– Isso vai ser uma completa perda de tempo. – Exclama Gwen, parando no meio das escadas. Desde o momento em que as garotas fizeram-na acreditar que apenas foram à biblioteca estudar, juntamente com Hugo, seu humor não estava tão explosivo como antes, mesmo ainda duvidando das amigas.

As garotas caminhavam lado a lado pelas escadarias do castelo, rumo ao salão principal. Em questão de minutos seria a festa anual do Dia das Bruxas no castelo, e é claro que depois disso precisavam cumprir suas detenções, separadamente. Quando finalmente deixaram as escadarias para trás e entraram no salão, o susto foi imediato. Centenas de estudantes poderiam dizer que aquilo era espetacular, mas mesmo essa palavra não se encaixaria bem na primeira vez em que viram aquele enfeitado aposento.

Milhares de morcegos esvoaçavam pelo salão, sobrevoando as cabeças dos estudantes, abóboras eram vistas espalhadas pelas mesas das quatro casas. A maioria dos estudantes já se encontrava ali, alguns podiam ser vistos olhando assombrados para o teto que mostrava uma noite agitada, repleta de sombras que hora ou outra os assustava.

As três garotas se dirigiram prontamente para a mesa da Grifinória, que se encontrava completamente cheia, ao olhar o salão podiam comprovar que também era a que mais possuía integrantes, sendo seguida pela Sonserina, depois pela Lufa-Lufa e então finalmente pela Corvinal. Isso se devia pelo fato de que os alunos atrasados – que não eram poucos – se espremiam pela porta, em busca de uma passagem. Quando finalmente todos se encontravam acomodados, poucos segundos se passaram quando a cerimônia foi iniciada, no exato momento em que Minerva se pôs de pé.

– Boa noite a todos. Se encontramos aqui novamente, depois de tantos e tantos anos, o que significa um bom motivo para agradecermos. Não sou muito boa em discursos, o que a maioria dos presentes aqui já deve saber, então, só tenho uma coisa a dizer: Aproveitem. - No exato instante em que a última palavra foi dita, milhares de travessas surgiram sobre as mesas, repletas dos melhores pratos que se podia imaginar. Travessas e mais travessas, com as mais gostosas comidas, os elfos domésticos haviam realmente trabalhado duro aquele ano, não que não trabalhassem duramente nos últimos anos, mas eles conseguiram verdadeiramente se superar.

– Eu vou sentir saudades disso nas férias. – Comenta Heather, servindo-se de algumas generosas colheradas de rosbife. –Mamãe sabe cozinhar bem, mas nem tanto assim. - Essa última causando algumas pequenas gargalhadas pela mesa.

– Não fique toda animada, depois nós vamos cumprir as detenções. – Implica Sam, que se sentara próximo as garotas. – Esse pode ser um ótimo banquete, mas nós ainda vamos cumpri-las depois dele. – Continua o garoto, recebendo um aceno de cabeça por parte de Hugo e Will.

– Se for para ficar sendo tão depressivo, é melhor ficar quieto. – Intervém Lily, as palavras jorrando de sua boca antes mesmo de Sam terminar de falar.

Por um momento a ruiva pensou que ele fosse retrucar, começando o que seria uma longa e acirrada discussão. Mas no último minuto, ele apenas balançou a cabeça, acabando com todas as esperanças que a garota tinha de ter uma boa briga.

Pouco a pouco as horas foram se passando, as conversas antes altas que ecoavam por todo salão, apenas podiam ser observadas em pequenas quantidades pelas mesas. Cada vez, mais estudantes saindo pela grande porta, ao final das deliciosas sobremesas. E juntamente com eles, ia a esperança das garotas de que a detenção não chegasse tão rápido assim.

– Eu tenho pena de vocês. – Sussurra James para a irmã, um sorriso zombeteiro em seu rosto. Ele já havia passado por milhares de detenções, talvez até mesmo houvesse batido o recorde quanto a isso, e sabia muito bem no que as garotas estavam prestes a enfrentar, mesmo que tentasse deixar tudo duas vezes pior.

–Cale a boca. – Revida Lily, apesar de tudo o rastro de um sorriso podia ser facilmente observado em seu olhar. Por mais que discutisse com irmão, sabia que podia contar com ele, até mesmo nas mais difíceis situações.

– O que será que você e o Harrison vão fazer? – Pergunta Heather, olhando com curiosidade para a ruiva. – Vocês estavam limpando bancos, que já acabaram. O que vão fazer agora? – Calando-se por um momento, mas apesar disso, sua linha de raciocínio embaralhando seus pensamentos. Heather Moore era uma pessoa curiosa, isso ninguém que verdadeiramente a conhecia podia discordar.

–Não faço a mínima ideia.

Nos poucos minutos que se seguiram, um silencio absoluto reinou no ar e apenas com ele o pequeno grupo pode finalmente perceber o quão vazio o salão se tornara. Além deles apenas Will e seus amigos podia ser vistos, junto com dois sonserinos que conversavam aos cochichos no outro extremo do salão.

– Acho melhor vocês irem. – Reflete James, levantando-se. O amigo ao seu lado repetindo o movimento.

– Vocês não vão querer saber o que vai acontecer se chegarem atrasadas. – Completa Dawson, se dirigindo para as portas do salão, antes mesmo que as garotas pudessem ao menos dizer uma palavra.

–Ele está certo – Diz James por fim, um ar de sombrio inundando o rosto, mas lá no fundo podia-se ver que tentava com o máximo de suas forças segurar uma grande gargalhada. – Não vão chegar atrasadas. – E com essas últimas e não tão animadoras palavras, o garoto se retirou, desaparecendo de vista escada a cima.

Os dois sonserinos, tão rapidamente quanto os outros dois haviam se retirado do salão, agora deserto, exceto pelos dois pequenos grupos ainda reunidos na grande mesa. Um pequeno suspiro pode ser ouvido ecoando pelo salão. Estava na hora. Elas sabiam que deviam se separar, mas mesmo assim receavam dizer isso em voz alta. E quando finalmente o inevitável acontece, perceberam que não era não terrível, quando aparentava ser.

– Então acho que é isso. – Fala Hugo, aproximando-se juntamente com Sam, das garotas. No exato momento em que Will se dirigia para as grandes portas do salão, onde finalmente puderam distinguir Neville Longbottom, que com movimentos um pouco exagerados estava convidando a ruiva a se aproximar, e foi exatamente isso que ela fez. Mas não antes de sussurrar rapidamente, as poucas palavras suficientes para ajudar um pouquinho as amigas.

“Boa Sorte.”

Era exatamente dela que elas precisavam.