Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Faz uma eternidade desde o último capítulo, porém você sabem como é essa época do ano ( pelo menos na minha escola).
Recebemos mais uma recomendação *-* Muito diva, por sinal.
Angel, capítulo dedicado a você. ;)



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P.O.V MITCHELL

Mitchell havia saído de Washington a apenas algumas horas. Havia ido até Iowa de helicóptero, e depois de carro para Illinois. Quando se aproximava de Chicago, deixou o carro e decidiu cruzar o resto do percurso a pé, para não chamar atenção.

Em volta da cidade, apesar da experiência na cidade ter acabado, trechos grandes de cerca ainda existiam. Andou percorrendo o caminho da cercado, tentando achar algo ou alguém.

Não muito tempo depois, viu um grupo pequeno de soldados rondando por onde ele estava. Eram apenas três homens. Esse era um número que ele conseguia lidar.

Verificou as armas que carregava, uma no coldre, duas presas ao tornozelo e uma grande e poderosa presa na mochila que carregava nas costas, e se aproximou cuidadosamente dos soldados.

Ainda estava fora da visão deles. Pensou melhor, e decidiu tentar dividir o grupo, que agora estava parado conversando distraidamente. Procuro algo que pudesse usar. Achou uma pedra, algo tão simples e banal. Jogou-a na direção oposta da que ele estava. Aquele era um truque velho e manjado, então, ele ficou surpreso ao ver que tinha funcionado. Dois dos homens, depois de alguma discussão, seguiram na direção do barulho. Apenas um ficou para trás.

Mitchell, que antes de trabalhar como segurança da presidência foi soldado, ficou decepcionado quando conseguiu imobilizar facilmente o soldado. Mas não se fazem soldados como antigamente, pensou.

O soldado estava chocado demais para tentar reagir. Entrou em desespero quando Mitchell colocou a arma que estava no coldre na cabeça dele, e começou a lamentar como um maldito bebezão. Esperou transtornado o soldado se acalmar. Quem será que escolhia os soldados atualmente? - pensou observando a reação lamentável do rapaz.

Percebeu que os outros dois se aproximavam novamente. Quando viram o que estavam acontecendo, estancaram e pegaram as armas. Mitchell continuou a manter a sua na cabeça do pobre soldado.

– Quem é você? - Um deles gritou. - Abaixe isso agora ou atiraremos.

– Vão mesmo soldados. - Mitchell perguntou zombeteiro. - Vocês estariam cometendo um erro colossal. Sabe quem eu sou? Ora, vocês são soldados, devem saber quem eu sou. Nada, sério. O nome chefe de segurança do presidência Mitchell não lhes diz nada?

– Acho que sim...- balbuciou o outro soldado surpreso.

– Pois bem, esse sou eu. O presidente me enviou para saber o que estão aprontando por aqui, entendem isso? Algo que ele certamente não tem ciência e nem autorizou. Vocês sabem que estão cometendo uma infração grande aqui? Já ouviram falar em corte marcial?

Os sujeitos ficaram brancos, apavorados com a ideia de corte marcial.

– Aquele maldito não disse nada sobre infração ou corte marcial!

– Me esclareça de quem você está falando, soldado.

– Aqule doutor Zank e também aquele senador...

– Entendo. Agora vou explicar a vocês o que vai acontecer: eu e esse rapaz aqui, daremos um passeio para nos conhecermos melhor. Vocês dois vão voltar até lá e dar um recado ao Senhor Zank. Até agora algum problema?

– Não, senhor. - os três responderam juntos. O soldado que ele mantinha sob sua mira quase miou a resposta, nada animado para o pequeno passeio deles.

–Ótimo. Diga ao doutor que ele tem cinco dias para acabar com a palhaçada e sumir daqui. Se quando o prazo acabar, isso não tiver acontecido, vou chamar toda a maldita segurança nacional para cá, entendido?

P.O.V CHRISTINA

– O que esse lugar era mesmo? - Meg perguntou, franzindo a testa, confusa. O volumoso cabelo vermelho dela estava preso em um coque bagunçado, e Christina achava que ela ficava linda despojada. Christina subiu as mangas de sua blusa. O clima estava frio, mas a movimentação estava deixando-a com calor e suada.

As duas, Daniel e Caleb estavam em uma das alas do antigo departamento, fuçando em tudo o que podiam. De vez em quando, Damon aparecia apenas para observar e ironizar o aspecto bagunçado deles. Apesar das implicâncias, ele não parecia nem irritado e nem feliz, aéreo e pensativo definiria melhor o humor dele naquele dia.

Em apenas dois dias, eles e os outros que os acompanhavam, reviravam o local todo a procura de qualquer coisa que pudesse servir ao confronto que se aproximava. E eles não podiam se queixar, afinal, haviam encontrado um estoque potencial de armamento. Isto era inclusive o que deixava Meg confusa sobre o lugar. Ela não conseguia entender porque tinha tantas armas ali.

Beatrice até agora não tinha dado as caras, devia estar enfurnada em algum lugar, fazendo sabe lá o que. Talvez ela estivesse apenas fugindo do trabalho, mas Christina desconfiava que ela estivesse aprontando algo.

– Interessante. - Daniel disse tirando-a de seus devaneios. Ele estavam mexendo em um armário, que há alguns segundos tinha arrombado.

Na verdade, eles tinham arrombado também a sala. Por algum motivo, havia muitas salas trancadas no departamento. Eles estavam em um andar abaixo ao térreo. O local, como todo o resto do departamento, estava sujo e degradado, típico de locais abandonados. Entretanto, esse lugar novo parecia ainda mais deprimente e sombrio. O que será que acontecia aqui? – ela pensou - Por que nenhum de nós conheceu ou sequer sabia da existência desse lugar? E o mais importante: Que segredos ele guarda? Antes, ela acreditava que a época dos segredos e mentiras já tinha acabado. Acreditava que sabia tudo sobre aquele lugar, mas após tantos anos, percebeu que estava errada. Havia muito que não sabia, sobre Chicago, sobre o departamento, até mesmo sobre as pessoas que julgava conhecer.

Caleb foi até onde Daniel estava. Os dois estavam hipnotizados olhando para algo que estava dentro do armário velho e decrépito. De onde estava, Christina não conseguia ver o que era.

– Isto é... algum tipo de aparelho de comunicação? - Caleb perguntou surpreso.

– Já vi algo parecido com isso antes. É bem antigo. Você está certo: é um aparelho de comunicação, muitos usado por militares a muito, muito tempo atrás - Daniel começou a mexer. Christina e Meg se aproximaram para ver o que os havia fascinado tanto. Era uma gerigonça de metal estranha e, antigo parecia pouco para definir aquilo, primitivo definiria melhor. - Uau! Isto aqui é incrível! Só vi outro parecido uma vez, numa feira de antiguidades, é bem raro. Se não me engano se chama rádio bx, ou amador, algo assim, um modelo bem velho.

– Como você sabe disso tudo? - Caleb perguntou desconfiado. Daniel deu de ombros.

– Gosto de coisas antigas, e acredite se quiser, sou bem inteligente. Aposto que isso você não imaginava, hein, cientistazinho? Isso aqui vale uma nota, muito raro mesmo, a maioria foi destruída. Afinal, quem ia querer usar uma coisa como essa, quando existem aparelhos bem mais modernos, funcionais, melhores e menores? As pessoas não entendem a importância disso aqui. Isto é história, sacou? E sem conhecermos nossa própria história, o que nós somos, hein? Apenas, um rebanho controlado pelo governadores manipuladores de nossa nação.

– Humm- Caleb respondeu. Ele obviamente achava aquilo totalmente inútil. - Como isso funciona? Ou melhor, isso aí ainda funciona?

– Ótima pergunta. - Os olhos de Daniel brilhavam de empolgação, parecia uma criança com um brinquedo novo. - Sabe qual era a grande vantagens das tecnologias mais antigas? Elas eram feitas para durar. Ninguém dá valor a isso.Vamos lá belezinha, vamos mostrar a esses descrentes o seu valor.

Daniel ficou quase uma hora mexendo naquele monstro de metal. Era fio para cá, fio para lá. Um pequeno acerto aqui. Christina já estava impaciente e considerando seriamente a abandona-los ali, quando o rádio emitiu um chiado doloroso para os ouvidos.

– Haha, eu sabia que você não ia me decepcionar, querida. - Ele exclamou exultante. Damon apareceu na porta, atraído pela alegria notável na voz do irmão.

– Ok, então funciona. Mas para que isso serviria? E você não me respondeu como funciona. - Caleb perguntou irônico, e Christina sentiu em sua voz uma pontada de inveja. Caleb era inteligente, isto era fato. Mas após passar tantos anos aprisionado em Chicago, sem nenhum acesso àquele tipo de coisa, ele via o quão pouco conhecia sobre o mundo "real". E sem conhecê-lo, de toda sua inteligência serviria.

– Para o que você acha, gênio? Serve para se comunicar - Damon saltou mais uma de suas implicâncias. - A questão aqui é: se comunicar com quem?

– Acha que existe alguma possibilidade de ser com Chicago? - Meg disse, levantando a sobrancelha.

– Impossível. Não existia nenhum tipo de contato na cidade com as pessoas que viviam aqui.- Respondeu Caleb. - Quer dizer, não assim tão direto. Minha mão se comunicava com o departamento usando as câmeras, acho. É uma pena que as câmeras não funcionem mais, poderíamos ver o que está acontecendo lá.

– Impossível? Eu não teria tanta certeza. Como você poderia? - Caleb começou a responder, mas Daniel o interrompeu. - Deixa eu adivinhar, porque alguém daqui falou que era e então você simplesmente aceitou? E eles foram sinceros sobre tudo, imagino,

– Não, não tudo. - Christina se manifestou. - Não duvido nada de que tenham mentido sobre isso, só não entendo o porquê.

– O porquê não importa no momento- cortou Damon. - O importante é com quem. E a única forma de descobrir é testando.

Os outros quatro se entreolharam, não sabiam se essa era uma boa ideia.

– Antes de decidir qualquer coisa sobre isso me deixe explicar como funciona. É mais ou menos, como um rádio normal, só que ao invés de só receber transmissões, você também pode enviá-las, Entendem? Ele serve como receptor e transceptor, estilo walkie talkie, vocês sabem o que é isso? Para que uma transmissão chegue a determinado receptor, ele precisa estar no mesmo canal que você. Ou receptores, depende de quantas pessoas estarão ligadas no mesmo canal que você.

– Transmitir para várias pessoas? E sem saber para quais pessoas? Isso não é muito arriscado? - Perguntou Christina?

– Bem, eu acho que Damon tem razão - Meg disse. - Precisamos saber. Isso pode ser útil, pode não ser. Pode ser perigoso, mas pode também ser uma vantagem para nós. Acho que colocando na balança os prós e contra, temos que arriscar. E não acho que nossa situação posso piorar muito.

Era tudo o que Daniel precisava ouvir. Começou a transmitir uma mensagem, questionando se tinha alguém na linha. Ninguém respondeu. Após algum tempo, eles resolveram deixar isso para lá. Seja quem for que tinha acesso , se é que alguém tinha, se é que estava no mesmo canal, poderia nem estar mais vivo, ou ter destruído o rádio. A probabilidade maior era que esse alguém fosse alguém da destruída abnegação. E praticamente todos haviam sido mortos.

Foi só a noite que tudo mudou. Daniel insistiu para tentar novamente. Christina achava que era só uma desculpa para ficar mexendo no seu novo brinquedinho. Após alguns minutos, o chiado deu lugar a uma voz.

– Droga, será que estou fazendo certo? Ei tem alguém me ouvindo? Que merda é esta? Quem está aí?- Christina rapidamente reconheceu a voz, mas não fazia nenhum sentido. confusa e transtornada ela perguntou:

– Zeke? - Sua voz saiu estridente.

– Anh? Como você... Espere aí. Christina? Onde você está?

– No departamento, longa história. E você?

– Estamos em um pequeno grupo escondidos na sede da audácia. Você poderia me explicar o que está acontecendo?

– Sinceramente? Não faço a menor ideia. - Ela respondeu aflita.

P.O.V BEATRICE

Ela sentia-se cansada. Quase não havia conseguido dormir na noite anterior, e acordou letárgica. Estava preocupada com diversas coisas. Uma delas era sobre o acordo que havia feito com Damon, se perguntava se teria feito besteira. Mas agora era tarde, precisava focar nas outras questões que haviam tirado seu sono.

Se concentrou na sua dúvida referente a direção que deveriam seguir a partir de agora. Eles haviam saído de Seattle com pelo menos um esboço de um plano, mas agora era diferente. Havia muitas variáveis no jogo que eles não haviam contado antes. Se as variáveis mudam, o planos também teriam que mudar.

A "variável" que mais a preocupava era Charles. Ela sabia que tentar fazer uma troca pela vida dele não daria em nada. Aliás, qualquer tentativa de conciliação seria infrutífera. Eles precisavam ser ofensivos, e não mediadores. Mas como encaixar Charles nisso? Existiria uma forma de usá-lo a favor deles de outra forma?

Algumas ideias começaram a brotar em sua cabeça, mas como saberia qual delas seria a melhor? Ela precisava falar sobre isso com alguém. Alguém que pudesse ajudá-la a decidir qual caminho seguir.

...

Mais tarde, naquele mesmo dia, ela seguiu rumo a sala, que servia de prisão a Charles. Era uma sala interessante, parecia como as salas de interrogatório que via em antigos filmes policiais. Não era confortável, não era amistosa. Era fria e estéril, uma das paredes funcionava como uma ilusão. Parecia uma simples parede, mas para quem estava do outro lado era como vidro, e essa outra parede dava numa outra minúscula salinha. Eles acharam a sala meio por acaso ao desbravarem aquele lugar, sua localização não era óbvia. Beatrice se perguntava para que aquela sala havia sido usada antes. Alguma experiência, talvez.

Falou com o rapaz robusto que vigiava a porta. Era Jimmy, uns dos homens da revolução que seguia até Chicago com eles. Ele não parecia feliz em estar nessa missão tão enfadonha, mas não era aconselhável deixar que alguns dos antigos pacientes se encarregassem dessa tarefa. Afinal, Charles não era exatamente amado por eles, e a tentação de simplesmente entrar na sala e matá-lo poderia ser forte demais.

Entrou na saleta e viu Charles deitado no chão. Nem parecia que era seu segundo dia preso ali, largado e sujo. Na sala havia apenas uma mesa com duas cadeiras. Caleb havia insistido em dar a ele um colchão pelo menos, mas nenhum dos outros estava minimamente interessado em conceder alguma mordomia a ele.Comida, água e uma ida esporádica ao sanatório era tudo o que ele teria.

Ele deveria estar dormindo, ou fingindo, mas assim que ela entrou, abriu os olhos. Os olhos dele, apesar de terem a mesma cor dos do pai, um tom meio cinzento, conseguiam ser completamente diferentes. Os do Doutor transmitiam uma determinação fria, transmitiam sua personalidade: prático, enganadora calma e frio. Passavam tranquilidade para quem não o conhecia tão bem quanto ela; já ela percebia que nos olhos dele havia uma chama de extrema inteligência, uma paciência de alguém que espera o melhor momento de atacar e a maldade de alguém que seria capaz de tudo para obter o que queria. Já Charles tinha nos olhos fúria profunda, ele não era nem inteligente e nem frio quanto o pai, apesar de se esforçar em parecer. Ele era um tornado, que tentava convencer os outros que era apenas uma brisa. Mas ninguém conseguia manter as aparências por tanto tempo, era fato que Charles era uma bomba programado para explodir em algum momento. Mas no final, eles tinham algo em comum: os dois era perigosos, porém cada um a seu modo.

Ele deu um largo sorriso que não chegava aos olhos.

– Beatrice. Que surpresa. Estava pensando em você agora mesmo.

– Não, Não estava. Tenho certeza que você tem muitas coisas mais importantes do que eu para pensar. Como, por exemplo, a sua situação aqui.

– Minha situação? Ah você está querendo dizer a situação de vocês tentarem me usar como troca com meu querido pai? - ele disse amargamente. - Não há nada para pensar sobre isso. É uma terrível perda de tempo, e você deve saber disso.

– Sim, eu sei. Infelizmente outras pessoas podem não concordar comigo. - disse ela sentando numa das cadeiras. - Levante daí e sente-se. Tenho algo a propor que talvez possa te interessar.

– Duvido muito. - Respondeu enquanto de levantava. Beatrice aguardou ele acomodar-se na cadeira.- Mas como tenho tempo disponível, estou disposto a ouvir.

Ela pensou um momento por onde deveria começar:

– Eu tenho umas impressões sobre como é o relacionamento entre você e seu pai que gostaria de expor. O doutor é um homem metódico e frio. Um homem voltado para trabalho, única e exclusivamente. Quer dizer, quantas vezes vi ele saindo de lá? Duas, três vezes, talvez. O hospital era literalmente a casa dele. Me pergunto se ele sempre foi assim, tão focado em si próprio e no trabalho. Acredito que sim. O que seria um pouco estranho, já que assim ele não teria muito contato com a família. Me diga, até agora estou certa? - ela questionou sem realmente esperar uma resposta. - Isso devia ser frustrante para você, ter um pai tão ausente, que ignorava a própria família. Aposto também que ele não deve ter sido um pai, digamos, amoroso nas poucas vezes em que esteve presente em sua vida. Aí eu vejo você e penso que isso deve ter causado muito rancor e desespero. Você seguiu a profissão dele. Por que? O filhinho desprezado tentando obter a aprovação do pai? Você devia estar desesperado para fazê-lo finalmente se interessar em você. Mas nem assim você conseguiu não é?

– Interessante teoria, mas não deve ter sido difícil chegar a essa conclusão. Ele é um maldito filho da puta e sempre foi, mesmo quando minha mãe era viva. - Suas palavras destilavam ódio. - Quando minha mãe morreu, ele se fingiu de desolado. Porra nenhuma, ele nem ligava para ela, aposto que a morte dela foi um alívio para ele. Sabe que o cretino uma vez me disse que começou as experiências com ressuscitações por causa dela? Que ele ficou tão terrivelmente triste, que quis arrumar uma forma de driblar a morte. Maldito mentiroso, tão cínico. Quando eu comecei a trabalhar no hospital, acreditei que ele ao menos se orgulharia. E ele me tratou como se eu fosse apenas um dos empregados qualquer.

– Deve ter sido difícil para você ter um pai assim. Mesmo assim, você continuou tentando obter a atenção e aprovação dele, não é? Acho que posso te ajudar com isso. - Estava chegando ao ponto crucial. - Sabe o que chamaria a atenção dele? Você destruindo ele.

– Agora sim você chegou onde queria. - ele riu. - Você precisa de mim, precisa que eu a ajude. a questão é: porque eu faria isso? Você ou alguns dos outros vão me matar de qualquer jeito. Qual é a vantagem nisso?

– Do jeito que as coisas estão, você tem razão, mais cedo ou mais tarde, você morrerá. Mas se você decidisse agir de forma diferente, tudo mudaria. Você poderia até mesmo ser considerado um herói, o filho traumatizado que enfim se virou contra a maldade do pai. E quem ia querer matar um herói? E ainda teria o prazer de esfregar na cara do seu pai o erro que ele cometeu o desprezando.

– Um herói? Isso é interessante. Uma vida longa também me interessa, devo confessar. Meu pai ferrado por mim é quase a cereja do bolo. Mas ainda falta algo nessa oferta. - Ele disse examinado as unhas. - Ou alguém. Digamos que se você me entregasse Eleonor, eu poderia aceitar essa oferta.

– Eleonor? Porquê? - Beatrice perguntou surpresa e chocada. - Você não liga para ela e nem para nenhum dos outros.

– Bem, tem essa coisa sabe. Seu irmão foi um sacana comigo e me enganou. E eu não gosto de ser enganado. Você vê: preciso fazer algo contra isso. Eu já tinha percebido mesmo lá no hospital que ela é importante para ele.

– Você quer ela para se vingar dele?

– Sim, mas também tenho varias lembranças de momentos interessantes que passei com ela. Gostaria de repeti-los.

– Você só pode estar louco se acha que eu concordaria com isso. O que acha que eu faria? Amarraria ela e a entregaria a você? Ela é um ser humano, não um objeto.

– Me poupe Beatrice. Você não se importa com ela, qual seria diferença para você? Nem mesmo se importa com seu irmão, não é mesmo? Acho que você o odeia. Quanto você amarrá-la ou não tanto faz. Esse é meu preço. Me pague e eu farei o que você quer. Até dou um tiro no papai, se quiser. Ah acho que até vou gostar disso. Sem isso, não tem acordo.

– Eu... Não posso concordar... preciso pensar nisso...

– Sem tempo, decida agora. Mas pense bem. Nós dois ganhamos com isso.

Ela ficou em silêncio pensando nas implicações que isso traria.

– Quer saber? Você está certo, eu não me importo nem com ela, nem com Caleb. É isso que você quer, então, é isso que você terá. Acho que sei como poderia arranjar isso. Quero que você entre na cidade e vá até o seu pai, conto a ele que eu invadir o hospital e te fiz refém, convença-o que você fugiu, faça-o confiar no que você diz. Eleonor vai com você. Você pode dizer que fez ela de refém ou algo assim para conseguir fugir, invente algo plausível.

– E o que eu farei depois?

– Brevemente você saberá. Charles, não me sacaneie. Ou então as coisas vão terminar muito piores para você. Existem muitas coisas piores que morrer, e eu farei você conhecer todas elas.

Beatrice disse encerrando o assunto e saindo da sala.

Aguardou uns minutos e entrou na sala ao lado.

– Uau, devo te parabenizar você foi muito boa. - Eleonor disse sorrindo.

– Acha que ele acreditou? - Naquela manhã, ela havia decidido confiar e armar um plano com Eleonor para que pudessem manipular Charles. Havia escolhido ela, pois sabia que ela o odiava, mas também porque imaginava que ela o conhecia o suficientemente para saber como lidar com ele.

– Tenho certeza que sim. Ele acha que tudo o que importa para você é matar o doutor, e está desesperado demais para sair dessa confusão. Quando partimos? E o que você vai dizer para ele fazer?

– O mais breve possível. Mas ainda preciso pensar no que vou inventar para ele dizer ao pai. Quero mandar algumas informações para o doutor. Charles terá duas missões: dizer ao pai o que era quero que ele acredite e ser um traidor dentro do próprio ninho. Mas será você quem realmente será meu reforço lá. Você terá que ter muito cuidado, Charles é perigoso, o doutor mais ainda.

– Não se preocupe, sou bem esperta quando é preciso. E depois que ele não servir mais, vou matá-lo. Acho que com certeza vou gostar muito disso. - Eleonor disse, repetindo quase a mesma coisa que Charles havia dito antes.

O jogo começou. Uma pena que o peão mais importante do lado adversário, o doutor Zank não fazia ideia do jogo em que entrou.


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Notas finais do capítulo

Desculpa não agradecer a vocês lá encima porque eu necessito dormir. Enfim, obrigada a todos que acompanham. Até!