Broke escrita por Esther, Esther Alves


Capítulo 1
1 - Glass


Notas iniciais do capítulo

Hello, babes.
Estou reescrevendo a história, finalmente! Heey, e logo voltarei com caps novíssimos e maravilhosos para vocês. Até lá, aguardem, pacientes.
Beeijos ♥



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Castle of Glass

Traga-me para casa em um sonho ofuscante

Através dos segredos que eu já vi

Lave a tristeza da minha pele

E mostre-me como ser inteiro novamente

Porque eu sou apenas uma rachadura

Neste castelo de vidro

Não sobrou praticamente nada para você ver

Para você ver

Capítulo 1 - Glass

Mac Taylor

Soprei a fumaça do cigarro contra o vidro, enquanto observava as gotículas da fina chuva que caía sobre Nova York. A chuva não conseguia atravessar o vidro, apenas se lançava contra ele e se explodia em milhares de gotas.

A chuva não conseguia atravessá-lo, mas podia quebrá-lo.

Vidros se quebram.

E assim como eles, tudo se quebra na vida.

Um sorriso zombeteiro cresceu em meus lábios assim que lancei o copo de vidro contra o vidro da janela e ele se espatifou no chão. Assim como tudo que existe deve quebrar.

Senti vibração do iPhone em meu bolso e revirei os olhos. Atendi-o sem ver o número.

— Taylor - disse gélido.

— Chefinho, sou eu, Mooser - ouvi a risada escandalosa de Mooser e revirei os olhos. - Desculpe aí se atrapalhei seus pensamentos assassinos, mas eu encontrei o cara, Taylor. Ian Howell. Ele está no Departamento de Investigações de Nova York, mais conhecido como CSI, atuando disfarçado de perito criminal e sob o nome de Zachary Hayes.

— Certo. E a Katherine Phillips? - questionei-o enquanto apossava-me da chave da minha BMW.

— Não consegui nenhuma pista sobre seu paradeiro. Fui até os ambientes onde ela frequentava, a faculdade, contatei as pessoas mais próximas a ela. Nada. - era possível sentir a frustração em sua voz. - A garota sumiu do mapa.

— Ela está com Ian. - eu lhe respondi.

— Mas o que diabos Ian iria querer com essa garota? - ele bradou indignado. - Uma garota de dezenove anos, de família rica da Inglaterra e que veio estudar nos Estados Unidos? Ainda não entendi o que ele iria querer com ela.

— Não é a garota. É a família dela. Mais precisamente o pai, George Phillips, ele esteve envolvido com o Miguel Somers. Agora preciso que descubra qual o tipo de envolvimento eles tiveram. - falei enquanto observava a ficha da garota que estava em minhas mãos. - Eu irei até o CSI atrás de Ian. Cuide de ir atrás do pai da garota.

— O pai da garota vive em Londres! Agora que eu convenci a Lucy a sair comigo, Taylor!

— Apenas faça o que lhe ordenei, Mooser. - desliguei o celular e franzi o cenho ao observar a ficha da garota mais atentamente.

Katherine Phillips Lewis.

Lewis? Inferno!

Apossei-me do meu blazer preto e o vesti o mais rápido que pude. Tranquei o apartamento e peguei o celular, discando o número de Melissa.

— Mac? - ouvi a voz doce de Melissa.

— Melissa, quero que descubra o mais rápido possível a relação entre Katherine Philips e Miguel Somers!

— Bom dia para você também, Mac. - revirei os olhos.

— Melissa, não tenho tempo para isso. Pode enviar-me o relatório daqui a duas horas? - falei frio enquanto apertava o botão do elevador.

— Sim, eu posso, Mac. - ouvi o suspiro do outro lado.

— Certo.

— Espere, onde você está?

— No estacionamento. - entrei na BMW e conectei o celular a ela, dando partida.

— Chris me disse que você está indo atrás do Ian, certo?

— Sim, Melissa. - eu respirei fundo, parando em um sinal vermelho.

— Passe em minha casa, eu irei com você! - franzi o cenho.

— Melissa. - murmurei em tom de repreensão.

— Não comece, Mac! Eu vou com você, porque sou sua parceira de equipe! - respirei fundo.

— Está bem, garota chata. - grunhi irritado. - Em cinco minutos estou aí!

Desliguei sem esperar resposta.

Acelerei ao abrir o sinal, suspirando irritado. Cheguei ao edifício aonde Melissa residia, como já estava em frente, apenas entrou no carro, pondo o cinto de segurança.

— Aonde vamos? - perguntou enquanto eu dava partida no carro.

— Departamento de Investigações. - respondi grosso.

— Engula sua grosseria, Mac. - revirei os olhos e arranquei com o carro. Sorri mentalmente ao ver o notebook em seu colo cair no chão do carro.

— Idiota. - a ouvi dizer.

— Já descobriu algo? - questionei, ignorando seu comentário.

— Se você não fosse tão infeliz, eu já teria descoberto. - murmurou irritada e dei um meio sorriso.

Observei o tempo chuvoso, e suspirei baixo.

Eu costumava adorar a chuva e a paz que ela trazia-me. Costumava ficar horas sentado em frente a janela observando as gotas enquanto tomava café. Às vezes eu até esquecia dos problemas que me rondavam.

Eu esquecia da escuridão que me cercava, esquecia do passado que tanto me atormenta... Até esquecia das pessoas. Das pessoas cruéis.

Todas as pessoas que foram cruéis, me matando lentamente. No silêncio. Todas elas julgaram quando falhei. Quando eu caí. Quando me... quebrei.

Sufocaram-me pela minha própria dor. Sim, me cortaram com meus próprios cacos. Deixaram minhas feridas expostas ao ponto de pegarem uma infecção. A ponto de nunca, nunca se fecharem.

— Mac! - olhei para Melissa e vi seu rosto assustado. - O que houve? Você está tão sombrio... Seu olhar....

— O quê? - questionei-lhe.

— Cruel... Seu olhar estava cruel, Mac. - ela murmurou. - Mac, você está... Está magoado?

Eu quis rir. Magoado? Seria bom, se assim fosse. É muito mais, Melissa. É estar morto.

— Não diga tolices. - respondi friamente. - Diga-me o que descobriu.

— Parece que Miguel e Katherine foram amantes. - franzi o cenho.

— Mas então o que diabos o Somers iria querer com o pai da garota? - questionei-a.

— Bom, é aí que está o ponto. George Phillips estava falindo, como não tinha fundos e o banco lhe negou empréstimo, ele pediu dinheiro ao chefe da máfia inglesa. E o velho e tão conhecido truque, a filha em troca do dinheiro. - Melissa dizia com nojo. - Como ele pôde vender a própria filha em troca de dinheiro?

— Homens em troca de dinheiro fazem tudo. - respondi sarcástico.

— A garota foi vendida aos 14 anos para Miguel, que a transformou em sua "vadia particular" como chamam. Desde então, ele a mantém em cativeiro. Ela e ao filho. - terminou de ler e fitou-me. - Foi tudo o que consegui descobrir.

— Já é suficiente. Filho? Com 19 anos? - perguntei-lhe.

— Sim, ela engravidou do Miguel Somers. E se quisermos achá-la, é melhor que prendamos Ian. - Melissa disse. - Ele está para fugir do país.

— Inferno! - ralhei irritado. - O maldito departamento fica do outro lado da cidade!

— Tem como cortar caminho pelo Central Park!

Melissa enviou as coordenadas para o GPS. Segui pelo caminho e chegamos em alguns minutos. Em frente ao grande Arranha-Céu espelhado, a equipe médica legal do Departamento isolava o acesso a entrada do prédio. Franzi o cenho, estacionando do outro lado da rua.

— O que está havendo ali? - Melissa perguntou, saindo do carro. - Não é comum assassinarem alguém perto do CSI.

— Há algo errado. - murmurei.

Melissa e eu fomos nos aproximamos do local isolado, havia muito sangue pelo chão, cápsulas de bala, ao menos umas 15, e o corpo debruçado sobre a calçada. Franzi o cenho, aproximando-me mais.

— Ei, por favor, não se aproximem mais! - um homem aproximou-se de nós. - Este é um local isolado, não está vendo? Apenas o Departamento de Investigação está autorizado a ficar.

Ignorei seu comentário e forcei a visão até ver a tatuagem da caveira queimando. Era Ian Howell.

— É o Ian, Mac. Ele está morto. - Melissa disse. - Aparentemente assassinato. E ao que parece houve luta corporal, veja, marcas nos pulsos e sangue escorrendo ao redor do nariz. Ele levou um golpe forte. Há uma arroxeado ao redor da nuca, sinal de agressão com um objeto pesado. Talvez a arma. - Melissa supôs e eu concordei.

— Ei! - o homem que falara comigo disse. - Como sabe de tudo isso? Ainda estamos investigando!

— Experiência. - Melissa piscou os olhos castanhos.

— Experiência? É policial? - ela riu.

— Digamos que sim. - tirou o distintivo. - Sou a Agente Harriett. O corpo ali é de...

— Zachary Hayes, supervisor do Departamento. - ouvi uma voz com um timbre bonito e fitei a mulher com sangue nas luvas e uma câmera na mão. - O que os Agentes do FBI iriam querer com ele? - ouvi seu tom desafiador e franzi o cenho.

— Este corpo é de Ian Howell. - minha voz soou gélida e grave. - Ele fazia parte da máfia britânica, e um dos principais procurados pelo FBI por comprar a justiça, assassinatos, homicídios, tortura, tráfico de drogas, estupros e uma lista extensa de coisas. - respondi-lhe com frieza.

— Ian Howell? - arqueou a sobrancelha. - Conheci esse cara há 10 anos e ele permaneceu com o mesmo nome. - fui sarcástica.

— Isso não me importa. - disse ríspido. - Se está morto, não é responsabilidade do FBI. - dei-lhe as costas.

— Nem quer saber quem o matou? - ela perguntou-me irônica.

— Isso é seu trabalho. - falei no mesmo tom.

— Como dizem, os Agentes não demonstram sentimentos no trabalho. - arqueei a sobrancelha.

— Parece que alguém aqui se importa muito com o que não lhe diz respeito. - retruquei.

Ela fuzilou-me com os olhos verdes.

— Senhor Taylor... - Melissa chamou-me fazendo careta. - Temos que averiguar a condição em que ele foi morto ao menos. Se ele foi morto por alguém dentro da máfia ou se o assassinato ocorreu por vingança, talvez.

— Foi Miguel Somers. - respondi-lhe.

— Espera, ele não é o chefe da máfia? - o homem perguntou nos interrompendo outra vez.

— Miguel Somers? - a mulher fitou-me com a expressão impassível.

— Sim. O conhece? - arqueei a sobrancelha.

— Não... Apenas me pareceu familiar o nome. - respondeu dando de ombros.

— Vamos, Harriett. Temos muito o que fazer. - Melissa assentiu.

— Aqui. - Melissa estendeu um cartão ao homem. - Por favor, quando terminarem o trabalho com Ian, enviem um relatório para esse e-mail.

— Melissa Harriett? - ele leu o cartão e eu revirei os olhos. - Sou o detetive Donald Flack.

— Ah, ok, senhor Flack. - ela riu.

— Melissa, vou deixá-la tomar um táxi. - falei, impaciente.

Comecei a andar até o carro, quando o grito de Melissa interrompeu-me.

— Espere, o que é isso? - a ouvi dizer, assustada e virei-me para ver o que era.

— Um cartão...? - a mulher retrucou irônica.

Franzi o cenho ao ver o cartão dourado na mão daquela mulher. Nele estava apenas um código. Uma mistura de letras e números. Mas algo me chamou a atenção. Um S, em dourado, quase imperceptível. Trinquei meus dentes.

Respirei fundo e apertei o punho.

— Dê-me o cartão. - ordenei à mulher.

— Qual seu maldito problema?! - gritou raivosa.

— Nenhum que possa ser da sua conta. - murmurei, também irritado. - Dê-me a porcaria do cartão!

— Eu não sua subordinada para receber ordens! - fuzilou-me. - Vocês estão atrapalhando a nossa investigação, cada segundo perdido é crucial, droga!

— Sinto muito. Mas é realmente importante que nos forneçam o que precisamos. - Melissa disse. - É muito importante, detetive.

A mulher suavizou a expressão e respirou fundo.

— Sem grosserias podemos chegar a algum lugar. - seu sorriso iluminou seu rosto. - Stella Bonasera, detetive e supervisora de investigação. - murmurou, saindo da parte isolada onde ficava o corpo. - Don, cuide da investigação. Eu preciso conversar com os Agentes. Eu vou pedir a Peyton e Danny para vi ajudá-lo.

— Tudo bem, chefe. A senhora que manda. - o detetive sorriu.

— Ótimo. Você é o melhor! - sorriu e virou-se para nós. - Me acompanhem. Melhor conversarmos lá dentro, porque aqui... - olhou para as poças de sangue e o corpo de Ian. - Não é muito confortável.

Ela tirou as luvas e entregou a câmera ao detetive. A detetive Bonasera seguiu na frente, e Melissa enlaçou meu braço e o apertou.

— Vamos... - sussurrou.

Adentramos o recinto, e seguimos por um longo corredor bem movimentado, as pessoas que trabalhavam aqui passavam o tempo todo, numa desorganização total. Havia manchas de sangue seco no chão, cacos de vidros das portas espalhados no corredor, as salas eram todas de vidro e alguns estavam trincados, outros quebrados. Franzi o cenho ao ver pilhas de papeis nas cadeiras das salas, no chão, nas mesas.

Aquele lugar era totalmente desorganizados. Os detetives riam e conversavam, como se não houvesse trabalho. Ouvi o suspiro da detetive Bonasera e sorri sarcástico. Ela parou numa pose autoritária e eu a observei.

— Rachel, que raios de bagunça é essa?! - ralhou irritada.

— Desculpe, Stella. Eu nem sei mais o que fazer. - a moça de cabelos pretos curtos e olhos azuis desculpou-se. - Já tentei de tudo. Nem a Lindsay deu conta de acalmá-los...

— Acalmá-los? Ninguém aqui 5 anos, Rachel! - a detetive grunhiu e eu ri irônico. - Do que está rindo, infeliz?! - ela gritou e as atenções se voltaram a ela.

— Da sua incapacidade de controlar sua equipe. - lhe respondi ácido.

— Faça-o você então, senhor-todo-poderoso! - ela gritou irritada.

— Mac, por favor... - Melissa pediu-me e eu olhei para ela. - Vamos nos concentrar apenas no que viemos fazer. - eu respirei fundo.

— E então? - a Bonasera arqueou a sobrancelha.

— Vocês se orgulham de ostentar um distintivo, não é? - murmurei friamente. Apossei-me do meu distintivo. - Isso aqui não passa de um símbolo. - o joguei no chão. - O que realmente vocês devem se orgulhar é do estão fazendo, nesse caso, o que não estão. - os olhares de todos estavam sobre mim. - Se orgulhem de estarem fazendo seu trabalho, se orgulhem de fazer algo útil. Porque desde que cheguei aqui a minha opinião sobre vocês não é das melhores. O distintivo não os torna melhores que ninguém, faz apenas mostrar que vocês pertencem a isso aqui. - disse, rígido. - Mas vocês podem ser os melhores no que fazem, e é para isso que a Detetive Bonasera está aqui. O sucesso e o fracasso de vocês, dependem dela, e se querem sucesso, sugiro que respeitem-na. - recebi olhares surpresos, mas eu consegui enxergar admiração nos olhos das pessoas que me fitavam.

Bonasera encarava-me em um misto de surpresa, raiva e admiração. A vi pegar meu distintivo e estender, sorri irônico e o peguei.

— Todos voltem ao trabalho! - Bonasera ordenou e logo todos obedeceram. - Rachel, peça a Peyton e para Danny irem ajudar o Don com o Zachary lá. - a morena assentiu, mas passou por mim sorrindo.

— Nossa, o senhor é realmente impressionante! - ela sorriu mostrando os dentes branquíssimos. - Nem a Stell que é bem nervosinha conseguiu controlá-los!

— Agradeço pelo consideração. - falei.

— Ah, eu sou Rachel Lesman. - estendeu a mão sorrindo.

— Detetive Taylor. - apertei sua mão.

— Rachel, vá logo! - Bonasera gritou irritada.

— Já vou, Stella. - revirou os olhos. - Foi um prazer, senhor Taylor. - piscou com uma voz sensual.

— A senhorita deveria ser mais calma. - murmurei, para provocá-la. Há tempos eu não divertia-me tanto.

— Ah, poupe-me. - ela ralhou e eu ri. - Vamos logo resolver isso, para eu me livrar do senhor logo!

Eu sorri e balancei a cabeça. Melissa me olhou, deslumbrada e a olhei, arqueando a sobrancelha.

— Há tempos eu não vejo seu sorriso, Mac. - Melissa murmurou

Eu não respondi, apenas respirei fundo, enquanto seguíamos a Bonasera. Chegamos a uma espécie de sala de descanso, ela tirou o jaleco branco sujo de sangue, colocando-o em uma cesta.

— Aceitam um café? - murmurou.

— Sim, por favor. - Melissa respondeu e ela entregou-lhe uma xícara de café. - E você? - resmungou.

— Sem açúcar. - ela revirou os olhos e entregou-me a xícara.

— Bom, sentem-se. - ela apontou para os sofás de couro pretos à nossa frente e o fizemos. - O que querem saber?

— Gostaríamos de fazer alguns perguntas, detetive Bonasera. - Melissa disse. - Há quanto tempo Ian trabalhava aqui?

— Bem, tem uns cinco anos, mais ou menos.

— A senhorita comentou que conhecia ele há muito tempo, certo? - ela assentiu. - Nunca notou algo estranho nele? Telefonemas misteriosos ou algo do tipo?

— Na verdade, sim. - ela respirou fundo. - Quando nos conhecemos, ele me disse que trabalhava como empresário disfarçado por conta da carreira de policial que ele tinha no FBI. E eu acreditei, porque ele tinha muito dinheiro. Morava em um apartamento de luxo e tinha um modelo de carro de mais de um milhão de reais. Mas era sempre misterioso, nunca atendia telefones perto de mim e sempre parecia incomodado quando eu falava do CSI.

— Vocês eram amigos? - Melissa lhe perguntou.

— Amigos com benefícios. Saímos algumas vezes, nada sério. - deu de ombros.

— Ele lhe deu algo de valor, senhorita? - ela franziu o cenho.

— Sim, uma pulseira de diamantes. Mas o que isso tem a ver? - Melissa olhou-me.

— Dentro da pulseira há um GPS. Ele queria saber sua localização. - eu trinquei os dentes. - Você não sabe nada mais sobre Ian? - lhe questionei.

— Apenas o que disse a vocês. Para mim, ele era Zachary, um amigo que foi assassinado injustamente. - eu a fitei como se ela fosse louca.

— Injustamente? Um mafioso que mata crianças por dívidas merece alguma consideração? - questionei-lhe friamente.

— Por dívidas?

— Ele já matou inúmeras crianças pelas dívidas de seus pais. A máfia que ele fazia parte comanda até a justiça, Bonasera. - tirei uma pasta preta do bolso do blazer e cheguei perto dela, para mostrar-lhe.

— O que é isso? - ela perguntou assutada.

— Há duas semanas um casal procurou-me. Karen e William Moore, são casados há seis anos, e tiveram uma filha, Kate, de 4 anos. Porém, William é viciado em drogas, e por conta do vício acabou fazendo uma dívida enorme com a máfia. E eles só aceitam quitar a dívida de duas maneiras: com dinheiro ou sangue. Como não tinha dinheiro, Ian foi cobrar a dívida de outro jeito, sequestrou, estuprou e matou Kate à queima-roupa. - murmurei. - Essa é uma carta que Kate escreveu antes de morrer.

"Papy... Tem um monstro aqui... Ele é mal... Muito mal... Ele disse que ele ia cuidar de mim, papai, mas eu tô com muito medo. O olho dele, papy, me dá medo... Ele me deu bonecas e doces... mas... eu não gosto dele... Eu não quero papy.... não quero... Eu quero sair daqui, vem me buscar, por favor, papai..."

A expressão de Bonasera era de choque ao ler a carta da criança. Quando encontraram o corpo de Kate havia marcas de torturas e de estupro, o que confirmaram em laboratório. Karen e William procuraram alguns meses após o ocorrido alegando que a polícia não havia conseguido prendê-lo, porque a justiça era comprada por eles. Eles ofereceram-me uma boa quantia para que tomasse à frente do caso.

— Como ele pôde matar uma criança inocente à sangue frio dessa forma? - Bonasera perguntou-me horrorizada. 

— Mafiosos não tem alma, Bonasera. - guardei a carta em meu bolso. - E Ian também não a possuía. - lhe disse. - Quando terminarem a análise, mandem um relatório para Melissa. - balancei a cabeça uma vez para baixo, como um aceno. - Agradeço pela sua colaboração. Seu depoimento foi útil para que possamos prosseguir. E se puder, não comente com outras pessoas sobre o caso de Kate Moore. - pedi-lhe e ela assentiu.

— Tudo bem, não falarei nada. - garantiu-me e eu assenti. 

— Obrigada, detetive Bonasera. Realmente, você acaba de contribuir para que uma justiça seja feita. - Melissa disse um tanto emotiva demais e eu revirei os olhos. 

— Estou fazendo o meu trabalho. - olhou para mim. - Agradeço por ter ajudado-me mais cedo. - ela respirou fundo, como se aquilo lhe incomodasse muito.

 - Faça algo de útil dessa vez. - respondi sarcástico e diverti-me ao ver sua expressão raivosa.

— Como você o suporta? - murmurou para Melissa.

— Acredite, também não sei. - Melissa riu e agarrou-se ao meu braço. - Temos que ir, o Chris deve estar nos esperando, Mac! - eu assenti. - Até logo, detetive Bonasera. - Melissa dizia sorrindo doce.

— Até, Agente Harriett. - Bonasera lhe devolveu um meio sorriso. - E o mesmo para o senhor-todo-poderoso. - resmungou, revirando os olhos. 

— É um bom adjetivo. - ela bufou. - Mas senhor Taylor é o que cai-me melhor.

— Argh... Não seja insuportável, Taylor. - resmungou e seus lábios formaram um bico, não que isso fosse importante, mas era um belo bico. - Espero não ter o desprazer de vê-lo novamente. - estendeu-me a mão.

— Garanto que sinto o mesmo. - apertei sua mão macia. 

Soltei-lhe e pus-me a caminhar para a porta da sala.

— Ah, Bonasera, não esqueça de tomar um calmante! - provoquei-lhe uma última vez. 

— Ah, vá para o inferno! - gritou irritada.

Dei um meio sorriso, e Melissa balançou a cabeça em negação. Entrelaçou os braços aos meus e seguimos pelo corredor.

E eu realmente iria para o inferno, como Bonasera desejara, mas o inferno do que restara de meu... Coração.


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Notas finais do capítulo

Yey,babys!
E aí, o que vocês acharam? Espero que tenham gostado. E não se esqueçam de comentar,né? Não cai a mão e me deixa muito feliz ^.^
Até mais, hoho!