derrotado.

–Você tem filhos? É casado?-Perguntou curiosa.

–Tem duas filhas.-Respondi não entrando em detalhes.-Samantha e Elizabeth,antes que me pergunte.-Ela riu.-Alana?-Sugeri.Eu e Claire sempre gostamos desse nome.Queríamos colocar em nossa filha,porém desistimos assim que Claire viu o nome de Samantha e se apaixonou.

–Alana?-Ela perguntou pensativa.-Eu gostei desse nome.-Ela riu.

–Foi o primeiro nome que me veio à mente.-Falei sem me importar muito.-Você ainda não se lembra de nada...Alana?-Questionei ainda sem saber se era esse o seu nome de agora em diante.

–É tudo um borrão.Não me lembro de nada.-Deu de ombros.-Alana Campbell.-Ela disse convicta.-Esse será o meu nome.Será que você poderia fazer uma nova identificação para mim?

–Irei fazer.Porém você não poderá voltar atrás.-Alertei-a me levantando.-Seu nome será esse de agora em diante.

–Eu sei disso Mac.-Alana respondeu dando de ombros novamente.-Eu tenho certeza que eu quero isso.Quando eu sair daqui vou recomeçar a minha vida.

Antes que eu falasse algo,duas batidas na porta me interromperam.Fui em direção à porta e Darah estava com uma bandeja contendo vários tipos de alimentos e uma com uma xícara de café.Fiz um aceno para que ela entrasse.

–Desculpe a demora,senhor Taylor.-Ela estava ofegante.-Tive que organizar muitas caixas de papéis em sua sala como o senhor pediu e acabei enrolando um pouquinho.Mil perdões.-Ela respirou.-Aqui está seu cappuccino e o café da manhã da garota.

–Obrigada Darah.-Falei e ela sorriu.-E a propósito o nome dela é Alana.

–Alana? Ela se lembrou?-Perguntou me olhando fixamente.-Mas ela não foi diagnosticada com perda de memória?

–Ela não poderia ficar sem um nome,então ela optou por esse ser o seu novo nome.-Suspirei massageando minhas têmporas.-Ela não se lembra de nada.-Falei cansado.

–Sinto muito,senhor Taylor.-Darah tocou meus ombros de forma leve.-Eu liguei para Lizzie e ela já estava à caminho.Samantha está na escola e não pôde comparecer,sinto muito!

–Certo.-Respondi olhando-a.

–Posso ir organizar os papéis que ainda faltam?-Perguntou me olhando sugestivamente.

–Pode.Mas antes me responda algo.-Eu disse sério fitando-a.-O que está acontecendo?

–Façamos o seguinte:Vamos jantar juntos e eu prometo que falarei o que está acontecendo.-Franzi o cenho.

–Jantar juntos?-Aquilo não seria profissional da parte de Darah.-Tem certeza que é preciso?

–É importante para mim,senhor Taylor.-Ela murmurou envergonhada.-Por favor,não recuse o meu convite.

–Darah.-Falei não gostando nada disso.

–Eu prometo que é só um jantar.-Ela sorriu confiante.-Eu te falo tudo que está acontecendo.-Suspirei profundamente.-Então,diga algo,por favor!

–Tudo bem,Darah.-Falei derrotado.-Minha folga será na sexta.Passo em seu apartamento às 20h30min.-Ela sorriu me abraçando.

–Obrigada senhor Taylor.Você não irá se arrepender.-Ela riu indo em direção à porta.-Com licença.

Peguei a bandeja e depositei no colo de Alana.Seus olhos acinzentados me fitavam avaliativos.Voltei a me sentar na poltrona de couro bebericando meu cappuccino.

–Ela está apaixonada por você.-Alana murmurou me olhando.

–Do que está falando?-Questionei.

–Darah está apaixonada por você.-Alana respondeu.-E isso está explicito nos olhos dela.

–Como sabe?-Perguntei levantando-me e ficando frente à frente com ela.

–Os olhos dela brilham quando estão perto de você.-Alana deu de ombros.-Eu sei que você tem muito trabalho e eu não quero ocupar seu tempo.Obrigada por se importar comigo,Taylor.

–Belo discurso,senhorita Campbell.-Sorri em divertimento.

–Não seja tão irritante,por favor,Taylor.-Ela revirou os olhos.-Você está cercado de mulheres bonitas que correm atrás de você.Por que não está com nenhuma?

–Não sou homem de relacionamentos,Alana.-Respondi olhando-a.-A única pessoa que eu amei se foi há muito tempo.Eu sou quebrado por dentro.Não se pode concertar isso.

–Quebrado...-Ela sussurrou.-Eu já amei alguém,Taylor.Só que eu não me lembro.Eu sinto que já amei muito alguém,mas essa pessoa me magoou muito.Embora eu não lembre,eu sinto a dor de um coração quebrado.A cura para um coração quebrado é o amor.

Minha resposta foi o silêncio.Saí do quarto dela,indo para meu escritório.Refleti nas palavras dela.Não se pode livrar-se da dor mesmo vivendo outra vida.Isso é irônico.

Fitei os olhos verdes que me encaravam.Por que ela estava aqui? O que essa mulher tinha? Por que não me deixava sozinho?

–Só vim lhe dizer uma coisa.-Stella falou me encarando.-Você não está sozinho.

–Eu sempre estive sozinho,só tinha medo de admitir.-Respondi saindo.

(...)

Suspirei pesadamente.Por que eu fui aceitar o convite de Darah? Claro que seria uma desfeita,mas eu ainda não estava preparado para me relacionar novamente.Talvez eu nunca estivesse.

Ainda estava fitando o teto quando meu celular tocou.Revirei meus olhos procurando-a na cama bagunçada.Atendi um pouco impaciente sem olhar o número.

–Taylor.-Falei respirando fundo tentando manter a calma.

–Taylor? Sou eu Christopher Mooser.-Senti sua respiração calma do outro lado da linha.-Desculpa aí se eu te acordei,mas eu imaginava que você já estivesse de pé à essa hora.

–Meu horário no CSI é um pouco mais tarde,Mooser.-Respondi ainda encarando o teto.-O que houve por aí?

–Nada não,Taylor.-Seu tom de voz estava estranho.-Eu não posso falar por telefone.Eu fui transferido para o CSI.-Franzi o cenho.

–Por qual motivo?-Perguntei com desdém.

–Taylor,na boa,o FBI não é nada sem você.-Prestei atenção no que ele dizia.-Assassinatos constantes,tráfico de mulheres,contrabando de armas,duplo homicídios,essas coisas.-Ele riu.-Sério,como você pôde aceitar treinar aquela equipe sem qualificação nenhuma?

–Você não sabia nem o que era Diacetilmorfina.-Falei com deboche.

–Você não muda,não é?-Ele riu.-Taylor,você tinha tudo pra se dar bem aqui? Ser chefe de investigações do FBI não é pra qualquer um.

–Tanto que não deixaram você ser meu substituto.-Ri com escárnio.-Certo,Mooser.Fale o que você quer.Eu preciso me vestir.

–Katherine Philips.-Franzi o cenho mais uma vez.-Está desaparecida.Ela é uma modelo muito famosa Taylor.Loira dos olhos azuis acinzentados.-Me lembrei imediatamente de Alana.-Muito bonita,jovem e muito rica.Alvo fácil para sequestro.

–E o que quer que eu faça?-Questionei já prevendo.

–Nós não daremos conta desse caso Taylor.Você precisa voltar!

–Mooser,você consegue sim!-Incentivei.-Lembre de tudo o que eu ensinei.Passe para Melissa,eu preciso falar com ela!-Pedi enquanto me levantava.

–Ok,senhor Taylor.-Respondeu com deboche.-Até mais,Taylor!

Alguns minutos depois uma voz feminina atendeu.Suspirei olhando meu reflexo no espelho.

–Mac?-Melissa atendeu.-Você está aí?

–Melissa.-Falei com a voz rouca.-O que o Christopher está fazendo de errado?

–Tantas coisas,Mac.-Melissa suspirou.-Olha,eu estou tentando dar o meu melhor,mas sem você não dá!-Me escorei na porta.

–Melissa,me escute:Você irá pesquisar sobre Katherine Philips e Miguel Somers.Quero a relação deles em duas horas.Acha que consegue?

–Claro,Mac.-Melissa respondeu animada.-Em duas horas eu estou no CSI.

–Certo.Procure por Rachel Lewis.-Finalizei a ligação.

Fui para o chuveiro.Deixei o jato de água fria relaxar meus músculos.Aos poucos os músculos tensos se aliviaram.Coloquei a minha mão na parede e suspirei profundamente.Não demorei muito,apenas para aliviar a minha mente.

Alana havia recebido alta.Porém ainda não se lembrava de nada.Isso era frustante.Eu não queria o FBI envolvido nisso.Eu teria que resolver o caso sem estar no caso.

Eu havia ficado a maior parte do tempo com Alana.Aquilo havia distraído a minha mente.De alguma forma Alana me fazia bem.Mas ela não se aproximava mais do que o meu limite.Tanto eu quanto ela tínhamos medo.Medo de se machucar novamente.

Vesti uma blusa social na cor azul e uma calça social preta.Coloquei uma blazer na cor preta por cima,sem gravata.Olhei meu reflexo no espelho e me deparei com Samantha me observando .Andou em passos tímidos até mim e murmurou com a voz rouca:

–Certas coisas não mudam.-Samantha murmurou ajeitando os botões da minha blusa.-Você não gosta mesmo de gravatas,né?

–Não me sinto confortável.-Murmurei ainda observando-a.-O que está fazendo acordada à essa hora? Hoje você não tem nenhum compromisso,que eu saiba.

–Eu queria ir para o seu trabalho.-Ela disse baixinho desviando o olhar.-Aquele dia eu não pude ir,e agora eu pensei que poderia conhecer.

–Samantha.-Falei sério.Não estava gostando nada disso.

–Sam.-Corrigiu-me prontamente.-Me chame de Sam.

–É perigoso.-Respondi a pergunta que estava clara em seu olhar.-Eu não poderia colocar sua vida em risco.-Suspirei pesadamente.

–Você sempre disse isso.-Ela respondeu cruzando os braços.-Quando vai perceber que eu sinto sua falta? Sinto falta de quando me chamava de princesinha e me dizia que iria ficar tudo bem.-Me surpreendi com aquela confissão.-Eu sinto falta de ter um pai Taylor.-Vi seus olhos encherem-se de lágrimas.

–Não é fácil para mim.-Falei entre dentes.-Dar conta de duas filhas sozinho.-Encarei seus olhos brilhante pelas lágrimas.-Eu tenho medo do que pode acontecer se eu deixar tudo o que eu criei e consegui de lado.

–Sabe o quanto é difícil pra gente também?-Ela elevou o tom.-A Liza é forte.Ela é independente.Mas eu...eu não sou! Eu não consigo enfrentar tudo de cabeça erguida como ela.-Sam desviou o olhar para o espelho.-Eu quero meu pai de volta.Eu sei que ele está aí dentro.-Apontou em direção ao meu coração.-Ter medo é bom.Ter medo nos ajuda a enfrentá-lo sem abaixar a cabeça.

–Sam.-Sussurrei e senti seus braços rodearem minha cintura.

–Não faça isso.-Ela murmurou enterrando o rosto em meu peito.-Você só está se afundando,pai.-Senti um choque ao ouvir suas palavras.-Esse não é o meu pai.Esse não é o homem que foi meu herói a vida toda.Esse é apenas....Detetive Taylor.

–Esse é o meu verdadeiro eu.-Falei abraçando-a aquela adolescente.Aquela não parecia mais minha menininha,minha garotinha.-Esse sou eu depois que a Claire morreu.

Sam soltou-me e foi até a cômoda pegando uma foto.Ela andou até mim e me mostrou a foto.Uma foto em que eu estava sorrindo verdadeiramente,meus olhos estavam vivos.

–Esse é o Mac Taylor verdadeiro.-Sam me olhou.-Esse é o meu pai.Eu não conheço essa pessoa que está em minha frente agora.

–Eu também não.-Liza falou sorrindo.-Mas,sabe de uma coisa,Sammy? Ele ainda continua sendo meu pai.Só que do jeito dele.Eu aprendi a aceitar essa nova pessoa que ele se tornou e Mac Taylor o detetive ainda continua sendo meu herói.-Liza sorriu.Seus olhos brilhavam.-Você tem que perdoá-la para que possamos recomeçar Sammy.

–Perdoar...?-Sam era orgulhosa demais para fazer isso.

–Perdão é a base de tudo.-Liza olhou pela janela alguns raios solares refletirem em seus olhos.

–Eu não consigo...-Samantha sussurrou.-Eu tenho uma coisa maior chamada orgulho.

–Perdoar é necessário.-Respondeu determinado.-Não questão de obrigação.Perdoar é fazer um compromisso que,mesmo depois de tudo,você vai seguir em frente sem mágoas.-Liza dizia com seus olhos fixos em nós.-Eu escolhi perdoá-lo porque o amo.

–Eu sou muito orgulhosa.-Sam virou o rosto.-Eu não posso simplesmente ignorar meu orgulho.

–Você vai ter que esmagar seu orgulho.-Sam simplesmente me olhou e suspirou.

–Sabe...eu..eu..Quero perdoar você,Taylor.-Sam desviou o olhar.-Mas eu tenho que passar por cima do meu orgulho.Eu quero tentar de novo.-A abracei forte.-Eu quero poder ter uma família novamente e...Talvez até você possa se casar novamente.Quem sabe não?

–Você sempre será minha garotinha.-Hesitei um pouco,mas acabei falando.Liza nos olhava feliz.A puxei e abracei forte minhas duas menininhas.-Vocês sempre serão a coisa que eu tenho de mais importante.

–Eu amo você.-Sam sussurrou baixinho.-Sei que você não pode me dizer em palavras,mas seus gestos demonstram o quanto você nos ama.

(...)

Eu fui convencido por duas adolescentes.Isso é um marco em minha carreira.Trazê-las foi quase um desafio,mas não seria justo deixá-las sozinhas depois do pequeno momento "Pai e filhas" que nós tivemos.Liza e Sam andavam ao meu lado.Chamavam bastante atenção,o que não era o intuito logo de manhã.

–Bom dia,senhor Taylor!-Darah cumprimentou sorrindo.-Precisa de alguma coisa?

–Bom dia,Darah.-Respondi formalmente.-Preciso que você vá até a cafeteria.Você poderia fazer isso?

–Claro,senhor Taylor.-Sorriu abertamente.-Eu faria qualquer coisa que o senhor pedisse.-Franzi um pouco o cenho.-Bem,o que o senhor irá querer?

–Sam.-Chamei-a.Ela olhava para Darah com a sobrancelha arqueada.-Irá querer algo?-Perguntei a ela.

–Um cappuccino e alguns donuts.-Sam disse sem olhá-la.

–Onde está Liza?-Perguntei procurando minha filha mais nova.

–Estou aqui,pai.-Liza disse saindo do laboratório com alguns papéis na mão.

–O que estava fazendo?-Arqueei uma sobrancelha.

–Estava recolhendo seus relatórios.-Ela deu de ombros.-O que foi?

–Quer tomar café?-Questionei tentando manter a calma.-Vai querer algo?

–Vou sim.Um café bem forte e se puder um sanduíche natural.-Liza sorriu simpática para Darah.-E se puder comprar alguns doces seria bom.

–Claro,compro sim,senhorita Taylor.-Darah disse sorrindo.

–Me chame apenas de Lizzie,Darah.-Liza disse.-Não precisa ser formal.

–Certo,Lizzie.-Assentiu.-E o senhor Taylor? Vai querer alguma coisa?

–Um café bem forte.-Respondi sem dar muita importância.-Pode ir,Darah.

–Já estou indo então.-Assenti começando a andar.-Senhor Taylor?-Chamou-me e eu me virei.-Bem,ainda está de pé?-Perguntou.Suspirei pesadamente.

–Cumpro minha palavra,Darah.-Dei um pequeno sorriso.-Poderia me dizer se Alana está no quarto?

–Está sim.-Falou em um tom seco.-Ela sairá daqui hoje.-Seu tom voltou ao animado de sempre.-Bom,estou indo.

–Certo.-Respondi sem entender.

Balancei a cabeça em sinal negativo.Me envolver com Darah não estava em meus planos,mas talvez fosse bom me distrair um pouco.

–O que aquela ruiva pensa que é?!-Sam rosnou.

–Sammy,por favor,sem escândalo,ok?-Liza pediu suspirando.

Suspirei indo em direção à minha sala.Desejei bom dia a todos que encontrei no caminho.Me surpreendi ao ver Jo em minha sala.Ela ficaria duas semanas em Chicago investigando um estupro seguido de homicídio.

–Jo?-Falei um pouco confuso.-O que está fazendo aqui? Não deveria estar em Chicago?

–Ah,oi pra você também,senhor Taylor.-Jo disse sarcástica.Se ela queria sarcasmo,ela iria ter sarcasmo.

–Oi? Isso não é nenhum pouco formal Danville.-Debochei cruzando os braços.-Onde está o "Olá,senhor Taylor.Eu voltei mais cedo da minha missão e vim relatar o ocorrido"?

–Taylor,Taylor.-Jo balançou a cabeça.-Sabe que eu não gosto de formalidades.

–Certo,Jo.-Falei sarcástico.-O que houve minha querida?-Ela jogou os papéis em cima de mim.

–Em três dias resolvi o caso.Mas eu aproveitei e passeei um pouquinho.Sempre quis conhecer o México.-Ela riu se aproximando.-Bom,estou de volta!

–Tudo bem.-Dei de ombros.-Preciso conversar com você e com a Bonasera.-Falei suspirando.

–A Stella está te evitando,você sabe não é?-Jo riu com ironia.Dei um olhar de escárnio e ela entendeu.-Ok,pelo visto o assunto é sério.Mas eu não sei se a Stella virá hoje.

–E por que não?-Questionei.

–Lindsay disse que ela iria sair com Adam ontem.-Falou não importando muito.Aquilo me deu um certo desconforto.-Eles passaram a noite juntos.

–Assuntos pessoais da Bonasera não me interessam.-Falei frio.-É um assunto muito sério,Jo.

–Eu sei Mac.Antes de sermos amigos,somos parceiros.-Ela disse a frase que eu sempre repetia para ela.-A Stella com certeza deveria ter avisado que faltaria.

–Hey,eu estou aqui.-Stella disse entrando sem bater.-Me atrasei um pouquinho com o trânsito.-Estava na cara que ela estava mentindo.

–Da sua casa até aqui não tem trânsito.-Respondi frio.-Mas isso não me interessa.A questão é:Nós precisamos nos focar no caso de Alana.

–Mac,eu consegui descobrir algumas coisas.Talvez essa falta de memória dela seja apenas uma farsa.-Jo disse me encarando.-Eu andei pesquisando e não há como uma pessoa perder a memória tão de repente.

–Melissa.-Lembrei-me de que ela viria aqui hoje com as respostas.-Esperem um minuto.-Liza e Sam apenas estavam sentadas no sofá ouvindo nossa conversa.Liguei para Melissa que atendeu no segundo toque.

–Mac?-A voz de sono não negava que ela havia acabado de acordar.-O que houve?

–Não foi trabalhar hoje?-Perguntei com ironia.

–Ah,não enche Mac.-Melissa bufou.

–Fez o que eu te pedi,nervosinha?-Dei um sorrisinho.

–E quando eu não faço o que você pede?-Melissa se irritou.-Deu um relatório enorme.Mas eu consegui!

–Isso aí garota!-Só com algumas pessoas eu me permitia brincar.-É por isso que você é a mulher que eu mais amo nesse mundo.-Falei divertido.

–Eu sei disso,Mac.-Ela riu.-Agora poderia me deixar dormir?

–Estou te esperando em...-Olhei no relógio.-Trinta minutos.E não se atrase.

–Ok,senhor eu-sou-todo-poderoso,estou indo pra aí.-Finalizou a ligação.Isso que é gratidão.

Balancei a cabeça sorrindo.Stella e Jo me fitavam,mas eu não tirei meu sorriso do rosto.Peguei os relatórios em cima da mesa.

–Perda de memória recente?-Stella falou.-Eu me lembro de algo que aprendi sobre isso.

–Não se preocupem com isso!-Respondi sem tirar meus olhos dos papéis.-Melissa irá resolver tudo.

–Quem é Melissa?-Stella perguntou curiosa.

–Parceira de investigações.-Falei finalmente achando o papel que eu queria.-É formada em criminalística,porém é perita em assassinatos e chacinas.-Respondi dando de ombros.

–Perita?-Dessa vez Jo disse.-E por que ela trabalhava junto com você?

–Trabalha.-Corrigi.-Eu faço parte do FBI.-Dei de ombros.

–O quê?!-Stella e Jo disseram juntas.

–Nossa,Taylor! FBI?-Stella disse.-E você veio para cá por quê?

–Sem mais perguntas.-Falei ao escutar duas batidas na porta.Darah estava com uma bandeja cheia de coisas.

–Demorei muito?-Darah sorriu meio envergonhada.-Eu encontrei um antigo amigo meu,Christopher Mooser,no caminho.-Respondeu sem graça.-Desculpem! Aqui está tudo o que me pediram!

Franzi o cenho.O que Christopher iria fazer aqui?

–Certo,Darah.-Ela assentiu.-Obrigada!

–Disponha.-Ela riu.-Bom,eu vou voltar ao meu posto.Com licença,senhor Taylor.-Ela piscou para mim e saiu.

–Essa ruiva é atirada mesmo,hein?!-Samantha falou entre dentes.

–Samantha.-Falei irônico.-É incrível como você aprendeu tudo o que eu te ensinei sobre educação.-Dei um sorriso sarcástico.

–Ela é uma ruiva oferecida,isso sim!-Samantha virou o rosto.-Não quero saber de educação quando se tem uma ruiva se atirando pra cima de você e você nem pra fazer nada.

–Ela é minha estagiária e uma boa companhia.-Falei entre dentes.-E por favor,Samantha,não quero discutir logo de manhã!

–Ok,senhor Taylor.-Ela bufou pegando os fones.-Quando parar de ser sempre certinho assim me chame,ok?

–Às vezes sua irmã é tão infantil.-Murmurei para Liza que assentiu.

–É eu sei.A mamãe não iria gostar nada disso!-Liza franziu o cenho.-Ela precisava refletir um pouco pai.-Falou tomando seu café.-Eu não quero atrapalhar.-Ela disse um pouco envergonhada.

–Não está atrapalhando.-Jo disse sorrindo.-Como é mesmo o seu nome?

–Elizabeth.-Liza fez uma careta ao falar o seu nome.-Mas me chame de Lizzie.

–Elizabeth?-Jo perguntou e Liza assentiu.-Eu gosto desse nome.Então,prazer,Lizzie! Sou Josephine Danville.Mas me chame de Jo,por favor!

–Prazer é todo meu,Jo!-Liza sorriu animada.-E aquela marrenta ali é a minha irmã mais velha,Samantha.

–É um prazer conhecer as filhas do Mac.-Balancei a cabeça fitando Stella que estava com os pensamentos longe.-Stella.

–Hum?-Pareceu sair do transi.

–O trabalho nos chama.-Jo disse suspirando.-Dois corpos de duas crianças foram encontrados no Central Park.

–E lá vamos nós!-Respondeu tão desanimada quanto Jo.-Tô indo já.Eu só preciso dar uma palavrinha com o Mac antes.-Jo assentiu rindo.

–Tudo bem,estou no laboratório esperando vocês.

Fui até a porta e com o olhar Stella entendeu que era para me seguir.Antes de ir falei às meninas:

–Tomem café.-Ordenei.-Liza,se quiser analisar alguns papéis para mim,eu agradeceria muito.

–Claro pai.

Fomos até uma espécie de sala.E parei e Stella quase trombou em mim.A segurei pelos ombros vendo as bochechas dela corarem.

–Diga.-Falei soltando-a.

–Eu queria me desculpar por...Bem,pelo episódio de bêbada que eu tive.-Stella desviou o olhar.-Eu fiquei muito envergonhada e não consegui falar com você direito.

–Tudo bem.-Respondi dando de ombros.

–Só isso que você vai falar?

–O que quer que eu fale?-Perguntei frio.-Quando eu estava precisando da sua ajuda você resolve me deixar resolver tudo sozinho.Me evita por uma semana,chega atrasada na sexta e ainda por cima fico sabendo que se atrasou por causa de um encontro com o Ross?!-Franzi o cenho.-Me poupe por favor,Stella!

–Você está sendo um estúpido sabia?-Ela respondeu ríspida.-Como você mesmo disse minha vida pessoal não te interessa!

–Enquanto eu ainda estiver aqui,eu sou seu chefe,e não admito atrasos!-Respondi entre dentes.

–Agora você é meu chefe?-Perguntou sarcástica.-Você sempre me tratou diferente de todos! Até a Darah é mais importante pra você do que eu!

–Do que está falando?-Perguntei confuso.

–Estou falando desse seu maldito encontro com ela hoje! Você me trocou por ela!-Acusou.Franzi o cenho e Stella estava queimando de raiva.

–Você está bêbada?

–Não,não estou!-Trincou os dentes.-Aquela ruiva e aquela loira me dão nos nervos,Mac!

–Stella.-Chamei-a e ela me ignorou.Peguei seu queixo e forcei-a a olhar para mim.Seus olhos se encontraram com os meus.-Esqueça tudo que aconteceu.Nós somos parceiros.Eu gosto de você.-Falei para ela entender.-Nós estamos começando errado.Sempre trabalhei com mulheres e nunca tive problemas.

–Elas sempre se atiravam pra cima de você,né?-Perguntou me olhando.

–Sim.-Falei sem muita importância.-Mas não importa! Eu estou aprendendo muito aqui e...-Fui interrompido por duas batidas na porta.Me afastei de Stella e dei um sorriso ao ver Melissa ali.

–Mac!-Melissa pulou em cima de mim antes que eu falasse algo.A abracei meio desconcertado e Melissa beijou minha bochecha como sempre.-Eu estava com saudades de você,seu insensível.-Melissa riu.-E também das nossas noites juntos.

A porta foi batida.Stella havia saído correndo daqui.