A outra Potter escrita por Alice Porto


Capítulo 44
Jason: um reencontro.


Notas iniciais do capítulo

Oie!

* Obrigada a todos que comentaram! Amo vocês de verdade!

* Senti falta de tanta gente... Mas okay!

* Para quem não sabe quem é Jason... Haha, vão lembrar!

* Eu ia colocar um encontro com Sirius ou Draco, mas no fim, decidi que não :)

* Beijos! s2



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O frio realmente estava insuportável para se aguentar com um simples tênis e com uma jaqueta. A neve se acumulava do lado de fora, e ela nem entendia muito bem porque estava com tanta raiva e ao mesmo tempo querendo chorar. A neve manchava a vermelhidão de seus cabelos, e alguns flocos caíam e se derretiam no seu rosto gélido, parecendo que realmente chorava. Mas por mais que a vontade fosse enorme, se sentia dura e impassível em relação a tudo que fizera, e não se arrependia nem um pouco de ter gritado com o irmão ou Gina. O único arrependimento que carregava no momento, era o de não ter colocado uma roupa mais quente, já que sentia a temperatura do seu corpo cair mais e mais. Não estava com vontade de ir para longe da Ordem, mas não queria ficar perto o suficiente para ser vista. Não como se realmente pensasse que fosse ser observada ou seguida por alguém.

Ninguém nunca a seguira quando saía correndo. Por mais que seu interior gritasse para alguém a parando, ninguém nunca fizera isso. Simplesmente porque amavam e se sustentavam na inevitável crença de que ela era dura como pedra e de que não precisava de ninguém para ajuda.

Por isso, continuou em linha reta, sem nem se importar de olhar para trás. Estava tremendo, e só notara o que fazia quando alguém pulou sobre si e a fez rolar no chão, arranhando o rosto no asfalto, e a buzina de um carro junto com um grito irritado ecoar no ar. Quase fora atropelada. A pessoa que a salvara começou a rir, e a levantou levando até a calçada, enquanto a ruiva ainda estava desnorteada da situação. Ainda rindo, a voz falou, e do fundo da mente, a Potter sabia que já ouvira essa voz muitas vezes antes. E não conseguira evitar o pensamento de que quando ouvia, achava extremamente irritante.

– Ou você é uma doida totalmente pirada, ou acredita muito em Deus ao ponto de pensar que ele vai lhe proteger se atravessar a rua sem olhar para os dois lados. – o garoto de cabelos loiro queimado riu e olhou para Lawrence por inteiro – Mas eu diria que é a primeira opção, porque acho que você não seria estúpida o suficiente para achar que Deus iria lhe proteger de uma pneumonia se saísse de regata e jaqueta nessa nevasca.

Lawren franziu as sobrancelhas, e olhou para o garoto. Era extremamente bonito, e tinha o sotaque americano tão conhecido em Boston. Os dentes eram brancos e parelhos, e com um vislumbre de memória, conseguiu se lembrar daqueles lábios roxos pelo frio, tossindo continuamente em sua aula de matemática, quando recebera a carta de Hogwarts. Sorriu abertamente ao vê-lo.

– Jason! O que... O que faz em Londres?! – perguntou ao colega, que a olhou confuso.

– Ahm... Me mudei para cá há um mês... E você? O que faz por aqui? – perguntou sem graça, bagunçando os cabelos. A ruiva o olhou meio desanimada ao perceber que ele, assim como todos em Boston, não se lembrava dela ou de Carrie.

– Não lembra de mim, não é? – ele tentou se desculpar, mas a Potter negou, sorrindo – Está tudo bem. Não há motivos para lembrar de mim. Ninguém lá em Boston está lembrando, muito provavelmente. Faz tempo demais para permanecer na memória. Mesmo não se lembrando de mim... É bom lhe ver novamente. – “afinal, às vezes eu me esqueço muito facilmente do meu passado”.

A raiva passara. Mas ao olhar para o velho colega, que nunca chegara a ser realmente seu amigo, a vontade de chorar ficara maior. Queria realmente voltar para Boston. Não era nada feliz lá, mas talvez, se ninguém se lembrasse dela, tudo seria melhor. Não existiria Potter ou Voldemort. Ela poderia pedir para alguém lhe lançar um Obliviate, e nem ela se lembraria.

Mas isso seria estupidez;

“Mas isso também seria um recomeço”.

Mas isso seria deixar Daniel e Draco.

“Mas também seria deixar Voldemort e comensais, Snape e meus pais”.

Mas isso seria covardia.

Covardia. Esse era o argumento que restava para contradizer todas as suas vontades. Deixar tudo isso para trás, seria o mesmo que dizer que Harry deveria fazer tudo. Que Draco e Daniel deveriam lutar, enquanto ela teria uma vida boa longe de bruxos. Que Snape e Remo teriam a treinado por nada, enquanto ela se esquecia de todos os ensinamentos. Seria a mesma coisa que dizer: Não quero morrer. Morram por mim.

– Está com pressa? – perguntou Jason, parecendo querer se redimir. Lawren mordeu o lábio inferior, olhando ao redor, e esfregando os braços nas mãos.

– Não. Estou simplesmente tentando achar um lugar para ir no momento. – falou. Jason sorriu.

– Bem... Ache depois que tomar café ou chocolate quente, ou qualquer coisa que aumente a temperatura do seu corpo. Eu acabei de lhe salvar de um atropelamento porque estava no mundo da lua, e seus dedos e lábios estão roxos, e você está de regata na neve. – falou incrédulo, rindo logo depois – Seja quem for, ou tem muita coragem no sangue, ou muita estupidez. Vamos lá? Que tal aceitar um convite de seu velho amigo, e assim talvez me fazer lembrar de você? – estendeu a mão, e a Potter riu, olhando para ele.

– Sabe... Eu posso ser um agente do FBI, que sabe todas as suas informações e está só fingindo... Ou posso ser uma pedófila que olha como você vive diariamente olhando seus passos e seu estilo de vida, sabe...? – falou brincando, e ele riu.

– Tem extrema razão, senhorita. Mas eu tenho razões para acreditar que aquele cara que quase lhe atropelou não era do FBI, e nem cúmplice de pedófilos. – piscou para ela, enquanto andavam pela calçada – Sabe como é.... Ele é o chefe da minha mãe. E um extremo babaca para se meter com gente desse tipo.

Com uma risada, a Potter sentiu seu corpo ir se aquecendo na companhia realmente mudada dele. Mais madura, talvez? Não importava. Não precisava de Obliviate, ou de uma passagem para Boston. Precisava somente mais uns minutos de esquecimento. Mais uns minutos até voltar a sua realidade. E no momento, Jason poderia lhe dar isso.

***

– Então você estão me dizendo que está de regata e jaqueta em uma nevasca, e quase foi atropelada por um carro, porque teve uma discussão feia com seu irmão por causa da futura namorada chata dele, e com raiva, saiu de casa sem pensar...? – Lawren assentiu.

– Parece um motivo meio fútil para brigas, não acha? – perguntou, bebericando seu chocolate quente. O lábio dele tremeu, e ele sorriu.

– Que nada... Existem irmãos que brigam porque querem a mesma namorada. O caso de vocês é somente o contrário: brigaram, porque querem namoradas diferentes. Enquanto você quer a menina que você diz ser ruiva, ele quer a menina que você diz ser parte das japas.

– Eu sei! – riu a ruiva, olhando para cima e colocando as mãos na testa, e depois batendo na mesa, animada – Mas eu não sou descontrolada. Eu sei manter a calma e me manter impassível. Tipo, de verdade. Eu devo ter chorado tanto na minha vida, que me adaptei com a mentira que contei para mim: que eu chorei tanto, que nem havia mais lágrimas para chorar. Então eu consigo me manter impassível em situações. Mas desde que eu vim para Londres, eu estou descontrolada. Eu treinei a minha vida toda para ser impassível e fria a tudo, e olhe para mim agora, estou sentada em uma cafeteria com um amigo que nem se lembra de mim, mas me trata como se lembrasse, e estou rindo com muita falta de controle. Isso que você vê, não sou eu. Você colocou algo na minha bebida? – perguntou feliz, e o garoto riu abertamente. A cafeteria vazia ecoava os risos.

– Você me parece bem divertida. Eu não sei como, mas eu esqueci de você. – ele falou, e ficou sério – Não estou tentando te cantar, de verdade, mas você não parece o tipo de pessoa que vemos e esquecemos depois. É diferente. Acredito que seja alguém séria, e que ri realmente muito pouco... Mas quando ri, você contagia as pessoas. Seus olhos riem com você, sabe? Quando ri de verdade. Sem fingir. Isso é algo que as pessoas não esquecem tão facilmente. Ou pelo menos, não deveriam esquecer.

Lawren sorriu para o garoto, e depois olhou para baixo, sabendo que mentiria. Não queria, mas não podia falar a verdade.

– Não se sinta mal por não se lembrar de mim. – sorriu tristemente – Acredite. Ninguém mais lembra. Não é um papo de pessoa dramática que acha que foi esquecida por todos. Realmente me esqueceram. Todos que me viram, agora excluíram a minha imagem da mente. Assim como você. Como uma amnésia, sabe? – olhou para o menino, que a encarava meio confuso com o papo, e ela riu, tomando mais do chocolate quente, e colocando uma mecha de cabelo para trás – Sabe o que me contaram quando eu perguntei sobre todos de lá? – fingiu rir de verdade, e depois terminou com um sorriso de canto nos lábios – Disseram que colocaram nas bebidas de todos Mirapexin. – ele franziu as sobrancelhas e depois soltou uma risada fraca.

– Espera aí! Mirapexin não é aquele remédio contra Mal de Parkinson? – a ruiva assentiu – Sabia. O comercial que passa na televisão sobre a doença contém o nome desse remédio. “Contra o mal, contra o mal, temos Mirapexin!”.

“O herói de todos, o herói! Contra o mal, contra o mal de Par-kin-son....! Tome Mira... Mira... Mirapexin!”. – cantarolou, rindo logo depois – Aquele comercial enchia as pessoas de raiva diariamente.

– Me diga... Por que dariam um remédio contra o Mal de Parkinson para nós? E de qualquer forma, é contra lei. – ele argumentou, tentando ser sério.

– Um dos efeitos colaterais é amnésia. Um efeito extremamente raro, mas ocorre. Foi a desculpa que me deram. As pessoas conhecem o remédio mais popularmente como Sifról. E pode causar muita coisa, sendo a mais rara, amnésia. E mesmo assim, eles me fizeram acreditar nisso. – riu, e o garoto a olhou admirado.

– Está cursando medicina ou só lê a bula de remédios? A música do comercial não falava os efeitos. – arqueou uma sobrancelha, e terminou o chocolate quente.

– De certa forma... O que estou estudando faz parte da medicina. Mas não... Não estou estudando isso. – sorriu levemente – Eu faço parte do grupo “eu leio a bula de remédios!”. – falou rindo.

– Você lê a bula de remédios? Quem faz isso?! – perguntou incrédulo, logo depois rindo – Qual o efeito colateral mais engraçado que você já viu? – indagou interessado.

– Gravidez. Avandia, para diabetes tipo 2. Eu cuidava de uma senhora que tinha essa doença. – falou rindo.

– Certo... – falou desacreditando, mas depois rindo. Os dois se levantaram, e um barulho engraçado chamou a atenção de Lawren. Um colar prateado no seu pescoço tinha um cubo balançando no pingente.

– Colar interessante! – comentou – Significa algo?

– Você me explicou sobre farmácia, de certa forma, então lhe explicarei sobre o que eu sou bom. História. Tem um significado sim – comentou, enquanto saíam para a rua. Ele emprestara seu casaco para a ruiva, o que deixava tudo mais fácil – Alguns povos antigos acreditavam que se jogassem nas cinzas de um fogo recém apagado, onde algumas brasas ainda predominam, qualquer tipo de ervas alucinógenas misturadas com uma ou duas gotas de água purificada, eles poderiam ver nas cinzas o futuro... Ou... O que você mais tem medo de ver no seu futuro. Então, eles passaram a fazer colares com esferas ou cubos com ervas e água purificada dentro, para quando for necessário, aparecer uma luz do futuro, ou algo na qual você pode evitar ver. Esses determinados povos, acreditavam cegamente que enquanto a pessoa que dera isso para você tiver um laço forte com você, esse colar lhe protegerá até mesmo após a morte. Por mais que você venha a tirar ele um dia... Mesmo longe... Continuará sendo protegido. Desde que tenha um laço com essa pessoa. Algo como “amor acima de qualquer barreira”. Meio clichê, mas tradição. Ah... O colar passa a ser inútil se usá-lo para ver o futuro. Você tem opções com ele: proteção, futuro, ou medos. E pode fazer só uma escolha. Se você passar a sua vida com ele lhe protegendo, se decidir usá-lo para ver seu futuro no final, você poderá, mas ele nunca mais voltará a lhe proteger.

– Entendo... E.... Quem lhe deu o seu? – perguntou.

– Minha irmã mais velha. Éramos muito próximos, apesar da diferença grande de idade. Ela... Veio a falecer em um acidente de carro no fim do ano passado. – Lawren se lembrava disso, e de como Jason fingia estar tudo bem quando estava esgotado - Era professora de história. Amava o que fazia. E era cegamente apaixonada por essa mitologia. Me deu o colar. Não acredito em nada que ela disse, mas... Ela me deu. E eu gosto dele. E gosto de pensar que ela me protege com isso. – a ruiva assentiu, colocando a mão no ombro do garoto consideravelmente mais alto.

– Eu também gostaria de pensar. Se não for indelicado perguntar... Você poderia me dizer onde ela comprou?

– Claro! – riu, e revirou os olhos – É engraçado me perguntar isso porque... Estamos bem na frente da loja. – apontou para um estabelecimento marrom, e a Potter revirou os olhos, rindo, e entrando na loja.

Olhou os colares, pegando dois em forma de cubo. Convenceu a mulher a não pagar nada, cuidando para Jason não ver. Guardou dentro da sacola, saindo logo depois. Não demorara nem cinco minutos fazendo isso.

– Posso perguntar para quem são? – a Potter olhou para os embrulhos na sacola, e sorriu.

– Para amigos. Melhores amigos. – suspirou – Melhores que ainda não tiveram amnésia de uma certa pessoa chamada Lawren. – o garoto abriu a boca ofendido, e ela riu – Claro... Nada contra você ter tido amnésia. – revirou os olhos, indo para o parque na frente da Ordem. Grimmauld Place, número 12, estava desaparecida por mágica. Mas havia uma menina ruiva na frente dos lugares, e ao ver Lawren, sorriu aliviada.

– A menina supostamente ruiva que deveria ser a namorada do seu irmão? – perguntou Jason, vendo Gina. Lawrence riu, do outro lado da rua, enquanto Gina se levantava e a atravessava. Assim que a Weasley chegou na calçada do outro lado, percebeu que parecia tensa. Logo depois viu, vindo da esquina, um casal. Um moreno bonito, de olhos verdes e com óculos... Junto com uma menina oriental, cabelos pretos, e pele clara.

– Sim. – falou, tentando ignorar os dois que a viram do outro lado e vinham correndo até – Jason, essa é Gina Weasley. E aqueles lá... – apontou discretamente para o casal que ainda corria – São meu irmão Harry... Junto com.... A japa que provavelmente já é a namorada do meu irmão.

– O que ela faz aqui? – perguntou Jason, enquanto Gina ainda estava quieta.

– Harry ia lhe contar. Ele a convidou semana passada para passar um dia com a gente. – falou Gina.

– Ele não tinha o direito... – murmurou Lawren, bufando, e logo depois sorrindo – Não vou me perturbar com isso. Sou calma, não é? – Jason ri assentindo, e dá um beijo na testa de Lawrence, que fica estática.

– Sim. É calma. Agora, eu tenho que ir. Briga familiar meio que não é comigo, sabe? Até outro dia, Lawren. E... Feliz Natal.

O menino saiu apressado dali, e as ruivas observaram, enquanto o casal que corria chegava onde estavam. A Potter olhou para o irmão ofegante, e Cho, que estava mais vermelha que o normal. Olhou para os presentes, e pensou na casa quentinha que a esperava. Olhou para Gina, e sorriu, antes do irmão dizer qualquer coisa.

– Acho que o casaco dele ficou comigo. – comentou com a Weasley que assentiu meio tensa – Vamos, Gina. Está frio. E eu estou louca para lhe mostrar o que comprei para Draco e Daniel. – puxou a mão da ruiva, atravessando a rua com ela, que estava meio confusa, mas andando. Já com a porta de Grimmauld Place aberta na sua frente, ela se virou para o casal confuso do outro lado da rua.

– É melhor entrar, sabe? Ou poderão morrer congelados. – falou alto, depois murmurando – Não que isso fosse realmente um problema em relação a ela. – agarrou o casaco do novo antigo amigo, e sorriu.

No momento, não havia mais nada em que realmente estava preocupada em pensar. Nem frio. Nem Harry. Nem Cho. Nem Voldemort.


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Notas finais do capítulo

Beijos!