POV Beatrice

Â

Beatrice se sentia cansada. Depois de ter encontrado o endereço da sua roda gigante tão sonhada, ela havia passado dias insone. Não que não quisesse dormir, apenas não conseguia. Sentia-se renovada e nem um pouco cansada. Era como se algo tivesse despertado dentro de si. Um sentimento estranho de que precisar chegar àquele local o mais rápido possível, ela sentia que lá estariam todas as respostas que precisava, mesmo que ainda ela não soubesse quais eram as perguntas. É claro, que aquilo também lhe causava pânico, e em certos momentos ela chegou a duvidar se realmente deveria ir até lá.

Ela nunca quis saber sobre o seu passado. No principio ela acreditava que não deveria procurar por ninguém, pois ninguém havia procurado por ela. Talvez todos que eu conheci me odeiem ou ninguém se importe o suficiente, ela pensava. Mesmo depois que descobriu a verdade, Â nunca quis procurar ninguém. Se todas as pessoas que ela conhecera acreditam que ela estava morta, talvez fosse melhor continuar assim. Nada de bom poderia resultar disso. E agora não importava também ela tinha outra vida com outras pessoas. Mas agora ela simplesmente sentia que deveria saber. Não importava mais as consequências.

Depois de alguns dias de viagem, ela finalmente estava chegando ao seu destino. Sentia seu coração pulsar cada vez mais rápido à medida que a distância diminuía. Não lembrava mais quando tinha sido a última vez que comera ou dormira. Essas coisas não importavam agora, só o que ela queria era finalmente chegar à roda gigante. Ela não se preocupou em momento algum em saber mais sobre o que era o tal experimento de Chicago e qual poderia seu envolvimento naquilo. As respostas estarão lá.

Já era quase noite, quando avistou ao longe a roda gigante. Meu Deus, ela pensou, como ela é linda. Sentiu seus olhos umedecerem. Isso a surpreendeu, ela nunca chorava. Aproximou-se cada vez mais, até finalmente chegar. Permaneceu alguns minutos dentro do carro, secando as lágrimas e tentando ordenar a seu coração para se manter calmo. Depois de alguns minutos simplesmente desistiu. Saiu do carro, e ficou alguns minutos olhando e esperando algo acontecer. Sentiu-se boba, ela esperava que algum tipo de milagre fosse acontecer quando chegasse até o grande brinquedo, mas não havia nada lá. Quis simplesmente entrar no carro e sair dali, mas algo a impedia.
Queria fazer algo, mas seus pés não saiam do lugar. Olhou para cima, e sentiu seus olhos brilharem de fascínio. Como é linda! Será que eu poderia ir até lá em cima? –pensou. Finalmente seus pés se moveram na direção da roda gigante e quando menos percebeu estava subindo por sua extensão. O vento batia em seus cabelos compridos. Sentia-se tão livre! Olhou ao longe e viu que alguém se aproximava. Seu corpo se tencionou, mas ela continuou subindo, em direção ao topo.

Quando finalmente chegou até o topo, percebeu que não era uma e sim três pessoas que se aproximavam. Três homens. Um deles era vagamente familiar a ela. Ela sentiu seu corpo estremecer. Parecia muito com Jacob, mas era impossível que fosse ele. Como ele chegaria até ali? Aquele lugar era uma lembrança dela, não de Jacob. Um dos outros homem não tirava os olhos do lugar onde ela estava. Será que ele consegue me ver aqui? Percebendo que eles realmente estavam indo ao encontro dela, Beatrice decidiu descer para encontra-los.

Esperou alguns minutos. O cara que não parava de olhar para ela, alguns minutos a trás, ia à frente. Ela o encarou enquanto ele se aproximava. Não pode ser. – ela pensou sentindo o coração acelerar de tal forma que parecia prestes a sair pela boca. – Os olhos dele, é ele que invadiu meu sonho! Não conseguia desviar os olhos dos dele.Sentiu sua pele formigar e queimar com sua aproximação. Ele finalmente chegou até ela, parou a alguns metros da onde ela estava. Não parava de olhos nem por segundo para ela. Mesmo assim ele parecia receoso, como se tivesse com medo de aproximar dela.

Obrigou seus olharem a se mover para analisar os outros, olhou brevemente para o que vinha a esquerda do rapaz de olhos azuis. Quando finalmente virou-se para o outro, sentiu seus olhos arregalarem. Não, não é possível ser...

– Jacob – se ouviu dizendo- o que você está fazendo aqui?