Eu não sou uma pessoa perfeita
Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito
Mas eu continuo aprendendo

Kenna deu um pequeno sorriu com a visão da casa da tia, já fazia anos que não via Sara.

Assim que o táxi parou Kenna viu Sara, James Jr e Barbara na porta da casa, todos sorriam.

-Kenna! – Sara disse abraçando a sobrinha o carinho daquele simples gesto assustou Kenna que não era ligada a afeto de forma tão pura e sem segundas intenções.

- Oi tia. – Sussurrou meio seca, mas tentado dar um sorriso.

-Babs, James venham cumprimentar Kenna. – Sara disse para os filhos que até então se mantinham distantes.

Barbara era um jovem de dezesseis anos e James um rapaz de quatorze. Kenna não via os dois desde que tinha quinze anos.

Logo os primos a cumprimentaram e eles entraram na casa que não mudará nada em sete anos.

-Esse é seu quarto. Não é muita coisa...- Sara disse com um sorriso doce que incomodava Kenna que não conseguia entender como a tia conseguia olha-la sem aquela acusação ou sem o nojo que a própria mãe lhe direcionava.

-Está ótimo Sara, não precisava se incomodar, logo irei arrumar um lugar para mim. – Kenna disse colocando suas malas próxima a pequena cama.

- Bem enquanto isso fique a vontade. – Sara disse se retirando dando privacidade para a mulher que logo estava jogada na cama olhando para o nada.

***

Eu já estive aqui antes e não gosto
Eu estou tentando descobrir onde errei
Porque eu não quero me sentir como me sinto agora novamente
Totalmente perdido e sozinho

-Papai?- A pequena Kenna de seis anos chamou o homem.

O porão escuro deixava a pequena com medo, mas ela queria ver o pai e nada a impediria, nem seu medo que como seu irmão dizia era típico de uma garotinha estúpida e insignificante.

Kenna continuou a andar até parar em frente à porta “proibida”, a pequena ouviu pequenos murmúrios e assustada deu um passo para trás.

-Papai? – Chamou de novo e logo sentiu uma mão em seu ombro direito.

A menina soltou um gritinho e se virou a sua frente estava um homem de olhos verdes, cabelos negros que tinha o estilo “professor nerd”, mas a menina viu o seu herói, seu querido pai.

- Já disse para não descer aqui Kenna, quantas vezes vou ter que repetir?

A pequena se encolheu e sussurrou:

-Descu-lpa papai.

O homem suspirou umas três vezes antes de dizer:

-Vamos antes que você me faça deixa-la sem sobremesa pelos próximos meses.

A menina sorriu, sabia que estava perdoada.

O despertador soou pelo cômodo fazendo Kenna despertar do sono e logo do sonho com o pai.

“Que porra, nem dormi eu posso sem sonhar com você pai!” Pensou se levantado com um péssimo humor.

***

- Bom dia. – Kenna disse entrando na cozinha onde a família Gordon comia e ria de algo que a mulher não fazia questão de saber.

-Bom dia. – Sara respondeu.

O comissário se levantou e abraçou Kenna que retribuiu apesar de estar incomodada com o bigode do homem roçando em seu ombro.

-Como foi de viagem? – O homem perguntou enquanto se sentavam.

“Uma bosta!”

-Ótima. –Mentiu- E achei a cidade bem diferente do que dizem. – Comentou se lembrando do que ouviu antes de ir para a cidade.

-Isso é por que você só está aqui há um dia. – James Jr. resmungou.

-Verdade. E falando nisso tia hoje irei sair para olhar uns apartamentos e comprar umas coisas. – Avisou apesar de não estar acostumado a fazê-lo.

-Eu vou com você.

-Não precisa tia.

-Aqui é uma cidade perigosa Kenna, principalmente para você que só esteve aqui de visita. – Advertiu o comissário.

“Ah claro! Minha vida vou um mar de rosas, não posso lidar com loucos e heróis vampiros...” Pensou cínica, mas apenas respondeu:

-Sei disse tio, mas tenho que aprender a me virar.

Depois de muita insistência Kenna acabou conseguindo a proeza do passeio solitário, o que para ela era ao paraíso.

Logo todos terminaram o café e Kenna se levantou.

-Ah Kenna vai ter um jantar na casa de um amigo, vamos? – James convidou.

-Ahh...eu não sei.

-Vamos Kenna vai ser bom para você conhecer umas pessoas e quem sabe conseguir um emprego. – Sara argumentou.

“Estou na casa delas, atrapalhando suas vidas...E o mínimo!”

-Tudo bem, mas devo me preocupar com a roupa?

-Sim. – Babs que respondeu. Kenna disfarçou a careta e só assentiu.

***

Gotham na visão de Kenna era uma cidade bela de uma forma deformada e problemática como ela própria.

A mulher de traços finos e delicados, com seus cabelos negros e olhos verdes chamava a atenção por onde passava, não só pela beleza, mas por claramente não ser daquele pequeno inferno no mundo.

Kenna terminou ás compras e andou por algumas ruas, algumas boas outras nem tanto, até que se viu perto do local de trabalho do comissário.

“Faço uma visita ou finjo que nunca passei por aqui?” Se perguntou, mas seus pés a guiaram para dentro como se um imenso ímã a atraísse.

Logo um dos policiais a parou e perguntou:

-Posso ajuda-la senhorita?

Kenna ficou calada por segundos e quando estava pronta para respondeu pode ouvir risos histéricos que ecoavam pelo local.

-Ele ira destruí-los! Ele ira destruí-los! Ele ira destruí-los!.... – Os gritos misturados a risadas fizeram Kenna pensar:

“Eu devia ter fingido, mas maldito seja o ímã....”

Antes que qualquer um previsse qualquer coisa um homem miúdo com roupa e maquiagem de palhaço estava na entrada da delegacia próximo a Kenna e ao policial. O palhaço pulava e se debatia insanamente fazendo Kenna sorrir divertida.

“Mesmo algemado eles não conseguem para-lo por isso Gotham precisa de um vampiro com problemas na voz... Inúteis.”

A morena viu James e outro oficial deter o “palhaço” de cabelos vermelhos.

O policial ao lado da mulher se recompôs e voltou a fazer a pergunta.

- O que a senhorita deseja com o comissário?

-Vê-lo somente. – Respondeu fria incomodada com a curiosidade estampada na cara do homem.

-Bem pegamos esse capanga do Coringa, por isso acho difícil, mas se quiser esperar...

-Não tudo bem. – Interrompeu e já agradecendo saiu com um pensamento em mente:

“Esse Coringa deve ser realmente uma pessoa no mínimo interessante...”