Burned Soul escrita por Kaline Bogard


Capítulo 6
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Mais uma semana juntos nessa aventura!
Divirtam-se. Mas lembre-se de que não foi betado.

Eventuais erros não são minha culpa.

Okay... até são, mas quero ver provar isso no tribunal! Huahsuahsauhsauhhuauhsuahs



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Burned Soul

Kaline Bogard

Capítulo 06

– Um Digamma – Peter debochou – Um Digamma de verdade? Vivo?

Scott apertou os olhos, resistindo a tentação de saltar sobre o homem e sacudi-lo pelo pescoço até que o sorriso incrédulo fosse arrancado de sua face.

– Foi o que Derek disse.

Peter Hale olhou de Scott para Allison e Isaac, parados no meio da sala em reforma da Mansão de sua família. As obras iam quase pelo final. Em poucas semanas poderiam mobiliá-la e o lugar estaria novamente habitável. Felizmente a empreiteira não trabalhava aos finais de semana, por isso tinham privacidade o suficiente para discutir aquele assunto.

Fazia pouco mais de meia hora que os adolescentes tinham basicamente invadido a casa e despertado o Hale mais velho, quase de madrugada, falando coisas absurdas como Stiles sendo raptado por um Digamma.

Peter não sabia o que era mais insano: um Digamma ainda vivo ou alguém que realmente quisesse raptar Stiles. Desejou em segredo boa sorte ao infeliz que tivera a malfadada ideia.

Enfim...

– E onde está o desmiolado do meu sobrinho?

– Foi atualizar o xerife das novidades – Allison respondeu solicita.

– Ah.

– Você pode nos explicar o que é a droga de um Digamma? – Scott exigiu irritado – Já estou farto de frases reticentes.

Peter cruzou as mãos atrás das costas e caminhou pela sala até parar em frente a uma das grandes janelas cujos vidros tinham acabado de ser colocados e a massa ao redor deles ainda recendia a fresco.

Sua postura pensativa conteve a curiosidade dos mais jovens, que nada fizeram além de aguardar as informações que viriam.

– O marco – o ex-Alpha foi dizendo – oficialmente é a Revolução Industrial. Mas... vocês sabem... licantropia não é a mais exata das ciências. Pode ser um pouco antes, um pouco depois...

– O quê? – a indagação partiu de Scott.

– O ponto de referência. Nós, nascidos ou transformados depois de a Revolução Industrial, somos chamados de “Nova Geração”. E nos dividimos em Alphas, Betas e Ômegas. Mas isso vocês já sabem – suspirou entediado.

Allison levou a mão ao pescoço dolorido e também se pôs a andar pela sala, digerindo as informações. Não precisava ter QI acima da média para concluir o pensamento de Peter.

– Então os nascidos ou transformados antes de a Revolução são os “Velha Geração”?

– “Antiga Geração”. “Velha” soa meio ofensivo, não acha; criança? – ele corrigiu com diversão na voz, mas em seguida tornou-se sério – Sim. Os lobisomens de antes desse marco são chamados assim. Mas eles não se dividem em três categorias. Todos são chamados de Digamma.

– Revolução Industrial? – a voz de Isaac traia-lhe a incredulidade – Esse cara tem o que? Uns duzentos anos?

– Beirando isso – Peter respondeu.

– Lobisomens vivem tanto?! – Scott sentiu-se transtornado com a possibilidade.

– Não que eu saiba – Hale voltou com as explicações – Por isso dizemos que os Digamma estão extintos. Vejam bem, o envelhecimento humano é visto na licantropia como uma doença, por isso nosso fator de cura luta contra ele. E o resultado é que lobisomens envelhecem mais lentamente. Mas, ainda assim, envelhecemos e morremos. Não somos imortais.

– Mas como pode existir um lobisomem tão velho então? – Allison tentava entender o que acabara de escutar. Contudo era difícil.

Peter deu as costas para a janela e encarou aqueles jovens. Tão pouco eles sabiam que sua inocência chegava a ser comovente. A ignorância era como um véu que embaçava-lhes a vista e os impedia de ver a verdade. O homem adorava ser aquele que entreabria um pequeno vão em tal véu e os permitia um breve vislumbre do mundo real oculto da maioria dos seres humanos.

– Vocês sabem por que um Pack é tão importante? – indagou.

– Pelos números – a resposta partiu do jovem Alpha – Por que somos fortes quando temos outros lobisomens com a gente.

– Exato, Scott – Peter meneou a cabeça – Lobos andam em matilhas. Humanos vivem em sociedade, por que há força e proteção nos números. Mas nós não somos nem homens, nem lobos. Somos uma nova espécie parida pela natureza. Nós tiramos o poder da natureza. E quando um Digamma nascia, ele tinha exatamente isso: natureza virgem, pura para dar-lhe poder. Um lobisomem sozinho tinha a força de um Pack inteiro. Ele não precisava de números.

Terminou a longa fala e abriu os braços, num gesto significativo. Scott, Isaac e Allison ouviam-lhe a explicação apaixonada com interesse e curiosidade. Não ousaram quebrar o momento tingido com certo tom dramático.

– Mas então isso acabou. A natureza perdeu espaço para o progresso. Nós perdemos nossa força. Quase não há natureza para nos dar poder. Por isso precisamos de outros lobisomens. Precisamos de números, ao contrário de um Antiga Geração. Ser um Digamma é como ter um Alpha, um Beta e um Ômega em uma única criatura.

– Por que um monstro desses ia querer algo com Stiles? – Allison perguntou baixinho.

– Dúvida interessante, jovem amazona. Ouvi muito sobre Digammas em minha viagem à Europa. Aqui nos Estados Unidos não passam de uma lenda pálida e quase esquecida. Por que estaria aqui e... bem... destino é algo cínico, eu diria. Sempre a nos surpreender.

– Que quer dizer? – Scott franziu as sobrancelhas, confuso.

– Que existem infinitas possibilidades: esse Digamma, se for mesmo um, pode ter sentido o cheiro do Pack em Stiles e se sentido ameaçado. O namorado de meu adorado sobrinho pode ser apenas uma isca. Por que não? Embora minha aposta não seja nessa opção – sorriu de lado – Duzentos anos é um bocado de tempo, não acham? Esse lobisomem pode ter se sentido solitário... ou talvez quisesse um lanche da tarde com gosto diferente. Existe chance de Stiles nem estar mais vivo.

A frase irritou os garotos. Eles sabiam que Peter queria apenas provocar. E estava conseguindo. O homem adorava por lenha na fogueira!

Antes que alguém rebatesse a frase insensível a porta principal se abriu e Derek passou por ela, meio sem fôlego e com uma expressão que demandava urgência em seus atos.

– Ele está vivo – respondeu seco, antes de exibir o celular – E me enviou um SMS.

oOo

Stiles encarou o homem ofegante a sua frente sem poder acreditar que alguém aparentemente tão culto e discreto podia ser um lobisomem. Quase se chutou pelo pensamento, afinal, Scott e Isaac também não pareciam criaturas sobrenaturais.

Rapidamente calculou suas chances de aproveitar que o homem estava meio deitado no chão. Talvez fosse a oportunidade de escapar...

Como se adivinhasse o pensamento Aberline levantou-se, sem se incomodar por estar nu e girou o pescoço, fazendo-o estalar. Esticou os ombros largos e em segundos parecia perfeitamente restaurado.

Stiles atribuiu isso aos poderes sobrenaturais e desistiu de qualquer ato de rebeldia. Por enquanto.

– Sinto muito por isso, caro jovem – o adulto passou uma mão pelo cabelo desalinhado, tentando devolver o aspecto assentado de quando estavam no passeio ao Museu.

– Tudo bem – Stiles respondeu de uma forma até bem humorada – Só me deixe ir para casa e podemos totalmente fingir que isso nunca aconteceu.

Aberline meneou a cabeça.

– Nem se eu quisesse. Meu lobo jamais permitiria – sua voz soou neutra, mas decidida.

O garoto desesperou-se.

– Como assim? Não pode raptar alguém, isso é contra a lei! Meu pai deve estar desesperado me procurando, meus amigos e meu na... meus amigos! Me deixe ir e eu juro que não conto para ninguém – tentou ajeitar-se encostado na parede, mas o gesto apenas o fez gemer de dor, fato que aumentou sua aflição.

Francis Aberline não respondeu. Avançou pela sala, sequer dando importância para o fato de estar despido, deixando o mais jovem embaraçado. Abaixou-se e pegou o menino pelo braço, fazendo com que ficasse em pé.

Stiles quase gritou de dor. Sua visão embaçou e escureceu e Francis precisou ampará-lo para que não caísse. Além da dor em seu machucado, estivera tempo demais sentado na mesma posição.

– Vamos cuidar desse ferimento, caro jovem. Não estava em meus planos machucá-lo. Mas controlar meu lobo nem sempre é uma tarefa fácil.

Stiles não teve fôlego ou vontade de responder. Deixou-se guiar a passos vacilantes para fora da sala. Seguiram por um longo corredor ao final do qual subiram um lance de quase dez degraus.

Aquilo fez o adolescente compreender por que as paredes da sala em que estava eram tão altas. O local fora adaptado. Com certeza para prender a pavorosa criatura na qual Aberline se transformava durante as luas cheias.

Os degraus davam para uma grande sala, também desprovida de móveis. Seguiram rumo a uma portinhola. Dessa vez entraram em uma saleta muito branca e limpa, cheia de armários, além de uma mesa com quatro cadeiras.

– Como pode ver esse é um dos locais mais importantes da casa, depois da minha volta ao normal – enquanto falava foi até um cabideiro e pegou uma espécie de roupão escuro simples e leve, mas de extremo bom gosto, no qual envolveu o corpo nu.

Stiles não disse nada. Ainda sentia um pouco de dor. Somente assistiu o lobisomem abrir o armário e pegar anti-sépticos e bandagens para tratar de seu machucado.

– Isso está feio – Aberline observou cuidadosamente – Permite que eu cuide? Mas devo alertá-lo para a ineficiência de qualquer tentativa de fuga. Não gostaria de ser agressivo com você.

– Mais ainda? – Stiles debochou, presenteando seu raptor com uma careta.

– Meus planos são partir – Francis ignorou a provocação – Tratando ou não de você. O que prefere?

O garoto engoliu em seco. Precisava ganhar tempo.

– Okay – devagar segurou no que sobrara de sua blusa e a ergueu expondo a tez muito pálida, mas coberta de resquícios de sangue seco – Santo Deus, algo me diz que isso vai doer um bocado. Será que... okay... okay... manda ver.

Aberline sorriu e aproximou-se com o frasco de ácido bórico. A solução entrou em reação ao tocar o sangue seco da pele esfolada de Stiles, mas não doeu. Teve efeito anestésico quase imediato, para alívio sem mensura do prisioneiro.

Pacientemente o homem limpou-lhe a pele, livrando-a do sangue coagulado, dos pequenos pedriscos que aderiram aos cortes e fragmentos que podiam causar uma infecção. Finalizou protegendo com gaze e prendendo com esparadrapo. Todo material se encontrava em abundancia pelos armários. Talvez o dono tivesse costume de se ferir. Ou pior: de ferir outros.

O pensamento fez Stiles estremecer.

Isso atraiu o olhar de Aberline para o jovem convidado não consensual.

– Venha comigo. Vou preparar algo para que possa comer e explicar sua situação – exigiu em um tom que não admitia réplicas – Mas antes, seria apropriado que me entregasse o aparelho em seu bolso.

Stilinski apertou os lábios e obedeceu, vendo seu smartphone novinho ser esmagado sem dificuldade pelas mãos fortes de Aberline. Seu pai ficaria doido da vida, por ter que comprar outro em tão pouco tempo. Mas se preocuparia com isso depois. No momento tornava-se clara a força daquele lobisomem e uma ameaça oculta em seu gesto. Não me desafie, era o que; em silêncio, Aberline evidenciava.

O jovem não reclamou. Pelo menos um SMS conseguira mandar. Isso o enchia de esperança. E, somente por essa pequenina esperança, se permitiu seguir obediente atrás de Aberline, disposto a fazer o seu melhor: enrolar o homem e conseguir tempo para que Derek e os outros descobrissem onde estava.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Então é isso.

Segunda-feira que vem tem mais.

Boa semana!