Reach You – Chegar Até Você escrita por MariCross


Capítulo 10
Hugging You


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada aos meus caros leitores e as minhas caras leitoras. Queiram me perdoar pelo meu segundo grande sumiço desde que eu comecei essa história. Tudo começou com uma simples frase "preciso de um tempo para descansar". Depois disso, pronto: Tudo deu errado. Teve até algum momento que eu fui hospitalizada, e quando voltei para postar, eu estava completamente sem ideia do que escrever para este capítulo. Deu pane geral então bati cabeça com essa história durante algumas semanas. Sempre protelando "Ah, semana que vem, quem sabe..." Putz, um horror. Eu não abandonei esta história (acho que de todas as que estou escrevendo agora, ela é a única que tem um final definido). Mais uma vez, desculpas para quem acompanha. Espero que semana que vem eu volte normalmente, afinal acho que faltam uns três capítulos para acabar. Enfim, chega se enrolação. Boa leitura!



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“O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.”

Mario Quintana

Parece que a polícia encontrou o corpo dele no fundo do lago, embaixo da ponte ponte próxima a casa dele...

Eu soube também que seu pé estava amarrado a uma pedra muito pesada.

Pobre rapaz! E os policiais ainda não acharam os bandidos que fizeram isso com ele?!

Nem sinal. Mas pelo visto, eles estão querendo arquivar logo esse caso, já que estão começando uma hipótese de suicídio.

Duvido. Aquele garoto era muito covarde para isso. Ele vivia se metendo em problemas, então acho que alguém só se vingou dele, mas acho que não esperava um resultado tão drástico.

Ao meu ver, muito é culpa da mãe dele. Sempre ausente, aquela mulher.

E o pai? Sempre preferiu o irmão mais novo. Ambos nunca deram a atenção devida ao mais velho. Talvez nem gostassem dele.

Então a hipótese de suicídio pode ser verdade, certo? Pobre rapaz...

Calem a boca, calem a boca!” era tudo que o rapaz conseguia pensar, borbulhando de ódio por dentro enquanto encarava aquela cena ridícula. Como elas podiam falar assim de seu amigo em seu próprio enterro? Inconscientemente mordeu o lábio inferior com força, para manter-se calado. Mas foi a gota d'água quando ouviu a última frase:

Acho que quem tira sua própria vida não merece pena, afinal é uma covardia sem tamanho.

Partiu para cima das mulheres, gritando milhares de xingamentos e palavrões, assustando a todos que estavam naquele local. Sua mãe, que estava presente no funeral de seu amigo, teve que segura-lo ou ele mataria alguma daquelas pobres senhores.

Alguém segure esse moleque! Aqui é um lugar de lamentações, garoto! Pare de dar seu showzinho! – Uma das mulheres que estava falando mal de seu amigo falou para ele. Aquilo só fez com que ele perdesse ainda mais a cabeça.

Sua hipócrita! Vocês todas! Não deveriam estar aqui, não merecem estar aqui! – Ele esperneava como uma criança, fazendo com que todos ficassem desconfortáveis com sua presença.

Daiki, meu filho, por favor. Acalme-se. – Sua mãe tentava manter seu filho sob controle, mas ele estava demasiadamente alterado.

Ela sabia que tinha que tira-lo dali para que ele voltasse ao normal, e assim o fez: Arrastou-o para longe daquela confusão, daquela gente que não respeita nem uma ocasião como aquela. A mãe de Aomine Daiki sabia que ele não estava alterado sem motivos, afinal ela ouvira tudo o que as mulheres disseram sobre o pobre rapaz, mas ainda sim não aprovava o descontrole do filho.

Quando conseguiu fazer com que o moreno se acalmasse, num local afastado, ela o abraçou. Sabia que era o que ele precisava naquele momento. Mas ele não chorou. Não mesmo.

Ele não se matou, mãe. Ele não pode ter feito isso... – Sussurrou roucamente.

Sua resposta foi apenas acariciar os cabelos do seu filho silenciosamente, esperando que aquilo fosse a verdade.

Mas não foi isso o que provaram. Dias depois, os pais do rapaz pediram para conversar com Aomine, contando que a polícia deu um resultado final para a investigação: O rapaz realmente tinha se matado. Parece que existia uma testemunha do ocorrido que só se pronunciara depois e algumas provas no quarto do garoto. Ele deixara cartas para todos, mas não havia nada para o moreno.

Aquele memória amarga de seis anos atrás ainda o consumia, e até hoje Aomine não era capaz de pronunciar o nome daquele que o abandonara.

. . .

– Aomine-kun!

O rapaz finalmente se concentrou na voz que o chamava com tanto desespero. Ele estava em seu quarto trancado, sozinho, deitado em sua cama olhando para o teto enquanto alguém batia várias vezes na porta. Obviamente era Tetsuya, que estava começando a achar que Aomine estava passando mal pela quantidade de tempo que ele passara ali, sem falar nada.

– Aomine-kun, por favor, abra a porta! – O azulado continuou a bater na porta insistentemente.

Aquilo foi mais do que suficiente para trazer o moreno de volta do mundo das lembranças e perceber a situação que estava. Não acreditara que deixara Kuroko, a pessoa que amava, tão preocupado por algo daquele tipo.

Logo levantou-se e caminhou em direção a porta, abrindo rapidamente. Aquilo assustou Kuroko e quase o fez cair no chão do quarto de cara, já que estava debruçado sobre a porta enquanto batia nela. Ainda bem que o moreno o pegou há tempo.

– Você está bem, Tetsu? – Perguntou enquanto ajudava o menor a ficar de pé.

– Eu estou, mas e você? – Respondeu o azulado claramente preocupado. Sentia que precisava ajudar o maior de qualquer jeito, mesmo com um assunto que parecia tão delicado.

– Ah... Eu vou ficar bem, Tetsu. Não se preocupe. – Completou com um meio sorriso, afagando suavemente os cabelos do menor.

Naquele momento, Kuroko pegou a mão do maior que repousava sobre sua cabeça e a guiou até seu rosto, encostando-a em sua bochecha. O toque do azulado era algo difícil de ser descrito, pois envolvia mais emoções do que sensações. Para Aomine, era difícil dizer qual era a textura da pele do menor, mas ele poderia descrever, quase com perfeição, exatamente o que o pequeno sentia naquele momento.

– Aomine-kun, por favor. Me conte o que está te afligindo... – Sussurrou sentindo seu coração pesar e seus olhos se encherem d'água – Eu quero estar para te ajudar no que você precisar, assim como você está aqui por mim.

Aquilo acertou o moreno como uma flecha, fazendo com que ele imediatamente abraçasse o menor, colando-o junto ao seu corpo. A sensação de tê-lo tão perto era quase indescritível. Quase, afinal Aomine conseguia dizer que ela era muito boa.

– Desculpe-me por ter te preocupado, Tetsu. – Falou com uma voz rouca pouco usual – E-Eu apenas não tenho boas memórias quando vejo aquelas fotos. Não quero queria descontar isso em você. – Completou agora apertando o menor com um pouco mais de força.

Naquele momento, Kuroko o abraçou de volta suavemente, para a surpresa do moreno.

– Eu estou aqui para você, Aomine-kun. Pode contar comigo para qualquer coisa, então você também pode se abrir comigo. – Disse encostando a cabeça no perto do rapaz – Eu quero te ajudar, se você quiser ou precisar a minha ajuda.

– Obrigado, Testu... Acredite, eu estou bem melhor agora. – Sorriu enquanto apertava ainda mais o menor contra si, de maneira quase inconscientemente.

Ambos ficaram ali por um momento, abraçados, em completo silêncio. Era confortável estar daquele jeito, assim como foi durante a noite, quando Tetsu resolver abraçar o maior. Aomine encostou o queixo no topo da cabeça do menor, fechando os olhos e deixando-se guiar apenas pelas sensações.

Naquele momento, ele podia jurar que sentiu um cheiro suave de baunilha. “Isso não já aconteceu uma vez...? Será que eu estou imaginando coisas?” pensou um pouco intrigado. Mas logo o deixou de lado quando sentiu uma movimentação em seus braços, chamando-o de volta a realidade.

– A-Aomine-kun... Você pode me soltar se quiser... – Disse o menor um pouco sem graça.

Finalmente o moreno percebeu a situação que estava. Aquilo fez com que ele imediatamente soltasse Kuroko, empurrando-o de maneira quase teatral. Sentia que agora seu rosto estava ficando quente e, provavelmente, muito vermelho, então teve que vira-lo para outro lado para que Kuroko não visse. “Isso é tão vergonhoso!” sua mente gritava e ainda completava “Eu não acredito que eu me deixar levar desse jeito!”.

Tetsuya pôde apenas sorrir diante daquela cena. Aomine estava de volta ao normal e era aquilo que importava. Kuroko era paciente, então esperaria pelo dia que o moreno estivesse pronto para falar sobre seu passado com ele.

– E-Então... E-Estamos atrasados pa-para a aula... Melhor eu me arrumar... – Gaguejou com a voz vários tons acima, caminhando em direção ao quarto para pegar suas coisas e colocar o uniforme da escola.

Enquanto Aomine se trocava, Kuroko estava sendo na cadeira de estudos do maior – na qual provavelmente nunca era usada com o propósito de se estudar – enquanto observava a janela. Aquilo era uma forma de não ficar observando o maior se trocar, até para que ambos não ficassem muito desconfortáveis, mas também era uma forma de se acalmar. O azulado não poderia dizer que não sentira nada com aquele abraço, por mais que ele tivesse vindo de um momento tenso.

Naquele momento, o celular do maior começou a vibrar em cima da escrivaninha, anunciando uma nova ligação, mas Daiki não pareceu perceber. Tetsuya tentava imaginar quem seria àquela hora da manhã até que viu o nome Kagami Taiga brilhando na tela.

Esse nome...” pensou enquanto sentia que algo dentro de si parecia ter saído do lugar. Não soube explicar, mas aquele nome para ele não era estranho...

– A-Aomine-kun... – Chamou pelo moreno, um pouco atordoado – Seu celular está vibrando.

Como já estava vestido com o uniforme, o maior se aproximou do azulado, que estava esticando o telefone para ele. Daiki notou que ele não parecia muito bem, mas teve que ignorar naquele momento para atender aquele Bakagami. Ele quase não ligava durante as manhãs, então devia ser algo ou muito importante ou muito idiota.

– Que raro você me ligar a essa hora, cópia barata. – Tentou parecer casual, como sempre – Não me diga que alguém morreu? – Completou rindo.

Ainda não morreu, mas está perto. – A voz do ruivo do outro lado era séria e melancólica, fazendo com que o sorriso de Aomine sumisse completamente do rosto.

– O-Oe... O que aconteceu, Kagami? Está tudo bem? – O maior engoliu seco, sentindo-se imediatamente mal pela brincadeira que fizera. Agora estava se sentindo um completo idiota insensível.

Está tudo bem... – Disse dando uma pausa, mas logo Aomine ouviu uma fungada seguida de um soluço. “Ele está chorando?” o moreno pensou sem saber o que dizer – Ah... Quem eu estou querendo enganar? Eu estou péssimo, cara.

– A Satsuki terminou com você? Cara, não se mate por isso, por favor! – Gritou o maior, realmente preocupado com a ideia de seu melhor amigo se jogando se uma ponte ou algo assim.

Não, idiota. Ela não terminou comigo. – Reclamou irritado, agora deixando mais soluços escaparem – Aconteceu algo realmente sério. Ah, cara... Não dá para te explicar por telefone. Mas eu preciso pelo menos para conversar ou sei lá... – Agora era evidente a voz chorosa do ruivo.

– Calma, okay? Eu já estou indo para a escola. Nós matamos o primeiro tempo no telhado e você pode conversar comigo o quanto quiser. – Apesar de viverem brigando e pegando no pé um do outro, Aomine sabia exatamente quando agir de maneira séria com Kagami. Os dois não era amigos a tanto tempo à toa.

Certo... – Continuou soluçando – Eu vou te esperar lá.

Dizendo aquilo, a ligação foi encerrada.

Tantas coisas passaram pela cabeça de Aomine naquele momento: Os pais dele tinham sofrido algum acidente, Satsuki estava grávida, Kagami descobrira que era adotado ou que tinha feito uma merda suficientemente grande para ser expulso da escola ou que tinha uma doença em fase terminal... Eram tantas possibilidades, uma mais assustadora que a outra.

Apenas uma coisa era certa: Ele não poderia deixar o ruivo na mão, independentemente de qual situação fosse (menos se Satsuki estivesse grávida. Aí Aomine ia bater naquele imbecil até a morte para ele parar de ser irresponsável e tomar um rumo na vida).

Virou-se para Kuroko, que agora o encarava com uma expressão preocupada, mas ainda podiam-se ver sinais de que ele não estava se sentindo muito bem.

– Seu amigo precisa de ajuda, certo? – O azulado disse antes que o moreno pudesse falar qualquer coisa – Então é melhor irmos logo.

Aomine apenas concordou com a cabeça, pegou seu material e saiu de casa correndo, tão preocupado que até esquecera de comer o café da manhã.

. . .

Os dois subiam as escadarias da escola em alta velocidade, ignorando os sinos que anunciavam o início das aulas. Aomine quase derrubou várias pessoas naquela correria enquanto Kuroko apenas tentava desviar da multidão de alunos que estavam se direcionado para as salas. Quase foram pegos por um professor no meio do caminho, mas conseguiram desviar a rota e chegar no porta que levava ao telhado sem problemas.

O moreno apenas sentia-se triste por ter que apresentar seu melhor amigo a Kuroko numa situação como aquela. Definitivamente deveria ter feito aquilo antes, mas agora não tinha como chorar pelo leite derramado. Desculparia-se com o azulado mais tarde, agora ele tinha algo importante a ser resolvido.

Assim que chegou no telhado, viu Kagami debruçado sobre a grade, enquanto olhava para o horizonte, e caminhou em sua direção.

Kuroko apenas parou na porta e ficou observando os rapazes de longe. Não queria chegar perto por dois motivos: o primeiro era que não se sentia no direito de intrometer-se em um assunto delicado sendo um completo desconhecido para o ruivo; e o segundo era que assim que viu a figura de Kagami, começou a sentir-se mal novamente.

Uma vontade de chorar tomou conta de si. Era como se ele o conhecesse, mas não conseguia lembrar de onde... “Se eu pudesse me lembrar...” disse para si mesmo, tentando forçar sua memória.

Enquanto isso, o moreno já estava ao lado do ruivo, com o braço por cima de seu ombro encarando seu rosto. “Ele realmente está na pior...” foi a conclusão que chegou quando viu o rosto do amigo.

Aomine tinha que admitir que nunca viu seu amigo chorando. Eles seguiam a frase “homens não choram” como um motto, então obviamente nunca o vira derramar uma lágrima sequer. Por isso vê-los com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar era algo surpreendente no sentido ruim.

Mas o ruivo já chorara tudo o que pôde antes de seu amigo chegar. Apesar de tudo, ele ainda tinha seu orgulho e não queria que o moreno o visse no meio do processo. Já teria que lidar com o embaraçamento de ser visto com naquele estado deplorável “pós-choro”, e para ele aquilo já era o suficiente. Agora ele apenas encarava o horizonte, mas estranhamente não enxergava nada.

– Kagami... – Aomine quebrou o silêncio, fazendo com que o outro olhasse para ele – Você pode contar comigo para tudo. – Completou com um meio sorriso, tentando passar um pouco de confiança para o ruivo.

O menor apenas abaixara a cabeça, fungando um pouco, evitando olhar para o moreno. Teve que juntar coragem para falar, mas felizmente ele conseguiu.

– Hoje eu acordei recebendo uma ligação de uma menina que eu não falava há muito tempo... – Começou com a voz rouca – Ela uma colega minha que fez o último curso de verão comigo. Não sei nem porque você não teve que ir, com essas suas notas... – Riu de lado, tentando aliviar o clima pesado que ele mesmo criara, sem sucesso – Mas... Eu percebi que ela estava tensa. Estava enrolando para falar sobre um assunto que parecia ser pesado. Heh... Ela realmente soltou uma bomba em cima de mim...

Ele precisou dar uma pausa para que pudesse prosseguir. Aomine não se importou, na verdade esperou pacientemente a recuperação de seu amigo para que ele voltasse a falar. Não disse nada, apenas afagou seus cabelos vermelhos, consolando-o.

– Ela... Me disse que um amigo meu tinha sido internado desde o último dia do curso de verão. – Terminou sentindo-se exausto.

Aomine o encarou confuso. “Que amigo é esse que eu nunca ouvi falar?” pensou sem saber como prosseguir o consolo.

– Você deve estar imaginando porque eu nunca falei dele, certo? – Kagami prosseguiu, fungando o nariz novamente – Eu estava com raiva dele, sabe? Eu ia leva-lo depois da aula para te conhecer, mas ele não apareceu... Ele simplesmente desapareceu e não deixou recados. Até achei que fosse encontra-lo quando as aulas normais voltassem, mas não o vi... Até pensei que tinha mudado de escola... – A voz dele tornou-se chorosa novamente – Todo esse tempo, eu estava com raiva dele... E ele estava sofrendo em coma no hospital... – Os soluços recomeçaram e a visão de Kagami começara a ficar turva.

– Acalme-se, Kagami... Isso não é culpa sua, você não sabia! – Continuou a acariciar os cabelos do amigo, mas aquilo estava parecendo ter um efeito tão negativo que resolveu parar – Mas como ele foi internado? O que aconteceu? – Tentou distrai-lo com outras perguntas.

– Ele foi atropelado perto de casa quando foi tentar salvar uma criança na rua... Bateu a cabeça forte... E não acordou mais... – Os soluços agora estavam mais fortes e as lágrimas começavam a rolar de novo pela face do rapaz – A-Aquele idiota...! E-Eu sei q-que ele tinha um c-coração bom, m-mas p-pre-precisava fazer isso?! – Kagami tentava secar o rosto molhado com as mãos, mas estava adiantando muito – Agora eu sei como você se sente em relação àquele cara...

– Idiota, o que você está passando não se compara. Ele ainda está vivo, certo? – Disse tentando sorrir um pouco para o menor.

Mas algo estava o incomodando desde que começara a ouvir a narração do amigo. “De onde eu já ouvi essa história...?” Aomine pensou um pouco familiarizado com aquilo. Arregalou os olhos ao perceber para onde seus pensamentos estavam convergindo, então logo precisava obter respostas.

– Kagami! – Pegou o ruivo pelos ombros, assustando-o um pouco, mas fazendo com que ele o encarasse diretamente – O nome! Eu preciso saber o nome do seu amigo! – Completou a plenos pulmões.

O ruivo arqueou uma sobrancelha parecendo mais do que confuso.

– Kuroko... Tetsuya... – Disse entre soluços.

Assim que ouviu seu nome sendo chamado pelo ruivo, o azulado finalmente se lembrou de tudo: Dos dias quentes de verão que passara estudando com ele, das noites que eles iam juntos para uma lanchonete qualquer e o maior pagava-lhe um Vanilla Shake, das vezes que ambos jogaram basquete juntos, dos dias que eles riam juntos de algum professor...

Tudo voltou tão à tona que ele não pode conter lágrima alguma.

– Kagami...-kun...?

. . .

Eles já estavam andando há um tempo em completo silêncio. Era um pouco desconfortável, mas não tinha outro jeito. Afinal, o que tem para se conversar com a Morte? Para falar a verdade, muito pouco: não é como se você fosse conversar como o dia estava bonito quando o que estava na sua frente levaria sua alma para um abismo escuro e profundo.

Por esse motivo, o rapaz preferiu manter-se calado enquanto seguia Akashi, que prometera leva-lo ao encontro de seu amado uma última vez. Infelizmente, ele teve que concordar com as condições de não ter nem o nome de seu amado ou o seu próprio revelados, deixando-o completamente perdido sobre aquele assunto. Por mais que tentasse forçar a memória, ele não conseguia nem uma pista. Depois de um tempo acabou desistindo, resolvendo avaliar a paisagem.

Alguns flashes de memória passavam pela sua cabeça a medida que ia passando por certo lugares. Ele já esteve ali, com certeza. “Eu devo estar chegando perto...” pensou animadamente, sentindo-se mais do que feliz pela oportunidade que lhe fora dada.

Mais lugares conhecidos que estava passando... Agora ele estava chegando a reconhece-los pouco a pouco. Agora ambos entraram numa pequena floresta na qual ele sabia exatamente onde ficava. “Eu... Estou perto da minha casa...” concluiu lembrando-se de algumas passagens e atalhos que usava no caminho de volta da escola. “Não acredito que ele esteve tão perto o tempo todo...” Pensou em como fora burro de sair procurando pelo homem que amava sem nem ter checado os arredores de sua casa... Talvez fosse a pressa.

Mas algo lhe dizia que ele estava indo para o lugar errado. Ainda sim, ele estava confiando em Akashi, então não desapareceria do nada.

Logo, estavam fora da floresta que ficava em frente a um lago. Mas aquele não era um lago qualquer, já que o rapaz se lembrava que fora dali que tinha saindo quando escapara do limbo há algumas horas atrás.

– Ahn... Akashi-san, o que estamos fazendo aqui? – Perguntou um pouco desconfortável.

– O que você acha? – Em um movimento rápido, Akashi agarrou o pulso do rapaz com força – Estou te mandando de volta do lugar de onde você nunca deveria ter saído.

Ele arregalara os olhos, não acreditando no que estava escutando.

– M-Mas e o nosso acordo?! Você prometeu que me deixaria ver a pessoa que amo antes de partir! – Exasperou enquanto tentava se soltar das mãos do menor, sem sucesso algum.

– Você acha mesmo que pode fazer acordos com a Morte? Eu sou absoluto, não preciso participar de joguinhos para arrastar alma alguma para onde elas devem ir. – Disse sério.

– Mas isso não é um “joguinho”! E eu prometi que ia partir sem relutância! Eu só queria vê-lo uma última vez! – Começara a lacrimejar, recusando-se a acreditar que fora enganado.

– Você acha mesmo que eu vou acreditar nisso, garoto? Tenho milênios de experiência nessa área e sei que nenhum humano cumpre com sua palavra. – “Nenhum” era uma palavra muito forte, mas ele preferia não arriscar a perder outra alma. Ainda mais uma que já fugira dele uma vez.

Dito aquilo, Akashi começou a arrasta-lo consigo em direção a água. O menor tentava livrar-se da mão que envolvia seu pulso, mas ela o segurava com tamanha força que era quase impossível se soltar. Mas mesmo assim, não desistia e lutava contra a força do menor.

– Desista e venha comigo. – A voz de Akashi agora parecia ter um efeito controlador sobre ele – Logo você não se lembrará de nada disso, então não haverá arrependimentos.

– N-Não... – Continuava a resistir, tentando puxar seu braço de volta.

É assim que eu termino?” pensou. “Depois de toda aquela luta para sair do vazio e encontrar com ele, é assim que eu vou acabar?” repetiu para si mesmo.

Nunca.”

De repente, conseguiu soltar-se de Akashi e correr para a floresta e esconder-se lá, deixando a morte atônita.

O ruivo ficou olhando para sua mão em silêncio, tentando assimilar o que acabara de acontecer.

– Como ele desapareceu diante dos meus olhos...? – Perguntou-se, engolindo seco logo em seguida – Eu não consigo nem ao menos sentir sua presença... O que aconteceu?

Mais um minuto se passou e ele caminhou para a floresta procurando pelo rapaz, mas nem um sinal dele. Suspirou pesadamente pensando “Como fui deixá-lo escapar?”.

– Deixa para lá... Alguma hora eu vou encontrá-lo. – Disse para si mesmo, dando os ombros sem admitir que acabara de cometer um erro – Tenho outros assuntos para resolver agora.

Dizendo aquilo, pegou uma pequena listinha do bolso e a analisou friamente.

– E o próximo é... Ah, achei você. – Sorriu de maneira sombria – Kuroko Tetsuya.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei. Foi curto, mas teve informação pracarai, então não reclamem. É agora que a história fica realmente tensa. O próximo capítulo será tenso, então segurem-se em suas cadeiras, queridos, porque tem muita revelação. RAWR~! Espero que semana que vem dê tudo certo e um capítulo esteja aqui para vocês (veja bem, não estou prometendo nada EH HE HE).
Se quer me mandar críticas (construtivas ou não), comentários, dúvidas, ideias novas, erros de português que eu cometi, mensagens inspiradoras, recadinhos amorosos, dicas de beleza (das quais estou necessitada), me mandar pro inferno, falar que está com vontade de morrer, de chorar, de cantar uma bela canção, ou simplesmente falar que gostou ou detestou a história, a minha caixinha de comentários estará sempre a disposição de vocês, leitoras e leitores.
Até o próximo capítulo, seus lindos! Com carinho,
—MC