Reach You – Chegar Até Você escrita por MariCross


Capítulo 9
Loving You


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, caras leitoras e caros leitores. Adivinhem quem passou as últimas madrugadas trabalhando na história? Sim, eu: A autora. Esse era para ser o maior capítulo da história inteira, mas eu resolvi cortá-lo no meio e fazer vocês esperarem mais uma semana. Lado bom disso? Uhn... Vai ter um capítulo a mais? Talvez vá ter um extra também, mas garantir tá phoda. Mas acho que são mais três capítulo e essa história acaba. UHUL! Enfim, espero que vocês gostem desse capítulo que tem revelação, tem cena triste, tem cena reflexiva/existencialista, tem cena fofa... Se deixar tem até Freud aí no meio (mentira, tem não). Mas espero que gostem desse capítulo! Boa leitura, pessoas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/481969/chapter/9

“Se as duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz."

Ernest Hemingway

Sua respiração estava acelerada e ele simplesmente não sabia o que fazer para manter o controle. O que ele sabia é que estava com medo. Um medo que nunca sentiu na vida. O que era estranho, porque o sujeito a sua frente não devia causar medo. Na verdade, ele emanava um sentimento pacífico no qual o nosso querido morto fazia questão de ignorar. Afinal, aquela era a morte. Ou melhor, “aquele”.

Você... Você veio me levar de volta para aquele lugar? – Ele disse, lembrando-se do vazio no qual flutuara por muito tempo. Sentia que ficara lá por anos, mas ao mesmo tempo pareciam horas ou minutos. Era algo complexo demais para ele entender.

Obviamente. Você tinha que atingir o fundo, e não nadar para a superfície. Eu entendo isso como um desafio, meu caro, e a Morte não gosta de ser desafiada. – O tom dele era sério e seu olhar penetrante. Ainda sim, ele estava envolto por uma aura de tranquilidade. O que diabos aquilo significava, ninguém saberia dizer – Você realmente achou que ia escapar de mim? Meu caro, eu tenho uma eternidade de experiência com almas desobedientes como você.

E-Eu não pretendia fugir para sempre! Eu... Eu tenho algo para fazer. Não posso partir antes de finalizar minhas pendências neste mundo! – Ele disse juntando toda a sua coragem para confrontar a Morte. E quanta coragem era necessária!

Pendências? Heh... Acho que você viu filmes demais, meu caro. – Akashi disse, rindo sarcasticamente – Quando se está morto, está morto. Se você tinha algum assunto pendente, isso não é problema do ciclo da vida. Os vivos que resolvam o que você tinha de terminar.

N-Não! Eu não posso partir agora... Não sem antes vê-lo! – O morto exclamou, tentando convencer a Morte a lhe dar ouvidos. Obviamente foi em vão.

Não me importa o que você queria fazer. A Morte é absoluta e nada passa dela. Você não será diferente, meu caro. – Akashi disse estendendo a mão para o outro, que a encarou confuso – Agora, venha comigo por bem ou por mal, você escolhe. Em nenhum dos casos você conseguirá fugir.

P-Por favor... Só deixe-me vê-lo! Só uma última vez e assim irei com você sem pestanejar! – As lágrimas começavam a brotar de seus olhos. Ele ao menos tinha que tentar.

Quem você quer tanto ver, meu caro? Devo lhe avisar que você já está morto há bastante tempo. Ninguém mais se lembra de você. E mesmo que se lembrasse, ninguém poderá vê-lo. É um desperdício do seu e do meu tempo. – Akashi disse no tom mais frio que conseguiu arranjar.

Não importa. Eu só preciso vê-lo uma última vez e partirei em paz. – Ele disse afirmativamente, enxugando as lágrimas e, mais uma vez, confrontando a Morte – Então por favor, Akashi-san! Deixe-me ver o meu amado mais uma vez!

O tal Akashi ficou em silêncio por um tempo, encarando a alma na sua frente. Seus olhos de cores diferentes pareciam penetrar cada parte do que restava do morto, enquanto refletia sobre o que fazer ou deixar de fazer. Aquele silêncio estava matando o rapaz (de novo?), que começou a roçar uma mão na outra nervosamente. Até que finalmente a Morte resolveu se pronunciar.

Só ver o seu amado mais uma vez e você aceita vir comigo sem reclamações, correto? – Akashi disse cerrando os olhos com um tom desconfiado.

Isso mesmo! E-Eu irei com você assim que eu puder vê-lo uma última vez.

Não tente enganar a morte, entendeu? Será muito doloroso se você quebrar a sua promessa comigo, garoto. – A Morte disse emanando uma aura um pouco agressiva – E para evitar situações desagradáveis, eu irei com você.

O-Obrigado! Eu fico muito agradecido! – Ele disse abrindo um sorriso, como há muito não fazia, e abraçou Akashi, que ficou sem graça, percebendo que não sabia o que fazer.

Erm... Tudo bem... Só se afaste, por favor. – Akashi disse rispidamente, tentando se afastar do rapaz que era muito maior que si. Quando conseguiu, pigarreou antes de retomar seu discurso – Agora, tem alguma ideia de onde ir?

Na verdade, não tenho ideia alguma... – O maior disse em um tom desanimado – Para falar a verdade, tenho pouquíssimas lembranças do passado, então já acho muito difícil apenas me localizar.

Obviamente você tem poucas lembranças, já que flutuou no limbo por um bom tempo. Você já estava quase chegando no fundo, então me admira que você ainda lembre de alguma coisa.

Limbo...? O que é isso? – O rapaz perguntou confuso.

Era o lugar que você estava até agora. – Akashi disse, fazendo com que o outro entendesse que o “Limbo” era o vazio do qual escapou – Dizemos que é um local de purificação das almas, mas também de julgamento. A medida que alguém vai afundando, suas memórias vão sendo retiradas e avaliadas. Assim verificamos que tipo de pessoa aquela pobre alma foi e resolvemos o que fazer com ela depois.

Como mandar para o céu ou o inferno? Ou talvez alcançar um Nirvana, plano espiritual? – Ele perguntou confuso. Ele realmente estava com medo do que aconteceria com ele.

É muito mais complexo que isso. Complexo demais para alguém que ainda não foi completamente purificado. Eu nem deveria estar falando com você sobre isso, então não pergunte mais. – Respondeu como se encerrasse aquele assunto de vez – Mas eu acho que sei para onde te levar.

Você sabe?! – O rapaz disse surpreso, mas feliz.

Claro. Eu sei de muitas coisas que você nem imagina, então vamos logo porque eu tenho que te levar de volta. – Se pronunciou, começando a andar, indicando que caminho tomar – Não fique para trás e não tente nenhuma gracinha para escapar de mim, entendeu? Eu sou um ótimo caçador.

E-Eu jamais pensaria nisso, senhora... Senhor Morte? Q-Quero dizer, Akashi-san. – Respondeu seguindo o menor.

Falta pouco agora... Eu quero vê-lo e nada vai me impedir agora.” ele pensou determinado, mas feliz por finalmente ter a oportunidade de reencontrar seu amado.

. . .

– Mãe... – Kuroko disse, deixando agora que rolassem mais lágrimas de tristeza, mas também alegria por reencontrar uma das pessoas que mais amou em vida.

Aquela única palavra dita em um sussurro chamou a atenção de Aomine, que finalmente notara tamanha semelhança entre os dois. Ele ficou boquiaberto enquanto encarava a mulher. Tetsuya era, com exceção aos olhos, igual a sua mãe: O cabelo macio azul claro, a pele clara que reluzia ao sol, o sorriso que, nem tão largo nem tão pequeno, conseguia cativar, o porte pequeno, um pouco da falta de presença... Era quase Tetsuya com um corpo feminino...

Mas os olhos escuros e fundos distorciam toda a imagem do rapaz. Por aquele detalhe, Aomine quase não identificara que os dois pudessem ter algum parentesco.

– Ah, me desculpe... Devo ir andando. Deixei minhas sacolas de compras jogada no meio da rua para correr atrás dele. – A mulher apontou para o cachorro um pouco corada – Agradeço a sua ajuda, mas agora devo ir. Tenha um bom dia.

Ela colocou a coleira do cachorro e o conduziu à direção oposta de Tetsuya e Daiki, que ficaram encarando a partida em silêncio. De repente, o azulado empurrou o maior enquanto enxugava as lágrimas que caíam.

– Por favor, vá atrás dela. – Foi o que ele disse.

Sem pensar duas vezes, o moreno correu atrás da senhora com seu cachorro gritando “Espere um pouco!”, assustando-a. Quando se aproximou novamente dela, Daiki percebeu que nem sabia o que falar para ela. Afinal o que ele falaria? “Sabe o seu filho? Aquele que morreu? Pois é, a alma dele está bem aqui do meu lado”? Não, tinha uma probabilidade muito pequena daquilo acontecer.

– Você precisa de alguma coisa, meu jovem? – Ela perguntou, tombando a cabeça para o lado com uma expressão confusa.

Pense rápido, Daiki! Você precisa passar um pouco mais de tempo com ela pelo Tetsu!” sua mente exclamava, sentindo que o menor estava o observando com uma expressão esperançosa.

– Ahn... Você disse que estava com sacolas de compras, certo? Gostaria de lhe oferecer um pouco de ajuda para carrega-las. – “Ótima desculpa! Me senti um gênio...” pensou aliviado.

– Não se preocupe, eu dou conta de tudo direitinho. – Ela sorriu de volta – Muito obrigada pela sua gentileza, rapaz.

– E-Eu insisto! – Daiki não levaria um não para casa – Ahn... D-Deve ser difícil carrega-las enquanto conduz um cachorro. Ainda mais um filhote, que é imprevisível.

Mergulhando em um silêncio reflexivo, a azulada ficou encarando o rapaz em sua frente, imaginando se ele era realmente confiável. Jovens naqueles dias não eram tão educados ou não tinham um comportamento de ajuda. Era tão raro achar um que daquele jeito que os adultos até ficavam um pouco desconfiados. Mas ainda sim, ela ficou lisonjeada com a atitude do rapaz.

– Se insiste, eu agradeço sua ajuda. – Ela sorriu, conduzindo o rapaz para onde estavam as sacolas – Isso não é uma tentativa de flertar com uma mulher mais velha, certo? – Disse aquilo, ela riu suavemente, deixando Aomine completamente corado.

– N-Não, s-senhora! Ja-Jamais p-pensaria nisso! – Disse aquilo com o rosto mais vermelho que um tomate, pegando as várias e várias sacolas de compra do chão. O pior é que realmente estavam pesadas, fazendo com que ele engolisse seco.

– Ah... Se metade dos adolescentes de hoje fossem como você, o mundo seria um lugar tão melhor, não é, Nigou? – O cão latiu alegremente em resposta – Qual é o seu nome, rapaz?

– Aomine Daiki, senhora...? – Perguntou fingindo não saber a resposta.

– Kuroko. – Estranhamente, ou nem tanto, não falou seu primeiro nome.

Os quatro caminharam em silêncio na maior parte do tempo, e às vezes a mãe de Kuroko fazia algum comentário sobre o tempo ou sobre a vizinhança. Tetsuya ficou o tempo todo andando ao lado de sua mãe como, conforme se lembrara, fazia em vida. Geralmente em tardes como aquela, ele carregaria as sacolas para sua mãe enquanto ela conduzia Nigou, que pulava alegremente de um lado para o outro atrás de uma borboleta qualquer ou qualquer outro animal.

– Você tem irmãos, Aomine-san? – Interrompeu novamente a quietude do local.

– Não, senhora. Sou filho único. – Respondeu – E a senhora... Hm... Tem filhos? – “Muito bom, Aomine Daiki. Toque num assunto delicado para ela.” pensou se arrependendo no mesmo segundo que soltara aquela frase.

– Eu tinha um filho. Vocês devem ter a mesma idade, e a julgar pelo uniforme, vocês até iriam para a mesma escola. – Ela sorriu fracamente, sem olhar para o maior – Mas não sei se quero falar sobre isso, sabe?

– D-Desculpe. Foi indelicado da minha parte perguntar! – Aomine tentou se redimir.

– Não tinha como você saber, meu jovem. Não se preocupe tanto com isso. – Ela disse voltando a ficar em silêncio.

Os dois não conseguiram mais conversar o resto do caminho, instalando-se agora um silêncio pesado e deprimente. Tetsuya parecia não se importar muito com aquilo, estava apenas apreciando a companhia dos vivos ao seu redor. Nigou também parecia indiferente àquilo, enquanto pulava de um lado para o outro, tentando alcançar uma mariposa.

De repente, eles pararam em frente a uma casa na qual o azulado reconheceu de imediato. Afinal, nós jamais esquecemos do lugar onde crescemos. As memórias podem até ficar confusas a medida do tempo, mas nunca são esquecidas completamente. Ele queria poder falar “estou de volta”, mas parecia errado. Era como se ele não pertencesse mais àquele lugar, o que era verdade.

– Bom, obrigada por sua gentileza, meu jovem. – Tomando as sacolas da mão de Aomine, a mulher agradeceu e rumou com o cachorro em direção a casa.

Mas antes que ela pudesse desaparecer porta adentro, Daiki a impediu mais uma vez, segurando a barra de seu casaco. A azulada o encarou confusa até que o rapaz se pronunciou.

– V-Você... É a mãe de K-Kuroko Tetsuya, certo?

Daiki sabia a resposta. Na verdade, ele não tinha dúvida alguma, mas não era por aquele motivo que perguntara.

– Ah... Então você conhecia o meu filho. – Ela sorriu de maneira entristecida – Por isso que me ajudou com as sacolas... A juventude está perdida mesmo. – Dizendo aquilo, ela riu fracamente.

– E-Eu gostaria de vê-lo.

Por mais que ele estivesse satisfeito com Tetsuya ao seu lado, ele sabia que era algo temporário. Então ele queria, pelo menos, saber onde ficar para poder lamentar por seu amigo quando este partisse. A senhora ficou o encarando por alguns segundos antes de responder friamente um “não”.

– Por favor, deixe meu filho descansar em paz. Eu também preciso disso.

Dito isso, ela bateu a porta na cara do rapaz, deixando-o sozinho com Tetsuya, que encarava aquela situação com sua expressão neutra. Os dois ficaram encarando a porta por um tempo, mas logo partiram para a casa de Aomine em silêncio.

Daiki não sabia o que falar ou fazer. Talvez nem precisasse, mas aquele silêncio todo estava o deixando desconfortável. Ele queria poder fazer alguma coisa, mas o que faria?

Foi ai que se surpreendeu quando o menor agarrou sua mão, enlaçou seus dedos com os dele, e continuou andando como se aquilo não fosse nada de mais. O maior entendeu que aquele era o seu jeito de dizer “eu estou bem”. Mas ainda sim, não conseguiu impedir que sua face adotasse uma coloração mais avermelhada do que o normal.

Enquanto eu estiver com você, está tudo bem, Aomine-kun.” o rapaz pensou dando um meio sorriso para o vazio.

. . .

– Parece que meus pais viajaram juntos esta manhã, Tetsu...

– Sim, recordo-me de ter visto algumas malas na sala.

– Então eu posso estender o colchão aqui no chão hoje sem me preocupar... Você pode ficar com a cama, se quiser...

– Não precisa. Eu estou confortável assim.

Mas eu não estou nem um pouco!” a mente de Aomine exclamou enquanto o rapaz estava paralisado na cama. Sim, os dois estavam juntos de novo na mesma cama, e dessa vez não fora sugestão do moreno.

Muitos pensariam que naquele momento ele estava desconfortável pelo fato de ter que dividir a cama com uma pessoa do mesmo sexo, mas não era bem isso. Aomine Daiki estava desconfortável com o fato de que seu coração não parava de bater numa velocidade absurda e com o fato de que seu rosto nunca esteve tão vermelho em toda a sua vida. Por esse motivo, ele não conseguia nem ao menos encarar seu amigo, e exatamente por isso estava de costas para ele.

– Você está bem, Aomine-kun? – Tetsuya perguntou com o seu usual tom inexpressivo, mas como o moreno o conhecia muito bem, ele sabia que ali em sua fala escondia-se uma pequena provocação.

– E-Eu estou ótimo! – Respondeu de imediato – Então vamos dormir, certo?

Mas por mais que tentassem, em hora nenhuma o sono veio para nenhum dos dois. E o pior é que não podiam nem se dar ao luxo de se revirar na cama, com medo de acordar ou até incomodar o outro. Ficaram ali, só ouvindo a respiração um do outro, esperando que o sono chegasse logo.

– Tetsu, você ainda está acordado? – Aomine perguntou sem se virar para encarar o menor.

– Estou. Não está conseguindo dormir, Aomine-kun? – Tetsuya disse quase que num sussurro.

– Parece que não. – Começou a falar – O que é estranho, porque geralmente eu durmo rápido e o meu sono é de pedra.

– Eu tenho sono leve. Ou pelo menos tinha. Desde que morri, tenho tido boas noites de sono. – Refletiu um pouco o azulado.

Os dois mergulharam no silêncio, sem saber o que dizer um para o outro. Talvez não precisassem dizer nada, mas naquele momento eles sentiam a necessidade de preencher aquele vazio.

– Ei, Aomine-kun. – Essa foi a vez do azulado puxar conversa.

– O que é? – Aomine respondeu logo depois de um longo bocejo.

– O que você acha que tem do outro lado?

Silêncio. Não pesado, apenas silêncio. Um silêncio reflexivo, talvez. Este pode ter durado apenas alguns minutos ou a eternidade, mas nenhum dos rapazes realmente saberia dizer quanto tempo eles ficaram calados, apenas pensando.

– Do outro lado? Como assim? – Daiki finalmente respondeu. Claro que ele tinha entendido o que o rapaz perguntou, mas estranhamente queria desviar daquela pergunta.

– Você sabe... É uma maneira de dizer “quando você passa desta para uma melhor” ou algo assim.

Como Tetsuya era direto demais, não tinha como escapar de suas perguntas. Daiki nunca conseguiu desviar de uma sequer desde que se conheceram. Era umas das habilidades do azulado, pensava ele.

– Ah. Bom, até ontem eu acreditava que tinha algum paraíso, mas hoje não sei mais. – Tentou ser o mais honesto possível.

– Por que?

– Porque você está aqui, eu acho. Ou talvez porque a ideia de ir para um paraíso quando a gente morre me parece idiota. – Refletiu – E no que você acredita?

– Eu acreditava em algum tipo de longa caminhada, como penitência por quem você foi em vida. Depois de se redimir, você voltava para cá. E acho que estava certo.

– Como assim?

– É porque eu estou aqui. Vai que eu tenha que estar caminhando e ao invés disso estou aqui com você? – Deu os ombros, como se aquilo não fosse tão importante.

– Isso não faz sentido nenhum, sabia? – Zombou o outro, segurando uma risada fraca.

– Eu imaginei... Mas acho que estou feliz assim. Estou feliz por ter te encontrado. Estou feliz por poder estar com você. – O azulado respondeu sorrindo genuinamente. Uma pena que Daiki não estava olhando. Estava perdendo uma boa visão.

– Você sabe dizer umas coisas bem embaraçosas às vezes, Tetsu. – O maior disse sentindo seu rosto começar a queimar novamente. “Droga, ele sempre me deixa assim!” pensou irritadiço.

– Só estou expressando algo que estou sentindo. Estou morto, então não tenho nada a perder, certo?

– É uma forma meio deprimente de se pensar. – Suspirou pesadamente – Mas também estou feliz por estar com você. – Dizendo isso, um sorriso brotou se maneira quase inconsciente em seus lábios.

– Você mente muito mal, Aomine-kun. – Menor riu.

– Eu não estou mentindo. Eu gosto muito de você. – Ele disse com convicção. E esta não durou por muito tempo, pois logo em seguida ele compreendeu o peso de suas palavras e tentou redimir-se – Q-Quer dizer, e-eu go-gosto m-mu-muito da s-sua companhia! É...! Eu adoro a sua companhia!

– Ahn... Eu também? – O rapaz respondeu sem graça, mas tentava segurar o riso para não envergonhar ainda mais o amigo. Mesmo no escuro, ele quase conseguia enxergar seu amigo com vergonha do que dissera.

E foi naquele momento que Kuroko sentiu que precisava preencher aquele espaço vazio entre os dois. Ele queria poder senti-lo, nem que fosse por um momento. Por isso, o menor envolveu seus braços no tórax de Aomine e encostou sua cabeça em nos ombros largos do maior.

– Oe, T-Te-Tetsu! O que diabos você pensa que está fazendo?! – Aomine ficou mais do que corado assim que sentiu o menor o abraçando por trás.

Era uma sensação nova, diferente de qualquer uma que ele já tinha sentido antes. Tetsuya, ao contrário de si, não era quente, mas também não era frio. Com certeza, era difícil de explicar. Era como se ele estivesse presente e ausente ao mesmo tempo. Ainda sim, era algo bom de se sentir.

– Estou te abraçando. Não posso? – O menor respondeu como se fosse óbvio.

– N-Não é que você não pode... V-Você n-não fica com v-vergonha?– Aomine agora sentira suas orelhas ficando extremamente quentes. Imaginou se aquilo era normal.

Definitivamente não!” completou em pensamento.

– Não, eu estou bem. Mas se estiver te incomodando, eu posso parar.

– T-Tudo bem... Não tem problema... – Dizendo aquilo, ele refletiu um pouco. Imaginou se Kuroko conseguia ouvir o ritmo acelerado de seu coração naquele momento –V-Você está feliz?

– Muito. – Respondeu com um sorriso preenchendo a face.

– E-Então tu-tudo bem. Bo-Boa noite, T-Tetsu.

– Boa noite, Aomine-kun.

Acho que chamariam isso de amor, certo?” Aomine pensou antes de cair completamente no mundo dos sonhos.

. . .

Assim que o despertador tocara na manhã seguinte, Aomine percebeu que acordara sozinho. Não havia nenhum sinal do fantasma em lugar nenhum de seu quarto, por isso o rapaz nunca se sentiu tão desesperado em toda a sua vida. Chamou por ele uma vez, mas não obteve resposta. Chamou uma segunda vez e ainda nada.

Começou a sentir-se tonto. Assustado. Até começara a hiperventilar de tão tenso que estava. Sua visão estava turva. Ele precisara sair dali e encontrar Tetsuya ou teria algum ataque.

Ele não pode ter partido!” era a única frase coerente que flutuava em sua mente no meio de um turbilhão de pensamentos desordenados e inconstantes.

Saiu de seu quarto correndo e desceu as escadas como um raio, alcançando a cozinha em segundos. Ficou encarando o local vazio por um tempo, tentando encontrar sinais do rapaz ali. Mas ninguém estava lá.

Caiu de joelhos no chão da cozinha, tremendo e hiperventilando. Aomine suava frio. Queria que aquilo fosse um pesadelo. Queria acordar, mas por mais que se beliscasse, ele continuava ali. Já estava ficando desesperado quando...

– Aomine-kun, você está bem?

Tetsuya estava ao seu lado, com uma expressão preocupada. Naquele exato momento, o rapaz começou a se controlar, envergonhado de aparecer naquele estado para seu amigo. Enxugou o suor da testa e penteou os cabelos com as mão para parecer mais apresentável.

– Tetsu... Onde você estava...? – Disse com a respiração ainda acelerada.

– Eu estava na sala, vendo álbuns de foto. Eu acordei muito cedo hoje, então resolvi fazer algo. – O azulado se explicou – O que aconteceu com você?

– N-Nada. Não se preocupe com isso. – Ele se levantou e caminhou de volta para a sala de estar, onde alguns álbuns de fotografia estavam abertos no chão.

– Desculpe, tomei a liberdade de vê-los. Espero que não se importe.

– Sem problemas. Só vamos coloca-los no lugar agora porque precisamos nos arrumar para a escola. – Começou a pegar os pesados cadernos do chão.

De repente, uma foto caiu de um dos álbuns chamando a atenção de Kuroko. Nela, Aomine sorria de uma maneira que talvez ele só tenha presenciado uma ou duas vezes. Ao seu lado, um jovem sorridente passava o braço pelo pescoço do moreno, enquanto este fazia o mesmo. Pela proximidade, percebia-se que os rapazes eram amigos íntimos.

– Você parecia bem feliz nessa época... – Tetsuya disse recolhendo a foto do chão – Esse é o Kagami-kun? Eu ainda nem sei como ele é...

Aomine foi checar que foto o rapaz estava olhando e de repente seus quase multiplicaram de tamanho. Em um segundo, capturou a imagem das mãos do rapaz e colocou de volta no álbum de fotografias com certa pressa, como se quisesse enterra-la de algum modo. Aquela atitude surpreendeu e muito o menor, mas não de maneira positiva.

– Vamos nos arrumar para a escola, certo? – Ele disse, querendo mudar de assunto.

– Aomine-kun... Quem era aquela pessoa? Ele te fez mal? – O rapaz perguntou preocupado.

– Eu não quero falar sobre isso, Tetsu. – Disse aquilo subindo as escadas, sem nem ao menos olhar para trás – Aquela pessoa me abandonou e eu não tenho nada a dizer sobre isso.

Como eu já imaginava, eu ainda não superei isso...” Aomine pensou assim que entrou em seu quarto, deixando na sala um Kuroko sem palavras para o que tinha acabado de acontecer.

Afinal, o que tinha acabado de acontecer?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero saber quem entendeu. Espero que todo mundo. Se não entenderam, me perguntem que eu farei o favor de não responder. HUSUHAUH Ou vou pedir carinhosamente para vocês lerem sáporra de novo até entender (vão ter que ler outros capítulos de novo também. Eu falei que as partes em itálico eram as mais importante da história, bonitas e bonitos. Porque cês não acreditam em mim, grandiosa autora?).
Bom, entendedores entenderão. Espero que tenham gostado do capítulo que eu passei a madrugada passada fazendo (falo sério, eu não dormi). Fiz com carinho!
Se quer me mandar críticas (construtivas ou não), comentários, dúvidas, ideias novas, erros de português que eu cometi, mensagens inspiradoras, recadinhos amorosos, dicas de beleza (das quais estou necessitada), me mandar pro inferno, falar que está com vontade de morrer, de chorar, de cantar uma bela canção, ou simplesmente falar que gostou ou detestou a história, a minha caixinha de comentários estará sempre a disposição de vocês, leitoras e leitores.
Espero os remanescentes para o próximo capítulo! RAWR~ Até o próximo! Com carinho,
—MC