Reach You – Chegar Até Você escrita por MariCross


Capítulo 4
Monopolizing You


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, caras leitoras e caros leitores (caso existam). Estou aqui, digitando para vocês neste momento enquanto estudo freneticamente com meu livro aberto do meu lado já que eu tere prova amanhã. Não é lindo? Eu sei. Eu até pensei em não passar o dia inteiro escrevendo e concentrar na prova, mas como fui irresponsável a semana toda e nem olhei para a história, decidi ter inspiração para terminar tudo hoje (digo, ontem. Já viramos o dia). Enfim, aproveitem o capítulo enquanto eu me lasco na prova (brincadeira gente, eu acho que eu sei alguma coisa).



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“O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.”

Marcel Proust

Mal podia acreditar em seu avanço: Antes, não conseguia nem ao menos mexer a ponta dos dedos, mas agora já tinha um controle muito maior do corpo, a ponto de movimentar, ainda com dificuldade, braços, pernas e pescoço. E o melhor era que começara a criar mais resistência e se sentia menos cansado. Não é como se não estivesse exausto com todo o esforço que fizera, mas podia sentir-se um pouco mais disposto a continuar.

Infelizmente não sabia quanto tempo se passara desde que começara. Podiam ser minutos ou horas, mas ele simplesmente não saberia dizer. Aquele lugar era um vazio atemporal, com certeza.

Começou a movimentar as pernas mecânica e vagarosamente, dando pequenos chutes no nada. Como consequência, saiu um pouco do lugar, o que o deixou muito surpreso. Aquilo ainda não tinha acontecido, então ele com certeza foi pego desprevenido. Era como se ele pudesse nadar numa enorme e profunda piscina.

Fez alguns movimentos mais ousados com as pernas, começando a fazer com que ela adquirissem alguma velocidade e o levassem para um pouco mais longe de seu ponto inicial. Aquilo o deixou extremamente cansado, mas os resultados o agradaram muito. Ele finalmente saíra do lugar e estava reagindo. Mas é claro que ainda não estava completamente satisfeito. Ainda tinha muito a se fazer.

Com um pouco de esforço, saiu de sua posição unicamente horizontal e estendeu-se verticalmente, encarando o ambiente. Foi naquele momento que percebeu que aquele vazio não era tão incolor quanto imaginava. Acima de si havia a luz e abaixo, a escuridão. Ele estava provavelmente no meio, onde as coisas pareciam ser mais neutras. Infelizmente, aquele parecia ser o meio entre a vida e a morte. Não poderia ficar ali para sempre esperando algo acontecer.

Certa vez lhe disseram que quando morremos, jamais devemos caminhar para a luz, por mais que ela nos atraia. Dizem que depois que ela o absorve, já não tem mais volta e você estará morto. Até seguiria o conselho dos vivos e pegaria a rota para a escuridão se não tivesse visto que poderia nadar por ali.

Ele agora associava àquele lugar não como uma piscina, mas talvez como o oceano. Para baixo ficava seu fundo, onde a luz do sol não podia chegar e a escuridão reinava. Para cima ficava a superfície, onde tudo é iluminado e a esperança se faz presente.

Não sabia porque, mas aquela explicação parecia fazer muito mais sentido do que aquelas que ouvia quando ainda caminhava entre os vivos. Apesar de nervoso e um pouco assustado, nada mudaria se ele não fizesse algo. Que ele pelo menos morresse tentando.

E com a determinação de ver o seu amado novamente, ele começou a bater as pernas e impulsionar seus braços, movimentando seu corpo em direção à luz.

Só esperava que sua intuição estivesse certa.

. . .

“Ele está de mau humor.” foi a conclusão que Kuroko tirou ao avaliar o amigo que bufava ao longe, enquanto estavam no telhado durante a hora do almoço. Não podia deixar de compará-lo com uma criança naquelas situações: Quando estava daquele jeito, parecia um garotinho marrento que fazia birra a partir do momento que as coisas não saiam do jeito dele.

O maior estava deitado no chão virado de costas para o azulado no canto oposto do local, resmungando baixinho. O que o menor podia fazer além de suspirar pesadamente diante daquela cena ridícula? Pelo menos estava acompanhado do livro “Contos de Imaginação e Mistério”, um de seus preferidos. Aguentou por muito tempo aquele silêncio constrangedor, mas em algum ponto desistiu e decidiu quebrá-lo.

– Até quando você pretende ficar assim, Aomine-kun? – Perguntou num tom neutro, mas cansado.

– Ficarei assim até ficar satisfeito. – Ele murmurou irritadamente.

– E isso vai demorar? – Tetsuya perguntou com um tom esperançoso na voz.

– Vai. E muito. – Aquilo cortou qualquer esperança que o azulado tinha de ser perdoado pelo moreno, mesmo que ele não tivesse feito nada de errado.

– Você sabe que não tem motivo para ficar desse jeito.

– E você sabe que eu tenho motivos de sobra. – Aomine disse sem nem encarar o amigo.

– Ora, vamos. Ele não é tão ruim assim.

Nesse momento, Aomine se levantou em um pulo e caminhou na direção do azulado, parando bem em frente a ele, encarando-o de cima para baixo, com um olhar furioso.

– “Não é tão ruim assim”? Tetsu, eu sinto uma vontade horrível de socá-lo a cada vez que ele abre a boca para pedir desculpas por qualquer coisa. – Exasperou – E você ainda faz o favor de chamá-lo para almoçar com a gente?

– Sakurai-kun parece muito sozinho.

A verdade era que Aomine não aguentava mais ouvir o nome ou ver a cara daquela criatura. Desde que o salvara dos valentões da escola, ele se apegou à Aomine e principalmente à Kuroko. O maior estava definitivamente arrependido de seu feito heróico: O menor o garantiu que se não o ajudasse naquele hora, ele não ia conseguir dormir com a culpa, mas Daiki não conseguia fazê-lo de qualquer jeito. Tinha pesadelos com o rapaz pedindo desculpas e mais desculpas.

Sakurai Ryo procurava pelo azulado nos intervalos, fora de sala, dentro de sala, antes ou depois das aulas começarem e às vezes até o acompanhava a lugares inusitados, como o banheiro. E agora pediu para almoçar com ele. Aquilo estava deixando Aomine louco.

Quem esse maldito pensa que é? O Tetsu é meu amigo, não dele.” Aquela frase repetia-se na mente do rapaz. Às vezes se perguntava se era normal querer monopolizar um amigo àquele ponto. Talvez sim, até porque Kagami já fora assim em uma época.

Kuroko também ficou de pé, encarando o maior calmamente. Uma das coisas que Aomine percebera com o tempo que passara com o pequeno era que ele raramente se comunicava com as expressões. Era como se houvesse uma lacuna no quesito “linguagem não-verbal”. Mas aquilo era estranhamente substituível pelos tão expressivos olhares de seu amigo. Ao olhar com cuidado, é possível perceber as exatas emoções que azulado sentia, apenas de uma maneira bastante sutil.

E naquele momento, o olhar de Kuroko era calmo, mas com um toque de divertimento.

– Você está achando isso engraçado, é? – O maior resmungou, fazendo algo parecido com um bico.

– Um pouco. – Admitiu dando os ombros, segurando-se para não rir – Mas prometo que essa será a primeira e última vez que faço isso, já que você ficou tão chateado.

– Assim espero. – Ele bufou em resposta e finalmente se sentou, indicando ao menor que sentasse com ele também.

– Aomine-kun tem um lado bastante possessivo. – O menor deixou a frase escapar enquanto sentava-se ao lado do amigo.

– Eu não sou possessivo. Sou cuidadoso com as pessoas que tentam entrar no meu círculo de amizades. – Por um lado, Aomine não mentia. Era raro ele deixar alguém se aproximar dele e antes disso, a pessoa passaria por uma avaliação. Taiga passou por uma, agora ele ajudava a fazê-las.

Por outro lado, Aomine mentia. Talvez não conscientemente, mas mentia. No fundo, ele não queria que ninguém se aproximasse de Tetsuya. Nem mesmo Kagami, o que definitivamente não era normal. Ele não entendia o porque, mas não iria contra o seu ego e continuaria daquele jeito.

Os dois permaneceram em um silêncio confortável, sentados um do lado do outro. Kuroko folheada o livro calmamente enquanto Aomine espiava algumas frases. O conto que lia era extremamente agoniante e não esperançoso. Ficou imaginando como o menor conseguia ler daquele forma tão impassível e fria.

– Qual é o conto que está lendo agora?

– “O Poço e o Pêndulo”.

– Parece horrorizante.

– E é, um pouco.

A tentativa de conversa foi completamente quebrada quando ouviram a porta que dá acesso às escadas de emergência sendo escancarada. O barulho chamou-lhes a atenção e de lá apareceu o rapaz magro e um pouco alto, que já entrara no ambiente pedindo desculpas.

– Sente-se conosco, Sakurai-kun. – Kuroko disse simplesmente.

Espero que ele só tenha vindo aqui para avisar que não vai poder ficar.” foi o que Aomine desejou do fundo de seu coração.

O rapaz sentou-se ao lado do azulado e ficou calado por um tempo, estranhamente. Aquilo poderia ser chamado de “O efeito tranquilizante de Kuroko Tetsuya” ou “Algum problema na vida de Sakurai Ryo”. E olhe que aquele rapaz já tinha problemas demais.

– Aconteceu alguma coisa? – O mais estranho foi que Aomine foi o primeiro a perguntar. Claro que aquilo não significava que eram amigos, mas se fosse algo ligado a bullying, a história era outra.

O rapaz ficou alternando seu olhar de Aomine para Kuroko, de maneira um pouco nervosa. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, para falar a verdade, mas Sakurai acabava nunca falando o que estava o incomodando e voltava a tagarelar qualquer coisa relacionada a sua baixa auto-estima.

– Ah, desculpe-me! Não se preocupe com um verme como eu. – Às vezes Aomine imaginava se Sakurai pedia para apanhar dos valentões da escola, devido a sua baixíssima auto-estima.

– Não fale assim de si mesmo, Sakurai-kun. – Kuroko parecia ser o único a se importar com aquilo – Você sabe que não é assim.

No mesmo instante, o rapaz ficava quieto encarando o azulado com intensidade. Era um olhar de respeito ou até mesmo admiração, mas tinha algo mais ali que Aomine não conseguia identificar.

Os três almoçaram calmamente, enquanto conversavam. Ou melhor, brigavam. Ou melhor ainda, enquanto Aomine brigava com Sakurai e este pedia desculpas. O menor apenas observava a cena, divertindo-se com a situação.

– Vocês parecem se dar muito bem. – Ele comentou como quem não quer nada.

– Jamais. – Resmungou o maior, que agora encarava feio o amigo. Em seu olhar, ele quase gritava “Não me provoque, Tetsu”. Kuroko fingiu que não entendeu.

– Mas Sakurai-kun gosta bastante do Aomine-kun, certo? – Ele atiçou o menor e é claro que ele respondeu à altura.

– Sim, claro! Aomine-san é uma pessoa incrível, o exato contrário de mim! Desculpe-me! Eu o admiro muito, não só por seu talento, mas por sua admirável pessoa, e não mereço estar na presença dele. Peço desculpas por isso!

Uma coisa que conseguia deixar Aomine menos arisco e hostil com uma pessoa era genuína admiração e respeito. Ele sabia quando era um sentimento verdadeiro ou quando a pessoa só estava fingindo para se aproveitar. Foi desse jeito que ele deixou com que Taiga se aproximasse dele.

E agora, ouvindo o rapaz pronunciar aquelas palavras, ele não via um pingo de fingimento ou segundas intenções. Foi naquele instante que ele se desarmou diante de Sakurai e resolveu dar-lhe uma chance.

– Não é para tanto... – Ele respondeu virando o rosto, tentando esconder o embaraçamento.

– Aomine-kun é, além de possessivo, bastante egocêntrico e narcisista. – Novamente, Kuroko dizia aquilo atacando o ego de seu amigo, divertindo-se um pouco.

– Isso é verdade, Aomine-san? – Sakurai parecia, no mínimo, surpreso – Desculpe-me, todos tem seus problemas, mas continuo admirando-o muito! Perdoe-me por me intrometer...

– Eu não sou nada disso! E por favor, cale a boca, Sakurai. Você está piorando as coisas. – Aomine agora estava vermelho como um tomate pelos comentários daqueles dois.

– Desculpe-me, eu só estrago tudo! – Lágrimas pesadas se formavam nos olhos do rapaz, então ele levantou-se e começou a fazer várias pequenas reverências para Aomine – Eu jamais deveria ter nascido! Desculpe-me, eu sou um verme!

Aomine tentou acalmar o rapaz, dizendo que não foi aquilo que ele queria dizer, enquanto o outro estava tendo uma crise de choro e desespero. Quase se atirou do telhado, numa reação um pouco exagerada. Kuroko continuava sentando encarando os dois com um pequeno sorriso estampado no rosto. Tão pequeno que talvez pessoas normais não veriam, só aquelas mais observadoras.

Eu sabia que seria uma boa ideia trazer Sakurai-kun para cá.” o azulado pensou enquanto encarava os dois, que corriam um atrás do outro. Ele não podia deixar de se sentir muito feliz por ter uma pessoa como Aomine Daiki a seu lado.

Só não sabia o que era aquele sentimento terrível de tristeza que passara a consumi-lo nos últimos dias todas as vezes que olhava para o amigo. Sempre tentava ignorá-lo, mas acabava cedendo a ele.

Sem perceber, seu sorriso desapareceu e uma lágrima amarga agora rolava por seu rosto, descendo de forma tão imperceptível que ninguém notou.

F

Ficara imaginando o que poderia ser.

. . .

O horário de almoço havia acabado e assim os rapazes tinham que voltar para as salas. Aomine ainda tentou persuadir Kuroko a matar aula, mas dessa vez não conseguiu. O menor ainda não fora completamente influenciando por ele como Kagami, então ainda compreendia que aquilo era errado e que, com muitas faltas, eles poderiam reprovar. Além de ter a possibilidade de serem pegos.

Sakurai despediu-se deles e correu para a sua sala, que ficava na outra ponta do corredor, ao lado da sala de Kagami e Momoi. Os rapazes não perderam tempo e voltaram para a sala.

– Você parece ter se divertido, Aomine-kun. – O menor comentou sorridente.

– E você está ficando muito ousado, Tetsu. – Ele resmungou. É claro que ele jamais admitiria que não aquele almoço com a companhia de Sakurai foi

– Ainda acha que teria sido tão divertido só comigo?

– Tenho certeza. – Ele disse aquilo de pura pirraça. Não cederia daquele jeito para Tetsuya.

– Eu discordo. – O menor riu levemente – Na verdade, eu duvido muito.

– Não sei porque, eu me sinto muito bem com a sua companhia. Ela é completa, eu não preciso de mais nada. – Aomine deu os ombros como se estivesse falando algo normal.

Depois daquilo, ambos caíram num silêncio desconfortável. O maior pensou que Kuroko daria em resposta algo comentário ácido, mas este não apareceu. Ficou um pouco confuso com a falta de reação do amigo e decidiu que se daria o luxo de encará-lo de soslaio, apenas para observá-lo. Foi naquele momento que ficou bastante surpreso: Kuroko estava completamente corado. Sua máscara inexpressiva quebrou-se em uma expressão que misturava embaraçamento e felicidade.

Aquilo fez com que Daiki ficasse tão envergonhado quanto o outro. Não percebera o peso de suas palavras e agora não poderia sentir-se mais desconfortável. Estranhamente, não era ruim.

Quando chegaram na sala e sentaram-se, sem trocar olhares ou palavras. A aula começou e os dois continuaram daquele jeito. Geralmente, trocariam bilhetes, aviões de papel, ou qualquer coisa para se comunicarem. Ficar sem falar com Kuroko era quase irritantemente chato. O tempo parecia não passar e tudo ficava cinza. Então com ou sem vergonha, ele tentaria estabelecer um diálogo.

Rasgou uma folha de seu caderno, escreveu algo rapidamente, dobrou o papel e o lançou para trás, assustando o rapaz que estava perdido em seus pensamentos.

“O que vai fazer hoje à tarde?” estava escrito no papel com aquela caligrafia quase ilegível de Aomine. Aquilo estranhamente dizia muito sobre a personalidade do rapaz.

A resposta não demorou muito e foi pousada suavemente no ombro do maior.

“Eu ia passar a tarde na biblioteca lendo algo interessante. Por que?”

“O treino de basquete hoje vai começar mais tarde. O que acha de me acompanhar no ginásio para eu te ensinar alguma coisa?”. Terminando de escrever aquilo, arremessou o papel de volta ao rapaz e ficou esperando a resposta impacientemente.

Desta vez, a resposta demorou muito mais, fazendo com que o moreno fosse ficando cada vez mais angustiado. Seus dedos batiam contra a mesa de maneira nervosa e o barulho deixava o seu estado pior ainda. Ficou imaginando se a demora era porque o azulado escrevia um texto do porque não iria com ele ou se ele ainda estava pensando em um jeito de recusar a oferta. Nas duas opções, Aomine ficaria, no mínimo, constrangido e chateado. “Tudo por causa do que eu falei.” pensou afundando o rosto nas mãos.

Quando a resposta finalmente chegou, ele abriu o papel tremendo, mas logo relaxou e sorriu quando leu um simples e polido “Eu adoraria” com a adorável caligrafia do rapaz.

. . .

Assim que o sinal tocou, indicando o definitivo término das aulas, Aomine simplesmente levantou-se da mesa, pegou suas coisas e puxou Kuroko porta de sala de aula afora, como um cachorrinho animado faria com seu dono depois de estar ansiosamente esperando por horas para passear. Levou-o diretamente para o seu lugar preferido naquela escola: O ginásio.

Para a sua sorte, os portões não estavam trancados. Procurou na sala de equipamento pela bolas de basquete de maneira apressada e entusiasmada, enquanto Kuroko o encarava com curiosidade. Quando finalmente encontrou aquilo que procurava, o rapaz não pode deixar de exibir um sorriso de orelha a orelha.

– Aomine-kun parecia uma criança animada com o natal... – O menor sussurrou para si mesmo, genuinamente surpreso com a atitude do amigo. Sabia que o maior gostava tanto de basquete quando o menor de Literatura, mas não imaginava que ele era sempre daquele jeito.

– Disse alguma coisa, Tetsu? – O rapaz disse lançando-lhe a bola, que caiu certeiramente nas mãos pequenas e “frágeis” do azulado, e logo em seguida ele correu para o centro da quadra.

– Não disse nada. – Mentiu dando os ombros e o seguindo.

– Muito bem, Tetsu: O que você sabe sobre basquete? – Ele perguntou, agindo meio que como um professor. Devia se sentir bastante profissional naquele assunto.

– Duas equipes, cada qual compostas de cinco pessoas, têm por objetivo passar a bola por dentro de um dos cesto colocado nas extremidades da quadra. O do adversário, obviamente. – O azulado disse pronta e formalmente.

– Argh. Isso é muito teoria. – Aomine esboçou uma expressão de desgosto.

– Isso é o básico, Aomine-kun. – O menor riu suavemente.

– É porque você fala igual aos nossos professores. – Revirou os olhos – Mas não foi isso o que eu quis dizer: O que você sabe fazer em uma quadra?

– Eu sei que eu não consigo fazer uma cesta.

– Vamos tentar.

Dizendo aquilo, ele levou Kuroko para perto do aro, próximo à linha de arremesso livre, e tomou a bola cuidadosamente das mãos do menor.

– Observe.

Bateu a bolas algumas vezes no chão, ganhando concentração. Esvaziou a mente, como geralmente fazia. Quando estava jogando, qualquer coisa atrapalhava. Quando estava jogando, era só ele e a bola. Nada mais. De súbito, segurou a bola próxima a seu peito, flexionou os joelhos, colocando pressão nele e se preparando para saltar.

Em uma fração de segundo, saltou e arremessou a bola, que entrou no aro direto, sem nem ao menos tocar no ferro.

– O que acha? – Ele perguntou já em solo.

– Incrível. Aomine-kun pareceu até outra pessoa. – O menor comentou, bastante impressionado – É uma visão muito bela. – Completou sorrindo.

– I-Idiota! Não diga essa coisas embaraçosas... – Disse aquilo correndo atrás da bola, tentando disfarçar o seu constrangimento.

Assim que voltou, jogou a bola para ele, indicando que ele tentasse. Compreendendo a mensagem, o rapaz tentou imitar a posição que vira à pouco segundos e, durante o salto, arremessou-a em direção à cesta.

Infelizmente, ele não chegou nem na metade do caminho.

– ...Foi bom para uma primeira vez... – O moreno tentou animá-lo, mas não deu muito certo. Aquilo tinha sido tão horrível que dava até pena.

Depois de algumas muitas tentativas (todas sem sucesso), Aomine começou a ter certeza que Kuroko não tinha muito talento para aquilo. Pelo menos era esforçado.

– Acho que com um pouco de treino você vai conseguir ficar bom o suficiente. – Novamente tentou dizer algo positivo. Aquilo era importante para as pessoas que estavam no início de um processo de aprendizagem.

– Aomine-kun, você não precisa mentir para me agradar. Eu conheço as minhas habilidades e tenho certeza de que eu sou péssimo.

– Você não é péssimo, só está fazendo errado. – Ele disse entregando a bola para o menor e posicionando-se atrás dele. – Eu pude notar algumas coisas que podem ser concertadas enquanto você fazia os arremessos.

Por trás do rapaz, o maior mostrava mais ou menos o que deveria ser feito, como se estivesse moldando um boneco, deixando-o na posição perfeita.

– Flexione mais as suas pernas. Com a tensão, elas te dão um salto melhor. – Ele comentou enquanto ajeitava os braços do rapaz – Uma dica para iniciantes é tentar mirar no quadrado da placa que segura o aro.

– Acho que eu não consigo. – Kuroko admitiu.

– Vamos tentar uma vez comigo.

Dito isso, Aomine guiou os movimentos do menor e juntos eles lançaram a bola ao aro, que entrou com certa resistência, girando no ferro várias vezes antes de cair. Ainda sim, era um passo.

– Você conseguiu, Tetsu! – Ele disse aquilo enquanto afundava a mão nos cabelos azuis do menor, bagunçando-os.

– Isso não tem mérito meu, Aomine-kun. Você me ajudou. – O menor respondeu com uma ponta de irritação. Ele detestava quando mexiam em seu cabelo.

– Eu mal toquei na bola, só te guiei. Se eu realmente tivesse feito algo, ela teria entrado aro adentro sem nenhum problema. – Ele riu, vangloriando-se.

– Dai-chan?

O diálogo foi interrompido por uma voz feminina vinda do portão do ginásio, cortando o ambiente. Os dois rapazes agora encaravam a menina de cabelos róseos que andava inquieta em direção a eles, com uma prancheta na mão.

– O treino hoje começa mais tarde, achei que você soubesse. – Ela avisou, parecendo preocupada.

– Eu sei, mas eu queria vir do mesmo jeito. Fazer alguns arremessos, aquecer os músculos... Além do mais, eu não tinha nada para fazer durante uma hora.

– Tudo bem, então. – Ela disse dando os ombros. Definitivamente não havia nada de errado no fato de Aomine querer jogar basquete, a rosada até o incentivava a fazer isso – Aliás, com quem você estava falando?

Era o momento de finalmente apresentar o rapaz a seus amigos. Estranhamente, era um momento que ele tinha evitado. Queria manter a amizade do rapaz só para ele, mas como agora era impossível, teria que fazer as introduções formais.

– Ah, com o Tetsu. – Apontou para o amigo que disse um fraco e envergonhado “olá” – Tetsu, essa é a Sastuki.

Satsuki encarou o local para onde Daiki estava apontando e ficou confusa. Seu olhava voava de onde estava o menor para o local onde estava o maior várias e várias vezes, como se algo estranho estivesse acontecendo ali. Kuroko encarava a situação com certa curiosidade, mas ainda estava um pouco nervoso com a reação da menina.

– Isso é algum tipo de brincadeira? – Ela perguntou com um misto de raiva e confusão.

– Ahn? O que? – Aomine rosnou em resposta – Qual é o problema, Satsuki?!

Ela o encarou com uma expressão estranha. Como se Daiki fosse... Louco?

– Dai-chan... Não tem ninguém ali.


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Notas finais do capítulo

Ahn? Quem? Como?
Se vocês tiveram essa reação, é normal. Calma, tudo vai ser explicado no próximo capítulo. DAQUI A UMA SEMANA.
Nunca me senti tão má. *A treta está plantada*
Espero que tenham gostado do quarto capítulo. Prometo me esforçar mais e melhorar nos próximo, caso a minha querida imaginação me permita.
Se quer me mandar críticas (construtivas ou não), comentários, dúvidas, ideias novas, erros de português que eu cometi, mensagens inspiradoras, recadinhos amorosos, me mandar pro inferno, falar que está com vontade de morrer, de chorar, de cantar uma bela canção, ou simplesmente falar que gostou ou detestou a história, a minha caixinha de comentários estará sempre a disposição de vocês, leitoras e leitores.
O livro citado na história, "Contos de Imaginação E Mistério", foi escrito pelo mestre Edgar Allan Poe, poeta e escritor americano. O conto citado do livro "O Poço e O Pêndulo" é só um entre as várias (e íncriveis) peças de sua extensa obra (e é o meu favorito). Altamente recomendado se vocês gostam de contos obscuros sobre morte, mistério e terror.
Agradeço a todos que lêem e dão suporte a esta história, e estarei aguardando os remanescentes na semana que vem! Até o próximo capítulo.
—MC