Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que dessa vez demoramos muito. Mas parecia que esse capítulo não tava querendo sair, sério. Falta de inspiração, de tempo, perda do arquivo salvo, pc travando.
Como agora entro em período de provas, não posso prometer que o próximo capítulo sairá rápido. Mas vou tentar postar ainda nessa próxima semana. Não fiquem bravas, please, tenho umas 11 provas para fazer. :C Preferiria mil vezes passar todo meu tempo livre essa semana escrevendo o capítulo ao invés de estudar, mas não posso

Capítulo dedicado a :
*Star
*DM
*lover of sagas
* Jaqueline Ferreira
*Thai
*bea prior eaton
* Lili
* Diih Vasconcelos(leitora nova! amamos seu comentário!)

Espero que gostem!



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POV Beatrice

– E aí? Mais uma rodada? – Perguntou o garçom.

Daniel confirmou com um aceno de cabeça. Ele e Meg já estavam naquele estágio da bebedeira em que o riso fica solto. As maravilhas que o álcool faz, pensou Beatrice. Meg andava consternada e um pouco triste, o que era compreensível, já que Christina estava constantemente irritada.

Beatrice sentiu-se um pouco melhor ao ver Meg rindo e brincando. Afinal, a culpa pela irritação de Christina e suas constantes brigas com Meg, era dela. Por Christina, elas já teriam voltado para Chicago, mas Beatrice bateu o pé, insistindo que precisava ficar mais alguns dias. Ela confessou que havia visto Jacob em Seattle, e queria descobrir o que ele estava aprontando. Meg entendeu a preocupação dela, era estranho Jacob ter voltado para lá, não tinha nada mais que o prendia àquela cidade. Ele nunca havia se importado realmente com a Revolução, então ela havia suposto que ele fosse para qualquer outro lugar, mas não lá. Ainda tinha o estranho fato, de tê-lo visto entrando em um carro de luxo. Jacob nunca fora o tipo de cara agradável e com muitos amigos, isso poderia ter mudado é claro, mas ela não acreditava nisso. Tinha algo errado nisso, ela só não conseguia descobrir o quê.

Como Christina não conhecia suficientemente Jacob, ela não entendeu qual era o problema em ele estar na cidade. Logo, ela não havia concordado em ficar mais tempo ali. Meg, porém, entendeu e quis ficar, e isso foi o que causou a delicada situação que havia entre elas agora. Mas, mesmo sendo contrária a ideia de continuar ali por mais alguns dias, Christina acabou cedendo. Reclamando, reclamando, reclamando. Mas ficou. Então, Beatrice tinha esperança de que afinal não tinha estragado tanto as coisas entre elas assim, e que em algum momento Christina e Meg se acertariam.

Os três, Beatrice, Daniel e Meg, haviam ido a uma movimentada boate da cidade. Meg chamou Christina, mas ela preferiu ficar trancada no hotel, emburrada. Ela provavelmente acreditou que Meg desistiria de ir para ficar com ela, o que obviamente não aconteceu. Meg estava saturada, e precisava relaxar. O que ela estava conseguindo. Nem a presença de Daniel a incomodou. Sem Christina por perto, Meg não tinha motivos para ficar irritada com ele, já que o que a incomodava era o descarado flerte que ele estava jogando para cima de Christina.

Eles haviam escolhido aquela boate porque não era um ponto de encontro de membros da Revolução. Pelo menos, não normalmente. Incrivelmente, nesse dia específico, Damon havia resolvido passar por lá com alguns amigos. Quando Beatrice perguntou a Daniel se Damon sabia que eles iriam até a boate, Daniel fez cara de paisagem e fugiu da pergunta.

Ela olhou discretamente para Damon, ele estava a alguns metros da onde ela estava. Eles não haviam se encontrado mais, depois do dia em que conversaram no telhado. Quando ele chegou à boate, acenou brevemente para o trio, mas não se aproximou. Beatrice ficou satisfeita e um pouco decepcionada com isso. A parte satisfeita era porque ela não sabia como deveria agir perto dele, nem sabia o que eles eram nesse momento. Amigos? Não. Ex namorados que não se odiavam e tentavam conviver em paz? Talvez. Sobre a parte decepcionada, ela preferia não pensar.

Algumas vezes, ela o pegava olhando discretamente para ela. Isso não era nada bom, pensou. Daniel havia contado que Connie havia ido embora, depois que ela apareceu. Beatrice não havia gostado dela, mas tê-la por perto nesse momento seria bom. Uma barreira entre ela e Damon. Ela estava resoluta em sua decisão de não cair em tentação, mas seria bem mais fácil se Damon tivesse o mesmo pensamento que ela. E ao pegá-lo a observando, ela não tinha certeza.

Ela não queria estragar as coisas com Tobias, quer dizer, estragar mais do que já estava. Ela gostava dele e queria muito tentar fazer o relacionamento deles dar certo, mas sempre tinha aquela vozinha na cabeça dela, insistindo que eles não dariam certo. Ela tinha muitas dúvidas, e ter Damon por perto, não estava ajudando.

Lembrou-se do olhar dele quando se despediram, depois daquele notável espetáculo que ela havia proporcionado no telhado. Era um olhar analítico, mas ao mesmo tempo carinhoso, que a deixou sem saber como agir. Christina estava lá, e também percebeu. Ela não havia dito nada, mas Beatrice imaginava o que se passava na cabeça dela. Será que ela achava que havia algo acontecendo entre eles? Beatrice suspirou. Se ela achasse isso e contasse a Tobias... Em que será que ele acreditaria?

O mais cômico naquilo tudo era que toda aquela loucura que ela havia feito de subir no parapeito e soltar as folhas do caderno, não havia servido de nada. Quer dizer, ela realmente estava mais leve e não tinha a pretensão de mentir sobre isso, mas também não era algo que ela fosse sair contando por ai. E o caderno... Bem esse havia ficado destruído e com o vento, suas folhas se dispersaram para vários lugares, era impossível saber o que seria dele e se alguém leria ou não. E de qualquer forma, as folhas haviam sido espalhadas por locais diferentes, então, mesmo se alguém lesse só saberia um décimo do que realmente aconteceu, isso se alguém acreditasse no que estava escrito.

– Ei, parece que alguém está em outro lugar? – Daniel brincou, chamando a atenção dela. – Por mais que eu goste de ficar sentado bebendo, acho que é injusto privar todas essas pessoas da minha maravilhosa capacidade de dançar. O que me diz?

– Humm, não estou muito a fim, prefiro beber mesmo- Beatrice respondeu.

– E você, Meg? O que me diz?

– Acho que você só quer ter a chance de passar a mão em mim. – Ela respondeu sorrindo, tentando soar maliciosa. – Sorte sua que estou boazinha hoje. Mas não abusa, você sabe que não faz meu tipo.

– Claro que não, seria como abusar de outro cara, só que com peitos e muita gostosa. Prometo ser inofensivo.

– Você? Inofensivo?- Meg gargalhou, levantando-se e o puxando. – essa eu quero ver.

Beatrice observou os dois dançando. Meg estava certa ao dizer que Daniel usaria a oportunidade para ficar passando a mão nela. Ela tentava segurar as mãos deles, mais ele acabava vencendo, e ela acabava rindo.

Distraidamente, acabou dirigindo o olhar a Damon. Ele parecia inquieto, como se quisesse fazer algo e não soubesse como fazer ou se deveria fazer. Ele olhou para ela, e os olhos dos dois se encontraram. Ela abaixou os olhos, um pouco constrangida de ser pega o observando. Que droga, Beatrice, pensou, que merda você acha que está fazendo?

Ela voltou a vagar pensativamente. Ela não faria isso que intimamente estava desejando porque: a) ela realmente gostava de Tobias e não queria traí-lo; b) não queria dar motivos para que Zeke tivesse razão sobre ela; e c) ela não gostava muito de ficar analisando seus sentimentos por Tobias em um momento tão conturbado, mas ela tinha de admitir que era mais que simplesmente gostar. Apesar de que: a) teoricamente, ela e Tobias não estavam namorando, nem nada assim, o que desconfigurava o termo traição; b) eles haviam brigado, e ela havia partido sem avisá-lo, e com isso, ele poderia nem mais querer saber dela; e c) ela e Damon tinham uma história, e por mais que ela não ficasse pensando nisso, era difícil simplesmente ignorar a atração que ainda havia entre eles.

Tentou tirar todos os pensamentos conflituosos da cabeça, e começou a analisar as pessoas que havia na boate. Jovens, bonitos e aparentemente felizes. Sem preocupações com um doutor louco e obcecado os perseguindo... Seu olhar foi em direção a um homem que estava perto do bar, ele estava sozinho. Aparentemente, apenas mais um pessoa tentando relaxar depois de um dia longo no trabalho. Mas tinha algo nele que parecia familiar a ela. Perscrutou a memória, tentando lembrar aonde o tinha visto antes. Enquanto ela ainda tentava lembrar, ele terminou o drink e pagou o garçom. Saiu sucintamente, sem chamar a atenção. Antes de sair deu uma olhada para trás, e foi nesse momento que ela lembrou. Era o cara que ela tinha visto alguns dias atrás com Jacob.

Levantou-se num pulo, agindo institivamente, e foi atrás dele. Deu uma olhada rápida para a boate, mas não viu Daniel e Meg. Já quando olhou para Damon, viu que ele a observava. Ele tinha percebido que algo estava acontecendo. Ela queria ter pelo menos um momento para avisá-lo do que estava acontecendo, mas o cara já havia saído da boate e ela não poderia desperdiçar tempo.

X-X

Ele corria, mas não era problema, ela também gostava de velocidade. Ele havia saído em uma rodovia que àquela hora estava deserta. Beatrice não sabia se só devia segui-lo ou se devia intercepta-lo. Apesar da distância, viu que ele averiguava todo tempo o espelho retrovisor. Percebeu que estava sendo burra, só havia os dois naquele momento na estrada, ele devia ter percebido que ela o estava seguindo. Sua única alternativa seria intercepta-lo.

Avançou com o carro, acelerando cada vez mais, e se aproximando do outro. Agora, ela estava quase lado a lado com ele, mais ele ainda possuía uma pequena vantagem em relação a ela. Jogou o carro contra o dele, tentando obriga-lo a sair da pista ou parar, mas ele conseguiu manter estável. Ele provavelmente não a conhecia, mas devia ser o tipo de pessoa que tem muitos inimigos, para ser tão cuidadoso assim.

Ela acelerou mais. Sabia o quanto aquilo era perigoso, nem gostaria de pensar no que aconteceria se outro carro viesse na direção contrária. Ela ouviu, ao longe, o barulho de outro veículo, parecia ser uma moto. Tentou desligar a mente dessas preocupações e analisar sua situação. Agora ela havia vencido a pequena desvantagem que tinha em relação a ele, mas ainda sim não sabia ao certo o que deveria fazer.

Percebeu que ele tentava alcançar algo dentro do porta-luvas, era uma tarefa difícil. Mas quando ele finalmente conseguiu, ela percebeu que era uma arma. Mas que maravilha, ela pensou, isso reduz muito minhas opções.

Enquanto ele tentava mirar a arma, Beatrice tomou uma súbita decisão: teria de arriscar novamente. Com toda a força que conseguiu jogou o carro novamente contra ao dele.

O carro dela girou na pista com o contato brusco com o outro carro. Por um momento tudo o que ela viu foi o mundo girando, girando, girando. Mesmo com o cinto de segurança, sentia seu corpo sendo jogado de um lado a outro. Ela não sabe quanto tempo isso durou, até que violentamente o carro parou. Sua cabeça foi de encontro ao volante. Sentiu-se perdida e a ponto de apagar a qualquer minuto, mas lutou para manter a consciência. Quando percebeu que uma parte da sua confusão mental havia começado a se dissipar, começou a analisar a merda que tinha feito.

O carro dela havia encontrado, de uma forma nada boa, uma árvore que havia fora da pista. Por sorte ou destino, o carro bateu na árvore no lado do passageiro.

Cada pedacinho do seu corpo doía. O vidro havia estilhaçado e ela sentiu que vários cacos cortavam sua pele. Ou talvez, estava em choque e só estava imaginando coisas. Forçou a porta. Ela sabia que geralmente em acidentes de trânsito a vítima não deveria ser movida, mas ela não sabia o que havia acontecido com o outro carro, e não podia se esquecer de que o maldito estava armado.

Cambaleante, saiu do carro em passos trôpegos. Tremia incontrolavelmente, mas se obrigou a continuar. O outro carro estava há alguns metros, havia capotado, e pelo estado, não havia sido só uma vez.

Andou lentamente, o que não era difícil, já que dar cada passo doía. Ela viu sangue nas mãos, mas não sabia onde estava ferida. Pela dor, parecia que era no corpo todo. Talvez, ela estivesse se desvaindo em sangue.

Quando aproximou o bastante, viu que sua aproximação cautelosa havia sido desnecessária, ele estava morto. Ela sentia vontade de chorar e rir ao mesmo tempo. Que estupidez eu fiz! Ele estava morto, e por um momento ela não lembrava exatamente o porquê. Sua mente estava embaralhada, uma confusão de ideia e sentimentos, e a dor física que sentia, só piorava.

A arma, que alguns minutos atrás, ele havia apontado para ela, estava vários metros longe. Devida ter voado na batida. Aliás, havia vários pertencentes perdidos pela estrada.

Por que eu fiz isso? Eu sou tão burra, burra, burra. Cega, ela não havia imaginado o que poderia acontecer. É claro que era uma estupidez, eles estavam em alta velocidade, é claro que o impacto seria forte. E agora ele está morto e eu talvez esteja morrendo.

Ouviu um som, uma melodia. Onde? Ela olhou em volta, procurando a origem. E lá estava ele, do perto do corpo, um celular. A droga de um celular! Tudo destruído, quase tudo morto, mas não o maldito celular. Ela teve vontade de rir dessa maldita ironia. Talvez, eu esteja ficando louca, pensou.

O celular tocava, tocava, tocava. Trêmula, ela o pegou. Não tinha nenhuma vontade de atender, mas o barulho estava deixando sua mente ainda mais confusa. E tinha a dor excruciante que sentia pelo corpo.

Atendeu.

– Porra, Gerard. Onde você está? Ele já perguntou por você três vezes.

Beatrice estancou. Era a voz de Jacob.

– Jacob?- ela idiotice dizer isso, ela já sabia que era ele, mas simplesmente não conseguia ordenar suficientemente seus pensamentos. Até sua voz havia saído fraca e instável.

– Beatrice? – Ele também reconheceu a voz dela. – O que você fez com o Gerard? – Ela não deixou de notar que ele não perguntou o que aconteceu, mas sim o que ela fez.

– Ele... está morto.

– Humm. – ele ficou em silêncio. Ela chegou a achar que a ligação havia caído, mas quando ele voltou a falar, se surpreendeu com a frieza na voz dele- Não tem importância. Ele era dispensável mesmo, pelo menos, não vou precisar aturá-lo mais me seguindo. Sabe, Beatrice é bem interessante falar com você de novo. Acho que tenho algumas coisinhas para contar que você gostará muito de saber. Sabe quem eu encontrei? Ah, acho que você é esperta o suficiente para deduzir. Mas não acho que você seja esperta o suficiente para saber o que vai acontecer. Não sei se deveria te contar. Mas posso te dar uma dica: espero que você tenha se despedido dos seus amiguinhos de Chicago, não posso garantir que você os verá de novo, pelo menos não no mundo dos vivos. Adeus, Beatrice.

Ele desligou.

Não, não, não.

Ela não teve tempo para pensar no que aquilo significada, a dor venceu e ela apagou. Mas antes, ainda conseguiu ouvir o barulho de uma moto se aproximando.

P.O.V Caleb

Fazia pouco tempo que Caleb decidiu sair da cidade em busca do hospital em Beatrice tinha estado. Não foi muito difícil achar o hospital, Jacob havia comentado com ele, que o hospital ficava no Colorado. E depois, Beatrice havia citado que o nome era St. Paul. Numa rápida pesquisa, ele conseguiu o endereço do hospital. Fora isso, não obteve mais nenhuma informação.

Ele estava em êxtase com a possibilidade de descobrir, afinal, como o tal doutor trazia as pessoas de volta à vida. E também de descobrir mais sobre como ele fazia para apagar a memória dessas pessoas.

Caleb planejava como poderia se infiltrar em um lugar que provavelmente era bem protegido. Ele tinha alguns conhecimentos médicos que poderiam ajudá-lo. O medo que Caleb sentia era ser descoberto como "espião", mas ele se acalmava dizendo para si mesmo que não trabalhava para ninguém, portanto não tinha o que temer.

Também, tentava imaginar quanto tempo ele demoraria em descobrir o necessário, não deveria ser uma coisa rápida, pois informações como aquela deveriam estar trancadas a sete chaves. Ele teria que conquistar a confiança das pessoas que trabalhavam nesse lugar. Ele também queria saber se ainda traziam pessoas de volta.

Acabou por sair de Chicago, após o pôr do sol, quando já havia se resolvido e arrumado suas coisas para sair da cidade. Ele só não esperava encontrar-se com Tobias aquela hora do dia. Agora não, cara, pensou enquanto desviava o olhar.

— Soube que você está de saída. — disse Tobias com tom de voz baixo — Qual seria a razão?

— Tem alguma coisa que você não saiba por acaso? — Caleb riu desdenhosamente — É claro, coisas que não estejam relacionadas à minha irmã.

Tobias levantou a sobrancelha e soltou um longo suspiro. Reação inesperada por Caleb que achava que ele ia, ao menos, retrucar.

— Não quero discutir com você. Apenas quero saber o porquê. — deixou a voz no mesmo tom de antes.

— Por quê? Porque eu vou fazer alguma coisa em relação à Beatrice em vez de ficar igual a você, sentado sem fazer porra nenhuma? — Caleb exaltou-se, gesticulando rapidamente sem encarar Tobias, mas conseguiu ver os seus punhos cerrando-se.

— Entendo. Se importaria em me dizer o que você pode fazer? Quer dizer, qual a diferença faria você ir ou não atrás dela? — pelo menos, desta vez, o tom de voz de Tobias parecia alterado, demonstrando uma parte de seus sentimentos.

— Ah, eu não vou atrás dela. Vou resolver as coisas do meu jeito, vou ajudá-la do meu jeito. Vou fazer tudo o que eu posso. — Caleb deu ombros querendo não demonstrar nada através de suas palavras e tom — Diferente de você.

— Eu já disse que...

— Eu sei. E você não precisa saber o que eu vou fazer.

— Certo. Você que sabe. — Tobias deu as costas, assim evitou que Caleb pudesse ver e analisar a sua expressão.

Caleb suspirou e continuou o seu caminho, sem pensar muito bem o que havia acontecido entre os dois, nem nos motivos exatos da presença de Tobias ali.

...

Depois de horas incontáveis na estrada, Caleb finalmente chegou à região perto do hospital. Ele nunca havia ido para tão longe de Chicago assim, ainda mais dirigindo. Perdeu-se diversas vezes, e teve que deixar o orgulhoso de lado, pedindo ajuda em alguns lugares.

Hospedou-se em uma pousada simples, afinal, não sabia quanto tempo precisaria ficar ali. Depois de instalado, resolveu desbravar a cidade. Perguntou pelo hospital, disse que era um jovem médico que precisava de emprego. A reação das pessoas da cidade não havia sido nada receptiva. Pelo visto, eles não gostavam muito de visitantes, e piorava, quando ele perguntava sobre o hospital. Algumas pessoas nem se incomodavam em ser minimamente simpáticas, e simplesmente o ignoravam.

Depois de passar a tarde inteira, tentando achar alguém que pudesse conversar com ele sobre o hospital, ele desistiu e voltou a pousada para descansar. Ele sabia que aquela não seria uma tarefa fácil, mas também não havia imaginado que seria tão trabalhosa.

No outro dia, quando acordou, tomou uma decisão. De nada adiantaria ficar vagando pela cidade, tentando obter informações. Ele deveria ir diretamente para onde as informações estavam. Isso o preocupava, pois não fazia ideia de como seria recebido se simplesmente chegasse ao hospital, fingindo procurar um emprego. Era meio estúpido, e provavelmente iriam desconfiar dele. Entretanto, ele não tinha outra ideia melhor.

Pegou o carro, e seguiu para o endereço especifico que havia encontrado em suas pesquisas. Era localizado em uma parte bem afastada da cidade, demorou quase uma hora para finalmente chegar.

Ao se aproximar, visualizou um prédio branco e imponente, cercado por extensa grade de ferro eletrificada. Olhando por fora, parecia um lugar abandonado, sem sinal de pacientes ou até mesmo algum veículo. Ao lado do portão, havia uma pequena cabine de identificação, com apenas um guarda, que parecia estar dormindo. Caleb estranhou a falta de outras pessoas ou mais vigias, mas talvez aquilo fosse apenas uma forma de tentar passar despercebido de curiosos, tentando não chamar muita atenção.

Caleb estacionou e desceu do carro, ainda observando. Havia várias câmeras de segurança ao redor de todo o hospital, posicionadas em cantos estratégicos. No momento em que Caleb ameaçou se aproximar do portão, o guarda que antes dormia, colocou a mão no ouvido e assentiu rapidamente, ainda atordoado pelo sono. Ao avistá-lo, o guarda dirigiu um olhar desafiante para Caleb.

— Ei, o que faz aqui? — perguntou sem emoção na voz.

— Ah, estou procurando um emprego. Algumas pessoas da cidade me sugeriram vir até aqui, disse que vocês sempre estão em busca de mais funcionários. – Ele mentiu, tentado dar uma desculpa plausível.

— Sério mesmo?— perguntou cético — Ninguém da cidade gosta muito de falar sobre o hospital, acho que eles têm um pouco de medo, sabe? Você, talvez, tenha deixado passar que isto aqui é um hospital psiquiátrico. As pessoas sempre ficam um pouco receosas com lugares que abrigam um monte de malucos juntos. Aqui o receio é ainda maior, porque ninguém do lado de fora sabe o que eles fizeram para serem trancafiados aqui, os pacientes não são da região. Ah, e se quer saber o salário não vale a pena.

Piscou duas vezes rapidamente. Será que ele usava esse discurso com todos que passavam por ali? Parecia burrice.

— Bem, um salário pequeno é melhor do que nenhum.— Caleb mostrou o seu melhor sorriso.

— Valeria mais a pena você tentar na clinica local. O salário lá é quase o dobro, e ainda tem a vantagem de não ter que lidar com malucos esquisitões.

— Não me importo em ter que trabalhar com mentalmente instáveis. – Caleb procurou não demonstrar a raiva que sentiu com o guarda chamando os doentes de maluco, até porque sua irmã havia vivido lá por algum tempo, e ela com certeza não era maluca. -Acho bem mais desafiante e interessante que trabalhar na clínica local. Fora o fato que lá, eles não possuem nenhuma vaga para mim, já verifiquei.

O guarda deu de ombros, desistindo de convencê-lo a cair fora dali. Caleb percebeu que o objetivo do guarda, era, simplesmente espantar qualquer um dali, com informações que poderiam tanto ser verdadeiras quanto falsas.

— Tudo bem, vou verificar se meu cheque pode recebê-lo. — resmungou e apertou um botão ao lado da parede onde estava sentado.

Demorou aproximadamente dez minutos para um homem alto e mais novo que Caleb aparecer na porta convidando-o a entrar. Caleb ficou surpreso, ele havia imaginado o doutor Zank totalmente diferente.

—Eu sou Charles Zank. — apresentou-se — Estou supervisionando o hospital provisoriamente. O verdadeiro chefe está viajando a trabalho, ele é meu pai.

— Entendo. Eu sou Caleb.

—Então, Caleb. O Rufus aqui me disse que você está querendo trabalhar com a gente. – Caleb demorou alguns segundos para perceber que Rufus era o nome do guarda.- É um bom momento para você aparecer por aqui, realmente a uma vaga disponível. Podemos conversas melhor sobre isso no meu escritório. Antes de entrarmos, preciso de pelo menos um documento seu. Você sabe, questões de segurança.

Caleb assentiu e entregou-lhe sua identidade, tentando demostrar confiança através de seus movimentos. Quando o homem olhou para a identidade dele, franziu a testa nervoso.

— Você tem irmãos? — indagou tentando parecer indiferente.

— Ah, sim. — respondeu tentando manter o tom firme. Caleb havia decidido, anteriormente, que seria inútil tentar esconder o parentesco com Beatrice. Tudo o que ele podia fazer era fingir não saber de nada, e talvez, poderiam acreditar que era apenas uma coincidência. — Eu tinha uma irmã chamada Beatrice, mas ela morreu há muitos anos.

— Sinto muito.

O sorriso de agradecimento mais profundo brotou de seus lábios, obviamente, era um sorriso falso, mas Charles pareceu não perceber.

— Sr. Prior, eu estou a procura de um assistente para me auxiliar por aqui, já que a pessoa prometida a mim por meu pai não está mais aqui. — sorriu, falando descontraído. — Tenho que avisá-lo que se tentar qualquer graça o executaremos. O que acontece aqui fica aqui. Entendido?

—Sim, entendi. — Caleb engoliu seco , tentando disfarçar seu desconforto.

— Você até que tem sorte. Sabe o porquê?

Caleb balançou a cabeça negativamente.

— Está ocorrendo uma, hm, digamos operação, nesse momento. Gostaria que me acompanhasse e depois podemos fazer coisas mais formais como a checagem da sua ficha criminal e o seu currículo.

Caleb franziu a testa, inclinando a cabeça. Ele sentia um medo quase palpável, mas quando Charles mencionou uma operação, animou-se. Era arriscado, mas valeria a pena, pensou.

— Ah, esqueci-me de avisar uma coisa. — falou Charles guiando Caleb pelos extensos corredores —Se você fizer qualquer movimento suspeito, eu mesmo tratarei de meter uma bala bem no meio de sua testa. Combinado?


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Notas finais do capítulo

A ação começou! O que vocês acharam? Será que Caleb vai conseguir se livrar dessa?