Eu Gosto Desse Abraço [HIATUS] escrita por Yas


Capítulo 11
"It's Amazing The Way Your Mind Works"


Notas iniciais do capítulo

ALO GALERA DO COWBOY
foi mal, hoje tem festa junina na minha escola.
GENTE EU SEI QUE EU DEMOREI PRA POSTAR MAS DEU MUITA MERDA NAS MINHAS NOTAS MAS EU VOLTEI PORQUE AMO VOCES. Nem tanto.
MAS EU RECEBI UMA RECOMENDAÇÃO AI CARALHO
Muito muito obrigada à RangerLuna7 pela recomendação!!!
Enfim, o cap nao ficou muito grande mas foi de coração. (Foi nada, mas to nem aí tambem), nas notas finais vai ter um spoiler de um dos ÚLTIMOS capítulos, amodeio vocês.



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It's Amazing The Way Your Mind Works

Acordo no outro dia com um sorriso maior do que meu rosto, memórias vão e vêm da noite passada; desde dançar na chuva com Fred até comer um bolo de banana sentada no chão da cozinha ao lado de Fred e Dobby. É foi uma noite muito legal.

Apesar de ter ido dormir muito tarde, consigo acordar as 7:00 hoje, ao mesmo tempo que Hermione. Falamos um breve bom dia sonolento uma para a outra e ela entra no banheiro, resolvo finalmente ler a carta que meu pai me mandou no começo do ano letivo. Pego o envelope da minha cômoda, me sento em posição de perna de índio na cama e abro a carta.

"Querida filha,
Sei que as aulas acabaram de começar mas queria perguntar se está tudo bem aí. Já conseguiu arranjar alguma encrenca? Aposto que sim.
Ah! Como foi a Copa com os Weasley? Sim, eu sei que eu e Ced também estávamos lá, mas quero saber o que você achou. Fez alguma aposta?
Enfim, fale para seu irmão que sinto saudades de vocês dois, e sua mãe também. Vou te mandar alguns galeões mais para frente, para você os utilizar em certa parte do Torneio Tribruxo, que provavelmente já foi anunciado por Dumbledore, estou certo?
De qualquer maneira, me responda assim que puder.

Com amor,

Seu pai"

Logo trato de escrever uma resposta para ele, contando algumas coisas que aconteceram, falando sobre Moody, sobre a aposta que ganhei de Ludo Bagman, sobre Dumbledore já ter anunciado o Torneio e tentando extrair alguma informação sobre o que eu vou comprar com aqueles galeões. Se for roupas eu juro que me enforco.

Coloco o pergaminho no qual escrevi a carta dentro de um envelope e o coloco sobre minha cama enquanto me encaminho para o banheiro com o uniforme. Bagunço o cabelo arrumadinho de Hermione quando a vejo sair do banheiro e ela resmunga algo como "Desgraçada", tentando ajeitar os cabelos com as mãos. Não posso conter uma gargalhada.

Faço toda a higiene de sempre e coloco a saia de Hogwarts, só que diminuída até os joelhos, a blusa branca, a gravata da Grifinória e um casaco por cima, porque pelo o que vi na janela hoje está frio.

Pego o envelope em cima da cama e aviso Hermione aonde estou indo e digo que nos encontraremos no Salão Principal na hora do café, ela acena com a cabeça e eu desço para a Sala Comunal, agora totalmente deserta, seguindo para fora do retrato da Mulher Gorda. Ando pelos corredores totalmente vazios de Hogwarts, indo calmamente em direção ao corujal. Agora que tudo está assim, digo, calmo, quase consigo me esquecer das maldições e daquela do...

— Ache ele, está bem? — Já estou no corujal quando ouço essa voz. É a de Harry, mas com quem ele está falando? E quem é o "ele" que precisa ser achado?
Entro no corujal e vejo que Harry estava falando com Edwiges, a coruja dele. Me aproximo de Harry.

— Quem é que precisa ser achado? — pergunto deixando Harry sobressaltado, ele dá um pulo e quase deixa a carta que segura escapar de suas mãos. Ele se vira para mim, assustado e aliviado. O que é uma estranha combinação de expressões, mas prefiro não me importar.

— O-o quê? Ah, não, não. Ninguém, quero dizer, ninguém precisa ser achado, Jamie. — ele fala com um nervosismo tão fofo que me dá vontade de abraçá-lo.

— Ok. Eu não acredito em você. Agora, quem precisa ser achado? — repito a pergunta vendo Harry tentar estabilizar sua confiança.

— Jamie, me escuta. Ninguém precisa ser achad... — ele começa a falar, mas eu o interrompo puxando a carta de suas mãos. Ouço seus protestos para que eu devolva a carta, mas só rio e a abro, lendo as primeiras palavras enquanto meu riso vai morrendo.

"Caro Sirius..."

— Sirius? Sirius Black, Harry? — pergunto levantando meus olhos da carta para ele, que não para de olhar para os lados, nervoso.

— Olha, Jamie, o que eu vou te contar agora você não pode contar pra ninguém que não seja o Rony ou a Hermione, está bem? — Harry sussurra, me puxando para um canto do corujal.

— Sim, claro. — respondo acenando com a cabeça.

E então, Harry me contou tudo. Desde o feitiço Fidelius sobre a casa dos Potter até a inocência de Sirius. É, por mais estranho que seja, eu acreditei em tudo o que ele falou. Ele me explicou também que a cicatriz dele vêm doendo há um tempo e que ele quis falar para o Sirius, mas o padrinho achou a situação da cicatriz muito estranha, então resolveu vir ele mesmo ver como Harry está. Mas Harry estava com medo de que os guardas de Azkaban ou que o Ministério o pegassem, então mentiu em uma carta falando que estava tudo bem, e era isso o que ele estava entregando à Edwiges.

— Então eles eram Animagos? Os quatro Marotos? — pergunto para Harry enquanto andamos para o Salão Principal.

— Sirius, Pettigrew e meu pai, sim. Mas Remus, como eu falei, é um lobisomem, não um Animago. — ele responde.

— Em que animais eles se transformam?

— Bom, Pettigrew se transforma em um rato, Sirius em um cachorro e meu pai se transformava em um cervo, que também é a minha forma animaga. — seguro o riso.

— Harry... A sua forma animaga é um veado? — ele arregala os olhos.

— NÃO! NÃO, é um cervo, Jamie, CERVO! — começo a rir da sua cara de desespero.

— Você é um veado, Harry — falo rindo diante de seus protestos, coloco meu braço ao redor do seu pescoço. — Nem adiante negar, agora vamos. Vamos tomar café.

E nós fomos.

— Isso foi uma mentira, Harry — fala Hermione com severidade ao café da manhã, após Harry contar a ela e a Rony o que fez, e também sobre eu saber de tudo. Mas já resolvemos essa parte. — Você não imaginou que sua cicatriz estava doendo e sabe muito bem disso.

— E daí? — retruca Harry. — Ele não vai voltar para Azkaban por minha causa.

— Esquece — diz Rony com aspereza a Hermione, quando ela abre a boca para continuar a discussão e, uma vez na vida, Mione atende ao pedido de Ron e se cala. GRAÇAS A MERLIN! NOSSA, VAMOS JOGAR PLANTINHAS COLORIDAS NOS ESQUILOS E DANÇAR MACARENA! Tá, parei. Dados uns cinco minutos desde que paramos de conversar, dois cabeças de cenoura emergem do meu lado conversando, ou melhor, discutindo.

— Mas o fato é que você está fugindo do ponto da conversa, Fred! Que é: Múmias e zumbis são exatamente a mesma coisa! — diz Jorge para Fred, enquanto enche seu prato. Reviro os olhos por saber quantas vezes eles já discutiram sobre esse assunto.

— Não são, não! Múmias são cobertas em bandagens. — retruca Fred.

— Se chama uma escolha de moda. — a partir daí eu já sabia o que iria acontecer; Fred iria trazer a "arma secreta" que na verdade era só eu falando a verdade sobre zumbis e múmias para Jorge.

— Então você não me deixa escolha. Jamie, destrói ele. — Fred.

— SE um zumbi te morde — começo —, você obviamente se torna em um zumbi.

No entanto, se uma múmia te morde, você é somente um idiota com uma mordida de múmia. Então, como um zumbi que foi mordido da cintura para baixo, você, senhor, não tem pernas para se apoiar ou apoiar sua causa.

Fred se recosta na cadeira e eu volto para meus ovos (A COMIDA, AMIGOS, A COMIDA!), enquanto Jorge faz cara emburrada e os outros na mesa ficam com cara de desentendidos.

— Vocês sempre tem esse tipo de discussão? — pergunta Hermione com o cenho franzido.

— Quase sempre — Os gêmeos dão de ombros. — Mas eu sempre ganho porque tenho o lado da razão e o lado da Jamie. — fala Fred, com os braços cruzados e um sorriso vencedor.

— Não é justo! A Jamie tá sempre certa! — exclama Jorge, ainda emburrado como uma criança de cinco anos que levou um belo não da mamãe. Faço um gesto com a mão no alto e a boca cheia de bacon falando "BOOYAH!", o que não ajuda Jorge muito, mas faz todos rirem.

Após saber sobre Sirius, tomei a liberdade de ficar preocupada toda hora. Tanto com Harry e sua cicatriz quanto com Sirius, sempre achei que ele era inocente mas saber tudo o que está acontecendo entre ele e Harry está começando a me deixar paranoica. Estou ficando mais frequentemente com o Trio, discutindo se a mentira de Harry teria feito efeito e que Sirius ficaria em seu esconderijo, privando o Ministério de o pegar. Mesmo com tanta preocupação, ainda achei um jeito de enfiar meus pensamentos sobre Fred no meio; ele vem agindo meio estranho perto de mim, como se não quisesse estar ali ou que Jorge talvez o estivesse obrigando a ficar ali, perto de mim, para não me deixar triste, preocupada ou sei lá. Bem, AGORA JÁ É TARDE, SEU PUTO! Por outro lado, as aulas estão se tornando cada vez mais difíceis e exigindo que eu me esforce mais do que nunca, principalmente a de Defesa contra as Artes das Trevas, que ainda me dá um pouco de calafrios e más memórias.

Para surpresa de todos nós alunos, o Professor Moody anunciou que vai lançar a Maldição Imperius sobre cada um de nós, a fim de demonstrar o seu poder e verificar se conseguimos resistir aos seus efeitos. No momento em que anuncia isso, um calafrio sobe pela minha espinha me deixando agoniada e com medo.

Memórias fragmentadas vêm e vão em minha mente: eu pequena no Ministério, alguém dentro de minha mente, me mandando fazer coisas que eu não quero fazer, e não as faço, com muito esforço. Isso não faz sentido nenhum!

Aperto os nós de meus dedos, temendo ter mesmo que sentir o poder da Imperius em mim de novo.

— Mas... Se o senhor disse que é ilegal, professor — pergunto nervosa e incerta, tentando achar uma brecha naquela loucura, enquanto Moody afasta as carteiras com um movimento amplo da varinha, deixando uma clareira no meio da sala. Hermione parece ter uma ideia similar, tirando a parte em que ela já sentiu a Imperius na pele, falando:

— É verdade... O senhor disse... Que usá-la contra outro ser humano era...

— Dumbledore quer que vocês aprendam qual é o efeito que ela produz em uma pessoa — diz Moody, o olho mágico girando para mim e para Hermione e se fixando em nós sem piscar, com uma expressão misteriosa. — Se as senhoritas preferirem aprender pelo método difícil... Quando alguém a lançar contra as senhoritas para controlá-las... Para mim está bem. Apesar de achar que a senhorita não terá tanta dificuldade assim, não é Srta. Diggory? — estremeço com sua referência ao meu estranho passado. — As senhorita estarão dispensadas da aula. Podem se retirar.

Trinco os dentes e deixo uma expressão de total arrogância dominar meu rosto, porém não respondo para Moody. Hermione fica muito vermelha e murmura alguma coisa no sentido de que a pergunta não significava que ela quisesse sair. Harry e Rony sorriem um para o outro. Sei que ambos sabem que Hermione preferia beber pus de bubotúberas do que perder uma lição daquela importância.

O professor começa a chamar os alunos à frente e a lançar a maldição sobre eles, um de cada vez. Observei os colegas fazerem as coisas mais extraordinárias sob a influência da Imperius. Dino Thomas deu três voltas pela sala aos saltos, cantando o hino nacional. Lilá Brown imitou um esquilo. Neville executou uma série de acrobacias surpreendentes, que ele certamente não teria conseguido em condições normais. Nenhum deles parecia ser capaz de resistir à maldição, e cada um só voltava ao normal quando Moody a desfazia. Então, Moody fixou seus dois olhos em mim e em Harry.

— Potter, Diggory— rosna Moody —, vocês serão os próximos. Eu direi as mesmas ordens para os dois.

Eu e Harry nos olhamos e nos adiantamos até o meio da sala, no espaço que Moody deixou livre. O professor ergue a varinha, aponta-a para mim e Harry e diz:

— Império.

E então uma estranhamente conhecida e magnífica sensação enche todas as partes do meu corpo. Sinto como se estivesse flutuando, todas as minhas preocupações me abandonam, todos os meus medos, indignações, raiva e outros sentimentos negativos vão embora, deixando espaço para apenas uma vaga e inexplicável felicidade. Tenho quase certeza de que Harry se sente do mesmo modo. E então nós dois ficamos ali, ambos relaxados e vagamente conscientes de que todos nos observam no momento.

Então, ouço a voz de Olho-Tonto Moody ecoar em uma célula distante do meu cérebro vazio: Salte para cima da carteira... Salte para cima da carteira...

Noto pelo canto do olho que Harry já está dobrando as pernas. Sinto que devo fazer o mesmo, mas antes que posso sequer ter a chance de me preparar, uma voz desperta no fundo de minha mente: Por quê? Por quê eu devo saltar para cima da carteira? Qual o motivo, alguém está morrendo e só pode ser salvo se eu saltar para a carteira? Eu estou com um novo tipo de câncer cuja a única cura é saltar para a carteira? O mundo vai acabar a não ser que eu salte para a carteira? Não. Então não faça isso. Têm razão, não farei.

Salte para cima da carteira...

Não, acho que não, obrigada, diz a segunda voz, com mais firmeza... Não, não quero, mas obrigada...

Salte! AGORA!

A próxima coisa que eu sinto é uma imensa dor.

EU NÃO QUERO E NÃO VOU SALTAR!

Aparentemente Harry também estava resistindo, mas não por muito tempo porque a próxima coisa que fez foi pular para a carteira, mas ao mesmo tempo ele parecia não estar querendo pular, então se estatelou no chão. Logo Moody o ajuda a levantar, enquanto eu continuo resistindo.

Assim que Harry se levanta, a sensação de vazio e os ecos deixa minha mente. Harry parece ter uma enorme dor nos joelhos, provavelmente por ter se quebrado no chão.

— Olhem só isso, vocês todos... Potter resistiu! Lutou contra a maldição e quase a venceu! E a Srta. Diggory... A venceu de primeira! Muito bem, muito bem! Vamos experimentar de novo em vocês dois e vocês prestem atenção, observem os olhos deles, é onde vocês vão ver, muito bem, Potter e Diggory, muito bem mesmo! Eles vão ter trabalho para controlar vocês, especialmente você Diggory!

— Pelo jeito que ele fala — Harry resmunga, ao sair mancando comigo, Rony e Hermione da aula de Defesa contra as Artes das Trevas, uma hora depois (Moody insistiu que Harry e eu mostrássemos do que éramos capazes, quatro vezes seguidas, até Harry conseguir resistir inteiramente à maldição como eu) —, a gente poderia pensar que vai ser atacado a qualquer momento.

— É, eu sei — responde Rony, que está saltitando, um passo sim outro não. Ele teve muito mais dificuldade com a maldição do que eu e Harry, embora Moody lhe garantiu que os efeitos irão passar até a hora do almoço. — Falando em paranóia...

— Rony espia nervosamente por cima do ombro para verificar se estamos mesmo fora do campo de audição de Moody, e continua: — Não me admira que tenham ficado contentes em se livrar dele no Ministério. Você ouviu quando ele contou ao Simas o que fez com a bruxa que gritou "buu" atrás dele, no dia primeiro de abril? E quando é que a gente vai ter como resistir à Maldição Imperius com todo o resto que tem para fazer?

Todos os alunos do quarto ano, incluindo eu, havíamos notado que decididamente houve um aumento na quantidade de deveres exigida de nós neste trimestre. A Professora Minerva explicou o porquê, quando a turma gemeu particularmente alto à vista do dever de Transformação que ela passava.

— Vocês agora estão entrando numa fase importantíssima da sua educação em magia! — diz ela, os olhos faiscando perigosamente por trás dos óculos quadrados. — O exame para obter os Níveis Ordinários de Magia estão se aproximando...

— Mas não vamos fazer exames de nivelamento até a quinta série! — exclama Dino Thomas indignado.

— Talvez não, Thomas, mas, me acredite, vocês precisam de toda a preparação que puderem obter! A Srta. Granger e a Srta. Diggory foram as únicas alunas desta turma que conseguiram transformar um porco-espinho em uma almofadinha de alfinetes razoável. Eu talvez possa lhe lembrar, Thomas, que a sua almofadinha ainda se encolhe de medo quando alguém se aproxima dela com um alfinete!
Hermione estava corada e tentava não parecer cheia de si enquanto eu ria dela.

Harry e Rony me falaram que a Profa. Trelawney deu a nota máxima para os dois no dever em que inventaram um monte de idiotices e desastres, que nenhum ser humano com cérebro poderia acreditar. Exceto, é claro, a própria Trelawney. Foi com tristeza e expectativa que Ron e Harry me informaram que terão de fazer mais projeções de mentiras para os próximos dois meses e que queriam ajuda para mentir já que suas ideias para catástrofes se esgotaram. Eu aceitei em troca de sorvete.

Entrementes, o Professor Binns, o fantasma que ensina História da Magia, nos mandou escrever ensaios semanais sobre a Revolta dos Duendes no século XVIII. O Professor Snape está nos obrigando a pesquisar antídotos. A turma levou o dever a sério, porque ele insinuou que talvez envenenasse um de nós antes do Natal para ver se o antídoto que encontramos faria efeito. O Professor Flitwick nos pediu que lêssemos mais três livros, em preparação para a aula de Feitiços Convocatórios.

E até Hagrid aumentou a carga de trabalho para nós. Os explosivins estão crescendo em um ritmo excepcional, dado que ninguém ainda descobriu o que comiam. Hagrid está encantado e, como parte da "pesquisa", sugeriu que fôssemos à sua cabana em noites alternadas para observar os bichos e tomar notas sobre o seu extraordinário comportamento.

— Eu não vou — diz Malfoy com indiferença, quando o professor fez essa proposta com ar de Papai Noel tirando um brinquedo muito vistoso do saco. — Já vejo o bastante dessas nojeiras durante as aulas, obrigado.

O sorriso desaparece do rosto de Hagrid.

— Você vai fazer o que mando — rosna ele — ou vou seguir o exemplo do Professor Moody... Ouvi falar que você ficou muito bem de doninha, Malfoy.
Literalmente todos os alunos da Grifinória caíram na gargalhada. Malfoy enrubesce de raiva, mas pelo visto, a lembrança do castigo de Moody ainda era suficientemente dolorosa para impedi-lo de responder.

Eu, Harry, Rony e Hermione voltamos para o castelo no fim da aula, muito animados, ver Hagrid desmoralizar Malfoy é particularmente gostoso porque, no ano anterior, o loiro azedo se esforçou o máximo para fazer com que Hagrid fosse despedido, pelo o que eu me lembre.

Quando chegamos ao saguão de entrada, nos vemos impedidos de prosseguir pela aglomeração de alunos que há ali, em torno de um grande aviso afixado ao pé da escadaria de mármore. Rony, o mais alto de nós quatro, fica nas pontas dos pés para ver por cima das cabeças à sua frente e ler o aviso em voz alta para nós três.

TORNEIO TRIBRUXO

As delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegarão às seis horas, sexta-feira, 30 de outubro. As aulas terminarão uma hora antes...

— Genial! — exclama Harry. — É Poções a última aula de sexta-feira! Snape não terá tempo de envenenar todos nós!

Os alunos deverão guardar as mochilas e livros em seus dormitórios e se reunir na entrada do castelo para receber os nossos hóspedes antes da Festa de Boas-Vindas.

— É daqui a uma semana! — exclama Ernesto MacMillan da Lufa-Lufa, saindo da aglomeração, os olhos brilhando. — Será que o Cedrico sabe? Acho que vou avisar a ele...

— Não se preocupa, Ernesto, ele sabe sim! — berro para ele que está longe mas levanta os polegares.

— Cedrico? — repete Rony sem entender, enquanto Ernesto sai apressado.

— Diggory — diz Harry. — Irmão da Jamie. Ele deve estar inscrito no torneio, não é?

— É, ele está. Apesar de eu não aprovar inteiramente. — digo, cruzando os braços.

— Aquele idiota, campeão de Hogwarts? — diz Rony, enquanto abrimos caminho pelo ajuntamento de alunos para chegar à escadaria. Dou um tapa forte na nuca dele, ele geme e faz cara de desentendido.

— Ô querido, "aquele idiota" é o meu irmão, tá legal? — digo para Rony, ele murmura desculpas e Hermione me apoia.

— Ele não é idiota, você simplesmente não gosta dele porque ele derrotou a Grifinória no Quadribol — diz ela. — Ouvi falar que é realmente um bom aluno, e é monitor!

Ela falou isso como se encerrasse a questão.

— Você só gosta dele porque ele é bonito — responde Rony com desdém.

— Perdão, eu não gosto de pessoas só porque são bonitas! — retruca Hermione indignada.

Rony finge que está pigarreando alto, um som que estranhamente lembra "Lockhart!". A afixação do aviso no saguão de entrada teve um efeito sensível nos moradores do castelo.

Durante a semana seguinte, parecia haver um assunto nas conversas, onde quer que eu fosse: o Torneio Tribruxo. Os boatos voam de um aluno para outro como um germe excepcionalmente contagioso: quem ia tentar ser o campeão de Hogwarts, que é que o torneio exigia, e em que os alunos de Beauxbatons e Durmstrang se diferenciam de nós.

Eu notei, também, que o castelo está sofrendo uma faxina mais do que rigorosa. Vários retratos encardidos tinham sido escovados para descontentamento dos retratados, que se sentam encolhidos nas molduras, resmungando sombriamente e fazendo caretas ao apalpar os rostos vermelhos. Tudo, das armaduras aos funcionários pareciam estranhos e/ou tensos, até mesmo os professores estão tensos.

— Longbottom, tenha a bondade de não revelar que você não consegue sequer lançar um simples Feitiço de Troca diante de alguém de Durmstrang! — vocifera a Professora Minerva ao fim de uma aula particularmente difícil, em que Neville acidentalmente transplantou as próprias orelhas para um cacto.

Quando nós descemos para o Salão, eu, Harry, Ron e Mione, Principal no dia 30 de outubro, vimos que o salão foi ornamentado durante a noite. Haviam grandes bandeiras de seda pendendo das paredes, cada uma com o símbolo de cada casa de Hogwarts. A vermelha com um leão dourado da Grifinória, a azul com uma águia de bronze da Corvinal, a amarela com um texugo negro da Lufa-Lufa e a verde com uma serpente de prata da Sonserina. Por trás da mesa dos professores, a maior bandeira de todas tinha o brasão de Hogwarts: leão, águia, texugo e serpente unidos em torno de uma grande letra "H".

Assim que nós quatro chegamos na mesa da Grifinória eu avisto as duas Fogueiras de São João, anormalmente à parte do resto dos alunos, falando em voz baixa. Eu e Rony nos encaminhamos para os dois.

— É chato, sim — dizia Jorge sombriamente a Fred. — Mas se ele não quer falar conosco pessoalmente, temos que lhe mandar uma carta. Ou enfiá-la na mão dele, ele não pode ficar nos evitando para sempre.

— Quem é que está evitando vocês? — pergunta Rony, sentando-se ao lado deles.

— Gostaria que fosse você — diz Fred, mostrando-se irritado com a interrupção.

— Que é que é chato? — pergunta Rony a Jorge.

— Ter um babaca metido feito você como irmão — diz Jorge. Me sento ao lado de Fred.

— O amor que vocês demonstram um pro outro me emociona. Olá Debby e Lóide. — digo puxando um livro da minha bolsa e o abrindo na mesa.

— Primeiramente: ofendido pela comparação. — diz Jorge levantando o dedo indicador com pose de gay. — E segundamente: EU SOU O LÓIDE!

— EU QUE SOU, VÊ SE NÃO INVENTA COISA, JORGIQUITO! — exclama Fred e então os dois começam a discutir sobre como eu sou o Lóide, não você Fred, honestamente, é tanta bobagem que você me vem falando ultimamente que eu imagino se você NUNCA CALA A BOCA.

— PELO AMOR DE DEUS, CALEM A BOCA! — berro fechando meu livro com força e o batendo nas cabeças dos retardados. Ambos gemem de dor enquanto massageiam suas nucas. — Ah, não ajam como bichinhas. Vocês dois sabem que mereceram receber a Dor da Capa.

— Eu vou aguentar dessa vez porque você teve razão. — fala Fred com a voz falsamente magoada.

— Querido, eu sempre tenho razão. — digo sorrindo de modo convencido. — Pra resolver o Debby e Lóide dilema, eu vou mudar. Jorge, você é a Coisa Um, Fred você é a Coisa Dois e eu sou a Coisa Três. Prontinho — é claro que na minha mente eu tinha resolvido o problema, já para os dois idiotas...

— HEY! Por que é que ele é a Coisa Um e eu a Dois?! Não é justo! — protesta Fred.

— Eu sou mais importante pra ela do que você, seu idiota! Tá na cara!

— Não fale coisas sem sentido seu bostinha, eu sou mais importante!

— Devido ao fato de que você não é a Coisa Um, mas sim a Coisa Dois, eu reveria seus conceitos, Frederico!

— COISA UM E COISA DOIS É TUDO A MESMA MERDA, SÓ CALEM A BOCA! — berro ainda com a cara no livro. Ouço os dois bufando e posso apostar que estão de braços cruzados.

— Vocês já tiveram alguma idéia para o Torneio Tribruxo? — pergunta Harry, o que provavelmente deixou os meninos mais depressivos ainda. — Continuaram pensando como vão tentar se inscrever?

— Perguntei a McGonagall como é que os campeões são escolhidos, mas ela não quis dizer — responde Jorge com amargura. — Só me disse para calar a boca e continuar transformando o meu guaxinim.

— Bem feito — falo baixo, mas não baixo o suficiente para que os dois não ouçam, já que Fred pega meu livro e bate ele na minha cabeça.

— Fico imaginando quais vão ser as tarefas — diz Rony pensativo. — Sabe, aposto que poderíamos dar conta, Harry e eu já fizemos coisas perigosas antes...

— Não na frente de uma banca de juizes, isso vocês não fizeram — diz Fred. — McGonagall disse que os campeões recebem pontos pela perfeição com que executam as tarefas.

— Quem são os juizes? — perguntou Harry.

— Os diretores das escolas participantes sempre fazem parte da banca — digo e todos me olham surpresos. Hermione completa o que eu falo:

— Porque os três ficaram feridos durante o torneio de 1792, quando um basilisco que os campeões deviam capturar saiu destruindo tudo.

Eu e ela nos olhamos quando vemos todos nos encarando. É sério que nenhum deles leu nenhum livro bom como eu e Mione?

— Está tudo em Hogwarts: Uma História. — digo revirando os olhos, mas Hermione não se dá por satisfeita e continuou falando:

— Embora, é claro, esse livro não seja cem por cento confiável. “Uma história Revista de Hogwarts” seria um título mais preciso. Ou, então, “Uma História Seletiva e Muito Parcial de Hogwarts”, que aborda brevemente os aspectos mais desfavoráveis da escola.

— Do que é que você está falando? — pergunta Rony, mas eu e Harry já sabemos o que vem pela frente.

— Elfos domésticos!— diz Hermione em voz alta, comprovando que eu acertei. — Nem uma vez, em mais de mil páginas, Hogwarts: Uma História menciona que somos todos coniventes na opressão de centenas de escravos!

Respiro fundo enquanto Harry revira os olhos e Rony volta sua atenção para o prato. A falta de entusiasmo minha, de Harry e Rony não conseguiu refrear a decisão de Hermione de obter justiça para os elfos domésticos. Era verdade que nós três havíamos pago os dois sicles pelo distintivo do F.A.L.E., mas só tínhamos feito isso para fazê-la ficar quieta. O que obviamente não funcionou muito bem. E é claro que nossa falta de interesse no que Mione tinha para falar sobre os elfos não a deixou muito feliz.

— Vocês têm consciência de que os seus lençóis são trocados, as lareiras, acesas, as salas de aula limpas e a comida preparada por um grupo de criaturas mágicas que não recebem salário e são escravizadas? — ela não parava de lembrar a todos com veemência.

Rony agora contempla o teto, que banha a todos com um sol de outono e Fred finge-se extremamente interessado no bacon que tem em seu prato (os gêmeos tinham se recusado a comprar um distintivo do F.A.L.E.). Jorge, no entanto, chega para mais perto de Hermione.

— Escuta aqui, Mione, você já foi à cozinha?

— Não, claro que não — responde ela secamente. — Nem posso imaginar que os alunos devam...

— Bom, nós três já fomos — diz Jorge, indicando Fred e eu — várias vezes para afanar comida. E encontramos os elfos e eles estão felizes. Acham que têm o melhor emprego do mundo...

— Aliás, eu e Jamie fomos lá ontem. Dobby estava mais do que feliz em nos servir, sabe... — diz Fred.

— Sua traidora! — exclama Hermione, jogando um pedaço de pão em mim. — E, de qualquer jeito, os elfos não têm instrução e sofrem lavagem cerebral! Por isso pensam que têm o melhor emprego do mundo! — ela ia falando, mas suas palavras seguintes foram abafadas pelo ruído de asas que vinha do alto anunciando a chegada das corujas com o correio.

Ergo os olhos, e, na mesma hora, avisto Edwiges que voa em direção ao Harry. Hermione para de falar abruptamente; eu, ela e Rony observamos a coruja, ansiosos, enquanto a ave bate as asas rapidamente para descer e pousar no ombro de Harry, depois fecha-as e estende a perna, cansada.

Harry desamarra a resposta de Sirius e oferece a Edwiges suas aparas de bacon, que ela come, grata. Então, verificando que Fred e Jorge estão absortos em novas discussões sobre o Torneio Tribruxo, Harry lê a carta de Sirius, aos cochichos, para mim, Rony e Hermione.

“Não me convenceu, Harry.
Estou de volta ao país e bem escondido. Quero que me mantenha informado de tudo que estiver acontecendo em Hogwarts. Não use Edwiges, troque de corujas e não se preocupe comigo, cuide-se. Não se esqueça do que lhe disse sobre a cicatriz.
Sirius”.

— Por que é que você precisa trocar de corujas? — pergunta Rony em voz baixa.

— Provavelmente porque Edwiges vai chamar muita atenção. — falo. — Ela se destaca, sabe. Uma coruja muito branca que fica voltando para o lugar em que ele está escondido... Quero dizer, ela não é um pássaro nativo, não é mesmo?

Vejo Harry enrolar a carta e a guardar. Imagino se ele está um pouco menos preocupado agora que Sirius falou que está bem escondido, acho que não, já que ele ainda pode ser pego pelo Ministério. Mas presumo que o fato de ele ainda não ter sido pego já deve ser alguma coisa.

— Obrigado, Edwiges — diz Harry, acariciando-a. Ela pia sonolenta, mete o bico rapidamente no cálice de suco de laranja dele, depois torna a levantar vôo, visivelmente desesperada para tirar um longo sono no corujal.

Havia uma sensação de agradável expectativa no ar aquele dia. Ninguém prestou muita atenção às aulas, pois estávamos bem mais interessados na chegada das comitivas de Beauxbatons e Durmstrang à noite, até Poções foi mais tolerável do que de costume, porque durou meia hora a menos. Quando a sineta tocou mais cedo, eu, Harry, Rony e Hermione subimos depressa para a Torre da Grifinória, largamos as mochilas e os livros, conforme as instruções que tínhamos recebido, vestimos as capas e descemos correndo para o saguão de entrada.

Os diretores das Casas estão organizando os alunos em filas.

— Weasley, endireite o chapéu — diz a Professora Minerva secamente a Rony. — Srta. Patil, tire essa coisa ridícula dos cabelos.

Parvati faz cara feia e retira o enorme enfeite de borboleta da ponta da trança. Reprimo a imensa vontade de rir do enfeite horrível de Parvati.

— Sigam-me, por favor — manda a professora —, alunos da primeira série à frente... Sem empurrar...

Nós descemos os degraus da entrada e nos enfileiramos diante do castelo. Faz um fim de tarde frio e límpido, o crepúsculo vêm chegando devagarinho e uma lua pálida e transparente já brilha sobre a Floresta Proibida. Eu estava postada no meio de Harry e Rony, mas como tudo que é bom dura pouco, logo chegaram os mongolóides empurrando Rony para o lado de Hermione e se esfregando em mim por estarem com frio e não terem casacos.

— Olá Coisa Um, Coisa Dois. — digo de modo exageradamente formal.

— Coisa Três — os dois falam juntos, ainda se esfregando em mim, infelizmente.

— Então, alguma novidade com as Gemialidades? — pergunto esfregando uma mão na outra pra ver se fico aquecida.

— Muitas, para falar a verdade, mas ainda não iremos falar para ninguém, e isso inclui você, Jay-Jay — diz Jorge bagunçando meu cabelo com um sorriso como o de alguém que sabe de alguma coisa que eu não sei. O pior dos sorrisos.

Faço cara feia para ele falando "Ha-Ha".

— Como vocês acham que as delegações vão chegar? — pergunta Fred olhando para o céu.

— Beauxbatons provavelmente em uma carruagem, porque a delegação tem garotinhas mimadas e patricinhas, elas até tem aula de boas maneiras! Usando uma carruagem, elas podem se sentir como malditas Cinderelas. Portanto, minha teoria é em uma carruagem voadora. Aliás, uma carruagem voadora guiada por cavalos, isso deve deixar o conto de fadas imaginário delas mais real. — digo e logo depois noto Fred e Jorge com as sombrancelhas erguidas.

— E como você acha isso, sabichona? — pergunta Jorge na defensiva, porque eu sei mais do que ele.

— Eu leio, dã. Sabe, Hogwarts: Uma História nem é tão chato quanto vocês pensam, sério. E eu também acho isso pelo fato de que trabalho com teorias.

— Teorias, é?

— Isso mesmo.

— Pode falar uma teoria que faz vocês dois ficarem juntos? Porque, honestamente, eu venho tentando há tempos e nada funciona. — murmura Jorge, como uma criancinha inocente. Dou um tapa na cabeça dele.

— OK, então, Senhorita Sabe-Tudo, qual sua teoria sobre como Durmstrang vai chegar? — pergunta Fred.

— Essa é fácil! Como Durmstrang é uma delegação composta de homens, somente, eu diria que um navio. Talvez para mostrar sua masculinidade de um jeito mais óbvio do que seus portes másculos e rostos com expressões malvadas. O navio provavelmente tem aparência fantasmagórica, para assustar os que tentarem atacá-los. — falo normalmente, como se não fosse nada demais, porque na verdade não é. Eu venho fazendo teorias minha vida inteira, não é muito difícil chutar informações sobre delegações cujas quais eu já li sobre.

— Eu aposto que você está errada. — os gêmeos falam juntos.

— Se vocês estão falando sério eu aposto que também sei onde a carruagem e o navio irão surgir. — falo, sorrindo animada. Adoro apostar quando tenho certeza de que irei ganhar.

— Apostando 10 galeões, então. Se você estiver errada, perde e nos dá dez galeões. Se acertar, ganha e recebe dez galeões de cada um de nós. — diz Fred.

— Apostado, então! — e eu chacoalho as mãos dos dois. — Minha teoria aponta que a carruagem voadora de Beauxbatons surgirá mais ou menos... Ali! — e aponto para um local no céu da Floresta Proibida. — E o navio de Durmstrang, como todo navio, aparecerá... bem... ali! — aponto para o Lago Negro.

E esperamos ali... Parados, somente olhando. E então, Dumbledore se pronuncia:

— Aha! A não ser que eu muito me engane, a delegação de Beauxbatons está chegando!

— Onde? — perguntam muitos alunos ansiosos, olhando em diferentes direções.

— No céu da Floresta Proibida! — berro bem alto para que todos ouçam, vejo Fred e Jorge abrindo as bocas quando uma lustrosa carruagem azul-clara do tamanho de um casarão, puxada por doze cavalos alados, todos baios, cada um parecendo um elefante de tão grande, voa em nossa direção. — Bem como eu falei... — sussurro, sorrindo.

As três primeiras fileiras de alunos recuam quando a carruagem vai baixando para pousar a uma velocidade fantástica — então, com um baque estrondoso que faz Neville saltar para trás e pisar no pé de um aluno da quinta série da Sonserina —, os cascos dos cavalos, maiores que pratos, batem no chão. Um segundo mais tarde, a carruagem também pousa, balançando sobre as imensas rodas, enquanto os cavalos dourados agitam as cabeçorras e reviram os grandes olhos cor de fogo.

Só tive tempo de ver que a porta da carruagem têm um brasão (duas varinhas cruzadas, e de cada uma saíam três estrelas) antes que ela se abrisse. Um garoto de roupas azuis-claras salta da carruagem, curvado para a frente, mexe por um momento em alguma coisa que há no chão da carruagem e abre uma escadinha de ouro. Em seguida, recua respeitosamente. Então eu vejo um sapato preto e lustroso sair de dentro da carruagem — um sapato do tamanho de um trenó de criança — acompanhado, quase imediatamente, pela maior mulher que eu já vi na vida.

O tamanho da carruagem e dos cavalos fica imediatamente explicado. Algumas pessoas exclamam.

Eu só havia visto, até então, uma pessoa tão grande quanto essa mulher: Hagrid; eu duvido que houvesse dois centímetros de diferença na altura dos dois. Mas, por alguma razão — talvez simplesmente porque estou habituada a Hagrid —, esta mulher (agora ao pé da escada, que olha para as pessoas que a esperam de olhos arregalados) parece ainda mais anormalmente grande. Ao entrar no círculo de luz projetado pelo saguão de entrada, ela revela um rosto bonito de pele morena, grandes olhos negros que parecem líquidos e um nariz um tanto bicudo. Seus cabelos estão puxados para trás e presos em um coque na nuca. Veste-se da cabeça aos pés de cetim negro, e brilham numerosas opalas em seu pescoço e nos dedos grossos.

Dumbledore começa a aplaudir; os estudantes, acompanhando a deixa, prorrompem em palmas, muitos deles nas pontas dos pés, para poder ver melhor a mulher.

O rosto dela se descontrai em um gracioso sorriso e ela se dirige a Dumbledore, estendendo a mão faiscante de anéis. O diretor, embora alto, mal precisa se curvar para beijar-lhe a mão.

— Minha cara Madame Maxime — diz. — Bem-vinda a Hogwarts.

— Dumbly-dorr — diz Madame Maxime, com uma voz grave. — Esperro encontrrá-lo de boa saúde.

— Excelente, obrigado — responde Dumbledore.

— Meus alunos — diz Madame Maxime, acenando descuidadamente uma de suas enormes mãos para trás.

Eu não havia notado antes, mas uns doze garotos e garotas — todos, pelo físico, no fim da adolescência — haviam descido da carruagem e agora estavam parados atrás de Madame Maxime. Eles tremem de frio, o que não me surpreende, pois suas vestes são feitas de finíssima seda e nenhum deles usa capa. Alguns enrolaram echarpes e xales na cabeça. Pelo que eu pude ver de seus rostos (estão à enorme sombra de sua diretora), eles olham para o castelo, com uma expressão apreensiva. Provavelmente porque o castelo é aberto e não irá aquecer eles muito bem.

Madame Maxime começa uma conversa com Dumbledore sobre seus cavalos não poderem ficar no frio ou sei lá, mas eu não presto muita atenção e começo uma conversa com Fred e Jorge.

— Metade da aposta já é minha, perdedores — digo para os dois, ainda observando os alunos congelando e Madame Maxime falando com Dumbledore.

— Não se ache demais, você ainda pode estar errada sobre o suposto navio de Durmstrang. — comenta Jorge, colocando as mãos no bolso. Dou de ombros.

— Tanto faz, tenho quase totalmente certeza de que estou certa sobre Durmstrang.

Paro de ouvir Jorge falar que estou errada e concentro minha atenção na conversa de Maxime e Dumbledore, mas tudo o que posso ouvir é a Madame Maxime.

— Venham — diz ela imperiosamente aos seus alunos e o pessoal de Hogwarts se afasta para deixá-los subir os degraus de pedra.

— De que tamanho você acha que os cavalos de Durmstrang vão ser? — ouço Simas Finnigan perguntar, esticando-se por trás de Lilá e Parvati para falar com Harry e Rony. Me aproximo do grupo.

— Não vão ser cavalos — digo, olhando para o lago que é onde o navio irá emerger.

— E por que você diz isso? — pergunta Harry.

— Simplesmente porque não é uma carruagem que irá trazer Durmstrang. — explico. — É muito feminino para uma delegação que só tem garotos, não acham? Pra mim é um navio. Até apostei isso com Fred e Jorge. Apostei também que irá emergir do Lago Negro. Aliás, de onde mais sairía um navio?

— Como você sabe disso? — pergunta Rony, impressionado.

— É teoria pura. Eu leio bastante e acabei por ler sobre Durmstrang e Beauxbatons. Claro que eu não achei nada sobre os transportes das delegações, mas segundo o que eu li não é difícil deduzir. — falo dando de ombros.

— É incrível o modo como a sua mente funciona — fala Harry, sorrindo.

— Eu sei que você está certa, Jay, então nem tem realmente o que questionar. — diz Hermione.

— Eu sempre estou certa. Agora, se me dão licença, vou voltar para perto de Fred e Jorge e me ver ganhando uma aposta! — falo e volto para o lado da Coisa Um e Dois.

Assim que chego no lado deles, mal posso abrir a boca, pois um barulho alto e estranho chega até nós através da escuridão, um ronco abafado mesclado a um ruído de sucção, como se um imenso aspirador de pó estivesse se deslocando pelo leito de um rio...

— O lago! — berro apontando para o Lago Negro. — Olhem para lá! Para o Lago Negro!

Como previsto, grandes bolhas estão se formando no centro do lago, e suas ondas agora quebram nas margens de terra — e então, bem no meio do lago, aparece um rodamoinho, como se alguém tivesse retirado uma tampa gigantesca do seu leito... Algo que parece um pau comprido (N/A: Hm) e preto começa a emergir lentamente do rodamoinho... E então eu avisto o velame...

— É UM MASTRO, SEUS PERDEDORES, EU SABIA! EU ESTAVA CERTA! — começo a gritar na cara de Fred e Jorge, que ficam com cara de bosta.

Lenta e imponentemente o navio sai das águas, refulgindo ao luar. Tem uma estranha aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio, e as luzes fracas e enevoadas que brilham nas escotilhas lembram olhos fantasmagóricos, bem como eu previ. Finalmente, com uma grande movimentação de água, o navio emerge inteiramente, balançando nas águas turbulentas, e começa a deslizar para a margem.

Alguns momentos depois, ouvimos a âncora ser atirada na água rasa e o baque surdo de um pranchão ao ser baixado sobre a margem.

Havia gente desembarcando, nós vimos silhuetas passarem pelas luzes das escotilhas. Os recém-chegados parecem ter físicos semelhantes aos de Crabbe e Goyle... Mas então, quando subiram as encostas dos jardins e chegaram mais próximos à luz que saía do saguão de entrada, eu vi que aquela aparência maciça se deve às capas de peles de fios longos e despenteados que estão usando, mais ainda tem aparência máscula, como eu falei. Mas o homem que os conduz ao castelo usa peles de um outro tipo; sedosas e prateadas como os seus cabelos.

— Dumbledore! — cumprimenta ele cordialmente, ainda subindo a encosta. — Como vai, meu caro, como vai?

— Otimamente, obrigado, Professor Karkaroff.

O homem tem uma voz ao mesmo tempo engraçada e untuosa; quando ele entra no círculo de luz das portas do castelo, nós podemos ver que ele é alto e magro como Dumbledore, mas seus cabelos brancos são curtos, e a barbicha (que termina em um cachinho) não esconde inteiramente o seu queixo fraco.
Quando alcança Dumbledore, aperta-lhe a mão com as suas duas.

— Minha velha e querida Hogwarts! — exclama, erguendo os olhos para o castelo e sorrindo, seus dentes eram um tanto amarelados, e eu reparo que seu sorriso não abrange os olhos, que permanecem frios e astutos. — Como é bom estar aqui, como é bom... Vítor, venha, venha para o calor... Você não se importa, Dumbledore? Vítor está com um ligeiro resfriado...

Karkaroff fez sinal para um de seus estudantes avançar. Quando o rapaz passou, eu vi de relance um nariz grande e curvo e sobrancelhas escuras e espessas.

Não precisava dos gêmeos me balançando pelos ombros repetindo a mesma frase incansavelmente para reconhecer aquele perfil.

— Jamie, Jamie, é ele!

— Por acaso aquilo é uma taturana na testa dele? — foi minha reação ao ver Vitor Krum passando.


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Notas finais do capítulo

SPOILER COMO PROMETIDO:
"— Está na hora de te contar a verdade.
(...)
— COMO ASSIM ESSE NÃO É O MEU NOME VERDADEIRO??? EU TENHO VIVIDO UMA MENTIRA E É TUDO CULPA SUA!"
Bye!



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