Por trás das lentes há um novo garoto escrita por morangochan


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Oi morangolinas, aqui é a morangochan ♥Pra quem nunca leu nada meu, seja bem-vinda à minha fanfic. Eu tenho outra fanfic que o nome é "A órfã doce". E pra quem já me conhece, essa fanfic não tem absolutamente nada a ver com a "A órfã doce", eu fiz por acaso. Boa leitura ^^



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Talvez o problema fosse comigo, quem sabe. Talvez eu não tivesse os “padrões” adequados para ela. Eu morria de amores pela Lynn desde o dia em que ela falou comigo, depois que algumas pessoas ficaram me zoando por causa dos óculos. Ela era a única pessoa que falava comigo sem querer algo em troca.

Talvez eu fosse bobo demais em achar que ela se apaixonaria por um cara como eu. Ainda mais porque eu via que ela não queria mais do que amizade. Ela sempre falava e parecia se derreter por outros garotos que eram bem... Diferentes de mim, fisicamente.

Eu sempre fui um garoto determinado. Sempre quis que ela me correspondesse, sempre a seguia quando ela voltava a pé para casa. Mas um dia, depois das provas finais, ela me contou que iria se mudar e nem sabia ao certo se ainda ficaria na mesma cidade. Naquele dia, o meu mundo caiu.

“Será que ela vai embora por que eu não largo do pé dela?” – pensei. Talvez não, ela nunca se queixou. Mas também ela era uma garota muito gentil, talvez não quisesse ser grossa.

Meus pais conheciam os pais dela, mas acho que ela nem ao menos deve saber disso. Eu também conheço a tia dela, uma que é meio perturbada da cabeça e sai por aí vestindo uma fantasia de fada. Lembro-me que Lynn sempre se constrangeu quando a tia dela aparecia de vez em quando na escola. Um dia eu acabei perguntando a tia dela para que escola ela iria, e quando eu tive a certeza para onde ela iria, eu prometi o céu e a terra para o meu pai se ele me matriculasse naquela escola.

As pessoas de lá eram piores do que a da escola anterior. Havia um menino grosso e três garotas que adoravam se aproveitar de pessoas mais fracas. Eu queria muito sair dali, mas ao mesmo tempo, resistia, porque queria estar do lado dela a todo instante.

— Eu tenho bolo, você quer?

— Não, obrigada.

Só de ver que ela sorria quando estava com outros garotos, eu sentia algo queimar no meu peito. Era ciúme, muito ciúme. Eu fazia tanto esforço para ela gostar de mim, e simplesmente aparecia um garoto qualquer para arrancar sorrisos dela. Isso não era justo!

Mesmo assim eu não demonstrava nada disso, para não ser grosso e colocar tudo a perder. Eu não era grosso com ninguém, só por causa dela, para que ela não se chateasse comigo. Um dia eu bobeei e deixei aquelas três garotas arrancarem dinheiro de mim. Além disso, elas espalharam a foto de inscrição para a escola inteira, cheia de rabiscos. Eu fui querer defende-la, mas tudo piorou. Eu disse a elas que a Lynn era o amor da minha vida, depois disso, essas meninas foram zoar a Lynn dizendo que o “namorado” dela havia ido defendê-la. Eu me senti muito mal, a Lynn estava constrangida por minha culpa.

Mas eu sabia que ela tinha um bom coração. Ela trabalhou comigo no clube de jardinagem, nós dividimos biscoitos e ela voltou para casa comigo. Apesar de todos os meninos, pelos quais eu tinha certeza que ela tinha uma queda, eu sabia que mesmo assim eu tinha chance.

Meu pai acabou descobrindo sobre o ocorrido na escola quando viu meu braço com marcas de unha. Meu pai sempre foi um homem muito rígido, e às vezes, bem cruel. Eu o convenci que iria esvaziar meu armário, mas meu intuito mesmo era ir até a Lynn para me despedir.

— Lynn, eu estava te procurando! – era ridículo, mas quando eu menos percebi, estava chorando na frente dela. Eu sempre me senti um bobo quando fazia isso, mas eu era tão chorão que ela já tinha se acostumado.

— O que foi? A Ambre te incomodou de novo?

— N-não, mas eu queria muito te dar um tchau antes de viajar.

— Como assim, “antes de viajar”?

— Eu contei para o meu pai o que aconteceu comigo. – menti. Ela achar que eu era um menino medroso que corria para o pai sempre que algo acontecia, era melhor do que ela saber que meu pai viu as marcas de unhas e quase me bateu para que eu contasse. – Ele disse que era inadmissível o filho dele ser maltratado por mocinhas.

— Mocinhas? – ela franziu a testa. Analisando bem, acho que eu percebi um tom de preocupação na voz.

— Ele falou também que iria me tirar da escola imediatamente e que faria de mim um homem para apagar esta humilhação o mais rápido possível. – desabafei.

— Seu pai? Mas ele chega assim e decide te tirar da escola, é isso? – havia indignação no modo que ela falava. Significava que ela se preocupava comigo. Meu coração acelerou só de ver que ela se preocupava comigo.

— Ele é militar, ele voltou de uma missão especialmente para cuidar de mim. Eu preciso ir agora, ele está me esperando. Tome isto, é para você. E não me esqueça, ta bom?! Eu voltarei.

Eu peguei sua mão e com a outra depositei um ursinho de pelúcia. Assim que virei de costas, vi um cachorro correndo pelo corredor e logo em seguida, a diretora gritando com ela. Pensei em dar meia volta e ir ajudá-la, mas ouvi os passos apressados do meu pai pelo corredor. Assim que ele me agarrou pelo braço, me rendi e saí da escola sem dar mais uma olhada para trás.

Meu destino foi a escola militar. No começo era um inferno, todos aqueles exercícios e todas aquelas coisas difíceis. O meu pai estava lá, e estava toda hora exigindo coisas de mim, exigindo coisas demais. Sempre quando eu ia dormir, olhava para a foto dela que eu tirei no celular quando ela não estava olhando.

— Hei, o que está fazendo?

— N-nada.

— Essa garota... Eu já vi essa garota. É a garota das fotos que estavam pregadas na parede do seu quarto!

— Por favor, não tome meu celular.

— Não seja idiota! Garotas gostam de caras confiantes, e não de garotos inseguros como você! Não me arrependo quando quis te trazer aqui para te fazer um homem! Você não consegue nem enxergar quando alguém está te rejeitando.

Todos os dias meu pai me falava aquilo. Me mandando virar homem, enchendo minha cabeça de coisas que me faziam chorar todas as noites. Eu chorava sozinho. Mas talvez ele estivesse certo. Acho que a Lynn não era uma garota muito segura de si, então o que ela iria querer com um garoto mais inseguro do que ela?

Depois de uns exames no médico, descobriram que o meu crescimento estava retardado. Me deram seis injeções, uma a cada mês. Eu cresci tanto que até parecia uma massa de bolo cheia de fermento. Mudei o cabelo, troquei aquelas roupas que já não serviam mais para mim, troquei os óculos por lentes de contato. Agora sim estava pronto para voltar para aquela escola, mas quando cheguei, o meu primeiro desejo era me vingar da garota que me fez ficar longe da Lynn.

Aquele plano de vingança foi pouco elaborado, mas eu vi que isso surgiu efeito. A Lynn não fazia a mínima ideia de quem eu era. Nem ela e nem ninguém. Particularmente, eu não sabia se isso era bom ou ruim. Eu também não sei se foi um bom plano quando eu beijei a Ambre para me vingar.

— Você estava aqui? – Ambre lançou uma interrogação cheia de arrogância.

— Sinto muito. – Lynn respondeu.

Meu coração se despedaçou na hora que eu vi que a Lynn tinha nos visto. Ela não pareceu me reconhecer, apenas ficou me encarando com um olhar de dúvida.

— Não faça esta cara, um dia desses você também vai beijar um carinha... Milagres existem, sabe?

— Ah ah, super engraçado... Você pagou quanto para que ele te beijasse?

— Não generalize. Eu nunca tive que pagar 300 $ para obter alguma coisa.

Eu não estava entendendo nada. Pelo visto, eu tinha perdido muita coisa. Eu me senti totalmente irritado pelo modo que Ambre provocou a Lynn, tanto que eu já estava querendo mudar o percurso do meu plano.

— Ai ai! – exclamei irritado.

— É, licença... Como você se chama? Eu nunca te vi aqui... – ela balbuciou algumas palavras com as bochechas um pouco coradas. A vontade que eu tive foi de pega-la em meus braços e tira-la de perto de Ambre.

— Meu nome? – sorri. Pela cara que ela fez, deveria ter estranhado o tal sorriso.

— Eu ia perguntar a mesma coisa. – disse Ambre se metendo na conversa.

— Você o beijou sem mesmo saber como ele se chama?!

“Você acha que eu ia contar?” – pensei. – “Meu intuito é humilhá-la. Quero ver a cara dela quando ela souber que eu sou o menino que ela roubou há meses atrás”.

— Os dois últimos alunos que chegaram na escola, eu não pude fazer nada antes que você ficasse “amiguinha” deles... Eu não quis me arriscar dessa vez.

— Ok...

Eu tinha visto um garoto no pátio com fones de ouvido e um menino gritando com um PSP na sala. Aparentemente, eram gêmeos. Senti vontade de xingá-la. Então quer dizer que se ela tivesse chance, agarraria qualquer um? Realmente a Lynn não merecia respirar o ar que aquela cobra infectava.

— Bem, Ambre, quanto mais eu te vejo, mais eu percebo que você não é lá essa beleza toda... – pausei um pouco rangendo os dentes, estava pronto para dar o “grand finale”.

— Além do que, você beija muito mal... – assim que terminei a expressão, vi um sorriso brotar nos lábios da Lynn. Assim que vi que ela queria rir, continuei. Estava com esperança de consertar as coisas para que não parecesse que eu beijei a Ambre porque gostava dela. – Não se aproxime mais de mim e não tente nunca mais me ligar.

Eu peguei o celular da mão de Ambre e joguei no chão com toda força. Agora sim, aquilo tinha pagado o que ela fez comigo e o que fez com a Lynn.

— Você está LOUCO! O que te deu na cabeça?! – Ambre bradou.
— Eu paguei 300 $ pelo celular! – Lynn murmurou de olhos arregalados.

“Então era isso que a Ambre estava falando? Ela chantageou a Lynn em troca de um celular?”. – juntei as peças. Será que era aquilo? A Lynn sendo curiosa, mais do que deveria, como sempre!

— Você entendeu o que eu acabei de te falar ou prefere que eu te faça um desenho? Sai da minha frente!

Eu empurrei Ambre e saí andando. Depois que Ambre se abaixou para juntar os “cacos” do que restara do celular, eu notei que a Lynn já havia saído do corredor antes mesmo que eu virasse as costas. Suspirei.

“Será que ela ficou zangada? O que eu faço?”. – pensei. – “Não seja estúpido! Ela nem ao menos sabe que é você!”

Eu estava perto da escada, tentando organizar todas as ideias na minha cabeça. Quando eu dei que não, a Lynn apareceu novamente num passe de mágica.

“Tenho que falar algo... Rápido!”.

— Bem, olá Lynn. Não se assustou muito com o que acabou de ocorrer?

— Não, tudo bem, eu até achei divertido... Bem feito para a Ambre! – ela deu um sorriso, logo olhou para cima, pensativa. – É... Espere um minuto... Como você sabe o meu nome?

“Que lenta!”

— Você ainda não captou? Você é muito lenta. Eu não te lembro ninguém? Um rapaz que gostava muito de você, que veio para esta escola apenas para ficar do seu lado e que você acabou partindo o coração?

Talvez ela não soubesse de tudo aquilo. Mas eu quis desabafar, me declarar e jogar tudo que eu tinha na cara dela. Embora fosse cruel, ela merecia! Eu não passei tudo o que eu passei para voltar e me jogar nos pés dela como o otário que eu era antes.

— Espera aí, deixa eu pensar... – dei um suspiro pesado e fiquei em silêncio. Que lenta! – K-ken?!

— Kentin! Eu nunca mais quero ouvir este apelido idiota que vocês me deram apenas para rirem de mim. Nem ouse a voltar me chamar assim!

— O-ok...

Eu odiava falar com ela daquela forma. Odiava falar do jeito que estava falando. Eu poderia xingar qualquer um sem problemas, mas com ela era diferente.

— Se eu soubesse que você também não me reconheceria, eu preferiria te seduzir, para te abandonar depois.

“Afinal, os meninos pelos quais você se derretia, eram assim”.

— Você só fez isso para se vingar?

— E meu plano funcionou. Ela não irá conseguir me olhar nos olhos por um bom tempo. Graças a você, inclusive. Se não tivesse nos surpreendido, o meu plano não teria o mesmo impacto. Obrigado! – e lá ela ficou, com uma cara de pastel. – Agora saia da minha frente, se não quer que te aconteça algo.

Ela saiu da minha frente. Assim que me perdeu de vista, correu para uma das salas de aula. Eu a segui discretamente, e lá foi ela abrir a boca para a Ambre. Mas valeu a pena tudo aquilo para vê-la debochar de Ambre.

Por mais que eu tivesse raiva, ciúme por vê-la por aí sorrindo por causa de outro babaca, por mais que eu quisesse tê-la somente para mim, eu me derretia com um sorriso dela. Eu não resistia, não conseguia. Talvez eu realmente tenha mudado, feito coisas que eu não queria, falado coisas que antes eu me recusaria. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu te amo, Lynn. Sempre amei e sempre vou amar.


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