Reach You – Chegar Até Você escrita por MariCross


Capítulo 3
Understanding You


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, caros leitores e leitoras. Estou eu aqui, às 2:42 da manhã, postando mais um capítulo. Indagam-se o porque dessa hora? O motivo é o seguinte: Eu acabei de terminar de digitar o capítulo. Mas que autora preguiçosa, certo? Teve uma semana inteira para fazer isso e não fez? Errado. Eu tinha terminado ontem (com antecedência, até), mas a minha sorte é tão grande que meu computador fechou a página sem explicação e... Eu não tinha salvo o documento. Isso aconteceu à umas quatro horas atrás. Ou seja: eu digitei o capítulo inteiro em quatro horas e ainda preparei o jantar daqui de casa. Nada que vá atrapalhar a leitura de vocês, só estou querendo compartilhar a experiência de como eu sou incrível e considerativa com meus leitores (caso eles existam). Imaginem, até aula eu tenho amanhã. Enfim, chega deste monólogo. Apreciem o capítulo que eu fiz com tanto carinho (e pressa). Uma boa leitura.



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“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.”

Cecília Meireles

Ele já não aguentava mais. Todo seu esforço agora parecia algo tão inútil. Ele continuava ali, deitado no vazio, incapaz de se mover. Nunca sentiu-se tão impotente. Queria até poder deixar, mas nem isso conseguia, de tão cansado que estava.

Depois de tentativas atrás de tentativas, ele conseguiu apenas um pequeno movimento no braço, que acabou rapidamente e tomou-lhe uma quantidade absurda de energia. No início, estava até animado com os resultados, mas agora ele via que não fizera muita coisa e já não tinha forças para continuar. Sua motivação começava a sumir e ele começava a se conformar com aquela situação. Era triste, mas não tinha como mais como reagir àquilo. Não conseguiu fazer mais nada além de chorar: as lágrimas apenas rolavam pacíficas por seu rosto, já que não conseguia nem forçar uma expressão de tristeza, porque era difícil e cansativo mover qualquer parte.

Queria logo acabar com aquilo: sumir de vez, deixar de existir, e ser absorvido pelo vazio. E porque não? Sua existência de nada valia mesmo. Quem era ele para achar que valia a pena viver? Por que viver? De onde vinha aquela vontade toda?

Já estava pronto para desistir, até que ouviu um choro baixo. Parecia distante demais, mas ainda sim era de cortar o coração, pois sentia-se o desespero na voz que chamava por alguém.

Mas não chamava por qualquer pessoa. A voz chamava por ele. O rapaz logo percebeu de quem era a voz e pela primeira vez seu rosto se contorceu em uma expressão de dor e sofrimento.

Ele está me chamando. Está esperando por mim...” pensava enquanto soluçava e gritava de volta para a voz. Sabia que seu dono não iria ouvi-lo, mas aquilo lhe dava esperanças de que ele pudesse resgatá-lo. E a esperança é um sentimento que quando nos domina, faz com que qualquer coisa se torne um pouco possível.

O rapaz sabia que ninguém podia tirá-lo dali. Só ele mesmo poderia sair dali e reencontrar com ele, o seu amado. Respirou fundo, acalmando-se e parando de chorar. Teria que estar completamente focado se quisesse arrumar um jeito de sair daquele vazio.

Qual era o seu motivo de querer viver? Ele já sabia.

Pelo menos uma última vez, desejo ver aquele que amo. E farei de tudo para viver ao lado dele.”

Nada mais podia pará-lo.

Focou todas as energias em seu braço, já sendo tomado pelo cansaço. Forçou-se a aguentar e continuou. Sentiu a tremedeira de sempre e com um pouco mais de força, conseguiu tirar o membro do lugar. Deu um sorriso satisfeito, mas ainda não era hora para comemorar.

Sentia seu corpo queimando de dentro para fora, e o cansaço passava a ser dolorido. Sua visão começara a turvar quando seus braço já estava na metade do caminho, mas ele sabia que estava apenas lacrimejando.

Forçou tudo até que sentiu sua mão tocar levemente o rosto e limpar suavemente as lágrimas que caiam. Assim, finalmente descansou e sentiu seu braço cair inerte ao lado do seu corpo. Estava exausto e respirava pesadamente, mas não conseguia conter o sorriso no rosto.

Posso estar longe de chegar até você, mas eu vou continuar tentando, meu amor.” ele pensou pela primeira vez na pessoa que amava desde que chegara ali e de tudo se lembrou. As memória doces lhe davam um gosto amargo na boca, mas eram o suficiente para ele ter certeza de que um dia eles estariam juntos novamente.

. . .

– Eu tenho certeza que você estava lendo “O Retrato de Dorian Gray” semana retrasada.

– Não, eu estava lendo “Admirável Mundo Novo”, eu tenho certeza.

– Minha memória não está tão ruim assim, Tetsu. Você ainda não leu “Admirável Mundo Novo”!

– Aomine-kun, devo te contar o final da história? Achei que você estava interessado nela.

O maior engoliu seco. Detestava quando o menor lhe dava spoilers de livros. Aquilo com certeza era a pior coisa que o menor podia fazer. E muitas vezes fazia, só para ter o puro deleite de poder ver o rosto enfurecido do maior. Como ele diria, Tetsu poderia ser tudo, menos inocente. A simples ameaça fez com que o outro desse os ombros e mudasse de assunto

Já haviam se passado três meses desde que viraram amigos, e Aomine poderia dizer que a companhia do menor agora o deixava completamente confortável. Nem com Kagami fora tão rápido, e olha que os dois tinham uma amizade de longa data.

Naquele momento, os dois estavam na sala de aula, entretidos com suas leituras. O ruivo meio que não se conformava com aquela mudança radical do moreno: Antes, ele mal aguentava ler revistas em quadrinhos e de repente ele não conseguia parar de ler clássicos da literatura. Kagami realmente queria conhecer a pessoa que conseguiu mudar tanto Aomine, mas acabava que não tinha tempo.

Logo depois daquele dia no telhado, umas duas semanas depois, Aomine descobriu que o ruivo se declarou para sua amiga de infância e, coincidentemente, era recíproco. Começaram a namorar até (quem diria?). O maior sentia falta de passar um tempo com o amigo, mas não admitia de jeito nenhum, até porque era orgulhoso demais para falar que sentia falta de qualquer coisa. E além do que, tendo Tetsu ao seu lado, não tinha muito problema, pois sabia que nunca estaria sozinho.

Furtivamente, tentou espiar o amigo enquanto ele lia. Geralmente aquela visão o trazia paz e tranquilidade, mas daquela vez trouxe embaraçamento, pois percebeu que o azulado sustentava o seu olhar com seu grandes olhos azuis. Às vezes, Aomine achava que ele estava analisando sua alma, o que o deixava muito desconfortável mesmo que só fosse um pensamento ridículo.

– O que foi? – Aomine desviou o olhar, um pouco corado.

– Estava aqui pensando e cheguei a uma conclusão... – Ele começou.

– Que foi...? – O maior instigou para que ele falasse mais.

– Estou muito curioso com o final deste livro e as aulas me tiram a concentração para ler. Quer matar aula comigo no telhado? – Ele perguntou simplesmente.

Já dava para perceber que não fora só Aomine que mudara desde que se conheceram: Kuroko sempre foi um aluno exemplo e só matara aula uma vez antes de conhecer o maior. Pode-se imaginar que o número de vezes que ele se encontrava fora da aula aumentou desde que começou a sua amizade. Sua culpa aos poucos foi diminuindo e agora já era corajoso o bastante para tomar a iniciativa. Daiki sempre era pego de surpresa com aquelas atitudes.

– Quem é você e o que fez com o Tetsu? – Ele fingiu incredulidade, mas o outro sabia que ele estava lutando para continuar segurando o riso.

– Eu sou um alienígena que veio para a Terra estudar o seu cérebro, mas já que você não tem nenhum, estarei retornando para a nave-mãe em breve. – Se não fosse o leve tom irônico em sua voz, Aomine talvez até acreditaria na história já que seu amigo a sustentava com uma expressão séria.

– Você anda muito sarcástico, mocinho. Devo tomar isso como uma influência minha?

– Estou sendo tão influenciando por você que já estou irreconhecível. Não sei nem mais quem sou. – Ele riu abafadamente revelando o tom de brincadeira – Mas e a sua resposta? Vamos ou não?

– E você realmente precisa perguntar? – Disse levantando uma sobrancelha.

– Tem razão, um rato jamais recusa um bom queijo.

Os dois riram e se levantaram das carteiras, caminhando em direção a porta da sala, que estava cheia demais para que os dois fossem percebidos. A falta de presença do azulado começara a afetar o moreno, então ser parado por alguém da sala agora era algo muito raro.

Cruzaram os corredores tentando não chamar a atenção de possíveis vigilantes, vulgo dedo-duros, que correriam para os supervisores caso notassem algum comportamento 'estranho'. Esses tipos de pessoas eram o que faziam, para Daiki, as escolas se tornarem lugares hostis e entediantes.

Quando avistaram ao longe a entrada que dava para a escada de emergência (o caminho mais fácil para o telhado), perceberam que havia um bloqueio: Três rapazes do tipo “valentões da escola” faziam um círculo em frente a porta, parecendo esconder algo. Daiki deu os ombros e pensou em voltar para a sala, já que não queria confusão, mas Kuroko o parou.

– Aomine-kun, tem alguém ali com eles.

Inicialmente o maior não entendeu o que ele estava querendo dizer, mas foi naquele ponto que um gemido de dor e angustia passou por seus ouvidos. Arregalou os olhos, incrédulo. Sabia que aqueles tipos de coisa aconteciam, mas dentro da escola? E ainda mais, ninguém fazia nada? Tudo bem que o lugar era deserto, mas ele ainda não se conformava.

– Melhor chamarmos alguém, Tetsu. – Aomine sugeriu, logo se virando para chamar por ajuda, mas foi impedido pelo outro que bloqueou o seu caminho.

– Não, Aomine-kun. Nós temos que ajudar aquela pessoa agora. Já pode estar muito machucada. Pode até ser tarde demais. – O menor olhou para ele com sua expressão vazia de sempre, mas seu olhar pegava fogo com tamanha intensidade.

– Melhor não nos envolvermos tanto. – Apesar de estar com pena de quem estava apanhando no meio daquele círculo, Daiki não queria ter que defender ninguém. Além do que, não poderia se envolver em brigas porque fazia parte do time de basquete. Nem imaginaria o que aconteceria se chegasse aos ouvidos do treinador alguma notícia dessas.

– Se você não vai, eu vou sozinho.

– Já se olhou no espelho? Aqueles caras são o dobro do seu tamanho e largura! Você vai acabar em um hospital! – O maior exasperou.

– Pelo menos dormirei a noite com a consciência tranquila.

Aomine suspirou pesadamente. Ele sabia o quanto o menor poderia ser teimoso quando colocava alguma coisa na cabeça, então simplesmente concordou, mas havia uma condição.

– Eu cuido disso, você fica aqui.

Ele não deu nem tempo para o menor responder e saiu correndo em direção aos rapazes, berrando e chamando bastante atenção. Graças a isso, os valentões se assustaram e saíram correndo pelos corredores, deixando a pobre vítima tremendo no chão.

Quando chegou mais perto, percebeu que era um rapaz com o perfil típico de alguém que sofre bullying, como Kuroko. A diferença era que o azulado era tão apagado que o valentões não o enxergavam, fazendo com que ele escapasse das estatísticas anuais. Assim que percebeu que o maior corria em sua direção, o rapaz abraçou as pernas e afundou o rosto entre os joelhos, temendo que fosse outra pessoa querendo espancá-lo.

– Oe, você está bem? – Aomine encostou no ombro dele tentando chamar a atenção do garoto. Infelizmente, aquilo pareceu não ter efeito algum, porque ele apenas continuou tremendo e sussurrando algo que o maior realmente não conseguia compreender. Agachou-se e chegou mais perto para ver se entendia, mas era realmente incompreensível.

O mais alto ainda tentou ver se tinha algum machucado aparente, mas os cabelos castanhos do rapaz tapavam o que o uniforme não conseguia esconder.

– Será que ele se machucou? – Kuroko apareceu repentinamente do lado do maior, o que fez com que ele caísse para o lado, assustado.

– Tetsu! Estou começando a achar que você faz isso de propósito! – Esbravejou – E eu não falei para você ficar longe?

– Você não manda em mim, Aomine-kun.

– E se aqueles caras quisessem brigar? O que você faria?!

– Eu te protegeria com essas armas. – Kuroko mostrou o braço, forçando os músculos quase inexistentes.

– Para com isso! – Ele ficou mais irritado ainda.

– Desculpe-me...

Aquele frase sutil com a voz trêmula obrigou os rapazes a sair daquele discussão inútil e desviar o foco para o rapaz encolhido, que agora os encarava com os olhos cheios d'água. De repente, ele explodiu emocionalmente.

– Desculpe-me! Você gastou seu precioso tempo para me salvar... Me desculpe! Um verme como eu... Desculpe-me! Desculpe! – Ele rapidamente se levantou e começou a fazer várias pequenas reverências, a cada uma delas pedindo milhares de “desculpas” com uma voz estridente.

– Não precisa disso, além do que não foi nada de mais...

– Desculpe-me, eu não valho o ar que respiro, quanto mais a sua gentileza! Desculpe, desculpe!

– Calma... Não é para tanto...

– Mil desculpas! Por minha causa, você poderia estar encrencado agora! Desculpe-me! Eu não mereço tanto... Me desculpe! Desculpe!

Aomine com certeza entendia agora porque o rapaz sofria bullying. Não era só o físico, mas a personalidade principalmente. Até ele estava começando a sentir vontade de bater nele.

– Está tudo bem, não precisa se desculpar. Você não fez nada de errado. – Kuroko finalmente falou tocando no ombro do rapaz, chamando a sua atenção.

Aomine achou que o rapaz ia recomeçar o discurso para o azulado, mas surpreendeu-se quando ele ficou quieto, encarando longamente o menor. Não estava assustado com a presença dele, como o maior teria ficado. Na verdade agora estava calmo e respirava normalmente.

– Obrigado... – Ele respondeu agora lentamente, sem tirar os olhos de Kuroko ou pedir uma desculpa.

– Eu me chamo Kuroko Tetsuya. Qual é o seu nome? – O azulado perguntou esboçando um pequeno sorriso. Aquilo com certeza pegou o maior de surpreso, pois não era comum ver o rapaz daquele jeito.

– ...Sakurai Ryo. – O rapaz agora parecia completamente hipnotizado com a figura do menor, o que deixou Aomine completamente desconfortável. O maior teve que pigarrear para tirar o rapaz do transe e voltar seu foco para a situação.

– Está machucado em algum lugar? – Disse tentando não mostrar raiva na voz. Raiva do que, ele realmente não saberia dizer.

– Não, senhor! Vocês chegaram bem à tempo! Desculpe-me pelo inconveniente. Desculpe! – Ele voltara ao normal rapidamente ao ouvir o tom de voz do rapaz.

– Ótimo, então suma. Volte para a sua sala e evite lugares desertos. Caso isso aconteça de novo, grite por um supervisor ou por alguém próximo ao invés de ficar pedindo desculpas aos agressores. Não estarei sempre por perto para salvar você. – Disse secamente.

O rapaz Sakurai entendeu o recado, fez algumas últimas reverências lotadas de desculpas e agradecimentos e desapareceu corredores adentro, cruzando-os afoitamente. Os dois garotos o observaram por um tempo, meio que se certificando de que nada aconteceria com ele no caminho, mas logo desistiram e rumaram para as escadas em silêncio, que eram o seu objetivo principal ali: O trajetória mais curta para o telhado.

– Você poderia ter sido mais gentil com ele, Aomine-kun. Ele tinha acabado de sofrer uma agressão. – O menor foi o primeiro a quebrar a calmaria, com um tom acusatório.

– Ele QUASE sofreu uma agressão. O garoto mesmo falou que chegamos à tempo. Além do que, será que a única coisa que ele sabe falar é “desculpe”? Aquilo já estava me dando nos nervos. – Falou irritado.

– Sakurai-san estava muito nervoso. Talvez ele não seja sempre assim. – Disse tentando ver um lado um pouco mais positivo.

– Duvido. Aposto que ele sempre é daquele jeito. – Suspirou pesadamente – O pior foi que ele ficou ali, te despindo com os olhos e você nem notou. Às vezes você é ingênuo demais, Tetsu.

– Como assim? – Tetsuya parecia genuinamente confuso com o comentário do amigo.

– Ele ficou te encarando por um bom tempo, sabe? Quase como se estivesse hipnotizado. – Aomine dizia aquilo claramente irritado.

– Mas você também faz isso, Aomine-kun.

– Cala a boca, bastardo. Eu nunca faço isso! – O mais alto desviou o rosto corado. O pior é que era verdade: muitas vezes seus olhos pousavam em Kuroko, principalmente quando ele estava lendo ou dormindo, e por ali ficavam sem cansar. Só não imaginava que o menor fosse consciente disso.

– Não precisa ficar com ciúmes, você sabe que eu sou seu. – Kuroko falou obviamente brincando. Até carregou a frase com um tom sarcástico para que não ficasse dúvidas.

Infelizmente, aquilo não foi o suficiente para impedir que o maior ficasse tão vermelho quanto os cabelos de Kagami Taiga e começasse a gaguejar frases incompreensíveis. Aquilo com certeza seria um motivo para Kuroko rir de Aomine por horas à fio.

O maior ficava imaginando como o pequeno Tetsuya conseguia deixá-lo daquele jeito. Ficou imaginando que aquela deveria ser a magia que a presença do azulado tinha. E raios, como aquilo era encantador.

. . .

– Eu não aguento mais ouvir o nome dele.

Aquela frase fez com que Aomine se perdesse no seu resumo de como tinha sido seu dia para encarar longamente o ruivo, que o olhava de forma irritada e impaciente. Aquela reação fez com que um sorrisinho sarcástico brotasse nos lábios do moreno.

– Você está com ciúmes do Tetsu, Bakagami? Não sabia que você era tão a fim da minha pessoa. – Ele mandou um beijinho no ar, claramente se divertindo com o acesso de raiva do tigre.

– Eu tenho uma namorada linda e maravilhosa só para mim, Ahomine. Você acha mesmo que eu vou sentir ciúmes por causa de um macho babaca como você? – Bufou triunfante – O que eu quero dizer é que você só fala nesse “Tetsu” e nunca teve a cara de pau de nos apresentar.

– O que eu posso fazer se você nunca está disponível? É só “Satsuki” isso, “Satsuki” aquilo... Cara, eu realmente não quero saber o que você faz quando está sozinho com a minha amiga de longa data. É quase como se você estivesse destruindo minha infância inteira, seu maldito! – Ele esbravejou.

– Ei, vocês dois, voltem já para o treino!

Ao longe, a treinadora do time de basquete gritava com os dois, mandando-os voltar para a formação e completar as cinquenta voltas em torno do ginásio. Naquele momento, digamos que ele resolveram dar uma pausa, já que sentiram que seus pulmões não estavam mais dando conta de puxar o ar. Mas como a desobediência significava horas de treino triplicadas, os dois rapidamente voltaram sem mais discutir.

Enquanto corriam, os dois sempre conversavam, já que era um dos poucos momentos que eles se encontravam durante o horário escolar.

– Você está lendo algum livro que ele te recomendou? – Kagami tentou puxar conversa.

– Acabei de terminar “Fahrenheit 451” e vou começar “Admirável Mundo Novo”. Por que? – Ele disse calmamente.

– Porque eu acho estranho essa mudança. Para alguém que mal conseguia acompanhar mangás porque tinham muitas falas é surpreendente estar lendo obras tão grandes e complexas. – Ele riu.

– Eu fiquei curioso porque ele passava horas lendo. Acabei me interessando, oras. – O maior corou de leve, sem que o ruivo percebesse.

– Quero conhecê-lo algum dia... Se ele conseguiu te deixar assim ele deve ser um cara incrível.

– Assim como? – Aomine fechou a cara.

– Diferente... Mas para melhor, eu acho. – Taiga concluiu com um sorriso.

Aquilo fez Aomine refletir um pouco. Em pouco tempo, o azulado conseguira revirar o mundo do maior, não só em pequenos hábitos como o da leitura, mas ele sentia-se mais leve, tranquilo... Feliz, talvez. Pegou-se sorrindo ao pensar nele, como em muitas outras vezes tinha feito. Aquilo era com certeza estranho, mas era um bom sentimento.

...Ele deve ser um cara incrível”. Aomine apenas podia concordar com aquela frase dita por seu amigo. Por mais que ainda não entendesse completamente o rapaz, ele sabia que Kuroko Tetsuya era cativante o suficiente para não querer mais largá-lo e protegê-lo para sempre.

Com um sorrisinho no canto dos lábios, o moreno não pode deixar de ter um único pensamento dominando a sua mente.

Mal posso esperar para vê-lo amanhã...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do terceiro capítulo. Prometo me esforçar mais e melhorar nos próximo, já que eu terei tempo para trabalhar e aflorá-los.
Se quer me mandar críticas (construtivas ou não), comentários, dúvidas, ideias novas, erros de português que eu cometi, mensagens inspiradoras, recadinhos amorosos, me mandar pro inferno, falar que está com vontade de morrer, de chorar, de cantar uma bela canção, ou simplesmente falar que gostou ou detestou a história, a minha caixinha de comentários estará sempre a disposição de vocês, leitoras e leitores.
Para quem estiver interessado nas obras que os personagens devoram, aqui estão títulos e autores (por ordem de citação na história).
— 'A Cor Púrpura' de Alice Walker (1982)
— 'O Retrato de Dorian Gray' de Oscar Wilde (1890)
— 'Admirável Mundo Novo' de Aldous Huxley (1932)
— 'Fahrenheit 451' de Ray Bradbury (1953) >> meu favorito.
Caso vocês tenham tempo, recomendo muito essas obras. Não são leituras fáceis, mas são muito enriquecedoras, além de belíssimas. Mas só por isso, não deixem de acompanhar a minha história (risos).
Então até o próximo capítulo, meus caros leitores e leitoras. Aguardo os remanescentes para a próxima semana.
Agradeço a todos que perseveraram com essa leitura.
Agradeço a quem até aqui acompanhou e desistiu.
Agradeço a quem ainda vai ler algum dia.
—MC