Sakura acordou se sentindo um pouco mal. Naquele dia, faziam exatos dois meses que ele fora embora. Se ligara três vezes para ela fora muito. Passou as festas de fim de ano longe. Sakura descobriu que ele estava em Nova York.

Ficou suas férias todas para lá e para cá. Quando não estava na casa dos Uchiha ou de seus pais, dormia no apartamento de Konan. Não tinha visto muito suas amigas, então passara muitas tardes na companhia dos amigos da Akatsuki, ou habituando-se com a empresa que estava prestes a comandar.

Forçou-se a sair da cama e percebeu que flocos de neve estavam presos em sua janela. O inverno ainda predominava, tal como a preguiça de Sakura.

Odiava o frio por conta do sono que sentia. Se pudesse, ficara na cama o dia inteiro ao invés de ir para a empresa.

Vestiu seu sobretudo branco por cima do vestido preto. Colocou as meias-calças pretas e as botas de mesma cor. Tentou se esquentar ao máximo para afastar a tentação de retornar para debaixo das cobertas.

Por um segundo, observou o lado arrumado da cama. O lado de Sasuke.

Afastou os pensamentos deprimentes de sua mente e pegou seu Sidekick na mesinha de cabeceira. Verificou se havia ligações perdidas. Nada.

Pegou as chaves de seu Porshe (Minato dera de presente para a sobrinha, por considerar uma grande ironia a dona de uma grande empresa automobilística andar de ônibus) e saiu do quarto.

Como todas as manhãs, Mikoto havia ido para sua boutique e Fugaku estava negociando com um grupo de empresários no México (assim como Sasuke em NY).

Tomou um copo de suco e comeu uma maçã. Logo que terminou seu café, um toque de celular veio da cozinha. Seu Sidekick.

Quase tropeçou nos próprios pés com a pressa de atendê-lo. Viu o nome piscando no visor e franziu a testa.

Ino?

“Testuda!”, gritou a loira, toda histérica.

Sakura sorriu.

“Quanto tempo, srta. Porquinha”, brincou. “Onde você se meteu para sumir assim do nada?”

“Tive de viajar com meus pais para Londres”, suspira. “Não consegui avisar porque foi repentino demais. Mas enfim, sentiu saudades, Cherry?”

“Saudades? Óbvio que sim sua maluca. Já está em casa?”.

“Na verdade...”, Ino fez uma pausa, parecendo pensativa. “Eu voltei ontem à tarde e...”

“Bom dia, Sakura”, a voz de Gaara soou do outro lado da linha, fazendo Sakura se assustar e em seguida gargalhar, entendendo a situação.

Ino pigarreou, parecendo morta de vergonha assim que recuperou o celular. Sakura tentou imaginar a amiga corando, algo raro de acontecer.

“Parabéns, Ino”, Sakura não perdeu a oportunidade. “Fico feliz por ter finalmente esquecido certo viadão. Gaara será ótimo para você”.

“Pode parar com a zoação, Saky”, Ino riu. “Sabe que amanhã pode ser eu a zoar com você”.

“Não faz diferença. Você vive zoando comigo mesmo...”.

“Que tal nos encontrarmos no Starbucks depois do almoço?”.

“Ótima ideia, porquinha”, Sakura sorriu. “Nos vemos mais tarde então”.

(...)

A empresa Uzumaki Uchiha era localizada em um dos melhores pontos comerciais de Tóquio. Com um prédio de ótima estrutura, funcionários ágeis e silenciosos, salas grandes e com excelente vista, a principal empresa de automobilismo japonesa era impecável nos inúmeros detalhes.

Mesmo com tanta perfeição, Sakura odiava aquele lugar. Agradecia aos céus quando o trabalho terminava e ela podia enfim, ir embora.

– Bom dia, sra.Uchiha – cumprimentou-lhe a secretária, erguendo os olhos da tela do computador.

– Bom dia, - Sakura parou de caminhar e encarou a secretária. – Alguém ligou?

– O dono da montadora Plasmus agendou uma reunião com a senhora - levantou-se segurando sua prancheta.

– Hoje? – a rosada fez uma careta. Não estava disposta a ter uma reunião naquele dia.

– Sim - Tayuya se encaminhou até Sakura, que recomeçava sua caminhada pelo corredor. - Às quatro da tarde.

– Droga – reclamou Sakura, sendo seguida de perto pela ruiva.

– Se quiser posso remarcar a reunião, sra.Uchiha – sugeriu a funcionária, caminhando apressadamente.

– Não, tudo bem – Sakura suspirou. – Apenas traga uma garrafa de café para minha sala por favor. Apenas café para lúcida até o final do dia.

Tayuya entendeu e anotou em sua prancheta. Mesmo sendo apenas secretária de Sakura, ela e a garota haviam se tornado grandes amigas dentro da empresa.

Isso se devia ao fato de que logo no primeiro dia dela na empresa, Tayuya fora quem a ajudara com seu trabalho, explicando-lhe o que deveria ser feito. Sakura duvidava que teria conseguido sem aquela ajuda.

– Ah, o sr.Madara está esperando pela senhora – Avisou Tayuya.

Sakura soltou um gemido de desânimo.

– Ah, o que aquele maluco quer? – Deixou escapar, fazendo a ruiva rir.

– Ele não disse – a secretária deu de ombros.

– Vou verificar então – Sakura suspirou e empurrou a maçaneta da porta, enquanto Tayuya voltava pelo corredor.

Madara Uchiha estava sentado na poltrona da garota, com os pés em cima da mesa.

– Saia daí – falou Sakura, com frieza, tirando seu sobretudo e largando sua bolsa no sofá.

Madara gargalhou enquanto contornava a mesa e ficava à frente da rosada.

– Olha só como a garotinha Haruno mudou ao assumir as empresas – debochou.

– O que você quer? – Questionou Sakura, impaciente.

– Na verdade, vim lhe dar um aviso – Madara sorriu com escárnio. – Obito está chegando do Canadá e vai vir trabalhar aqui na empresa.

Sakura arqueou uma sobrancelha.

– E o que eu tenho a ver com isso?

Madara segurou o braço de Sakura com brutalidade, surpreendendo e assustando a rosada.

– Eu já não suporto você há muito tempo, garota – o Uchiha estreitou os olhos. – Por mim você estaria bem longe daqui. Apenas prejudique Obito em qualquer coisa, que eu acabo com você.

E dizendo isso, soltou Sakura e saiu da sala batendo a porta.

Sakura revirou os olhos e sentou-se em sua cadeira.

– Maluco – murmurou.

(...)

– Ele fez isso mesmo? – perguntou Ino, tomando mais um gole de seu café.

– Madara é louco – Sakura falou. – Sempre foi.

– Conte a mais alguém – enfatizou Ino, tendo um ar preocupado. – E se ele estiver falando sério?

– Como se eu tivesse medo dele – Sakura revirou os olhos.

– A questão não é ter medo ou coragem – repreendeu a Yamanaka, fechando a cara. – Você sabe que ele pode se ferrar caso o sr.Fugaku ou seu tio fiquem sabendo.

– Meus tios e meus sogros já estão bastante ocupados com a DarkShell. Não posso colocar mais problemas no caminho deles.

Ino sorriu maliciosamente.

– Por que não fala para o seu homem?

Sakura olhou pela janela do Starbucks, observando a neve cair do lado de fora. Suspirou.

– Não falo com ele há meses...

– E você sente falta, não é? – Ino assumiu seu tom solidário.

Sakura assentiu.

– Sim, muita.

Ino riu.

– Em pensar que você o odiava – balançou a cabeça. – Sabe quando ele vai voltar?

Sakura negou. Ino bebericou seu café e mergulhou no silêncio.

– Então, Gaara e você se entenderam? – perguntou à rosada, mudando o rumo da conversa. – Estou feliz e ao mesmo tempo surpresa.

– Estamos testando – Ino deu de ombros, cruzando os braços sobre a mesa. – Não vou mentir, me senti mal no início por ele ter sido seu ex, e eu estar gostando dele mas... Não sei. Nunca me senti tão bem como agora, entende?

Sakura passou a mão em um dos braços da amiga, sorrindo.

– Não tem problema. Relaxa. Eu realmente estou feliz por vocês dois, e desejo o melhor sempre. Mas onde estão Tenten e Hinata? – Voltou a tomar seu café.

– Os Hyuuga foram para a Califórnia – informou Ino pensativa,. – E a Tenten foi para Roma.

– Quando pensei que todos nós seguiríamos caminhos diferentes – Sakura sorriu melancólica. – Não pensei que seria dessa forma.

– Nem eu, cherry – Ino ergueu seu copo de café e Sakura fez o mesmo com o seu, ambas fazendo um brinde sem um real motivo. Ou talvez o brinde fosse pelo reencontro depois de três meses distantes uma da outra.

Três terríveis meses para Sakura.

(...)

Ao entrar em sua sala, viu seu querido primo largado em sua poltrona com os pés em cima da mesa. Reparou que Naruto estava na mesma posição que Madara estivera horas atrás, algo que não lhe agradou.

Balançou a cabeça, tirando aquilo da mente. Naruto sorriu largamente ao ver Sakura.

– Priminha!

– Sai daí! – mandou Sakura, e de imediato Naruto embicou os lábios, deixando a poltrona da rosada.

– Que bicho te mordeu? – perguntou Naruto, com uma careta. Sakura sentou-se em sua poltrona.

– Um bicho chamado Madara! – resmungou Sakura, irritadiça. Naruto arqueou as sobrancelhas.

– O que ele fez?

– Nada... Que te interesse – completou a Haruno, deixando o loiro com um novo bico na face. – E não faça essa cara. O que você quer para vir até aqui?

– Tenho duas notícias, chatonilda – sorriu largamente sob o olhar indagador da prima. – Hinata e eu estamos namorando!

Sakura franziu o cenho.

– Mas ela não está na Califórnia?

– Bom... Ela aceitou meu pedido em uma de nossas conversas pela internet – exclamou ele, animado.

– Duvido que não aceitaria...

– Ahn... Por que?

– Nada! Esquece! – Sakura apressou-se em dizer, sorrindo. – Bom, fico feliz por vocês dois! Parabéns!

– Valeu, mas... Você não parece tãão feliz – reparou Naruto, batucando na mesa.

– Impressão sua – a rosada desviou o olhar.

– Entendo – sorriu Naruto de modo maroto. – Se isso melhora seu humor, saiba que alguém que você gosta está voltando...

Sakura franziu a testa. Naruto riu.

– O Teme, priminha – Ele falou maliciosamente, enquanto Sakura arregalava os olhos, surpresa e evidentemente feliz. – Ele está voltando para cá.

Agora que sabia disso, que Sasuke finalmente voltaria, percebera que não daria o braço a torcer – apesar de sentir saudades do marido mala, as coisas continuariam a ser como eram antes.

Ao menos esperava que assim fosse...