Burned Soul escrita por Kaline Bogard


Capítulo 7
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

SURPRESA!

Sim, esta postagem não estava nos planos, eu sei. Mas a culpa é de vocês u.u que fizeram campanha e chantagem emocional para antecipar a postagem. Como sou coração mole, cedi.

Mas... um cavaleiro de ouro não cai duas vezes no mesmo truque. Nem adianta tentar vir com mais chantagem emocional ou campanhas de liberação que agora estou imune. Postagens todas segundas conforme previsão inicial!

Huashasuahsa

Ah, sim, tive uma pequena dor de barriga na finalização dessa fanfic, então o final meio que desandou. Está com 13 capítulos.

Ah, também comecei uma nova Sterek. Mas é Universo Alternativo. Apesar disso conto com vocês por lá, quando começar a postar.

Boa leitura!



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Burned Soul

Kaline Bogard

Capítulo 07

Stiles pensou em como a vida era imprevisível. Há cerca de dois anos entrava no colegial, como um João-Ninguém, desesperado para deixar de ser incógnito, conseguir ser correspondido por sua paixão desde a terceira série, conquistar a posição de titular no time de Lacrosse, tornar-se popular. Atualmente, não realizara nenhum daqueles desejos, contudo nem queria mais. Mergulhara em um mundo sobrenatural no qual não era um João-Ninguém, descobrira uma paixão mais forte do que a que nutria por Lydia e estava no time principal sim, mas em um time chamado Pack.

Pensando em um passado mais recente...

Quase vinte quatro horas atrás, Stiles estava tomando café da manhã com seu pai, ouvindo recomendações sobre não quebrar obras de artes milionárias, dividindo uma torrada cheia de geléia de amendoim com seu namorado e se conformando com os amigos que abandonavam o barco para ficar de namorico no meio do mato. Atualmente, ele estava sentado em uma espécie de cozinha, em uma casa desconhecida, esperando seu anfitrião terminar de preparar o chá. Ah, sem deixar de mencionar sua situação de levemente raptado.

Bem vindos ao País das Maravilhas.

Segurando um suspiro ergueu os farrapos de sua blusa e observou o ferimento. A gaze estava seca, logo se podia concluir que o sangramento parara, apesar de doer um pouco quando movia o braço. Depois analisou o local: uma cozinha pequena e prática, com uma mesa e três cadeiras, a quarta estava encostada em um canto, quebrada. Um jogo branco de armários, uma pia com balcão e um fogão portátil de duas bocas.

Aberline estava de costas, preparando chá. Stiles assistia, silencioso. Por que seu instinto assim lhe ordenava. Ele podia não ser a pessoa mais sensata do mundo. Todavia não era estúpido. Muito menos burro. Não provocaria uma situação que colocasse sua vida em risco, exceto se conseguisse uma chance sólida de escape.

E para isso precisava do primordial: informações.

– Estamos perto de Beacon Hills?

– Na verdade, temo que não.

– Muito longe?

Francis voltou-se para Stiles, observando o menino atentamente.

– O bastante para cansar meu lobo ao trazê-lo para cá.

– Ah...

Então o dono da casa desligou o fogo, veio até a mesa com uma caneca de chá fumegante e colocou a frente de Stiles. Para si encontrou um copo de vidro. Ao invés de se sentar, resolveu encostar-se em um pequeno balcão de madeira ao lado da pia.

– Peço desculpas por isso – deu de ombros – Não tenho o costume de receber visitas.

Stiles fez uma careta.

– Isso não me preocupa muito... – aceitou a caneca e soprou. Precisava de algo quente dentro de si.

– Esse é um dos meus abrigos no Novo Mundo. Sempre que estou na Costa Oeste e se aproxima a lua cheia venho para cá. É mais seguro. Meus planos eram ficar no país até domingo. Mas creio ser necessário antecipar meu regresso para a Inglaterra.

O garoto moveu-se desconfortável na cadeira. Depois coçou a nuca sem saber direito como agir.

– Eu não sei bem como vocês fazem as coisas lá em Londres, mas aqui é totalmente contra a lei atacar um ônibus e raptar pessoas – foi dizendo – Por que fez isso? O que quer de mim? E, por favor, não vamos conjugar o verbo “matar” ou “assassinar” e semelhantes.

Francis observou a forma como Stiles girava a caneca de chá quente nas mãos, evitando olhá-lo. Seu lobo reagiu à cena. E não foi apenas o monstro em si que esboçou alguma reação. Fazia muitos anos, décadas, que o inglês não tinha uma atitude assim perto de outra pessoa.

– Vou ser direto com você, jovem – a voz firme chamou atenção de Stiles, o menino ergueu a cabeça e encarou seu seqüestrador que deu um pequeno gole no chá – Meu lobo te escolheu como parceiro. Simples assim.

A face do garoto ficou lívida.

– Ah, com total certeza não é “simples assim” – ele agitou-se – Seu lobo não pode me escolher como parceiro em uma conversa de cinco minutos. E com mais total certeza não pode sair por aí raptando os outros. Já ouviu falar em reciprocidade? Acho que não. Vou te dar um exemplo – apontou de si para Aberline várias vezes seguidas – Reciprocidade é algo que não existe aqui. Sacou?

Um sorriso muito pequeno moldou os lábios de Francis.

– Você está conversando com um lobisomem. Como consegue dizer que uma paixão não pode surgir em cinco minutos?

Stiles abriu a boca para rebater, mas não encontrou argumentos. Acabou dando um gole pequeno no chá, antes de dizer alguma coisa.

– É agora que você diz que meu cheiro te seduziu e todas essas coisas sensitivas que acontecem com seres sobrenaturais?

O dono da casa passou a mão pelo rosto, parecendo ponderar a questão.

– Não usaria exatamente essas palavras. Quando se aproximou de mim, senti o cheiro de... como é que vocês o chamam? – pensou por alguns segundos – Pack. Isso. Senti o cheiro de um Pack em você. Então tentei me afastar e evitar encrenca, mas...

– Eu te chamei de volta – Stiles ergueu as mãos – Incrível.

– Sim. Quando meu lobo ouviu sua voz se encheu de curiosidade, interesse e uma leve atração. Não foi apenas o seu cheiro, perceptível por detrás do odor do Pack. Foi a sua voz, o seu jeito de falar, cheio de vida. Vivi muito tempo, caro Stiles. Nunca encontrei alguém que apontasse uma visão tão altruísta e empática do sofrimento de outrem. O lobo dentro de mim se sentiu tocado, por encontrar um garoto tão jovem que talvez pudesse compreender minha própria “Alma Queimada”.

Stiles ficou desconcertado com o que acabara de ouvir. Suas idéias se misturaram e ele foi incapaz de dizer algo a altura dos argumentos de Francis.

– Foram cinco míseros minutos – insistiu naquilo – Não pode usar isso para alterar toda a sua vida e a vida de outras pessoas. Eu...

– Quanto tempo dura a mordida de um lobisomem? – Aberline cortou antes de beber um último gole de seu chá.

– O que?

– Quando um desses... Alphas, morde uma pessoa. Quanto tempo você acha que ele mantém o ato de morder.

Stiles balançou a cabeça.

– Sei lá. Dois, três segundos...?

– Dois ou três segundos que mudam a vida de uma pessoa para sempre. Tempo é relativo, caro jovem. Muito relativo.

– Tenho família! – Stiles soou ríspido, em um arroubo de coragem – Cara, eu tenho uma vida, vou a escola. Tenho... uma pessoa. Não me importa o que o seu lobo quer ou deixa de querer. É melhor me levar para casa ou...

– Acalme-se – Aberline continuou tranqüilo – Não vou fazer basicamente nada que não queira. Pode continuar indo a escola, vendo sua família. Pode seguir com a vida.

– Vai me libertar? – Stiles estreitou os olhos desconfiando do que ouvira.

– Desde que aceite meu lobo como parceiro.

– Totalmente não. Já tenho um namorado! – o garoto revelou sem poder conter-se, querendo chocar o homem mais velho com a informação sobre sua sexualidade. Arrependeu-se quase imediatamente. Se Francis o clamava como parceiro não deveria se incomodar muito com esses detalhes. Que situação absurda.

– Imagino que assim seja – Aberline soou apático – Creio que seja parceiro de um lobisomem... o odor desagradável dessa criatura é mais forte em você do que o cheiro dos outros.

Foi impossível para Stiles impedir um sorriso de moldar-lhe os lábios. Scott e os demais lobisomens já tinham lhe dito isso. Desde que ficara com Derek a primeira vez, após trocar abraços e beijos era como se estivesse impregnado com o cheiro dele.

– Sacou? Já encontrei meu parceiro... não tem o direito de surgir do nada, decidir que quer algo e tomar para si, por que vai destruir a vida dos outros. A minha vida – o menino falou baixinho.

– Lobos são criaturas fieis em todos os sentidos. Eu respeitaria sua relação e nunca, em hipótese alguma, tentaria tomar o parceiro de outro lobisomem.

Stiles apertou a caneca com força entre as mãos, com medo de perder o controle e jogar o líquido na cara de seu raptor.

– Santo Deus, homem. Você não faz sentido algum! Ouviu o que disse? Se respeita tanto minha relação com o Derek – nem se deu conta de revelar o nome do namorado – por que cargas d’água eu estou aqui, contra a minha vontade? Totalmente contra a minha vontade?!

– Por que vocês não oficializaram a relação. Como ele não te requisitou como parceiro oficialmente meu lobo não reconhece a relação. É como se você não tivesse compromisso algum com o lobo desse Derek.

Stiles passou a língua sobre os lábios. Sentiu-se inexplicavelmente tenso e inquieto sob o olhar aguçado daquele homem.

– Só para ficar bem claro... – voltou a girar a caneca entre as mãos – O que se entende por “oficializar” essa coisa aí de requisitar como parceiro?

– Quer dizer que vocês ainda não consumaram a relação. Em outras palavras: não fizeram sexo.

O menino sentiu o rosto esquentar até as orelhas. Claro que não fizera sexo com Derek! Namoravam há uma semana! Não tiveram tempo ainda.

– Quem disse que não fizemos sexo? – resmungou afastando a caneca de si. Perdera a vontade de continuar fingindo que bebia o líquido morno e já desagradável.

– O seu cheiro, seu verdadeiro cheiro, por baixo do odor de seu namorado e do Pack. É algo puro. Intocado. Incrível de se encontrar nos dias atuais.

O filho do xerife engoliu em seco e arregalou os olhos.

– Espera, espera, espera. Espera um minutinho aí. Calma. Esclarece uma coisa para mim. Só para, você sabe, totalmente acabar com qualquer mal entendido. Quer dizer que... além de tudo... eu cheiro como um virgem?!

– Exatamente – Francis respondeu sorrindo.

Stiles gemeu. Cruzou os braços sobre o tampo da mesa e apoiou o rosto neles, escondendo-se junto com a vergonha.

– Deviam criar uma lei contra tanta humilhação! – resmungou irritado.

– É natural, meu rapaz. E valioso. Não devia se sentir humilhado.

O adolescente levantou uma mão e manteve o indicador em riste, firmemente apontando para cima, ainda que continuasse com o rosto escondido.

– Perala que não sou “teu” rapaz.

– Ainda.

Nesse ponto Stiles ergueu a cabeça.

– Senhor, precisamos resolver essa situação. Qualquer um ficaria honrado em ser requisitado pelo seu lobo. Mas eu já tenho alguém. E amo essa pessoa. Não quero oficializar nada com você. Menos ainda fazer sexo com alguém que tem idade para ser meu pai. Não que eu tenha preconceitos, cada um é feliz do jeito que quiser! Mas... mas... isso é totalmente loucura! Só... me deixa voltar para minha casa...

A expressão de Aberline mudou de suave para séria e decidida.

– Respeito sua decisão. Como disse não o obrigarei a nada, jovem. Me transformo em um lobisomem, mas não sou um monstro completo. Jamais carregaria o peso de um estupro sobre meus ombros.

O alívio minou de Stiles como ondas, que atingiram Francis, enchendo-o de tristeza por saber que causava tanta repulsa em seu jovem interesse romântico.

– Obrigado...

– Todavia meu lobo não abrirá mão tão facilmente. Ele o quer por perto, mesmo que não oficializemos o compromisso. E nesse caso você irá para Londres comigo. Partiremos assim que a lua nova despontar.

– De jeito nenh... – Stiles ficou em pé, desesperado com o que ouvira.

– Sente-se – a ordem de Aberline veio em uma voz baixa e controlada, porém dita em um tom de comando que causou arrepios no menino. Ele obedeceu sem questionar – Sairemos daqui direto para minha casa na Costa Leste, na Pensilvania. De lá seguiremos para minha propriedade em Blackmoor, na Inglaterra. A escolha é sua, serei bem direto, pode entrar no meu carro por livre vontade. Ou posso tirar-lhe os sentidos rápido, mas não indolor. Me seria desagradável feri-lo novamente, por isso conto com sua completa colaboração.

– Por favor... – Stiles sussurrou sem forças. Pensilvania? Aquilo era tão longe. Do outro lado do país! Foi como se um buraco abrisse sob seus pés e ele perdesse o chão. Inglaterra?! Estaria perdido!

– Tudo isso pode ser evitado – Francis colocou o copo vazio sobre a pia – Basta me aceitar como companheiro oficial. Aceite que seja eu a mudar o seu cheiro e alterar a sua essência, meu jovem. E poderá voltar para casa.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Huhuahsuahshasa

A zueira nunca tem fim!

Até segunda!