A outra Potter escrita por Alice Porto


Capítulo 46
Ardência de visão: a dor é demais para suportar.


Notas iniciais do capítulo

Oie!

Esse capítulo ficou meio melancólico, sabe? Mas até que ficou legal. Bom, eu queria pedir que vocês prestassem atenção no que a Lawrence tem hoje. Snape vai falar com ela no próximo capítulo, mas o que ocorre com ela nesse capítulo é extremamente importante para a história.

* Muito obrigada a quem comentou! Amei todos os comentários! s2

* Chloe voltou! Nem se preocupe, me lembro de você sim! Haha. Espero que dessa vez seja para ficar ^^

* Estou vendo que a história vai ficar meio longa... Mas, no próximo capítulo vai ser o último capítulo do Natal, com participação de Snape, Sirius e um momento a sós entre irmãos, que eu esperei exatamente dez capítulos até acontecer.

* Espero que gostem desse capítulo! Comentem, favoritem, recomendem! Xoxo s2



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Os traços negros se formavam calmamente no papel já manchado pelo grafite. Primeiro, linhas retas, que iam ficando curvilíneas, formando exatamente o desenho que a Potter estava querendo desenhar. Os cabelos ruivos caíam em mechas finas na frente de seus olhos verdes, mas ela não ficava irritada por isso. As pulseiras no seu pulso faziam um barulho melódico ao movimentar de sua mão, e sua respiração estava tão calma que quase não podia ser sentida.

O ser que era desenhado, não movia um músculo sequer. Continuava com o olhar tão majestoso quanto sua própria existência. O bloco de desenho estava na primeira folha, já que o seu outro caderno sumira misteriosamente com a folha onde tinha desenhado sua visão sobre o futuro.

Depois de uma hora trancada dentro do quarto, sua mão fez o último risco de desenho, e descansou no seu colo, olhando para o hipogrifo na sua frente, e o desenho que era a cópia exata do que via. No canto inferior da folha, o nome “Asafugaz” constava, acima da sigla “L.P”.

– O que acha, Asafugaz? – perguntou calmamente, virando o bloquinho para a ave, que grasnou contente em resposta. A Potter riu, revirando os olhos, se levantando logo depois. Sentou-se do lado do hipogrifo, que voltara a sua posição respeitosa de sempre, com o bico empinado. Apesar de tanta postura, seu corpo ainda era leve, e isso fez Lawrence relaxar – O que você diria se pudesse falar? Harry não olha na minha cara faz três dias. Faltam dois dias para o natal, e ele nem quer ouvir meu nome. Só porque eu fiz uma brincadeira com a Chang.

Estava desapontada. Talvez porque realmente achara que o animal fosse dar qualquer indício de compreensão. Passou a mão nos fios avermelhados, apalpando calmamente a touca cinza e folgada que usava na cabeça, somente como um enfeite em seu cabelo, mais cacheado que o normal. As unhas pretas pousaram sob o seu joelho arqueado, se camuflando na sua calça resinada que era da mesma cor. A outra mão se direcionou ao colar que ganhara dos amigos, se lembrando da carta que escrevera para os dois logo depois da brincadeira com Cho. Queria logo a resposta, mas os loiros pareciam não querer responder. Apesar de terem se passado apenas dois dias, e Edwiges nunca seria tão rápida.

Pegou a xícara de café que colocara no parapeito da janela, e bebericou o líquido que estava tão quente quanto uma hora antes. Escorou sua cabeça na parede, arqueando os dois joelhos, e colocando sua xícara encostada em seu estômago, esquentando a blusa cinza do Mickey Mouse, que tinha mangas cavadas e revelava as alças pretas de seu sutiã. Havia se ajeitado bem mais que o normal naquele dia, mas não ligara muito para isso.

– Espero que não se importe se eu dividir meus raciocínios com você, Asafugaz. Afinal, no fim, você acaba por ser o meu melhor amigo por aqui. Você tem noção de como é difícil ser a única Slytherin no meio de Gryffindors? Você não tem ideia de como me senti feliz vendo o Professor Snape por aqui. Conviver com pessoas que valorizam mais a coragem do que a inteligência é, no mínimo, irritante. Eles passam tempo demais mostrando o quanto amam uns aos outros. Isso é irritante demais. Eu realmente estou me esforçando ao máximo para tentar ser legal com a Sra. Weasley, no mínimo, porque acho legal da parte dela me acolher como se fosse uma filha. E bom... Eu até que gosto do Remo. Mas assim.... Ele é meu padrinho. Eu tenho que gostar dele, eu acho. – ouviu Bicuço grasnar baixo, e deu um sorriso entediado, tomando mais do café.

Largou sua xícara do seu lado, e pegou novamente o bloquinho, abrindo na segunda página. Traçou calmamente uma esfera mediana, que ocupava um quarto da página do bloco. Pintou a esfera por dentro, e fez alguns brilhos em volta, escrevendo no topo da página.

Esferas Cristalinas/Esferas Aquáticas;

Mordeu a ponta da pena, soltando logo ao lado dos seus lápis de grafite. Pegou um dos lápis, e percebeu que a sensação de morder um lápis era bem melhor do que a de morder uma pena. Não demorou dez segundos, molhou a pena novamente na tinta, e voltou a se concentrar na página. Suspirou, e batucou as unhas no chão, fechando os olhos e pensando.

– Eu não parei para pensar se eu conseguia fazer isso sem água. – murmurou, pegando a mão e fechando em punho, concentrando sua magia na mão, e abrindo logo depois a mão, formando... As chamas da mágica curativa – Por que o efeito é diferente com água? – murmurou, anotando no bloco.

Funciona somente com água.

Machuca aos outros, mas não a mim.

– Lawrence? – chamou Remo na porta, e a ruiva fechou o bloco rapidamente, colocando-o do lado de seu corpo, e guardando a pena. Olhou para ele indiferente.

– Algum problema? – perguntou para o homem, que entrou com a varinha.

– Pensei que talvez quisesse treinar um pouco mais para finalizar o Patrono. Ontem você conseguiu quase perfeitamente. Talvez hoje... – falou Lupin, e a Potter suspirou, se levantando e ajeitando os tênis cinza nos pés, pegando a varinha do padrinho.

– Pois bem. Vamos lá.

***

– Nossa. – falou Remo, com um sorriso – Digo. Parabéns! Pelo visto conseguiu controlar completamente em... Três dias? Isso é um recorde, se quer saber. Mas não é nada que eu não esperasse de você. Entretanto... Seu patrono me intriga.

Lawren tirou uma mecha do olho, e arrumou as pulseiras calmamente, assim como as mangas da blusa. Respirou fundo, e olhou para o padrinho depois de um tempo, sem um pingo de curiosidade expressa.

– O que há de errado com o meu patrono? – perguntou.

– Nada. Só que... Ele é um leão. Eu nunca vi ninguém Slytherin ter um patrono de leão. Tem certeza que não é Gryffindor? – perguntou com um sorriso leve no rosto – Estou somente brincando. – riu – Mas seu patrono me lembra uma outra coisa. Você fez isso excepcionalmente, treinou, se esforçou, teve facilidade, conseguiu, pensou em algo feliz, tornou isso parte do seu feitiço. Mas... Isso me lembra da conversa que tivemos outro dia. Sobre deixar nossos amigos sozinhos quando podemos fugir.

– Certo. Que bom que isso lhe lembra a nossa conversa, Remo. Mas eu estou com fome e quero mais café, sem falar que eu ouvi a voz do professor Snape. Preciso falar com ele, então... Tchau! – falou sem emoção, se levantando, pegando seu estojo, bloco e xícara, abrindo a porta.

– Sabe... – a ruiva olhou para trás antes de partir, e o padrinho completou – Leões podem ser frios às vezes. Mas eles não deixam seus parceiros para morrerem. Isso me faz acreditar, que o jeito Gryffindor que você tanto acha irritante... Faça parte de boa parte de você. Seu patrono é um leão. Isso quer dizer que você não deixaria eles para trás. – completou. Lawrence revirou os olhos e sorriu debochadamente, se aproximando do padrinho, ficando nas pontas dos pés, e se aproximando do rosto dele, onde falou por fim:

– Ou talvez isso queria dizer que... – fechou o sorriso debochado e terminou a frase – Que o meu patrono é um leão. Nada mais.

***

– Olá, para todos. Sirius, Harry, professor Snape... – olhou para o professor logo depois de falar seu nome, e se direcionou para a pia para preparar seu café. A cozinha estava praticamente vazia com a exceção dos citados ali e a Sra. Weasley, que saiu cinco segundos depois porque Gina a chamava.

Ouviu a cadeira do professor se arrastar atrás de si, e percebeu que a tentativa de comunicação dessa vez seria mais difícil, já que a cozinha estava calma e silenciosa. O homem parou ao seu lado, se servindo de mais café assim que ela fez o mesmo. Olhou-o pelo canto dos olhos, pegando o bloquinho no bolso de trás da calça, e abriu-o na segunda página, onde silenciosamente e discretamente, mostrou para ele as características do feitiço. Ela viu suas sobrancelhas se franzirem, claramente estava confuso, e por isso, com um gesto leve, mas perceptível, indicou com a cabeça para irem para um lugar onde não seriam ouvidos. Ele assentiu levemente, e ela se virou, se sentando na mesa.

– Completou o patrono, Lawrence? – perguntou Sirius animado, tentando conversar com a garota, que somente deu um sorriso leve – Isso é ótimo. Agora não há nada de tão impressionante que o Harry saiba e você não.

– Minha aluna é excepcional, Black. É muito capaz de ela saber muito mais do que o irmão aprendeu em cinco anos. Ela aprende tão rápido, que é difícil não se convencer de seu potencial. – falou Snape, calmo e sério, e Lawrence deu um sorriso satisfeito, que lembrava Draco levemente.

– O que você quer dizer? Que ela aprendeu mais do que Harry? – perguntou Sirius, e a Potter revirou os olhos, enquanto o menino-que-sobreviveu observava tudo atentamente – Isso só aconteceria se ela tivesse aulas particulares de coisas que vão além de poções, Snape. Anda ensinando magia das trevas para a filha de Lilian e James? – perguntou, com as duas últimas palavras parecendo venenosas aos ouvidos. Snape ficou sem reação.

– Alto lá! Não seja rude, Black. – falou Lawrence, defendendo o professor – Não faça meu professor ocupar meu lugar de pessoa rude. Eu sou a pessoa com quem você deve agir desse jeito. Em resposta sua pergunta, não, ele não anda me ensinando arte das trevas. E mesmo se estivesse, isso não seria de sua conta. E obrigada, mas não precisa citar em uma discussão quem é filho de quem, porque eu realmente não me interesso se o nome do meu pai é James, Severo, Sirius ou Remo. – falou indiferente, vendo o olhar irritadiço de Harry, que ia protestar – Não abra a boca se for falar bobagem, Harry. Se for para falar bobagem, fique sem falar comigo pelos próximos cinco dias se quiser. Já está muito claro entre nós dois que sou bem diferente de você, e eu não vejo meu passado como uma forma de gratidão. – bebericou seu café assim que terminou de falar, mas a xícara foi parar no chão cinco segundos depois, se espatifando no chão em vários pedaços. A Potter olhou para suas mãos trêmulas, e os outros que estavam na sala ficaram a encarando confusos.

– Por que fez isso? – perguntou Harry, e a irmã bufou, olhando para as mãos.

– Eu não fim de propósito, gênio! Eu... Não sei o que está havendo com as minhas... Ah! – colocou a mão direita na nuca, enquanto a outra ia imediatamente para seus olhos que ardiam como brasa – Isso está... Ah! Doendo muito...

Se levantou, tentando ir até a pia, mas caiu de joelhos sem dar dois passos. Suas mãos se encontraram com os cacos de porcelana, e dois cortes fundos se fizeram nelas, que foram rapidamente para seus olhos, mexendo nos orbes com a parte limpa da pele.

– Lawrence. – chamou o professor Snape que já estava ao seu lado, enquanto a ruiva ouvia os passos dos outros dois virem para o seu lado da mesa. Sentiu as lágrimas brotando em seus olhos devido a dor, mas não queria chorar na frente deles. Engoliu-as, se engasgando, e soltando um urro – Lawren, me ouça. Preciso que tire suas mãos dos olhos. – falou calmo.

– Não consigo... Essa luz está queimando os meus olhos! Eu não quero abrir, eles estão ardendo! – praguejou, se virando em direção ao chão, sentindo sua face já manchada pelo sangue de sua mão.

– Lawren, eu preciso saber o que está acontecendo com sua visão. – falou o professor calmo – Você confia em mim, não confia? – a ruiva assentiu, deixando as lágrimas escaparem – Eu sei que está doendo, mas eu preciso que tire as mãos e abra os olhos.

A ruiva, deitada no chão, parou com as duas palmas cobrindo toda sua face, e ela ouviu as vozes de outras pessoas entrando na sala. Respirou fundo, retirando as mãos trêmulas da frente do rosto, e tentando abrir as pálpebras. Assim que tentou, fechou novamente, praguejando baixo e deixando mais lágrimas caírem. Tentou mais uma vez, lutando contra a ardência extrema que se localizava exatamente em sua pupila.

– O que... – perguntou Hermione, mas ficou calada logo depois.

– Isso é.... – começou Snape – Isso pode parecer meio assustador para você, mas...

– Que droga, Snape. Eu estou me sentindo como se tivessem cravado uma agulha nos meus olhos e tivessem mexido ela de um lado para o outro! – gritou – Se isso já não é assustador o suficiente, eu não... – sua face ficou confusa – A dor parou. – falou, confusa, e depois, a luz partiu de seus olhos, desmaiando no colo do professor.

– Claro que parou. – murmurou, olhando para as mãos que tinham um leve fragmento de chama azulada, que ia desaparecendo – Eu fiz ela parar para você.

– O que aconteceu?! O que fez com ela, Snape?! Tire a minha irmã do seu colo! – falou irritado, e Snape bufou.

– Professor Snape, Potter. – olhou para o garoto – Eu somente fiz uma mágica para a dor dela parar. Srta. Weasley, poderia me mostrar onde ela dorme? Ela vai ficar desacordada.

– Até quando? – perguntou Gina, subindo as escadas, mostrando o caminho para o homem.

– Não acordará até o Natal. – murmurou.

– Isso é diferente do que ensina a ela, não é? O que você ensina tem três fases, mas não reconheci nenhuma delas na mágica curativa que você acabou de fazer. – falou Gina, abrindo a porta, onde o professor colocou a aluna e olhou para ela. Todos ainda estavam lá em baixo.

– Não sei como sabe disso, mas não. Mágicas curativas são como aulas de história. Estão todas interligadas, apesar de existirem capítulos diferentes. Isso que eu ensino ela, são as mágicas curativas básicas. O primeiro capítulo de um livro com mais de cem capítulos. Essa mágica que acabei de fazer, é bem mais avançada do que a que ensino a ela, mas acredito que ela ainda chega lá. Essa magia cura qualquer problema na visão, até mesmo a cegueira. Mas para isso é necessária muita magia no corpo, isso leva a exaustão de quem fez. E leva mais exaustão ainda a quem a magia foi feita. – completou olhando para a aprendiz, e fechando a porta.


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Notas finais do capítulo

Look Lawrence: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=133297042&.locale=pt-br

Beijos!