Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Desculpa a demora!
Não vou falar muito, pq to muito cansada e já é 4:27(ai meu deus! Preciso dormir)
Esse capítulo é dedicado a lover of sagas, pela sua recomendação liiinda. Obrigada! Ver que vocês estão gostando nos deixa tão tão tão felizes!
Agradecimentos tb a todos que comentaram no capítulo passado:
*DM
*bruny2vini
*Star
*Jaqueline Ferreira
*Caroline Hawkins
*Thai
*Little Pink

Vou responder todos os comentários ainda, desculpem a demora mais uma vez.



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POV Damon

Damon não tinha certeza se ia ou não atrás de Beatrice. Ainda estava estático, logo depois que ela cruzou porta, em outra situação sua cara seria até cômica.

As coisas haviam acontecidos tão rápido. Beatrice foi atrás dele procurando o caderno e aquilo o intrigou bastante, quando viu o desespero dela, não pode deixar de pensar que Jacob havia lhe dado uma boa arma. Beatrice parecia não ter ideia de o quão longe iam os sentimentos de Damon por ela e quanto havia doído à separação para ele, e quanto o sentimento de vingança floresceu como uma rosa assim que percebeu o poder que tinha. Damon não podia admitir que não gostou de ver o desespero de Beatrice quando começou a ler o conteúdo.

Ergueu as mãos para esfregar os olhos, voltando a realidade e afastando por instantes aqueles pensamentos. Decidiu que não iria atrás de Beatrice, pois não ajudaria em nada ir quando ela não tinha esfriado a cabeça ainda.

O caderno tinha caído no chão durante o ocorrido, portanto Damon agachou-se e o pegou para guardar novamente. Ele nem queria olhar para aquele caderno e decidiria o que faria com ele depois. Poderia queimá-lo e contar para Beatrice depois? Rasgá-lo, talvez? Melhor não, em uma oportunidade iria entregar a ela, e então assim Beatrice poderia decidir o destino do caderno.

Damon relaxou a expressão, demonstrando o sorriso sarcástico de sempre, as pessoas poderiam sentir sua falta na festa e ele também queria voltar, afinal uma festa daquela não acontecia todo semana por lá, principalmente em situações críticas como atualmente.

Enquanto andava, pensou se Beatrice estava atrás daquele médico e imaginou sua reação se soubesse que homem já havia saído da Revolução fazia um tempo, com Jacob. A ideia de Jacob estar envolvido em alguma coisa desse tipo fazia Damon ter vontade de rir. Mas Damon sabia que ele estava, afinal fora Jacob que lhe disse para pegar o caderno e o mesmo disse que tinha que conversar com o médico. Damon ficou confuso por alguns segundos, pois imaginava se Jacob era um dos ressuscitados ou um ajudante do médico que ficava de olho em Beatrice, aquilo não importava, era apenas Jacob. E Jacob sempre fora um pouco patético.

Damon não tinha engolido o fato que Beatrice havia morrido. Sim, ele já havia lido em seu caderno, contudo poderia muito bem ser uma mentira. Ouvir da boca dela era diferente, tornava o fato verdadeiro. Entretanto aquilo era tão ilógico que sua mente queria explodir, afinal deveria ser impossível pelas leis da natureza que alguém voltasse à vida. Honestamente, Damon não queria pensar nisso, para não acabar pensando que algo assim era errado. Na verdade ele estava feliz por Beatrice ter recebido uma segundo chance, senão nunca se conheceriam. Passou a mão no cabelo, suspirando.

Assim que voltou a festa sentiu alguns olhares sobre si, como supôs as pessoas perceberam que ele tinha saído, apenas esperava que Beatrice não tivesse passado na festa antes de ir, pois aí saberiam, ou pelo menos teriam a noção, que algo entre os dois estivesse acontecido. Se ela tinha passado por lá, ninguém demonstrou.

O ambiente lotado de pessoas, normalmente comum para Damon, começava a incomodá-lo. Talvez não seja a melhor ideia ficar lá e interagir com as outras pessoas se não conseguia se concentrar em nada, ficar sozinho seria muito melhor.

Damon decidiu procurar por seu irmão na festa e ficou, praticamente, meia hora tentando encontrá-lo, parecia que ele havia sumido da festa. Até que em algum momento visualizou-o flertando com uma garota, Damon suspirou e puxou Daniel pelo braço, o afastando da garota, que sinceramente não pareceu se importar muito.

— Cara, tem que ser importante. — Daniel cruzou os braços.

— Estou cansado e vou sair da festa, você fica no controle de tudo, ok? Se vir Connie diga que estou no meu quarto, não diga isso para mais ninguém. — Damon anunciou, estava sussurrando no ouvido de Daniel, que parecia entender as palavras com dificuldade por causa da música.

— Cansado? Você? Está agindo estranho. — as palavras do irmão estavam um pouco emboladas, contudo Damon ouviu um vago tom de desafio. Ele sorriu.

— Ah, não esqueça que amanhã vamos conversar sobre você ter dito a Beatrice sobre o caderno, irmãozinho. — o tom de Damon deixava claro uma ameaça. Seu sorriso aumentou quando viu Daniel trincar os dentes e bufar.

Seu irmão parecia esquecer que quem estava no comando era ele, que ele não mandava em tanta coisa quanto imaginava. Damon sabia muito bem sobre o apego das pessoas a Beatrice e quanto suas palavras sobre ela afetaram os sentimentos dos outros sobre ele, entretanto todos sabiam, principalmente Damon, que quando se tratava de assuntos ligados diretamente aos assuntos do país e da Revolução não havia ninguém lá melhor que ele para lidar com isso. Por isso, não importava o que os outros sentiam pessoalmente em relação ao líder, pois ele saberia o que fazer, e mesmo que suas decisões não parecem as melhores no momento, tudo sempre dava certo; consequentemente as pessoas acreditavam nele e o respeitavam.

Virou as costas para Daniel seguindo seu caminho pela casa até seu quarto, certificou-se que ninguém o viu, afinal o que menos queria naquele momento eram perguntas.

Abriu a porta de maneira um tanto bruta e a fechou, sem trancar. Apenas após tirar os sapatos dos pés, jogou-se na cama de casal, que já dividira com Beatrice tantas vezes, com a cabeça afundada no travesseiro. Não sabia mais o que pensar sobre o assunto naquele momento.

Damon queria sentir raiva dela por esconder um segredo tão grande, por não confiar inteiramente nele, por ter o traído. Além de que, obviamente Tobias e os outros de Chicago sabiam sobre o médico que traz pessoas de volta a vida ( já que conheciam Beatrice antes disso). Ele também achava que fora ele, ninguém mais sabia dos outros detalhes, do que aconteceu enquanto ela estava em poder do doutor, o desespero dela quando Damon leu o caderno, mostrou a ele que aquilo era algo que ela mantinha trancado a sete chaves. Será que ela e Tobias tinham se amado antes? Ou poderia ser o que ele contou para manipulá-la, mas isso não seria plausível, Beatrice perceberia se alguém estivesse tentando fazer isso.

Provavelmente, ela nem o amava com a mesma intensidade que ele, era bem a cara dela estar apenas curtindo o momento e as coisas que Damon podia oferecer. Talvez ela não gostasse do jeito que ele agia, o achava chato, arrogante, mesmo que Damon sempre tentasse fazer o que achava certo ou necessário.

Ele queria que aqueles sentimentos todos dentro dele simplesmente sumissem, eles não faziam bem para ele e nem para ninguém.

— Desculpa por ter contado a Beatrice onde você estava, se você sabe disso. — Connie invadiu seu quarto, sem bater, pelo menos fechou a porta em seguida. — Ela quase quebrou o meu braço, então tive que contar. — sua voz não demonstrava muito arrependimento, apenas explicação.

—Hm, tudo bem. — Damon respondeu, com a voz abafada pelo travesseiro.

Connie se aproximou sentando-se na beirada da cama e colocando sua mão na perna de Damon.

— Sobre o que vocês conversaram?

— Nada de importante. — mentiu — Apenas acertamos alguns assuntos que não ficaram claros quando terminamos.

— Que tipos de assuntos? — Connie inclinou a cabeça para o lado e Damon tirou a cabeça do travesseiro, sentou-se para olhá-la.

— Coisas em relação à Revolução. Sabe, ela estava em uma hierarquia bem alta e agora nem pertence oficialmente aqui. Acho que ela queria apenas esclarecer a situação.

— Ela estava bem irritada quando me encontrou há algum tempo atrás, não parecia que queria falar uma coisa tão simples assim. — cruzou os braços.

— Ela estava irritada. Perder o poder de uma organização tão grande quanto a Revolução não é algo que se aceita tão facilmente.

— Sei. — Connie murmurou, cética — Quando você me deixou sozinha na festa, antes dela ir atrás de você, era por causa dela também?

— Ah, àquela hora? Não eu apenas queria esfriar a cabeça. Estava bem estressado de vê-la lá quando afirmei que Beatrice não era mais bem-vinda por aqui.

— Então, você fez isso por causa dela. — Connie soltou uma leve risada sarcástica.

Damon suspirou segurando as mãos dela.

— Ouça, você não deve se preocupar. Beatrice foi embora e duvido que vá voltar aqui, portanto esqueça-a.

Connie se levantou, subitamente.

— Esquecer? Do mesmo jeito que você a esqueceu?— ela gesticulava bastante — Pois se for assim, essa garota nunca mais sairia da minha cabeça! Ela não vai embora, vai voltar e estragar tudo o que você fez para esquecê-la, novamente. Não é o que eu quero, Damon. E espero que não seja o que você quer.

— Claro que não é o que eu quero! Não é minha culpa se ela voltou, eu não a chamei aqui.

—Ah, então você admite que tem sentimentos por ela.

— Claro que tenho, Connie, mesmo que só um pouco. — Damon esbravejou com os nervos a flor da pele, mas logo se arrependeu do que disse — Não é um sentimento igual ao que você pensa! Namorei ela por muito tempo porque você me machucou para caramba! Não dá para simplesmente apagar a existência dela em minha vida!

— Agora a culpa é minha? Não é minha culpa também que você se sentiu carente depois que terminamos. Foi escolha sua! — Connie bufou — Você gosta de mim?

— Claro que sim. — Damon respondeu com a voz controlada.

— Você quer ficar comigo?

— Sim.

Connie ajeitou a postura como se pensasse atentamente antes de falar qualquer coisa. Por causa da sua expressão, Damon temia o que ela podia dizer, afinal conhecia Connie bem o suficiente.

— Então, não me procure até você resolver esses "sentimentos" com Beatrice.

— Como assim? — Damon piscou várias vezes.

— Eu não vou ficar com você enquanto ainda nutre sentimentos por ela. — respondeu em uma calma impressionante — Então, se tudo o que você disse é verdade, me procure. Mas não antes disso.

— Connie, o que eu disse é verdade! Não tenho mais nada com Beatrice, ela me odeia.

— Ela te odeia, mas você não.

Damon ficou calado diante daquela afirmativa, Connie continuou:

—Agora você fica calado? Tudo bem. — suspirou— Ambos dissemos o que queríamos, certo?

Assim, Connie virou de costas e saiu batendo os pés, também fechando a porta com força. Ela nem chegou a esperar a resposta de Damon, pois já sabia qual seria.

Damon, por sua vez, não acreditava no que tinha acontecido. Connie tinha praticamente terminado com ele de novo, pelo menos não tinha sido como da primeira vez, pois desta vez Damon tinha certeza que havia lógica por trás dos atos da garota.

Que droga! Como ele deixou que tantas coisas ruins acontecessem em uma festa? Em apenas uma noite?

POV Meg

– Daniel? Cadê Beatrice? Vocês não estavam juntos? – Meg gritou, tentando vencer o barulho ensurdecedor de rock que tocava. Ela e Christina haviam ficado sentadas dentro da casa, enquanto Beatrice tinha saído com Daniel. Já havia passado quase uma hora e até agora ela não voltara, por isso haviam resolvido ir atrás dela.

Também tinha o fato de que ambas queriam ir embora. Christina, principalmente. Ela não estava acostumada com ambientes como aquele, música alta, várias pessoas dançando, outras bebendo mais do que deveria, drogas por toda parte. E tinha também o fato, de que cercadas por outras pessoas, as duas não sabiam como se comportar. Meg queria abraça-la e beijá-la, mas não sabia como Chris se sentia. Ela parecia um pouco distante, talvez pudesse achar estranho beijar outra garota em um público de pessoas desconhecidas por ela. Elas haviam passado o tempo sozinhas de forma tímida e constrangida.

Por causa do excesso de gente na casa, e também por causa da recepção nada calorosa de Damon, Meg não havia feito o que viera fazer: pegar suas coisas. Pensou que talvez fosse melhor tentar retornar a revolução no outro dia à tarde.

– Ah Beatrice. – Daniel coçou a nuca. – Ela teve que conversar com meu irmão. – Christina que estava próxima dos dois, ouviu e levantou a sobrancelha desconfiada. Mesmo que agora ela estivesse conseguindo se relacionar melhor com Beatrice, era óbvio que a lealdade dela estava com Tobias. E saber que Beatrice estava sozinha com Damon, não era algo que ela provavelmente considerava apropriado, ou que Tobias fosse gostar.

– Ela ainda está, humm, conversando com seu irmão? – Sondou Christina.

– Humm, eu não tenho certeza. – Daniel pareceu ler o rosto de Christina. – Duvido muito que eles estejam transando, se é isso que quer saber. Na verdade, acho mais provável, um ter matado o outro.

– Eu não estava pensando nisso. – Christina respondeu com o rosto rubro. Daniel deu uma risada.

– Ah, eu acho que estava sim. Mas não precisa ficar tímida, eu, por exemplo, penso em sexo quase o tempo todo, mas não costuma ser o dos outros, se é que você me entende.

Christina ficou muda, chocada. Meg revirou os olhos, era tudo o que ela precisava agora, Daniel flertando com sua namorada, se é que Christina era sua namorada.

Ela não era obrigada a ficar ali, vendo aquela cena. Daniel era assim com quase todas as garotas, inclusive com a própria Meg, mas era ridículo o ver dando em cima da sua garota. Assim, ela deu um aceno breve para ele, e se distanciou, esperando que Christina a seguisse, coisa que ela não fez. Meg se irritou, sério que ela daria ouvidos as besteiras de Daniel? Tudo bem que ele era bonito e engraçado, e que Christina sempre havia saído com caras, mas mesmo assim...

Cumprimentou vários conhecidos, interrogando se algum deles tinha visto Beatrice. Ela podia ter ido direto perguntar para Damon, mas não sabia se essa realmente era uma boa ideia. Primeiro, porque ele havia quase soltado fogo pelos olhos quando viu Beatrice, e considerando que Meg estava junto com ela, podia acabar sobrando para ela. Segundo, porque ela também desconfiava de Damon e Beatrice juntos e sozinhos, vai que... Ela achava que Beatrice estava mesmo gostando de Tobias, mas ela não poria sua mão no fogo por ela numa situação assim. Era sempre uma luta diária saber o que Beatrice estava pensando.

Foi para dentro da cozinha e deu de cara com uma morena muito bonita e bem conhecida de por ela: Marcie. As duas tinham se relacionado durante um tempo, mas nada muito sério. Marcie deu um sorriso quando viu Meg se aproximando.

– Oi, você. Ouvi dizer que tinha abandonado a revolução. – Marcie iniciou a conversa.

– Ah, oi. Eu estava viajando. Voltei tem dois dias. Acho que realmente estou abandonando a Revolução.

– Humm. Vi você entrando com Beatrice. Meu Deus, essa aí sabe fazer uma entrada, acho que a festa parou toda para vê-la. E a outra, a morena, é sua amiga?

– É, sim. Bem, não exatamente. Acho que posso dizer que nós estamos juntas. Mais ou menos, ainda não sei direito. – Meg respondeu constrangida. Era estranho falar sobre isso com alguém que ela já havia tido algo.

– Entendi.

– É meio complicado. Ela nunca saiu com garotas, sabe? – Ela não sabia por que estava contando aquilo para Marcie. – Ela terminou com um cara logo depois de nos conhecermos, e acabamos passando muito tempo juntas, e não sei, simplesmente rolou.

– Ah, já conheci garotas assim. Depois de uma desilusão acabam querendo provar algo novo. Nunca dura muito, no final elas sempre acabam encontrando outro idiota para amar. – Vendo a expressão de Meg, tentou consertar. – Não estou dizendo que vai ser a mesma coisa com essa garota que você está saindo. Cada pessoa é diferente da outra.

– É, claro. De todo jeito, estou procurando Beatrice. Você por acaso a viu por ai?

– Beatrice? Vi sim, ela saiu tem uns quinze minutos. Ela não parecia muito bem, tentei falar com ela, mas acho que ela não queria muito conversar com ninguém.

– Saiu, quer dizer foi embora?

– É, isso mesmo. Ela não parecia estar muito no clima para festa.

– Ah, obrigada então. Ela deve ter voltado para o motel em que estamos hospedadas, ela podia ter avisado.

– Tudo bem. Então acho que a gente se vê por ai. E boa sorte com sua garota.

Marcie se aproximou com a intenção de abraça-la, surpreendida Meg correspondeu de forma involuntária. Foi um abraço estranho, mas Meg se sentiu feliz. Ela poderia ter ficado ali por horas, mas quando virou um pouco a cabeça, viu que Christina observava a cena, chocada. Meg se separou de Marcie, se despedindo, e foi atrás de Christina.

– Eu estava conversando com a Marcie, ela disse que viu Beatrice indo embora. – começou Meg.

– Marcie? A morena que estava com você? É sua amiga?

– Anh, mais ou menos. – Meg não queria mentir, mas também não queria contar que Marcie era uma ex. Não que tivesse algum problema em Christina saber, ela só se sentia estranha em contar essas coisas para ela. – Acho que já podemos ir embora então. Ou você ainda quer conversar mais com Daniel? Vocês pareciam estar se dando bem quando saí.

– Não, podemos ir sim. Ele é engraçado, mas dizer que estávamos nos dando bem é um pouco demais. Parece que ele gosta de deixar as pessoas constrangidas. – Christina tentou explicar. Então seria assim entre as duas agora? Uma tendo que explicar a outra que não estava fazendo nada errado? – Como Beatrice foi embora? A pé ou levou o carro?

– Ela deve ter levado o carro, não sei por que ela não nos chamou ou pelo menos avisou que estava indo embora. Mas não se preocupe, vou tentar descolar uma carona para a gente.

Ela encontrou com Jeff, ele era um cara grandão com quase dois metros de altura e extremamente forte. Apesar da sua aparência assustar um pouco, no fundo ele tinha um grande coração e era muito gentil. Ele prontamente concordou em leva-las para o motel.

Meg conversou com Jeff durante o trajeto, mas Christina se manteve quieta no banco de trás. Chegaram, e apesar de curiosas, resolveram não acordar Beatrice. Ela já devia ter chegado há algum tempo, e provavelmente já devia ter se deitado.

Elas foram para o quarto que compartilhavam. Mas essa noite tudo parecia diferente entre elas, não sabiam como agir.

POV Beatrice

– Meg perguntou por você.

– E o que você disse?

– Disse que você tinha ido embora, você disse que precisava ficar sozinha.

– Obrigada, Marcie. Obrigada por me emprestar esse quarto. – ela havia encontrado com Marcie após ter saído do escritório. Ela estava ainda muito abalada, e quando Marcie a viu, logo percebeu. As duas conversaram durante alguns minutos, e Beatrice confessou a ela que precisava passar um tempo sozinha. Marcie prontamente ofereceu a ela ficar no quarto que havia nos fundos do bar onde trabalhava. Ela disse que quando fechava o bar muito tarde, acabava ficando por lá mesmo, era mais seguro que tentar voltar sozinha para seu apartamento. Como hoje estava tendo a festa da revolução, e como todos os clientes do bar eram membros, o bar estava fechado. Ninguém saberia que Beatrice estava lá, fora Marcie. Beatrice havia aceitado a oferta, até porque ela não tinha muitas opções. Depois que saiu da festa, Marcie resolveu ir até lá para conferir se estava tudo bem. Ela agradeceu novamente pelo quarto, e Marcie foi embora, ela estava de carona com algumas outras pessoas e não podia demorar muito.

Se pudesse, Beatrice teria passado a noite toda acordada, pensando. Mas o cansaço foi mais forte, e ela acabou adormecendo. Um sono pesado e sem sonhos. Quando menos percebeu, já era dia. Os raios solares entravam timidamente por uma pequena janela que havia no quarto. O quarto por si só era simples, uma cama e um criado mudo, com um banheiro também comum adjacente.

Ela acordou, mais não conseguia se obrigar a levantar. Tudo que ela desejava era permanecer ali, deitada em posição fetal. Só haviam passado algumas horas, e a ferida aberta por Damon em seu peito ainda estava aberta. Tentava odiá-lo por isso, mas não conseguia, ela também tinha o ferido, e agora via o quanto. Por mais que ela soubesse que ele ficaria mal pela sua traição, ela não imaginou que seria tanto. Não que ela não soubesse que ele tinha sentimentos por ela, mas nunca imaginou que pudessem ser tão enraizados e fortes. Ele não era o tipo de cara romântico e amoroso, muito pelo contrário, muitas vezes ele podia ser genioso e cruel. Nunca havia ligado muito para as provocações dele, até porque ela podia ser terrível também quando queria. Ela só imaginou que ele lamentaria e a odiaria, mas depois superaria. Talvez isso ainda viesse a acontecer, talvez só estava ainda muito cedo.

Ela se obrigou a levantar, não podia ficar trancada naquele quarto para sempre, se lamentando. Quando levantou, sentiu que havia algo que estava diferente nela, mas ela não sabia ao certo o que era, sentia-se estranha, mas não um estranho ruim, era na verdade até agradável.

Era como se até agora ela estivesse vivendo presa a âncora de um navio que estava prestes a zarpar. Ainda, podia comemorar, pois não havia se afogado, mas era uma questão de tempo até que isso ocorresse. Agora, se sentia livre desta prisão, e percebia em detalhes tudo o que havia perdido, quando seu calcanhar ainda estava unido a âncora.

Sentimento estranho para se ter em um momento desses, ela pensou. Ou será que? Será que ela se sentia livre por que alguém finalmente sabia por toda a merda que ela havia passado no maldito hospital? Será que no fim era isso que ela precisava que acontecesse?

Pôs os pensamentos filosóficos de lado, enquanto se ajeitava, tentando ficar minimamente apresentável. Ela queria dar uma volta, talvez um cenário diferente esclarecesse esses pensamentos conflituosos que passavam por sua cabeça.

Saiu do apartamento e se pôs a vagar sem direção certa. Cada passo que dava era tão leve! Como isso podia estar acontecendo? Não tinha lógica. Era sempre teve tanto medo que alguém soubesse... E agora que isso finalmente tinha acontecido, parecia que havia acordado de um sonho sombrio, para enfim conseguir viver. Não, ainda não conseguiria viver, ainda faltava algo, ou melhor, alguém: o doutor. Morto e enterrado.

Vagueou por ruas conhecidas e até mesmo algumas desconhecidas, tentando decifrar sua própria mente. Algumas pessoas diziam que era difícil compreende-la, e ela sempre acreditou, porque algumas vezes nem ela conseguia se entender.

Cruzou mais uma rua, quando algo lhe chamou a atenção. Alguns metros à frente, um rapaz muito parecido com Jacob esperava na calçada, do seu lado havia outro cara que ela desconhecia. Parecia Jacob ou era Jacob? Ele estava um pouco longe, não tinha com ter certeza. Continuou observando, e distraída quase não percebeu quando um carro parou em frente ao rapaz. Era um carro elegante e todo preto, até mesmo as janelas, não podendo saber quem estava dentro. Mas de uma coisa ela sabia: apenas ricos tinham carros assim.

Permaneceu apenas observando, enquanto a porta abria e os dois rapazes se encaminharam para perto. Antes de entrar, o rapaz que ela achava ser Jacob, levantou os olhos. Por alguns segundos os olhos dele e de Beatrice se cruzaram, e foi nesse momento que ela teve certeza: aquele era mesmo Jacob. Mas não fazia sentido, o que Jacob estaria fazendo ali? Ela havia imaginado que ele partiria para algum lugar novo, onde ninguém o conhecesse, ele não tinha nada em Seattle pelo qual ele quisesse voltar. Enquanto os pensamentos se embaralhavam em sua cabeça, ela percebeu que o carro havia partido, levando Jacob e o outro junto. Mas para onde ele estaria indo? E com quem? Beatrice sentiu que estava deixando algo importante passar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Será que Beatrice vai descobrir o que Jacob ta aprontando? E Meg e Christina, será que bateu ciúme?



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