Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Hey, gentem!!! Dessa vez demoramos só um pouquinho. As milhares de provas acabaram, então acho que vai ficar mais tranquilo p escrever.
Capítulo dedicado as leitoras sempre lindas e que a gente ama:
*Star
*DM
*lover of sagas
*Lary
*Caroline Hawkins
*bruny2vini
*Lili
*Diih Vasconcelos
*Jaqueline Ferreira
*bea prior eaton
*Little Pink
*FourSeis I LOVE
*Kah Moraes
*Ariam
*Debinha Fernandes

Vamos ao capítulo!!
Obs: ainda não respondi todos os comentários do capítulo passado, mas prometo que vou tentar msm responder amanhã!! Não me matem!



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DAMON POV

Damon parou a moto no exato instante em que reconheceu o carro que Beatrice dirigia tombado. Ele havia ouvido um barulho, quando estava dirigindo alguns metros atrás, e agora via que deveria ter sido do impacto da batida.

Apesar de nervoso, desceu da moto e se aproximou cuidadosamente do carro de Beatrice, afinal ele não sabia o que diabos havia acontecido. Deu uma olhada ao redor, e viu uma pequena figura loira caída, perto do outro carro acidentado. Correu naquela direção, mandando o bom senso para o ralo. Quando chegou até ela, deu uma espiada para dentro do carro, e percebeu que o outro motorista já estava morto. Bem morto. Respirou fundo, agora ele precisava checar se Beatrice ainda estava viva, e só a possibilidade dessa resposta ser negativa, já causava nele uma vontade de queimar o mundo inteiro. Conferiu sua pulsação, e relaxou. Ela está viva, pensou, agora tenho que conseguir que esse fato se mantenha. Sabia que não deveria mexer nela, mas desconfiava que ela mesma já houvesse se movido, afinal como então ela havia ido parar exatamente do lado do outro carro? Ela devia ter ido conferir se o outro motorista estava vivo ou morto. Percebeu distraidamente o celular caído perto dela, mas não deu muita atenção, apenas lembrou-se que deveria ligar para alguém. Ele não podia ligar para algum hospital, bombeiros ou a polícia, isso traria problemas para ela. Entretanto, sabia que os dois precisavam sair dali o mais rápido possível. Virou-a lentamente, analisando os ferimentos. Vários cortes superficiais, e um na lateral do corpo, perto da cintura, um pouco mais profundo. Externamente, a situação dela não parecia tão ruim, mas Damon sabia que em acidentes desse tipo, poderia haver ferimentos internos, provocados pela pancada, ainda mais letais.

Olhou para sua moto, de forma alguma teria como carrega-la ali. Pegou o celular, ligando para o irmão. Enquanto ouvia o barulho da chamada, aninhou Beatrice em seu colo, abraçando-a levemente.

– Damon, o que foi? – Daniel falou, a voz traindo a bebedeira, rindo embriagado. – Você e Bea sumiram, mas que adorável coincidência!

– Você pode calar a boca e me ouvir, pelo menos uma vez na sua vida? Aconteceu um acidente, preciso que você venha me buscar. Beatrice está ferida.

– Mas que merda!...- Daniel praguejou. – Eu estou bêbado. Que merda aconteceu? Droga, espera, vou falar com Meg aqui. Onde vocês estão?

Damon explicou a ele sua localização, o que fora fácil, já que conferiu o GPS por todo o caminho. Mandou que o irmão fosse o mais rápido possível, mas ele sabia que correndo ou não, iria demorar. Alerta, analisou o corpo dela e seus ferimentos, decidindo o que poderia fazer para ajuda-la. Ficou preocupado de fazer algo errado e piorar a situação dela, mas o ferimento perto da cintura sangrava demais, e isso não era nada bom. Tirou a camisa, para logo em seguida rasga-la e pressionou o ferimento, tentando estancar a hemorragia. O ferimento não parecia tão grave, e relaxou. Quando percebeu um galo em sua testa, ficou tenso novamente, ela devia ter batido a cabeça quando bateu.

Quase não percebeu o tempo passar enquanto cuidava dela. Afagava os cabelos loiros, desejando que ela pudesse sentir, mesmo desacordada, que ele estava cuidando dela. Que ela pudesse ver o quanto ele se preocupava com ela, o quanto a amava. Sabia que nunca havia sido bom em demonstrações de afeto, e agora se arrependia. Será que se ele tivesse sido melhor para ela, a situação teria chegado aquele ponto? Por que você fez isso, Beatrice? Por que me traiu? Você não era feliz comigo?

A chegada do outro carro cortou seus pensamentos. Meg, que estava dirigindo, olhava em choque para os dois. Daniel saiu rápido e ofegante, ajudando Damon a carregar Beatrice para dentro do carro.

– Mas o que foi que aconteceu aqui? – Meg perguntou. Ela parecia estar tentando não chorar. – Mas que merda vocês estão fazendo aqui? Porque saíram desse jeito? Se vocês queriam ficar juntos... Sabe, eu não iria julgá-la por isso... Não muito. Eu sei que esse não é o melhor cenário, mas droga... – Nervosa, ela não conseguia parar de falar.

– Meu Deus, será que vou ter que te mandar calar a boca também? Já não me basta a tagarelice do Daniel?- Damon sabia que deveria esclarecer que os dois não estavam juntos, mas apenas deu de ombros, de todo jeito isso não era importante agora.

Damon se enfiou ao lado de Beatrice no banco de trás, abraçando-a. Meg ligou o carro, subitamente quieta. Mas parou, quando percebeu a moto de Damon, parada esquecida num canto. Levantou a sobrancelha curiosa, o olhando.

– Humm, você não vai voltar na sua moto? Quer dizer, nós podemos cuidar dela. – o interrogou olhando.

– É verdade, irmão. Já liguei para Jim avisando que precisamos da ajuda dele. – Jim era médico, ele tinha uma pequena casa instalada em sua casa, para atender pessoas que não poderiam ir num hospital normal sem correr o risco de serem presas. Não era ideal, mas era o melhor que eles poderiam fazer. Beatrice já tinha um pequeno histórico com as autoridades, e leva-la para um hospital, seria quase garantia de prisão para os quatro.

–Eu vou com vocês. – Damon decretou.

– Mas e a moto? – Meg insistiu. Damon ficou raivoso, qual era o problema dela afinal?

– Que se dane a maldita moto! Posso comprar dezenas delas, mas não posso comprar outra Beatrice. Então, será que você podia dirigir logo, merda?

Finalmente, Meg saiu com o carro, acelerando-o. De vez em quando, ela tirava os olhos da pista, e olhava para ele pelo retrovisor. Damon ignorou a maioria das vezes, até que perdeu a paciência e gritou com ela, algo no estilo, que merda você está olhando?

– Nada, é só que você amava aquela moto. Deixa-la ali é pedir para alguém roubá-la. Só fiquei... humm... surpresa. Não estou dizendo que você se importa mais com as coisas materiais do que com pessoas... Mas depois de tudo o que aconteceu... Bem fiquei surpresa, achei que você a odiasse agora.

Damon olhou Para Beatrice. Com certeza, seria bem mais fácil para ele se a odiasse. Mas infelizmente, não havia como controlar essas coisas. Ele sabia que só estava salvando-a, para que depois ela voltasse para Tobias, e não para ele. Mas entre vê-la morta e vê-la com Tobias, ele preferia mil vezes a última opção. Ele deu um sorriso amargo, pensando se Tobias também tomaria essa decisão.

Após um tempo que pareceu horas, enfim o carro parou. Eles haviam chegado a casa-clinica de Jim. Era uma construção, que como a sede da revolução, parecia antiga do lado de fora. Mas diferente da sede, era menor e mais simples, parecendo até um pouco rústica por fora. Ele sabia que por dentro, era bem diferente. Eles entraram. Daniel roubou Beatrice de Damon, carregando-a em seu colo. Ele a olhava preocupado, sem saber o que podia fazer. Damon revirou os olhos, Daniel tinha mais amor fraternal por ela, do que pelo próprio irmão.

A sala era um pronto socorro improvisado, só que ali não havia várias pessoas esperando para serem medicadas. Jim estava tratando de outra pessoa que parecia estar nas últimas. Do outro lado da maca, estava uma garota, que Damon brevemente conhecia como a esposa dele e enfermeira.

– A deitem ali. – O sacana nem mesmo levantou os olhos. Continuou olhando fixamente para o que sei lá estava fazendo. – Vou demorar pelo menos mais uma hora nesse aqui.

– Você está brincando! – Damon gritou irritado, já havia perdido muito tempo, e Beatrice ficava mais pálida a cada segundo. Sua respiração também estava mais desregular. – Você vai atendê-la agora.

Jim finalmente olhou para eles. Damon viu um brilho de reconhecimento, mas ele continuou o que estava fazendo. Deu uma olhada rápida para Beatrice, analisando o estado dela.

– Sinto muito, mas o estado desse aqui é muito instável. Ele levou três tiros, e já perdeu muito sangue, e umas das balas acertou o pulmão direito. Preciso terminar de operá-lo, se não ele vai morrer.

Damon sentiu cada ponto do corpo pegando fogo de raiva, uma ova que ele iria esperar. Nem ao menos sabia qual era o estado dela. Beatrice podia ter órgãos rompidos, e estar se encaminhando para a morte, a cada segundo que eles perdiam. E que merda, o maldito ia morrer mesmo. Agradeceu por naquele momento, Daniel estar com Beatrice no colo. Se fosse ele, isso poderia dificultar o que precisava fazer. Colocou a mão direita para trás e pegou a arma que sempre mantinha presa no cós da calça. Ele foi tão rápido que ninguém conseguiu se mexer tentando contê-lo. Meg teve tempo apenas de olhá-lo inquisidoramente, quando ele atirou, tentando mirar na cabeça do outro paciente. Ouviu a máquina que contava os batimentos cardíacos apitando alto formando uma linha reta no visor. Jim ficou olhando para o paciente, chocado demais para se mexer. Quem quebrou o silêncio de espanto foi à esposa dele.

– Que merda você fez? Por que você fez isso? Seu psicopata.

– Ele já ia morrer mesmo, porra. Só adiantei o momento. Agora, vocês podem cuidar dela?

O casal se entreolhou assustado, analisando a situação que eles se encontravam. Na certa, sabiam quem ele era, e Damon tinha acabado que matar alguém na frente deles. Contraria-lo não era uma solução muito segura. Jim suspirou irritado.

– Tragam ela até aqui. Espero que ela valha a pena.

POV TOBIAS

Tobias esfregou os olhos tentando vencer o sono. À sua frente, estavam vários documentos, enviados por Johanna, para que ele analisasse. Entretanto, o sono acumulado de várias noites sem dormir, fazia as palavras dançarem na sua frente. Ele imaginava até quando iria aguentar viver assim. Ele sentia-se inútil, sentado em seu gabinete, trabalhando, ao invés de fazer que nem Caleb, e ir atrás de Beatrice. Eu não sou um inútil, pensou, nesse momento seria até bom ser. Seria bom ser livre e fazer o que eu quero, mas a cidade precisa de mim.

E de todo o jeito, ele não conseguia parar de pensar que no fim Beatrice não queria a presença dele lá. Esse lá era Seatlle, o lugar que ela parecia achar o mais maravilhoso do mundo, pelo o que dissera na noite que jantaram com Shauna e Zeke. Por que ela não podia ter nem ao menos conversado com ele antes de partir? Isso o deixava com tanta raiva, e o orgulho não o deixava dar o braço a torcer. Que merda Beatrice, porque você quer complicar tudo? Ele sabia que não estava sendo nem imparcial e nem muito justo com ela. Afinal, ela havia deixado claro para ele, na noite anterior ao dia que tinha partido como se sentia em relação ao relacionamento deles. Ele poderia ter dito algo, mas preferiu o silêncio, sem saber o que dizer. Ele deveria ter dito que a amava como ela era antes, mas que também amava quem ela era agora. Não era como ele realmente tivesse uma opção, ele simplesmente a amava, e qualquer coisa que ela havia feito de errado, fazia parte do pacote. E deveria ter dito que o que importava para ele eram as decisões que ela tomaria daqui para frente. Não dá para mudar o que já passou, mas o presente e futuro era outra estória.

Irritado, pegou o celular, ligando para Christina. Ele já havia falado com ela umas três vezes desde que ela partira junto com Beatrice. Tentava não fazer nenhuma pergunta muito pessoal sobre Beatrice, até porque isso seria muito constrangedor, já que fazia pouco tempo que ele e Christina haviam rompido. Seria totalmente insensível de sua parte perguntar para sua ex sobre sua atual.

– Hey Tobias. – Disse Christina atendendo a ligação. – como estão às coisas por aí?

– Christina. - Ele disse cumprimentando-a. – Do mesmo jeito que sempre estão. E aí? Você tem alguma novidade?

– Humm. – Christina suspirou desconfortável. – Nenhuma novidade. Não sei quando iremos voltar, Beatrice está um pouco obsessiva por ter visto Jacob aqui, não consigo entender qual o problema nisso.

– Ela está perto de você? – ele perguntou esperançoso, mas o fato de Christina estar atendendo a ligação e falando sobre ela com ele, dizia que não.

– Bem... Ela não está aqui. Nem ela e nem Meg. Humm, na verdade as duas saíram com Daniel ontem à noite e até agora não voltaram. – Christina gaguejou. Vários cenários possíveis passaram pela mente de Tobias, e nenhum deles o agradava. – Não faço ideia onde elas se meteram.

– Entendo. Você acha que tenho motivos para me preocupar?

– Humm, não sei. Acho que não, mas... Isso é um pouco difícil para mim, sabe? Você é meu amigo, e nós também ficamos juntos, quero ser leal a você. Mas por outro lado, antes de ser sua amiga, eu já era amiga dela. E mesmo que ela não se lembre disso, continuo a considerando uma amiga como antes. E agora estamos finalmente nos aproximando. Eu não sei o que está rolando entre vocês, mas fica parecendo que eu preciso escolher um lado nessa estória entre vocês dois, e eu realmente não quero fazer isso. Desculpa, Quatro.

Ele olhou para o teto, pensando. Entendia perfeitamente o que Christina queria dizer.

– Chris... O que você acha... Sei que não deveria te perguntar isso, mas o que você acha que eu deveria fazer? Estou ficando um pouco maluco aqui pensando sobre isso. Caleb saiu da cidade atrás da irmã, e eu sinto que também deveria estar fazendo alguma coisa.

– Caleb? Sério? Quem diria! Acho que ele mudou mesmo. – ela parecia genuinamente surpresa por isso. – Não posso te dizer o que você deveria fazer, a questão aqui é: o que você gostaria de fazer. Eu acho que sei como você se sente, e entendo. Você, como quase todo mundo, se acomodou depois que os tempos difíceis ficaram para trás. Você desaprendeu de guerrear e correr riscos, e eu entendo perfeitamente essa necessidade de deixar armas e conflitos no passado depois de tudo o que aconteceu. Depois que Beatrice morreu. E agora é difícil voltar atrás e começar tudo de novo. Mas sinto muito em ter que te contar isso, Tobias, entretando, eu preciso. Se você a ama do mesmo jeito que amava antes, vai precisar deixar todo o medo e a preocupação de perder essa paz, para que isso dê certo.

– Eu sei disso. – ele suspirou derrotado, Christina tinha decifrado como ele sentia-se. – Não é medo, é apenas... não sei explicar. Tudo o que eu quero é viver tranquilamente com ela, mas não sei se é isso que ela quer.- ele deu uma risada triste.- Me parece, às vezes, que Beatrice só sabe viver em tempos difíceis.

– Você acha mesmo que isso é uma decisão dela? Eu acho que ela também quer viver em paz, contudo sempre tem algo a puxando para baixo. Isso é algo que vocês, só vocês, precisavam conversar e resolver. Você ainda não me respondeu o que te perguntei: o que você quer fazer?

Tobias olhou para os papéis em cima da mesa, com certeza não era aquilo que ele queria estar fazendo.

– Eu quero ir atrás dela. Eu quero explicar a ela que eu não amo um fantasma. Eu quero dizer que eu a aceito com todos os defeitos, porque eu sempre tive uma tonelada deles, e mesmo assim, ela sempre me aceitou. Quero voltar a ser o mesmo que eu era antes, e abandonar essa paz maravilhosa e entediante, se isso for preciso, se for isso que ela precisa que eu seja.

– Então, o que você está esperando? – Christina riu. – Pare de se preocupar com coisas que não dependem de você, e pare de se preocupar com a cidade. Ela sobreviveu anos sem você ajudando a governa-la, então pode sobreviver uns dias sem você.

– Droga! Você tem razão. Sou totalmente substituível.

– Sinto dizer, mas nesse caso é mesmo. O que acha que iria acontecer com a cidade se você morresse hoje? Ela não iria sumir do mapa. Então, pare de se preocupar com essas coisas. Vou tentar descobrir onde ela se meteu e questioná-la sobre você, mas não posso prometer nada. Qualquer coisa eu te aviso, ok?

Eles se despediram, e Tobias encerrou a ligação, colocando o celular sobre a mesa. Como foi mesmo que ele sobreviveu tantos anos sem essa tecnologia? Agora era inimaginável viver sem telefones e celulares.

Saiu de sua sala, e foi avisar a Johanna que sairia da cidade. Ela não pareceu nada surpresa, e até sorriu, o incentivando. Correu para casa, ainda era manhã. Tentou imaginar quanto tempo demoraria a chegar a Seattle, franziu o cenho ao se perguntar se ele saberia como chegar lá. Ele nunca havia ido para tão longe, e a perspectiva de dirigir por aí, sem saber mesmo qual era o caminho, o enchia de temor. Mas, lembrou-se que ainda tinha a Audácia dentro de si, mesmo que não parecesse em alguns momentos.

Cruzou com Zeke, quando chegava em casa. Acenou brevemente para ele, não querendo parar para conversar. Ele ainda estava com raiva do amigo por tudo o que ele havia dito sobre Beatrice. Sentia-se mais leve só pelo fato de que enfim estava fazendo alguma coisa. Perguntou-se como pôde ter demorado tanto em tomar essa decisão, se fosse antes, ele teria ido atrás dela, desde o momento que soubesse da sua partida.

Arrumou apressado uma pequena bolsa com algumas roupas, objetos pessoais e documentos. Pegou um mapa que havia comprado há pouco tempo. Identificou um pequeno pontinho no mapa, que representada Seattle. Saiu apressado. Quando chegou a rua, estava distraído demais pensando na viagem, então de inicio, não notou o que estava acontecendo. Só quando ouviu uma exclamação pesada de Zeke, que ainda se encontrava por ali, que enfim viu. Olhou chocado para o horizonte, homens vestidos parecendo um exercito se aproximavam dentro de vários carros e caminhonetes. Ouviu um barulho alto e olhou para cima, um pequeno avião sobrevoava logo em cima deles. Olhou na direção onde Zeke estava, e o mesmo o fitava, transmitindo todo um discurso no olhar. Finalmente, o que o amigo tanto temia, estava acontecendo. Porque era óbvio, que o que diabos estivesse acontecendo, era por causa de Beatrice. Várias pessoas saíam de suas casas e empregos, para ver o que estava acontecendo, mas apesar de haver uma multidão presente na rua, um silêncio angustiado predominava.

– Renda-se Chicago. Vocês foram acusados de estar abrigando uma criminosa procurada pelo governo. Rendam-se, e não haverá feridos. Repetindo, rendam-se pacificamente e não haverá feridos.

P.O.V Jacob

Jacob mantinha o rosto inexpressivo enquanto analisa disfarçadamente a expressão de alguns soldados que o acompanhava. Todos eles pareciam estar desprovidos da informação do verdadeiro motivo que uma cidade como Chicago estava sendo atacada.

Todos estavam muito bem equipados com suas fardas pesadas, capacetes verdes-musgo e botas de mesma cor. Levavam armas exageradas, na opinião de Jacob: Rifles de assalto, escopetas, pistolas e até mesmo metralhadoras (mesmo que ele havia visto apenas duas desta), além dos explosivos que todos levavam consigo. Eles não estavam indo para uma guerra, era diferente, era apenas um confronto armado em uma cidade cheia de civis aéreos dos problemas que sua cidade estava enfrentando.

Pelo menos, pensou Jacob, estou apenas usando um colete a prova de balas, coturnos policiais e calças bem desconfortáveis. Consigo levava apenas uma pistola 9mm pendurada em um coldre preso ao seu cinto (com mais ou menos cinco cartuchos de munição) e uma faca militar presa na meia.

O plano do Doutor não envolvia Jacob em qualquer ataque junto com os subordinados, entretanto eram necessários equipamentos para proteção pessoal, o que Jacob não discordava, afinal tinha medo de ser atacado em meio ao caos. Sua missão era guiar o Doutor pela cidade até achar Beatrice e, por insistência de Jacob e por fazer parte do trato dos dois, Tobias. Ele ouvira dizer que Tobias tinha sido um lutador muito eficiente na época que Chicago era um experimento, mas também sabia que o mesmo não estava mais em forma, por ter seguido uma carreira política longe de armas e ringues de luta.

Claro que havia um problema nisso tudo, sempre havia que ter um problema, Beatrice não estava mais em Chicago. Fazia pouco tempo que ele havia descoberto seu verdadeiro paradeiro, mas resolveu que não iria contar ao Doutor. Essa informação mudaria todos os planos do doutor, e tornaria Jacob inútil para ele. Quando ela atendeu a ligação dele, viu a chance de atraí-la novamente para a cidade. Por que diabos ela tinha que ser uma inconsequente e voltar para Seattle? Voltar atrás de Damon e todas as intrigas da Revolução? A vida era muita chata em um lugar pacato como este, não é, Beatrice?

— Eu estava pensando... — disse Jacob virando o rosto para o Doutor que se encontrava sentando ao seu lado — Você vai levar Tobias para o hospital, não?

— Sim. — respondeu com desgosto após um longo, forçado e exagerado suspiro.

— O que pretende fazer com ele lá? — indagou com o tom sério — Sei que disse que ele iria sofrer, mas queria saber de que modo.

— Jacob, minha intenção com ele, já que disse ser uma pessoa próxima a Beatrice, é usá-lo para atingi-la. Sabe, ela merece uma punição após tudo que me fez passar, afinal se ela tivesse sido uma boa menina e tivesse se mantido no hospital tudo estaria bem agora. Para todos.

Para todos. Sei. Ponderou Jacob sem expressar esse sentimento através de palavras ou qualquer expressão corporal. Apenas assentiu e sussurrou uma frase de aprovação para as ideias do médico.

Faltava pouco tempo para chegar ao local de destino e um... Coronel?... Capitão?... Bem, alguém de alta patente entre eles, Jacob não entendia nada sobre essa hierarquia, dava ordem aos outros. Na verdade, Jacob nunca se preocupou com hierarquia nenhuma, já que nos dois lugares que vivera, na Revolução e no Hospital, ele era praticamente o último. Só se importava com quem estava acima de todos na pirâmide. Ele não gostava de pensar nisso, que nunca em toda a sua curta existência, chegou a algo próximo à liderança e o respeito de um verdadeiro líder.

Imaginava que o Doutor chegaria à cidade, exigindo que Beatrice aparecesse, e ameaçando matar todo mundo. Imaginava a confusão e medo das pessoas que ao menos sabiam quem era ela direito, tirando os boatos que corriam na cidade sobre ela.

Era Johanna a prefeita da cidade? Ela não parecia ser uma pessoa que apreciava a violência. Será que seria a polícia a lutar contra eles? Eles não teriam chance. No fundo, Jacob esperava que fosse uma coisa pacífica e que muitos saíssem sãos e salvos. O Doutor não sabia que havia muitas pessoas que sabiam das experiências de ressurreição, ou seja, todos os antigos amigos de Beatrice. Jacob não havia mencionado ao Doutor que fora ele que contou sobre tudo isso, nem que se não fosse ele, provavelmente muita coisa não teria acontecido.

Qual desculpa o Doutor inventaria para tal ataque? Afinal, a mídia nacional não deixaria um fato como esse passar em branco. Contaria que membros da Revolução estavam envolvidos para ter uma explicação plausível, bem, faria muito sentido para alguém fora do assunto.

— Vamos entrar em meio aos soldados, certo? — questionou Jacob.

— Sim, por isso que estou usando roupas militares, para me misturar entre eles. — respondeu o Doutor indiferente.

— Então, por que eu não estou com roupas militares também?

— Ora, Jacob, é para você chamar mais atenção que eu.

Jacob contraiu os lábios e não disse mais nada. Claro que o Doutor o usaria a seu favor até o fim de sua vida. Jacob não precisava que ninguém lhe falasse que estava sendo usado. Mas qual era sua outra opção? Continuar sendo usado por Beatrice? Ou até mesmo ser usado pela Revolução? Não, obrigado, Jacob gostava de sentir útil para o Doutor, mesmo sabendo que o mesmo o desprezava.

Através das janelas do veículo Jacob conseguia ver Chicago, o desenho da cidade era quase impossível de não reconhecer. Ele se perguntou se os outros já tinham avistado ao longe os carros e imediatamente se organizado para uma defesa.

Esfregou os olhos com as mãos e esperou.


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Notas finais do capítulo

O que vcs acham que Tobias vai fazer agora com a cidade sendo atacada? E os outros? E Jacob, o que vcs acham que vai acontecer com ele?