[Bella]

Eu seguia Emmett pelos corredores do colégio. Eu deveria ter a mesma aula que ele naquele momento, então talvez não fosse uma idéia tão ruim. Ainda estava irritada com o que Tyler tinha falado, mas de qualquer forma tinha que manter a calma. Edward provavelmente concordaria com a frase machista e idiota que ele tinha falado no almoço. Tava na cara que ele não gostava de Rose, apenas queria ficar com ela por que todos a acham a menina mais bonita do colégio. Idiota.

Eu tinha visto quando Edward, usando meu corpo, foi com Alice e Rosalie para a aula de biologia. Pelo menos ele estava se comportando bem, melhor do que eu com toda a certeza, já que eu já tinha reprimido a vontade de matar o grupo inteiro dele umas três vezes apenas no almoço. Aquela tortura tinha que acabar logo, não sabia quanto tempo eu agüentaria aquilo.

-cara onde você está indo? –Emmett perguntou me olhando desconfiado.

-para a aula, não é? –sorri timidamente, tentando não fazer da minha resposta obvia de mais.

-mas você não tem história agora? –Arregalei os olhos.

-ah, claro. Como eu pude me esquecer. –ri disfarçadamente. –estou indo, ok? Beijos Emmett.

E eu voltei a andar apressadamente pelos corredores atrás da aula de história. Se eu teria que ficar no corpo de Edward por algum tempo, ele teria que me passar todos os seus horários de aula. Caso contrário eu passaria a assistir todas as aulas com Emmett. Entre na sala e percebi que estava atrasado. Todos me olharam e eu senti minhas bochechas queimarem. Não era só por que eu estava no corpo de um menino que eu tinha deixado de ser tímida, não é mesmo?

-agora que o Sr. Edward resolveu nos dar a honra de sua presença, podemos começar a aula? –o professor me olhava furiosamente. Dei de ombros e fui me sentar. –Podemos senhor Edward?

Olhei em volta e todos me encaravam, apenas algumas meninas sorriam animadamente como se a qualquer momento eu pudesse fazer ou falar alguma coisa incrível. Olhei novamente para o professor e agora ele me encarava mais furiosamente do que antes, e eu estava quase receitando minha técnica de segurar a cabeça, quando ele suspira e sacode a cabeça. Só então percebi que ele ainda esperava pela minha resposta.

-claro, professor. –eu sorri, e ele me olhou outra vez, mas agora com uma sobrancelha levantada.

Eu devo ter demorado muito para responder. Todos olhavam para frente agora, nem mesmo as meninas me encaravam. Sentei satisfeita por não ser mais o centro das atenções com o corpo de Edward. Gemi alto, quando minhas pernas ficaram presas embaixo na carteira. Que maldição, Edward precisava mesmo ser tão alto?

-Algum problema Sr. Cullen? –arregalei os olhos e constatei que todos me olhavam novamente.

-não, não! Imagina. –ri nervoso e logo fechei a cara, começando a copiar a matéria.

A aula passava lentamente. Revolução industrial era até uma matéria legal, se eu não tivesse visto aquilo no bimestre passado. Eu lutava contra meus olhos, tentando forçá-los a não fechar. Mas parecia que quanto mais eu tentava, mais eles teimavam em fechar.

Eu estava segurando meus olhos para que eles não fechassem, quando sinto uma bolinha de papel em minha mesa. Fala sério, quem ainda joga bolinha de papel nas pessoas? Abaixei os olhos e depois olhei em volta. Resolvei pegar a bolinha e começar a rabiscar, pelo menos faria alguma coisa. E foi então que eu congelei, percebendo que não era apenas uma bolinha de papel e sim um bilhetinho ou qualquer coisa do tipo.

“Podemos conversar depois? Você está estranho.

P.S: Seu cabelo está gato, o que fez nele?

Beijos carregados de amor... Tânia. ”

Deveria ser castigo. Com toda a certeza eu tinha feito alguma coisa de muito ruim em minha vida para merecer aquilo. Olhei em volta e logo achei a oxigenada acenando. Definitivamente eu precisava de uma plaquinha feita especialmente para ela de “não perturbe”. Com certeza eu a carregaria no pescoço e escrito em minhas costas a mesma coisa com letras garrafais.

Respirei fundo e contei até dez, segurando a cabeça para que ela não explodisse, como tinha ensinado o tio Aro. Peguei uma caneta e escrevi nervosa e rapidamente o que eu queria dizer. Esperava que ela fosse inteligente o suficiente para ler as entrelinhas e percebesse que era melhor manter distancia. O aviso era simples e claro.

“Desculpe. Terapia.

E. ”

Não tinha nada que pudesse ser confundido com carinhoso ali. Eu só esperava para que ela não fosse burra. O sinal finalmente bateu depois que o professor fez uma pergunta a mim e eu não soube responder. Saí correndo pelos corredores, na esperança de ainda achar Edward, quer dizer meu corpo por aí e perguntar qual era minha próxima aula.

Para meu completo desespero Edward já tinha saído da aula de Biologia, apenas Alice e Rosalie ainda conversavam na sala de aula, terminando de arrumar suas coisas. Sorri animadamente, pensando em me meter na conversa e saber todas as fofocas que tinha perdido aquele dia, mas assim que cheguei perto elas pararam de falar e me fitaram.

-Edward, o que está fazendo aqui? –Alice perguntou, enquanto eu ainda tentava engolir o novo nome pelo qual teria que responder.

-eu... É... Esqueci qual é minha próxima aula. –cocei a cabeça parecendo envergonhada.

-Você está muito estranho. E a propósito... É calculo. –sorri aliviada e comecei a sair da sala, mas parei para esperar por elas.

-o que fizeram na aula de biologia hoje? –perguntei parada na porta, tentando parecer interessado.

-o professor trouxe uns animais nojentos. Só isso. –Rosalie respondeu com um sorriso no rosto.

-que animais? –perguntei com o típico sorriso torto irritante que ele sempre dava.

-aranhas, baratas... Sabe como é. –Alice sorriu dando de ombros.

-Edward? –continuei olhando para Alice, mesmo com Rosalie me chamando. –Edward?

-oi? –respondi fazendo careta.

-Tyler tem falado algo sobre mim? –arregalei os olhos e engoli seco. Sabia que tinha que falar a verdade e na verdade eu falaria, mas sabia que seria mais fácil se eu estivesse com meu devido corpo.

-Olha Rosalie, eu acho que... –mordi o lábio inferior. –não acho que ele esteja realmente empolgado com essa história toda. –dei de ombros, mas meu coração se partiu em mil pedaços quando ela abaixou a cabeça tristonha.

-eu imaginava...

-Rosalie... Me desculpe eu não deveria ter dito. –sacudi a cabeça ao seu lado.

-deveria sim, muito obrigada Edward. –Alice suspirou pesadamente ao meu lado, parecendo preocupada também.

-qual o problema?

-não é nada é só que... UMA ARANHA! –ela apontou para o chão e começou a berrar, sendo acompanhada por Rosalie.

-AH, É A ARANHA DA AULA DE BIOLOGIA! –Rosalie gritou, enquanto eu estava paralisada pelo medo.

-Edward faz alguma coisa. –Alice gritou. É Edward faz alguma coisa. Eu pensei na hora, mas segundos depois fui tomado pela realidade... Eu era o Edward da ocasião.

Claro que eu faria alguma coisa. Eu precisava fazer.

-SUBAM NA MESA! –eu ordenei apontando para a mesa do professor. As meninas o fizeram e logo eu as acompanhei, tremendo e fitando o animal que andava lentamente pela sala.

[Edward]

Sentei em meu lugar na aula de inglês e esperei pacientemente para que o professor parasse de fazer piadinhas e começasse logo a aula. Não demorou nada para que ele viesse para o meu lado e começasse a fazer perguntas sobre o meu dia e coisas e tal. Respirei fundo e dei um sorriso que eu esperava que fosse o sarcástico de Bella. Mantinha minhas mãos fechadas em punho, apesar da unha machucar a palma da mão.

-OLHA... –eu comecei a dizer, mas então ouvi gritos histéricos vindos de alguma sala ao lado.

-mas o que diabos está acontecendo? – o professor tarado falou, indo para a porta da sala e olhando para o corredor. –tinha que ser Alice Brandon e Rosalie Hale. –ele falou sacudindo a cabeça.

-como é? –eu pulei da cadeira e corri para a porta também.

Ouvir o nome da minha irmã naquela confusão fez com que todo meu corpo gelasse. O que ela poderia estar fazendo para ter todos esses gritos? E foi então que eu ouvi outra voz que se destacava aos gritos femininos. Penso que as outras pessoas não tinham ouvido a voz grossa que vinha do meu corpo berrando também. Corri para a sala ao lado e foi então que vi a cena mais ridícula com mundo.

Alice, Rosalie e meu corpo dividiam a mesa do professor. Era difícil dizer qual estava tremendo mais, mas de qualquer forma, não consegui conter a cara de frustração. Bella, em meu corpo, me olhou com os olhos arregalados, quase que suplicantes.

-Bella fique longe, tem uma aranha imensa aqui. –Alice falou e eu ergui uma sobrancelha e me aproximei da mesa.

-onde? –perguntei tentando manter a calma.

-ali. –Bella não pensou duas vezes antes de apontar o animal que estava a uns dois metros de mim.

Fui me aproximando do animal, mesmo com os gemidos de objeção que as meninas davam. Tudo bem, se antes eu tinha alguma duvida de quem era mais apavorada, no momento eu tinha completa certeza. Bella estava apavorada, ao ponto de me deixar pisar com seus sapatos em cima do animal, que fez um barulho que enojou até mesmo a mim.

-quem é você e o que fez com minha melhor amiga? –a pergunta de Alice fez com que todo meu corpo gelasse.

-alguém precisava salvar a pátria, não é? –Bella falou antes que eu pudesse me mexer. –minha heroína. –e ela colocou a mão na testa e dobrou os joelhos.

-bem... De qualquer forma... Obrigada Bella. –Alice sorriu e deu um beijo em meu rosto.

Assim que as meninas saíram me deixando sozinho com Bella, que agora escorregava e caia sentada no chão, logo tratei de cruzar os braços sobre o peito e balançar a cabeça para ela. Ela me olhou com os olhos suplicantes, quase como se pedisse desculpa por eles.

-você não pode fingir ser normal? –ela franziu a testa e fitou o chão.

-sinto muito, tenho medo de aranhas. –soltei um suspiro audível, e ela me olhou. Nunca achei que meus olhos verdes poderiam transparecer tanta culpa daquela forma.

-tudo bem, mas da próxima vez...

-ah, esqueci a gracinha aqui, alguém a viu? -o professor de biologia apareceu na porta da sala e nos olhou com um sorriso aberto.

-é... –Bella me olhou com os olhos arregalados. O que ela esperava que eu fizesse?

O professor deu alguns passos para dentro da sala e então meus olhos correram para o animal esmagado no chão. Ele deveria estar falando da aranha, só podia. Se o animal tinha nome, é por que era de estimação, o que significa que ele nos mataria se soubesse que eu tinha matado o pobre e quase indefeso animal.

-sabe o que é professor... É... –eu pulei para o lado dele e o puxei para o lado contrario do animal. –eu estou com uma duvida em...

-o que eu faço com isso? –Bella sussurrou para mim.

-engole! –eu falei e voltei a olhar para o professor. –Quantas patas têm os aracnídeos?

-oras Senhorita Isabella, assim que eu encontrar minha aranha eu te mostro. –Bella bateu minha imensa mão na testa e me fuzilou com os olhos. –onde está minha aranha?

-eu... –Bella me cortou, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.

-Aranha? Que Aranha? Acho que o senhor a esqueceu em outra turma, estou aqui desde quando acabou a aula e não tinha nenhuma aranha aqui. –Ela deu meu melhor sorriso cativante, o que não funcionou com um homem.

-como senhor Edward? Você não tem aula de biologia hoje. –cobri os olhos com as mãos.

-é...

-com licença, vocês estão me atrasando... GRACINHA! –o professor gritou e correu para onde estava o cadáver da aranha. –O QUE VOCÊS FIZERAM COM O MEU BEBÊ?

-eu não fiz nada, ela já estava assim quando eu cheguei! –Bella falou se defendendo.

-é, eu também! –emendei logo em seguida, não querendo chamar a atenção toda para mim.

-SEUS MONSTROS, ASSASSINOS, SEM CORAÇÃO! –o homem continuou gritando.

-vamos sair logo daqui. –sussurrei para Bella, que logo seguiu meu conselho e começou a correr.

Continuamos correndo até que estivéssemos fora do prédio. Apesar da distancia ainda era possível ouvir o professor de biologia gritar coisas como: “prendam os assassinos...” ou então “eles mataram minha filha”... Nos sentamos em baixo de uma árvore que tinha uma imensa sombra e ficamos ali, apenas voltando a respirar normalmente.

-preciso saber seus horários de aulas. –Bella falou ainda entre suspiros.

-ok, e você precisa me dizer os seus e também... –eu iria me odiar pelo resta da vida por isso, mas era necessário.

-o que? –ela perguntou parecendo curiosa.

-se vou ficar preso em seu corpo por um tempo, vou precisar aprender a ser você. –falei de uma vez, sem acreditar no que estava fazendo.

-é... E eu a ser você! –ela suspirou o que me fez pensar que ela também não estava feliz com a situação.

-ok.

-bem... Se você terá que aprender a ser eu, teremos que ir aonde eu me sinta em casa. –ela sorriu abertamente, e eu tive a nítida impressão que seus olhos estavam brilhando.

-e isso seria...?

...

Eu não acredito que concordei com isso. Onde eu estava com a cabeça quando a deixei me trazer até aqui? E lá estávamos nós passeando como bons amigos pelo shopping. O lado bom é que varias meninas passavam e olhavam para mim, no caso para Bela, mas nesse caso não me importo. O lado ruim é que ela olhava para todos os homens que seriam exatamente o perfil de namorado dela.

-o que exatamente estamos fazendo aqui? –eu perguntei, cruzando os braços sobre o peito.

-estou te ensinando a ser eu, como você pediu! –e ela precisava me lembrar que fora eu mesmo que tinha pedido por isso?

-claro, e como o shopping irá nos ajudar? –ela suspirou e me olhou diretamente.

-Edward, eu passo a maior parte do tempo aqui. O que você acha? –suspirei e continuei seguindo-a.

Paramos na frente de algumas vitrines, ela fez menção de entrar em algumas lojas, ela analisou alguns sapatos, fez caretas para algumas roupas, fez contas nos dedos, pegou MEU celular no bolso e discou alguma coisa, para no fim me fazer sentar em um banquinho.

-Bella o que...? –olhei para o seu rosto e só então percebi algumas lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos. –não chora.

-qualquer coisa eu finjo que é alergia, não se preocupe. –ela não me olhou para responder e eu levei alguns minutos para entender suas palavras.

-não estou preocupado com o que vai parecer. –ela me olhou, com os olhos verdes avermelhados e os lábios trêmulos. Era assim que eu ficava chorando? CRUZES!

-não?

-não! O que aconteceu? –ela parecia relativamente animada alguns minutos atrás.

-é só que... Não leve a mal, mas... Eu quero meu corpo de volta. Isso não é normal, eu gosto de ser uma menina. –ela falou com a voz chorosa.

-eu também quero e nós vamos dar um jeito nisso. Eu prometo. –eu sorri, tentando demonstrar algum tipo de entusiasmo.

-promete? –eu assenti e ela sorriu.

Passamos mais alguns minutos ali, em silêncio, apenas observando as pessoas que passavam por nós. Na maioria das vezes eu não reparava de verdade, até que uma mulher alta, de cabelos pretos até o meio das costas, usando uma saia preta, uma sandália vermelha e uma blusa que combinava perfeitamente com o sapato passou.

-adorei o sapato. –Bella falou fitando os pés da mulher.

-Adorei ela! –Bella me olhou com um sorriso animado. Eu sabia que ela tinha um plano maléfico e isso me preocupava.

-tive uma idéia. –não disse?

-AI!

-eu vou lá e a chamo para sair, e de quebra descubro aonde ela comprou aqueles sapatos. Eu saio com ela e você usa os sapatos, é uma boa troca não é? –arregalei os olhos. O que eu realmente ganharia com aquilo? Na verdade... O que ela ganharia com aquilo?

-não estou entendendo...

-dã! É uma troca de imagens... Todos vão ver você com ela e eu com os sapatos! –ela sorriu abertamente.

-ah... –a proposta era até interessante, se tivesse alguma graça.

-se eu pedir por favor ajuda? –ela piscou freneticamente meus olhos verdes. Nunca achei que aquilo poderia ser tão irritante.

-tudo bem. –eu disse suspirando. Era melhor do que ela ir querer dar uma de melhor amiga para cima da menina.

-aaah! –ela bateu palmas e sorriu abertamente.

-mas... Sem escândalos... E vai falar com ela de uma vez. –ela corou rapidamente.

-falar com ela? –revirei os olhos sorrindo presunçosamente.

-claro, ou espera que eu como sua melhor amiga faça isso? –levantei uma sobrancelha, da forma como ela fazia comigo e me irritava profundamente.

-tudo bem, eu já volto. –ela se levantou e foi em direção a mulher, que já a encarava com um sorriso malicioso. Não podia ser tão difícil.

[Bella]

Não acredito que tinha dado certo. Tinha sido fácil de mais dessa vez. Fui sorrindo abertamente para a menina estranha que me olhava com um sorriso estranho no rosto. Será que ela não tinha percebido que eu estava acompanhada? Tudo bem que meu corpo era pequeno e Edward não fez realmente muitas coisas notáveis enquanto estava ao meu lado, mas ainda assim eu era uma pessoa, uma menina ao lado dele.

Fui me aproximando cada vez mais, sempre fitando os sapatos. Cheguei perto e sentei ao seu lado na mesa, sorrindo e cruzando as mãos. Ela continuou me olhando e agora seu sorriso tinha se alargado. Ah, mas aquele sorriso ia durar pouco... Muito pouco.

-oi, minha namorada amou seu sapato. Aonde você comprou? –a menina fez uma careta e arregalou os olhos, depois olhou sobre meus ombros para Edward. Virei lentamente e pisquei para ele, que apenas acenou com um sorriso. Ótimo, ele estava ajudando e nem sabia.

-namorada? –a voz irritante falou.

-sim, minha namorada. Ela é tão linda não é? Estamos juntos há tão pouco tempo, mas eu sei que é para sempre. Amo muito ela. –sorri timidamente e corando. Parece que tudo estava dando certo para mim.

-ah, claro. Comprei na loja do andar de baixo. Aposto que sua namorada sabe onde é! –pensei por um momento.

-aquela da entrada colorida? –a menina assentiu ainda me olhando. –muito obrigada!

-não foi nada. –ela falou com a voz meio catatônica. Me levantei e comecei a andar e então me lembrei que deveria no mínimo pedir o nome dela.

-qual o seu nome? –ela sacudiu a cabeça, tirando os olhos dos meus lábios e olhando em meus olhos finalmente.

-Kate. –sorri.

-muito obrigada Kate. –voltei para o banco, onde Edward me olhava com cara de desapontamento. Eu tentei fingir algum pesar, e acho que até deu certo.

Dei de ombros como quem diz “sinto muito, não deu certo.”, e me sentei ao seu lado, me esforçando para olhar fundo em seus olhos, para que a tal Kate achasse que éramos mesmo namorados. Edward repuxou um lado do lábio.

-o que aconteceu?

-parece que ela tem namorado. –repuxei um lado do lábio também e fitei o chão.

-e o sapato? –olhei para ele com surpresa.

-sapato? –ele deu de ombros.

-você fez sua parte, não tem culpa que ela tem namorado! –ele sorriu e continuou me fitando nos olhos.

-você quer dizer...

-vamos comprar sapatos! –pulei empolgada e ele me seguiu, começando a ir para as escadas rolantes.

-a propósito, o nome dela é Kate. –ele me olhou com os olhos levemente arregalados e assentiu.

Querido Diário, isso vai parecer meio idiota já que não tenho um diário de verdade desde os doze ou treze anos, mas ultimamente estão acontecendo coisas estranhas e não posso me esquecer de nenhum momento.

Edward diz que não posso contar a Alice sobre a troca de corpos... “você quer passar o resto da sua vida em um hospício Bella? Mesmo que seja com meu corpo?”. Mas eu sei que Alice entenderia e ficaria do meu lado nesse momento ruim.

Não entendo por que isso aconteceu comigo. Apesar de nunca admitir em voz alta, eu até sinto falta do Emmett e de seu ronco estrondoso todos os dias de manha. Acho que devo estar sensível por toda essa confusão... Eu vi Emmett essa manha e provavelmente passarei amanha o dia com ele também.

Edward está sendo até compreensivo, nunca achei que ele poderia aceitar usar o sapato mesmo a tal Kate ter dado o “fora” nele. Ele nunca saberá a verdade, não é mesmo? Acho que fui um pouco dura com ele no começo, talvez se eu tivesse sido mais compreensiva não estaria nessa situação... Oras e quem é que eu quero enganar? Não sou a única culpada na história.

Alice acabou de vir aqui ver se estou bem. Acho que não estou sendo realmente um bom Edward. Pelo menos agora sei todos os horários de aula dele e não vou precisar ficar seguindo meu irmão por aí... Estou com tanto sono... Acho que amanha vou falar com Aro, para ver se ele já achou um jeito de reverter isso tudo... Esperança é a ultima que morre não é? (tudo bem, no meu caso ela é suicida, mas o que posso fazer?)

Bella.