Bittersweet escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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“Sanji! Hoje é aniversário do Zoro então trate de fazer alguma coisa bem especial pra ele!”

Luffy havia ordenado com sua voz inocente que sequer soava como uma ordem de verdade. Sanji observou o capitão com uma expressão curiosa naquele momento, perguntando-se porque diabos deveria fazer qualquer coisa para aquele macaco espadachim. Mas era Luffy falando, então, o cozinheiro não podia fazer nada além de concordar.

Olhou pela porta da cozinha e viu Zoro dormindo sossegado no gramado do convés. Sabia que ele não gostava de coisas doces, como iria fazer algo de aniversário? O normal seria um bolo, não? Voltou para o seu balcão e coçou a nuca, olhando os ingredientes, e que não eram lá muito selecionados. Boa parte dos doces era de Nami e Robin, e os outros não dariam um bolo muito legal. Revirou os olhos.

– Maldito espadachim. – Resmungou. Por que tinha que ser ele a fazer alguma coisa? Não era mais do que óbvio que Sanji não tinha afinidade com Zoro e não queria comemorar o aniversário dele? Claro que se importava com ele, mas...

Mas ok. Seria um novo desafio. Agradar aquele cara seria um enorme desafio, aliás. Deu uma vasculhada pela dispensa da cozinha mesmo e havia uma enorme barra de chocolate amargo que Luffy ainda não havia devorado porque dizia não gostar. Coçou os olhos. Açúcar, chocolate, talvez umas frutas... Não se lembrava qual fruta era da preferência de Zoro, portanto, pensou em alguma que fosse mais azeda e não deixasse a sobremesa muito doce.

Laranja? Não, não combina. Abacaxis? Não. Morangos?

É. Morangos.

Faria a melhor sobremesa que aquele espadachim sem paladar jamais provou.

E depois de uma hora quebrando a cabeça, fez uma sobremesa realmente digna.

Luffy estava arrastando Zoro para a cozinha junto com Franky e Usopp, que se esforçavam para convencê-lo a vir. Brook ria feito um louco, assim como Chopper. Nami e Robin já estavam sentadas. A ruiva ria divertida e a morena apenas observava tudo com um suave sorriso nos lábios.

– Pare de fazer drama, seu espadachim idiota! Venha para podermos comemorar seu aniversário! – Sanji esbravejou enquanto colocava copos na mesa para poder servir as bebidas. Zoro pareceu ter sido convencido pelo loiro e acabou sentando no lado vazio da mesa, sendo imediatamente cercado por Luffy, Usopp e Chopper.

– Traga, traga, Sanji! – Luffy incentivou e o loiro obedeceu prontamente, colocando a bela sobremesa bem diante dos olhos de Zoro, que acabou por se impressionar. Olhou para os morangos jogados pela camada branca que havia sobre uma outra escura que dava para ver no vidro e piscou os olhos.

– Aqui, minha obra prima. Chocolate amargo, clara em neve com açúcar e morangos. É bom que você goste!

– Farei o possível...

– Você corta o primeiro pedaço, afinal é o aniversariante. – Sanji deu a colher para o espadachim, que se ergueu no banco e enfiou-a de qualquer jeito na sobremesa, pegando uma gorda quantia e colocando num dos pratos.

– Sabe, você tem que dar o primeiro pedaço a alguém muito importante pra você, Zoro! – Usopp explicou, dando um tapinha nas costas do aniversariante. Zoro o encarou com os olhos estreitando de leve, mostrando-se pensativo e passou a olhar para o doce em suas mãos. Segundos depois, estendeu o braço e colocou o prato na altura do peito de Sanji, quase tocando ali.

Todos os mugiwara olharam meio confusos.

– E-eu? – Sanji gaguejou, olhando o doce.

– Sim.

O cozinheiro tomou o prato em mãos e franziu as sobrancelhas, mais confuso ainda do que todos os outros membros do bando. Zoro suspirou, sem olhar para Sanji e voltou a cortar o doce, passando então a servir os demais, o que acabou por quebrar o gelo. Aparentemente todos se esqueceram do gesto, e comeram satisfeitos o doce que Sanji havia feito. Brindaram, beberam, riram e dançaram ao som da música de Brook por um bom tempo até que só restaram Zoro, Sanji e Franky na cozinha.

O cyborg deu um longo bocejo. – Ahhh! Esse saquê todo me cansou. Tenho que tomar uma boa cola e depois ir dormir. Com licença, rapazes. E parabéns de novo, Zoro! – Ele deu um tapa nas costas do espadachim, que sorriu suavemente em agradecimento e o observou sair. 

Então, os outros dois ficaram sozinhos e sustentaram o silêncio por um tempo incômodo demais, até que Sanji acendeu um cigarro e pigarreou para chamar a atenção alheia. – Então, o doce estava bom?

– Sim. Eu gosto de chocolate amargo. – Zoro suspirou e deixou a garrafa de saquê de lado, esfregando o rosto e dando um longo bocejo.

– Por que você me deu o primeiro pedaço do doce? – Falou, assim, de uma vez. Não havia motivo para enrolar. Ficou olhando o espadachim, que não esboçou reação alguma a princípio, apenas cerrou os olhos parecendo pensar. Sanji coçou a cabeça. Tragou o cigarro. Pigarreou de novo. – Zoro?!

– Estou pensando numa resposta satisfatória.

– E você não sabe? – Segurou o xingo porque era aniversário dele. E só por isso.

– Eu sei. Mas não sei se você vai querer saber.

Sanji sentiu a garganta arranhar. Suspirou e apagou o cigarro na pia.

Seu coração ficou confuso na mesma hora. O que ele queria dizer com isso? Aquele idiota podia ser tão confuso às vezes... Passou a mão pelos cabelos e sua cabeça recebeu uma avalanche de pensamentos no mesmo instante, cogitando as mais diversas possibilidades que ele talvez não gostaria de saber.

De repente, sentiu uma vontade enorme de abraçar Zoro e foi exatamente isso que fez. Caminhou até ele e apertou-lhe contra seu torso, já que o espadachim ainda estava sentado no banco da mesa. O maior soltou um longo suspiro antes de passar os braços pela cintura do cozinheiro e afundar o nariz no peito dele, aspirando o ar para sentir seu cheiro.

– Eu odeio você, Sanji. – Sussurrou, mas alto o suficiente para que o outro ouvisse se afastasse com uma expressão ligeiramente aborrecida. Era imbecil ou o quê?! Zoro ergueu a cabeça e deu um sorriso calmo. – Mas eu não odeio você simplesmente por odiar. Eu odeio você porque eu não consigo te odiar de verdade. Isso faz sentido?

– Não, seu idiota! – Não se conteve dessa vez. Sanji deu um tapa na própria testa e esfregou o rosto. Zoro se ergueu e o olhou com uma expressão séria. – Droga...

– Que foi?

– Você simplesmente... Leu através de mim...

– Haa?

– Odeio você também, seu marimo estúpido. – O loiro atirou-se nos braços de Zoro repentinamente e o apertou com força pelo pescoço, encolhendo os próprios ombros ao ter sua cintura enlaçada pelo espadachim.

– Odeia normalmente ou odeia como eu?

Sanji ficou em silêncio uns instantes. – Como você.

– Certo... – Zoro suspirou. Aproximou os lábios do ouvido do cozinheiro e respirou fundo antes de prosseguir. – Espero que esse ódio cresça o suficiente para você dar o primeiro pedaço do doce do seu aniversário para mim, e não para a Nami... – Completou por fim, dando um beijo totalmente inesperado (tanto por um quanto pelo outro) no rosto de Sanji e afastando-se dele tão rápido quanto se aproximaram. O loiro virou o rosto para acompanhar o espadachim e acabou por sorrir, sem conseguir evitar.

– É dia dois de março, não esqueça. E você que vai fazer meu doce...

– Não sou bom com a cozinha, mas até lá eu penso em alguma coisa. – Disse fazendo um sinal leve com as mãos e parando no batente da porta. Virou-se para Sanji e o encarou com os lábios curvados suavemente num sorriso. – Obrigado.

– Pelo doce?

– É... Também. Mas não. Você foi o único que me deu um presente.

–... O doce?!

– Não. – Respondeu um Zoro já impaciente. – Suas palavras. – Continuou com um tom de voz baixo que aparentemente não foi intencional. Sanji suspirou e sorriu. Conhecia muito bem aquele espadachim e sabia que sentimentalismo não era com ele. Mas pelo menos era sincero. É...

Pelo menos alguma coisa Sanji podia aprender com ele. Ao menos algo que realmente admitisse.

– Vou esperar pelo meu dia, então.

– Talvez venha algo mais que palavras. – Disse o espadachim ao se virar e sair pela porta, deixando um Sanji sorridente para trás.


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