Lyra Evans - E o sangue de Fénix! escrita por KyraSif


Capítulo 1
O começo de tudo


Notas iniciais do capítulo

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A pequena criança chorava alto o que parecia despertar ainda mais a fúria dos seus tios. Estava á um bom tempo a receber chicotadas com o cinto de couro pelas pernas e ele nem sabia porquê!
Sua tia e madrinha – que era a única naquela casa que o tratava com amor e carinho – tinha saído segredando-lhe que iria comprar o seu presente de aniversário de 4 anos. Dudley, o primo de Harry, invejoso como era, mal viu que estava sozinho com o primo mandou um dos seus carrinhos de brincar ao chão e fingiu chorar em desespero culpando Harry de o ter partido, e quando o mesmo negou os seus tios bateram-lhe gritando que era errado contar mentiras.
Entre gritos e lágrimas o menino rezava para que sua madrinha chegasse logo. Com certeza ela iria impedir que batessem tanto nele. A verdade é que ela já suspeitava que o afilhado andava a ser maltratado por Petúnia e Vernon, e chorava cada vez que via as feridas e nódoas negras naquele pequeno corpo. Desde que se mudou para aquela casa, vigiava o sono do menino a partir do momento em que eles passaram a dormir na mesma cama. Tinha medo de se separar dele e Petúnia ou Vernon fazerem-lhe algo de mal. Ela queria livrar Harry daquela maldita casa mas não sabia como, mesmo sendo a sua guardiã legal não tinha condições para o levar e criar. Passava o tempo a trabalhar arduamente, juntando todos os trocos que conseguia e chegou a pedir um empréstimo a uma ou duas amigas que entendiam a sua posição e aceitavam ajudar de bom grado.

Lyra Evans só esperava o momento até a casa que havia comprado por um preço razoavelmente barato estar toda arranjada e mobilada para pegar o menino nos braços e nunca mais aparecerem á frente da irmã e do porco do cunhado. Sem esquecer do sobrinho Duda que apenas sabia comer e chorar.
Chegou a um momento em que a força com que o cinto bateu-lhe foi tanta que o menino caiu para trás batendo numa mesinha que ali estava e uma das jarras de flores que a tia Petúnia dizia que dava classe á casa caiu.
O rosto do homem á sua frente ganhou uma tonalidade avermelhada e ele gritou a plenos pulmões com Harry que cada vez ficava mais assustado, e acabou por sentir um calor familiar nas suas calças largas que um dia foram de Dudley. Só Deus sabia como a criança estava assustava. Chegava a tremer de medo.

— Mas o que se passa aqui!? – Harry ouviu o grito da madrinha e apesar do medo sentiu-se aliviado de ela estar ali.

Os Dursley pararam, e olharam para a porta onde Lyra estava ainda com a mão na maçaneta, e na outra mão trazia um embrulho grande.
Lyra Evans tinha ondas de um reluzente cabelo castanho-dourado que lhe caia sobre os ombros até as ancas. O seu rosto era todo ele curvas suaves e lábios cheios, os olhos de um azul celeste brilhavam de pânico e ódio enquanto lágrimas grossas escorriam por suas bochechas avermelhadas. Trazia vestido uns calções de linho de cor preta nos quais não se conseguiria ver o mais pequeno indício de sujidade, uma camisa de mangas compridas branca com um casaco de ganga escura por cima.
Encarou a irmã e depois o cunhado mas desviava sempre o olhar para o estado de Harry.

— O que pensam que estavam a fazer!? – Praticamente rugiu e abraçou o menino.

— Ly-Lyra…– Petúnia gaguejou chocada por ter sido flagrada a bater no sobrinho – Eu… Nós… Ele tinha que aprender que não deve contar mentiras e partir os brinquedos do meu Dudinha.

Lyra olhou para Dudley com desprezo, sabia bem como o sobrinho era mimado mas isso era tudo culpa dos pais. Acariciava o afilhado que aos poucos se acalmava, e com uma voz gélida capaz de congelar as veias exclamou:

— E perguntaram ao vosso ‘Dudinha’ se o que ele dizia era verdade? Porque a mim, parece-me que ele se estava a divertir com o sofrimento do próprio primo! Acabou! Ouviram bem!? Acabou! – Beijou a testa de Harry várias vezes e pediu-lhe ao ouvido para ir buscar a mochila e o casaco que estavam em cima da cadeira no quarto.

Quando o afilhado subiu ainda um pouco tremulo e choroso, Lyra gritou com todas as suas forças aos quatro ventos, além de ter mandado também bastantes moveis ao chão. Os Dursley assustaram-se , nunca em toda a vida tinham visto Lyra assim, a irmã mais nova de Petúnia e Lilian Evans era sempre pacífica, amorosa e alegre. Talvez até mais do que Lily que era um amor de pessoa. Mas agora estava transformada, chegara até a empurrar a mais velha contra a parede disposta a dar-lhe uma bofetada, mas não fora capaz por mais que aquela cobra merecesse. Era sua irmã e ela tinha respeito por isso.
Os Dursley tremiam e Petúnia chorou falsamente quando a castanha lhes mandou á cara todas as ofensas que tinha entaladas na garganta á muito tempo.
Pegou em Harry, que já tinha descido, trazendo a mochila azul na mão livre, e saiu porta fora sendo seguida pela irmã e pelo cunhado que lhe perguntavam o que iria fazer, mas ela não respondia, apenas abriu a porta traseira do carro indicando a Harry que entrasse o que ele obedeceu rapidamente. Prendeu o cinto de segurança de uma forma que o menino não caísse da cadeirinha que havia comprado, e gritava ainda mais alto quando jogou a mochila no porta malas do Impala 67.

— Como vocês têm coragem de fazer isto a uma criança de 4 anos!? Seus monstros! Como foste capaz de deixar isto acontecer Petúnia!? Ao teu próprio sobrinho!

— Ele… Ele é uma aberração. Uma aberração como os pais também foram um dia.

Lyra ficou chocada. Poderia a sua irmã chegar a um nível tão baixo assim? Ofender Lily e James? Desta vez, não controlou a vontade de dar uma bofetada naquela cara de cavalo que ficou com a marca da sua mão.

— Aberração que tu querias ser, sua idiota! Sempre tiveste inveja da Lily por ela ser mais inteligente que tu, por ser mais amorosa que tu, por ser mais perfeita que tu! Invejaste-a por ir para aquela escola que tu também querias ir quando ela foi convidada, e invejaste-a ainda mais quando ela se casou com James do que com um porco imundo como o teu marido! Desejaste que a tua própria irmã morresse! E ainda chamas aberração aos outros!? Que moral tens tu? Espero que carregues para toda a vida o peso no coração pois a culpa não é de ninguém a não ser de tua! – Respirou fundo ao abrir a porta do carro – Como guardiã legal do Harry vou leva-lo e dar-lhe todos os cuidados que ele nunca teve nesta maldita casa. Arranjem um óptimo advogado porque vão ser processados e não descansarei até vos ver aos dois atrás das grades no mínimo uma dúzia de anos, seus covardes!

Descarregou tudo em cima da irmã, entrou no carro e colocou o cinto, fechando a porta em seguida, e ligou o carro antes de exclamar:

— Lembra-te Petúnia, que além de perderes um sobrinho já tinhas perdido as tuas duas irmãs à muito tempo.

Acelerou deixando os Dursley – e também os vizinhos - a olhar para o Impala preto que se afastava rapidamente.
Lágrimas escorriam de seus olhos azuis borrando um pouco a maquilhagem que tinha posto, Harry olhava-a sem entender o que se passava. Era a primeira vez que via a sua madrinha a sofrer tanto, e a pequena criança estava mais preocupada com a dor da sua tia do que com a própria.
Lyra por sua vez, custava-lhe encarar o afilhado, tinha medo de olhar naqueles olhos verde-esmeralda iguais aos de Lily e ver algum tipo de acusação. Soluços altos saiam do fundo da sua garganta. Parou o carro á frente da garagem da casa que ainda não estava de todo terminada mas ela não se importava com isso. Encostou a cabeça no volante e chorou, o seu corpo balançava-se com força. Como podia ter deixado isto acontecer? O seu menino… Oh, o que ele sofreu na mão daqueles porcos que só sabia lhe atirar areia para os olhos para ela dar um pouco do dinheiro que ganhava.
O que Lilian e James diriam dela? Nem fora capaz de proteger o sobrinho.
Saiu do carro, e abriu a porta traseira desapertando o cinto, abraçando com força o pequeno corpo.

Chorou mais alto, passou o nariz carinhosamente pela bochecha molhada de lágrimas que secavam na pele e inspirou o aroma de maçã dos cabelos negros que estavam despenteados como os de James. Harry ainda tremia o que a fez sentir-se inútil mais uma vez. Era tudo culpa dela.

— Oh meu amor… Desculpa, por favor, desculpa… Eu não… Eu não queria que nada disto acontecesse… Oh meu pequeno! Oh Harry por favor perdoa-me, aqueles estúpidos nunca mais tocarão num único cabelo teu, nunca mais… Tu és meu! Só meu e ninguém te tira de mim… – Apertou-o mais a seu corpo enquanto entrava na casa amarela de dois andares.

Harry olhou tudo em volta, alguns moveis tinham um lençol branco por cima o que ele não entendeu porquê, mas aquele lugar pareceu-lhe maravilhoso.

— Vamos ‘vivê’ só ‘nois’ dois aqui? – Questionou á tia com uma completa confusão em sua mente. Seria possível? Apenas ele e sua madrinha sem os seus tios malvados e o primo? Oh, como era bom imaginar… O seu pequeno coração encheu-se de esperança. Sim, sim, sim, era muito bom.

— Sim meu amor, só nós dois, eu vou cuidar de ti! Prometo.

Lyra beijou-lhe o rosto e perguntou-lhe baixinho se queria ver o seu quarto – que ela fez questão de ser o primeiro a ficar pronto – e quando recebeu uma resposta positiva, ainda com o menino no colo subiu as escadas em direcção á porta vermelha com o nome ‘Harry’ desenhado em letras douradas.
Pô-lo no chão e sorriu alegre:

— Vai em frente…

A criança abriu a porta lentamente e seus olhinhos arregalaram-se de tal maneira que Lyra riu.
As paredes eram todas pintadas em tons clarinhos andando sempre entre o branco e o amarelo-claro com uns desenhos – que Harry identificou como leões - aqui e ali que a própria Lyra tinha desenhado. Tinha uma alcatifa fofa amarela, e Harry desejou poder se deitar nela e rolar para lá e para cá. Havia um baú azul abarrotado de brinquedos de tal modo que muitos ficaram caídos no chão como o aviãozinho e uma ou duas bolas. Tinha um roupeiro branco com várias fotos coladas de Lyra e Harry, Lyra, James e Lily e até fotos dos quatro juntos. Numa das paredes havia um espelho de quase dois metros.
Mas a parte que Harry mais gostou fora a cama. Era grande com lençóis quentes, umas quantas almofadas amontoadas e a colcha era vermelha com um leão grande estampado. Deitou-se nela, e esperou que a madrinha se deitasse com ele.

— É… É… É meu?

— Sim, Harry, a partir de hoje é teu. – Sorriu e continuou – Queres ver a melhor parte?

Harry espantou-se. Havia mais?
Viu a madrinha apagar a luz do quarto, não sem antes mandar-lhe fechar os olhos. Sentiu outra vez o colchão afundar e os braços da mulher rodearam-no.

— Podes abrir. – Sussurrou.

Abriu os olhos e engasgou-se enquanto lágrimas escorriam-lhe pelo rostinho.
Lembram-se de ter dito que a parte que Harry mais gostava era a cama? Estava errada, ele amara simplesmente aquela surpresa. Com todas as luzes apagadas, deitado na cama ao olhar o teto podia ver o céu estrelado… Mas não era só isso, de alguma maneira as pequenas estrelas formavam linhas… E lá estavam eles a sorrirem, e Harry sorriu também. Seus pais… Lilian e James Potter que Harry não se lembrava mas amava-os bem. Todas as noites antes de dormir pedia á madrinha para falar sobre eles o que ela fazia de bom grado e recordava-os sempre com um sorriso nos lábios. E agora eles estavam ali. Oh como eram lindos…

– Estão a olhar por ti… - Sussurrou mais uma vez a madrinha ao dar-lhe um beijo na testa.

Passaram assim um tempo, até que Lyra começou a fazer cocegas na barriguinha do menino que se contorcia de rir.

— Alguém aqui precisa de um banho! – Riu pegando-o no colo e acendeu a luz da mesinha de cabeceira para ver o caminho até á casa de banho.

— Eu te amo – Harry falou com a cabeça enterrada no pescoço cheiroso da tia.

— Eu também te amo meu pequeno.

E quando saíram do quarto, sem mais ninguém a ver, as duas imagens no teto pareceram brilhar com mais intensidade.

Sim, eles estavam a olhar pelos dois.


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