Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Hello people! Me amem, porque aqui estou eu postando o capítulo, morrendo de sono e tendo que acordar amanhã muito cedo.
Viram a capa nova? Gostaram?

Sei que muita gente tá morrendo de saudades do Tobias, e tá louco pra história voltar para Chicago. Mas, mas, mas... ainda terá mais um dois ou três capítulos com Beatrice em Seattle, não me matem, mas tem muita coisa p acontecer antes de Beatrice conseguir voltar.
Hoje temos um pouco do Tobias para poder matar a saudade!!!
Agora, capítulo dedicado a:
*DM
*Star
*Felicity Smoak
*bruny2vini
*Tris Pond
*lover of sagas
*Little Pink

Gnt, nos desculpem por estarmos tão atrasadas em responder os comentários! Muitas coisas para fazer mesmo, e quando temos um tempo, acabamos dando preferência em nos dedicar-nos ao capítulo. Mas, não desistam de comentar please, essa semana ainda resolveremos isso.



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POV Christina

Christina acordou sem saber exatamente onde estava. Olhou para o lado, e encontrou Meg ainda dormindo profundamente. Ao olhar a sua volta, percebeu que estava no pequeno quarto do motel onde estavam hospedadas e se situou. Lembrou-se da festa na noite passada. Por algum motivo, Meg havia ficado irritada e saiu deixando-a sozinha com Daniel. E logo após, Christina a viu se agarrando com outra garota. Não exatamente se agarrando, mas ela ficou com raiva do mesmo jeito. E quando perguntou a Meg quem era a garota, ela desconversou, dizendo ser uma amiga. Amiga, sei.

A tal “amiga” acabou esclarecendo para elas o paradeiro de Beatrice, que aparentemente achou muito legal ir embora sem avisar, depois de fazê-las dirigir por horas para ir até aquela cidade e dormir num motel barato. Realmente, Christina não conseguia entender como ela não tinha muitas amigas, tendo tanta consideração assim com as pessoas. Ou talvez, ela só estivesse irritada com Beatrice, porque se elas não tivessem vindo até aquela maldita cidade, Meg não estaria irritada com ela, e ela não precisaria ter visto Meg agarrando outra pessoa. Ou abraçando, que seja.

Isso não importa, ela pensou, já vamos embora daqui mesmo. Quando chegarmos em Chicago tudo vai se resolver.

Levantou da cama e foi até o banheiro. Quando terminou de fazer sua higiene matinal, voltou ao quarto. Meg ainda dormia, ela não queria acordá-la, mas quanto mais cedo pudessem partir, melhor seria.

– Meg, acorda. – A ruiva ainda tentou insistir em continuar dormindo, mas Christina era insistente quando queria.

– Humm, aconteceu alguma coisa Chris? – ela perguntou ainda meio sonolenta. Christina queria responder que sim, aconteceram muitas coisas, você não lembra que vi você se agarrando com outra? Entretanto, isso seria ridículo por que: a) ela só estava abraçando a garota, b) Christina estava sendo ciumenta por causa de uma coisa muito tola e c)Humm, acho que não tem o c.

– Não, é só que já é... – Christina olhou o rádio relógio que havia no criado mudo. – quase meio dia. Se nós saíssemos agora, poderíamos chegar hoje à noite, ou no mais tardar, amanhã cedo em Chicago.

– Ah sim. Quanto a isso, eu ainda preciso passar lá na sede para pegar minhas coisas. E temos que ver com Beatrice se ela já resolveu o que queria aqui. Falando nela, não entendo porque ela foi embora daquele jeito...

– Aquilo foi muito legal da parte dela, deixar a gente para trás. – Christina suspirou nervosa. – Olha, gostei de ter vindo aqui, mas gostaria realmente de voltar para casa. Não sei qual o problema de Beatrice, e não me agrada nada voltar sem ela, até porque não faço ideia de como explicaria isso para Tobias, mas... Se por acaso, ela quiser ficar mais alguns dias, sinto muito, mas terei de voltar sem ela.

– É mesmo? – Meg perguntou um tanto venenosa. – Achei que você fosse querer ficar mais tempo. Sei lá, você se deu tão bem com Daniel ontem, que achei que fosse querer passar mais algum tempo com ele.

– Não sei por que você pensaria algo assim. – Okay, Christina tinha que admitir que Daniel era muito bonito, engraçado e interessante. E que ela havia gostado muito da atenção que ele havia dado a ela, mas era só. Não era? Será que Meg...? Será que ela tinha ficado com ciúmes por causa de Daniel? – Ele é legal, só achei que, como estava na casa dele, devia ser ao menos agradável com ele. Mas, porque você está perguntando isso? Achou que fosse outra coisa?

– Claro que não. – Ela respondeu depressa. – Só comentei, deixa pra lá. Vamos ver se Beatrice já está acordada, ela tem que dar algumas explicações sobre ontem à noite.

As duas saíram do quarto. Christina aguardou, enquanto Meg batia na porta ao lado ao quarto das duas, esperando Beatrice atender. Meg insistiu por uns cinco minutos, mais nada aconteceu.

– O que houve? Ela ainda está dormindo, sério?

– Humm, não sei, pode ser. – Meg respondeu pensativa. – Talvez, ela já tenha acordado e esteja por ai. Mas isso não é muito provável, porque ela não é uma pessoa muito matinal. Acho que vou perguntar ao rapaz que fica na recepção, quem sabe, às vezes ele possa ter a visto sair.

Meg saiu, deixando Christina parada no corredor. Queria esperar mais um pouco ali, Beatrice podia estar dormindo ainda, e acordar a qualquer momento. Após alguns minutos, Meg voltou consternada.

– Isso é um pouco estranho. Ian, quer dizer, o rapaz da recepção, disse que o turno dele é de noite, e que costuma sair cedo, mas que como o outro funcionário não veio hoje, ele acabou cobrindo dois turnos. – Christina ficou confusa, o que isso tinha a ver com elas? – A questão é que ele esteve à noite toda na recepção, e disse que não viu Beatrice voltar. Quer dizer, ele disse que não viu a loirinha bonita e com cara de garota que causa confusão voltando para o motel.

– Mas... não entendo. Ela não saiu da festa? Se ela não voltou para cá, então aonde ela dormiu? Onde ela está?- a mente de Christina começou a criar várias suposições, e nenhuma boa. Será que tinha acontecido algo com ela? Ou... será que ela havia voltado a festa? Pior do que ter que explicar a Tobias o porquê delas voltarem sem Beatrice, seria ter de contar que ela havia tido algo com Damon. Ai meu deus, ela pensou, porque fui me meter nisso? Será que ela faria algo assim?

– Não sei. – Meg tentou disfarçar, mas estava óbvio que ela estava considerando as mesmas coisas que Christina. – Droga! Maldita hora para Beatrice não ter mais celular.

...

Elas estavam chegando à casa de Damon e Daniel, sede da revolução, local da festa do dia anterior, lugar onde Beatrice poderia ter dormido, e por-favor-que-ela-não-esteja-aí. Meg havia sugerido ir até lá, com a desculpa que Daniel poderia saber onde Beatrice estava, mas Christina percebeu que ela, na verdade, queria ir até lá para descobrir se Beatrice havia dormido lá. Se bem que, se ela estivesse com Damon, não teria passado a noite dormindo.

A casa já tinha impressionado Christina no dia anterior, mais com a luz do dia, era ainda mais austera e impressionante. Ela nunca havia visto uma casa assim.

Não havia tanta gente como na noite anterior, mas também não estava vazia. Aqui e ali, Christina via sujeitos tatuados, com roupas pretas e com cara de gente que você não queria se meter. Ela sorriu, de certa forma, podia se sentir novamente na Audácia. Claro que o local era muito diferente, mas as pessoas poderiam facilmente se passar por membros da Audácia. Entendia o que atraiu Beatrice para lá, mesmo sem se lembrar do passado, aquele local devia ter parecido quase como um lar para ela, como a Audácia durante um tempo havia sido.

Meg cumprimentava brevemente as pessoas, todos pareciam conhecê-la. Perguntou por Daniel a um rapaz que fumava distraído do lado de fora da casa. Ele inclinou a cabeça, sinalizando a garagem.

Daniel estava lustrando cuidadosamente uma moto, que Christina achou que igual a de Damon.

– Ora, ora. Não estava esperando ver vocês tão cedo. Sentiu saudades minhas, morena?- Perguntou quando percebeu a presença delas, Christina sentiu seu rosto arder. Porque ele insistia em constrangê-la? Meg também estava vermelha, mas Christina duvidava que fosse de timidez, ela parecia irritada.

– Daniel, você sabe onde Beatrice está? Era para ela ter voltado ontem ao motel, mas ela sumiu. – Meg perguntou com o tom de voz mais alto que o normal.

– Ela sumiu? Que interessante. - Daniel pareceu preocupado. – Não sei onde ela está, não vejo ela desde ontem, quando saiu para falar com meu irmão. – Ele ficou calado, pensando durante alguns segundos. – Quem disse a vocês que ela tinha ido embora?

– Ah, foi a Marcie. – Meg respondeu, agora sim ela parecia bem constrangida.

– A Marcie? – Daniel deu uma risadinha. Christina olhou para Meg. Obviamente, a tal Marcie não devia ser somente uma amiga, como Meg havia dito. – Acho que tenho o número do bar em algum lugar, ela já deve estar lá. Pobrezinha, tem que abrir aquela droga cedo por causa desses malditos bêbados que nós da Revolução somos.

Ele convidou-as para entrar na casa. Sem a grande aglomeração de pessoas, a casa parecia maior por dentro. Ele foi até o telefone, um modelo que Christina nunca tinha visto, parecia velho. Não no sentido ruim, mas no sentido antigo. Era só que tanto o telefone, quanto os outros móveis e objetos que havia na casa, pareciam pertencer a alguma outra época, uma muito distante.

Enquanto a cabeça dela vagueava sobre esses detalhes, Daniel fez a ligação. Sua mente só voltou ao presente quando ouviu o barulho de Daniel pondo o telefone no gancho.

– Marcie sabe onde está, ou melhor, onde estava. Ela me disse que Bea não estava se sentindo muito bem ontem à noite, e não queria falar com ninguém. Então, ela disse que Bea poderia ficar no quarto dos fundos do bar. Parece que ela dormiu lá, mas saiu antes de Marcie chegar para abrir o bar.

– Porque então Marcie não me contou isso? – Meg perguntou parecendo estar um pouco decepcionada, mas Christina percebeu que ela também estava aliviada. Era melhor descobrir que Beatrice não queria falar com elas, do que descobrir que Beatrice estava com Damon. Na verdade, pensando nisso agora, era meio idiota ter considerado isso. Damon estava acompanhado na noite anterior, e alguém tinha mencionado que era a nova namorada dele. Nossa, ele substitui Beatrice bem rápido, Christina pensou, mas considerando que Beatrice já tinha ficado com Tobias antes dos dois terminarem, nem foi tão rápido assim.

– O que faremos agora? – Christina perguntou. – Vamos até lá? Ou voltamos para o motel até ela voltar?

– Acho melhor, irmos até lá. – Meg respondeu, depois de considerar as opções. – Se aconteceu alguma coisa, talvez ela ainda queira ficar sozinha mais um tempo, e volte para o bar. E se ela quer um tempo para pensar, que deixe para fazer isso em Chicago. Mas antes, me deixa pegar minhas coisas, rapidinho.

Meg saiu em direção aos fundos da casa, ela devia ter algum quarto por lá. Christina, distraída, olhou para a escada que levava ao segundo andar, foi quando percebeu que Damon estava parado em um dos últimos degraus. Ele teria ouvido algo? Antes que ela pudesse mencionar esse fato a Daniel, Damon saiu apressado, também indo para os fundos da casa, mas em direção contrária a que Meg havia ido.

...

Junto com Daniel, elas foram voltaram à garagem. Elas haviam ido até a casa dele de táxi, mas agora Daniel insistia em leva-las para o bar no carro dele. Ele brincou que queria passar mais tempo perto da “morena”, mas Christina percebeu que ele estava preocupado com Beatrice. Ela olhou ao redor e percebeu que a moto, que há minutos atrás, Daniel estava lustrando, não estava mais lá.

– Daniel, acho que sua moto desapareceu.

– Ah, aquela moto não é minha. A minha, eu detonei no motocross que participei algumas semanas atrás. Aquela era do Damon. Eu, digamos, talvez tenha a pego emprestado na noite anterior, para levar uma loirinha gostosa em casa. E talvez, eu tenha sido um pouco descuidado, e talvez, a moto tenha arranhado, um arranhão muito pequeno. – Mostrou com as mãos um espaço bem pequeno.

– Talvez? Ou com certeza? – perguntou Christina rindo, ele riu também.

– É, com certeza define melhor. Damon é um saco com essas coisas, ele não gosta de dividir o que é dele, entende? – ele perguntou um pouco malicioso. Christina se perguntou se ele estava referindo-se só a moto.

...

Chegaram ao bar. Daniel havia dirigido excessivamente devagar. Meg, uma hora, chegou a se irritar com isso, e perguntou se ele havia se cansado da velocidade. Ao que parecia, Daniel era uma dessas pessoas que adoravam adrenalina. Daniel sorriu, e disse que queria aproveitar ao máximo o pouco tempo que ainda tinha ao lado delas. Nem era preciso dizer, que Meg ficou ainda mais possessa, após essa resposta.

Meg entrou para falar com Marcie. Ela havia chamado Christina para ir junto, mas ela disse que preferia esperar do lado de fora. Tudo o que Christina não precisava agora, era ver a tal Marcie, querendo ficar abraçando sua namorada. Peraí, ela havia mesmo pensado nisso? Namorada? Christina sentiu-se confusa. Meg era namorada dela? Elas não haviam definido o relacionamento delas dessa forma. Talvez esse fosse o problema, não saber o que elas eram. Elas teriam que conversar sobre isso depois. Christina tinha achado, durante um tempo, que era melhor elas não assumirem nenhum compromisso, por enquanto, mas isso não estava dando certo. Já era hora das duas definirem o que seriam: amigas, amigas coloridas, namoradas, passado, futuro.

Para a surpresa de Christina, Daniel ficou calado, enquanto estavam sozinhos. Ela ficou um pouco incomodada com isso, esperava que ele dissesse alguma gracinha para ela. Ela não devia querer que ele ficasse dando em cima dela! Afinal, ela estava com Meg. Então porque ficou decepcionada com isso?

– Christina... – ele começou. – Acho que não precisamos mais procurar Beatrice.

Ela seguiu a direção do olhar dele. Ao lado do bar, havia um prédio, era alto, mais não tanto, devia ter uns dez andares. E lá no alto, na parte onde devia ser o terraço estava Beatrice. Em pé, em cima de uma pequena mureta que cercava o terraço. Christina devia ter pensado muitas coisas nesse momento, não tudo o que conseguiu pensar, é que ali, parada em cima do mais alto ponto do prédio, olhando para o nada, Beatrice finalmente parecia à antiga amiga, que Christina um dia tivera.

Beatrice olhou para baixo, e viu Christina e Daniel a observando. Deu uma piscada de olho para eles, e depois desviou o olhar.

POV Damon

Após ouvir Daniel, Meg e a outra garota conversando sobre onde Beatrice estava, Damon tomou uma decisão. Ela poderia ir embora a qualquer momento, e ele não podia deixar isso acontecer antes de poder falar com ela, nem que fosse uma última vez.

Assim, após sair da sala, seguiu para os fundos da casa, passando rapidamente no escritório, e deu a volta por trás até a garagem. Ele queria chegar lá antes dos outros. Pegou sua moto, reparando que havia um arranhão enorme nela. Daniel, pensou, eu ainda vou matar você.

Dirigiu rápido, cruzando pelo espaço vago entre os carros. Carros poderiam ser mais confortáveis, mas as motos tinham também suas vantagens. Não demorou muito para que ele chegasse até o bar.

Já ia entrando, mas parou olhando para o prédio ao lado. Não sabia exatamente o porquê, apenas sentiu que era lá que ela estava. Ele a conhecia bem de mais, sabia o quanto ela era atraída por lugares altos. A altura era uma das coisas que ela mais apreciava.

Entrou no prédio, era velho e de classe baixa. Não havia ninguém na recepção, vigiando o entra e sai de pessoas. Havia um elevador, mas estava quebrado. Teve então que subir pelas escadas. Foi até a parte mais alta, o terraço do prédio. E como havia imaginado, ali estava ela. O barulho da porta de metal, fez com que ela se virasse para ver o que era.

– Ah, é você. – Disse Beatrice ao notar a presença de Damon. Ele esperou para ver se ela diria mais alguma coisa, mas ela apenas voltou a olhar a paisagem. Não era um prédio tão alto, então não era possível visualizar muito da cidade, mas mesmo assim a vista era incrível.

Ele ficou observando-a, tentando imaginar o que se passava por sua cabecinha loira. Ela o odiava agora? Ele achava que sim, e não sabia como se sentia sobre isso. Depois de ter visto ela com Tobias, ele ficou cego de raiva e quis ferir os dois. Enquanto partia de Chicago, tudo o que ele sentia era um enorme vazio e um desejo enorme de ficar o mais longe possível dela, desejou nunca mais retornar a vê-la. Foi atrás de Connie, porque ele se sentia solitário e rancoroso, e ele já a amara, então desejou que ela pudesse cura-lo, mesmo que no fim o ferisse de novo. Mas desde sua chegada a cidade, ele teve tempo para pensar. Tentava analisar o porquê de Beatrice ter feito aquilo com ele de forma tão leviana, apesar de que ele tinha que confessar, ela já tinha dado sinais de que estava interessada em Tobias. Ela havia pedido a ele um tempo para pensar, e na época ele tinha achado que ela quis dizer que precisava ficar ali por um tempo, mas ele começou a refletir, se o que ela realmente quis dizer, é que queria dar um tempo no relacionamento dos dois. Mas se esse fosse o caso, por que ela não insistiu que ele partisse? Não que ela parecesse fazer muita questão da presença dele, mas mesmo assim... Ela nunca havia sido o tipo de namorada meiga e carinhosa, então ele considerou um pouco da frieza dela normal. E ainda havia o fato de ela ter partido de Seattle sem nem mesmo um adeus, isso poderia significar que ela não queria dar explicações a ninguém, e nem mesmo ser seguida por Damon. Mas isso era apenas conjecturas que começaram a tomar forma em sua cabeça após ele chegar a sua casa. Na maioria delas, ele tentava achar uma forma de eximi-la do erro, até mesmo se culpando, mas por fim a raiva que ele sentia sempre vencia. Ter xeretado no passado dela foi uma forma de tentar entende-la melhor, mas também havia sido uma forma de achar algo que ele pudesse usar contra ela. Ele queria que ela também sofresse, para que pudesse compreender a dimensão do que ela havia feito a ele, mas quando finalmente achou o caderno, ele deu para trás. Ele ainda a amava, e uma pequena parte dele, não queria magoá-la. E talvez isso tivesse permanecido assim, mas ela tinha que aparecer ali de novo. Não que ele nunca tivesse desejado que ela fizesse isso, mas nos seus sonhos, ela voltava humildemente, pedindo perdão pela traição. Mas não, ela tinha que voltar insolente e não parecendo nem um pouco arrependida. E depois, Daniel contou a ela sobre o caderno e ela foi questioná-lo. Ele perdeu a cabeça e se descontrolou, jogando nela toda a amargura e ódio que sentia. Mas, se ele tivesse ao menos ideia do quão longe estava indo, ele teria voltado atrás. Por que ela não havia sido sincera desde o início? Por que ela havia omitido tudo o que ela sofrera? Porque ela não queria que ele, e nem ninguém, a visse como uma vitima. Entretanto, tudo teria sido tão mais fácil se ela tivesse se aberto com ele. Mas ela era forte e orgulhosa, e ele achava que fora isso que fizera ele se apaixonar por ela. Então, como poderia questioná-la por isso? Ele suspirou, era sempre tão difícil compreendê-la.

– Beatrice. – ele começou, esperando que ela se voltasse a ele, mas ela apenas permaneceu olhando além. – Olhe para mim, tenho comigo algo que lhe pertence.

Ela finalmente se virou para ele, curiosa. Quando conseguiu sua atenção, ele mostrou que estava com o caderno. Ele havia conseguido pegá-lo rapidamente no escritório antes de sair para procurá-la. Ele sabia que seria uma boa forma de começar uma conversa com ela, entregá-lo a ela seria como levantar uma bandeira branca, buscando a paz entre eles.

– Ah, isso- Ela disse gélida. – Que foi? Quer ler mais um pouco para mim? Já não se divertiu o suficiente?

Ele não tinha o direito de sentir-se mal pelo tom dela, ele havia feito por merecer. Ela o havia magoado, e agora ele havia a magoado de volta.

– Não, acho que já foi o suficiente. Eu não deveria ter lido essa droga, mas como eu saberia? Você nunca...- Suspirou derrotado, não adiantava questionar agora sobre o porquê de ela manter-se em silêncio sobre como era sua vida antes de conhecê-lo. – De todo jeito, isso é sobre você, então pertence a você. Sei que você não quer que ninguém mais leia, então vou entrega-lo e você decide o que vai fazer com ele.

Ela se aproximou dele, buscando o caderno. Foi rápida, e em seguida, voltou a sua posição original, próxima a mureta. Respirou fundo, e para a surpresa dele, colocou o caderno delicadamente sobre o muro, para logo em seguida subir cuidadosamente em cima deste. Ele sentiu o coração acelerar, meu deus o que ela pretendia fazer? Ela abaixou-se e pegou o fatídico caderno, sempre tomando o cuidado de não fazer nenhum movimento em falso. Por fim, ela começou a folheá-lo.

– Sabe Damon, acho que por fim eu tenho que agradecer a você. – ela disse olhando o horizonte. Não olhou para baixo, não porque tivesse medo de uma possível queda, ele sabia que ela adorava estar em lugares altos, mas apenas porque olhar para frente parecia uma alternativa mais atraente a ela.

– Me agradecer? – ele reconheceu o tom de surpresa e choque em sua própria voz.

– Sim. – Ela voltou-se parcialmente na direção em que ele estava para poder olha-lo. – você nem faz ideia de quanto medo eu sempre senti de que alguém soubesse o que aconteceu comigo. Eu tinha tanto medo de que tivessem pena de mim, de que me julgassem como uma pobre coitada. Por isso, menti e escondi o meu passado. Eu achava que esta era a única forma de alguém pudesse me ver como alguém forte. Alguém, não sei, que valesse a pena conhecer. Engraçado que este caderno sempre esteve no centro de todo esse medo, como se eu já soubesse, que seria ele que causaria minha ruína. – ela alisou o caderno, analisando cada detalhe- Percebe qual foi o meu erro? Escondendo tudo aquilo, tudo o que acabei me tornando, foi exatamente o que eu não queria: uma fraca e covarde. E dependente de minhas próprias mentiras e segredos. Todo esse tempo eu estava presa. – voltou-se novamente para frente, dando as costas a ele. – Presa, presa, presa. E fraca. Que tolice a minha! Mas você me salvou. Mesmo que, essa não tenha sido a intenção e que na hora eu tenha entrado em desespero. Quando saí da festa, eu me sentia tão terrivelmente destruída, que não vi a leveza que também me trouxe. Leve e livre, é assim que me sinto agora. Livre das mentiras, dos enganos, de tentar fingir que eu preciso ser forte o tempo todo. Porque eu não sou, eu também posso ser fraca, também posso cair.

Ela respirou, e Damon percebeu que ela realmente estava diferente, calma e leve, ele diria. Novamente, ela retornou seu olhar ao dele, e sorriu.

– Tudo isso agora pode ficar para trás graças a você. É claro, que ainda odeio o doutor pelo o que ele fez, e acredite, ele vai pagar por tudo isso. Mas que se dane, não estou mais com medo. – Ela abriu o caderno na primeira folha, e quando ele menos percebeu, arrancou e soltou no ar. Foi para a página seguinte e depois a próxima, repetindo o mesmo movimento. – Que se dane! Eu não sou fraca. Que todos leiam, que todos nessa cidade saibam, não vou mais me esconder.

Folha a folha, ela foi desfazendo o caderno, até que por fim não restasse mais nada.

Após isso, finalmente, desceu do murro, e virou para Damon. Não havia ódio e nem rancor no olhar que ela dirigiu a ele. E de repente, ele sentiu que também não a odiava mais, eles agora estavam quites. Ele voltou a olhá-la, enquanto ela permanecia parada encostada no muro, olhando para ele. Olhou cada pequeno detalhe do corpo dela, viu como os cabelos dela esvoaçavam pelo vento, e sentiu que não, não podia deixar que as coisas entre eles terminassem assim. Que eles simplesmente terminassem. Connie tinha razão em ir embora, ele amava Beatrice, e mesmo que fosse orgulhoso demais para pedir que ela não o abandonasse, ele também não poderia deixa-la partir, sem tentar consertar o relacionamento deles.

Se Tobias achava que Damon ia deixar as coisas fáceis para ele, estava muito enganado. Ele lutaria até o fim. Vamos ver o quanto você aguenta, Tobias.

P.O.V Caleb

Caleb estava preocupado com sua irmã, ela não falava com ele há algum tempo e ele não conseguia tirar a sensação ruim de que algo tinha acontecido. Quando ele foi procura-la, acabou descobrindo que Beatrice havia saído da cidade com Christina e Meg.

Milhares de motivos lhe vieram à mente ao descobrir um pouco mais sobre essa saída dela, e Caleb tinha certeza que Tobias estava envolvido em alguma coisa, afinal ele, aparentemente, era a pessoa que Beatrice mais tinha intimidade. Caleb poderia ter mais explicações se falasse com ele.

Era noite quando Caleb foi à casa de Tobias, naquela hora do dia, ele já deveria estar em casa após o trabalho. Caleb esperava que Tobias não tivesse ido atrás de Beatrice, não parecia ser algo tão improvável assim.

Caleb bateu na porta e teve que esperar algum tempo até a porta ser aberta.

— Caleb? — Tobias perguntou — O que está fazendo aqui?

Tobias encostou-se na porta com os braços cruzados, claro que ele não deixaria Caleb entrar na sua casa assim, mesmo que Caleb não tivesse a mínima intenção de fazer isso.

— Minha irmã. — disse — Onde ela está?

— E o que te faz crer que eu sei onde ela está? — Caleb viu Tobias cerrar os punhos ao dizer tal frase.

— Ah, talvez porque ela passa o tempo todo com você?

— Bem, eu não sei onde ela está.

— Então ela simplesmente saiu da cidade e você não fez nada? E se ela estiver em perigo? E se o tal do Doutor a pegou, hein? Você vai ficar aqui esperando receber as más notícias? — Caleb gesticulava nervosamente, estava assim porque tinha apostado todas as suas fichas que Tobias saberia o paradeiro da sua irmã.

Tobias suspirou e por fim encarou Caleb nos olhos.

— Ouça, ela saiu da cidade por conta própria e eu tenho esperanças que ela também volte por conta própria. Confio nela o suficiente para que, se ela quiser, vai voltar viva. — Tobias deu ombros. Caleb tinha a sensação que ele não estava falando a verdade, que aqueles não eram seus verdadeiros motivos ou que talvez ele soubesse exatamente onde Beatrice estava e não queria compartilhar.

— Se é assim, ela vai voltar. Minha irmã nunca abandonaria a gente assim, e infelizmente, não te deixaria para trás assim. Mas como você pode ter tanta certeza de que o Doutor não a pegou durante essa saída?

— Beatrice está com Christina e Meg, elas nos avisariam se algo desse tipo acontecesse.

— E se esse cara tiver matado elas? — Caleb trincou os dentes — Diga onde ela está.

—Já disse que não sei.

—Não acredito em você.

— Problema seu, eu não sei e ponto final.

Caleb tremeu os ombros levemente, estava ficando com raiva de Tobias que estava agindo muito estranho, ele sempre se dissera apaixonado por sua irmã, e agora ela havia ido embora, e ele apenas aceitou esse fato e seguiu sua vida? Mas havia uma coisa que naquele momento fazia muito sentido para ele, Tobias poderia ser tanto a âncora de Beatrice que a prendia a Chicago, como poderia ser exatamente o contrário.

— Entendo, ela saiu daqui por sua causa. Então, não me surpreendo por você estar meio na defensiva.

Tobias piscou algumas vezes, surpreso.

— Eu não estou meio na defensiva!

— Sim, você está.

— O que te faz pensar que ela saiu de Chicago por minha causa? — Tobias passou a mão no cabelo, o bagunçando distraidamente.

— É apenas a lógica. Cara, o que diabos você fez com a minha irmã, hein?

— Eu não fiz nada. Como disse, ela saiu da cidade por conta própria.

Caleb riu um tanto sarcasticamente.

— Conta própria? Sim, mas o motivo foi, obviamente, você. — Caleb bateu o pé irritado — Minha irmã nunca...

— Você sabe o que Tris faria. — Tobias o interrompeu — Mas, não tem ideia do que Beatrice, a que está viva agora, vai fazer ou os seus motivos. Entretanto, eu achei que, assim como eu, você lembrasse que Tris sempre fez o que queria, ou achasse que devia fazer, sem se importar muito como as outras pessoas se sentiriam com isso.

Sem esperar a resposta de Caleb, Tobias fechou a porta um pouco mais forte do que deveria e Caleb pode ouvir os passos pesados deles andando para dentro de casa. Caleb virou-se resmungando diversas coisas enquanto se afastava da casa de Tobias.

...

Caleb não conseguia dormir pensando no que Tobias havia dito para ele mais cedo. Ele havia insinuado que a irmã que Caleb teve e que havia crescido com ele, não era mais aquela que estava viva agora. Caleb sabia que havia experiências que poderiam mudar bastante a personalidade de alguém. Se, pelos menos, ela pudesse voltar a lembrar do passado, isso poderia mudar tudo.

A esperança de voltar com as memórias delas, tinha sumido quando havia feito exames em Jacob. Também tinha o fato de que se ela se lembrasse de tudo, poderia odiá-lo novamente, o que acabou desanimando em continuar procurando uma solução. Mas, talvez, fosse melhor para ela, que ele continuasse suas pesquisando sobre isso, lembrar-se de tudo, poderia trazer a antiga Tris de volta. Talvez ela nem o odiasse mais antes de morrer, já que havia se sacrificado para salvá-lo.

Mas isso tudo era inútil, já que ela não queria recuperar a sua memória e ele não fazia ideia de como tirar aquele dispositivo do cérebro dela sem matá-la. Beatrice poderia mudar de ideia se ela voltasse, se voltasse. Era confuso ele querer e não querer que a velha personalidade dela voltasse?

A única pessoa que poderia fazer isso era o Doutor, pois se ele havia colocado o dispositivo lá deveria também saber como tirá-lo sem matar o paciente. Será que Caleb poderia conversar com esse cara? Lembrava-se do nome do lugar: Hospital St. Paul. Não deveria ser difícil achar o nome em um mapa e ir até lá fingindo não conhecer nem Jacob, nem Beatrice. Caleb poderia fazer isso, certo? Assim ele poderia trazer sua irmã de volta e todos lhe agradeceriam depois.

Era isso. Caleb acharia um jeito de trazer sua amada e altruísta irmã de volta. Não importava o jeito, ele acharia um, qualquer que fosse.


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Notas finais do capítulo

Depois de ficar acordada até essa hora para postar o capítulo, acho que mereço muitos comentários! Comentem muito e beijos!