A outra Potter escrita por Alice Porto


Capítulo 40
Slytherins e Gryffindors: a minha casa sempre foi a da serpente.


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem com vocês? Eu estou ótima! Gostei de ver bastante gente comentando! Adorei!

* Obrigada aos que comentaram, amo vocês!

* Bom, eu adorei escrever esse capítulo e não quero ninguém comentando sobre a cena da Lawrence no banho! Haha, brincadeirinha, brincadeirinha!

* Que bom te ver de volta, Grazy! Love u!

* Bom, comentem, favoritem, recomendem! Beijos, xoxo ♥

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Harry não estava no quarto. Lawrence, meio estressada pelo acúmulo de respostas em que deveria pensar e analisar, decidiu que iria perguntar para todos que estavam reunidos na cozinha, pois já era quase hora da janta.

A cozinha estava cheia. Havia algumas pessoas novas que ainda desconhecia, mas todos pareciam estar tendo bastante diversão para prestar atenção nela. Do outro lado se encontrava Harry. Quando ia abrir a boca para chama-lo, a Sra. Weasley abriu antes. Parecia estar bem mais calma e feliz que antes.

– Ah, Lawrence! A janta está quase pronta e o banheiro foi liberado se quiser tomar um banho. Deve estar cansada da viagem. É a terceira porta a direita. – falou a senhora, colocando subitamente a mão no seu ombro e a direcionando com as mãos, sempre com um sorriso gigante no rosto.

– Sei... Obrigada, Sra. Weasley. – forçou um sorriso – Pensei que talvez quisesse alguma ajuda na cozinha. – falou, reconhecendo a gentileza da mulher.

– Oh, talvez mais tarde. Agora vá, vá! – falou animada, e a ruiva assentiu, subindo as escadas novamente para pegar uma roupa.

Empurrou a porta do quarto soltando todo ar que conterá para subir as escadas. Estava ofegante. Se direcionou calmamente para a cama, e estendeu a mão para cima para conseguir pegar sua bolsa. Abriu calmamente o zíper, e de dentro tirou uma blusa branca de cetim, junto com um blazer preto. Pegou uma calça jeans e suas sapatilhas, junto com as roupas íntimas. Colocou elas em uma pilha na cama, e tirou o colar que ganhara de presente dos melhores amigos. Tirou um tempo para analisa-lo de novo, e sorriu. Precisava comprar um presente urgentemente. Aliás... Dois presentes.

– O que querem? – perguntou sem muito interesse quando os gêmeos aparataram dentro do quarto, não provocando nem mesmo um arrepio em sua pele.

– Fala sério. Nós sempre conseguimos assustar a todos! Por que você não se assusta?! – falaram juntos, e Lawrence se virou colocando o colar em cima da cômoda, revirando os olhos logo depois.

– Porque eu sou uma vidente! – sussurrou, arregalando os olhos e colocando as mãos na frente do corpo, movimentando os dedos – E se vocês não vazarem daqui agora, a vidente aqui vai prever um futuro bem doloroso para os dois!

– Tudo bem, tudo bem! Vamos, Jorge. – falou Fred rindo – Não queremos provocar a malévola. Mas será que a vidente consegue prever quando a gente aparata dentro do banheiro enquanto ela toma banho? – perguntou com um sorriso malicioso, e Lawrence riu amarrando o cabelo.

– Ela não prevê, mas o irmão dela sim, e ele vai comer os dois vivos! – falou Harry entrando no quarto animado, e se atirando na cama de Gina, que veio logo atrás.

– Deixe-me entender! – gritou Gina – Temos uma família de videntes e canibais aqui! Bom Harry, coma meus irmãos vivos e minha azaração para bicho-papão vai te comer.

– Oh, Merlin! E quem se vingará de Gina?! – falou Lawrence, e todos riram enquanto a ruiva Weasley girava e piscava para todos.

– Ninguém, porque todos amam ela! – proclamou.

As risadas ecoaram pelo cômodo, e Lawrence revirou os olhos, acenando para todos presentes ali, e saindo com a toalha e roupas. Tinha tempo o suficiente para conversar com todos pelo resto do natal, apesar de acreditar que devia explicações somente para Harry que tinha o mesmo objetivo que ela ali no meio. Além de ser seu irmão.

Ao entrar no banheiro, se trancou imediatamente e se escorou na porta. Ela precisava pensar. Mas precisava pensar sozinha. Ou com alguém que conseguisse entender o que queria expressar. Mas até agora, ninguém era compatível. Não era próxima da maioria dali, Remo conversara com ela sobre isso, mas não satisfez suas expectativas, porque seu jeito de pensar a perturbou. Harry era seu irmão, mas perdia a paciência muito fácil, e era óbvio que faria um daqueles discursos sobre coragem Gryffindor. Sobre a coragem dos Potter, que são Gryffindors.

Mas ela era Slytherin. Era uma Potter e uma Slytherin. E nunca pensaria do mesmo jeito que ele. Ela nunca se jogaria na frente de uma varinha para salvar qualquer um daquela casa. Poderia ser egoísmo, mas era isso que sentia. E ela conseguira ver seu objetivo de ano ir indo embora a cada treinamento com Snape. A cada reunião da ordem. Vingar-se de Harry.

Não gostava de entender o que ocorria. Harry começara a ser como um irmão para ela, mesmo que não quisesse. Snape estava fazendo-a ver o que os pais fizeram, e mesmo reprimindo esse sentimento, ela começara a sentir uma pontada de orgulho do seu sobrenome. Mas não se sentia completamente uma Potter.

Por mais aterrorizante que fosse pensar nisso... Uma parte dela era Riddle. Uma parte de Voldemort estava nela. E a cada vez que sentia raiva, tristeza ou qualquer outro sentimento em excesso... Qualquer outro sentimento negativo em excesso. Quando sentia, essa parte vinha à tona, trazendo aquele tal “dom” que o chapéu falara. Ela já tinha completa noção do seu poder de persuasão. Mas apesar de ser melhor tentar parar isso, tentar esquecer, ela queria saber até onde isso podia ir. Queria saber quão longe poderia alcançar usando aquilo.

Se desencostou da porta e se olhou no espelho, ligando a luz na frente dele. Encarou seu reflexo. Cabelos ruivos que estavam ondulados. Olhos verdes que nem os de sua mãe. Franziu as sobrancelhas ao notar o pequeno corte acima de sua boca. Passou o dedo por cima, e o machucado ardeu, comprovando que era recente. Pensou onde poderia ter se machucado, mas nada veio a sua mente. Seus olhos encararam seus olhos no espelho. Cerrou e tentou ver alguma coisa a mais além de suas pupilas escuras. Qualquer coisa. Mas nada apareceu. Bufou entediada, tirando a roupa e entrando no chuveiro calmamente, com os cabelos atados em um coque frouxo.

Ficou quinze minutos no chuveiro, vendo a água embaçar aos poucos os vidros do box. Abriu as mãos em baixo da água, e sentiu-a batendo na sua palma, respingando gotículas para todos os lados. Logo depois fechou-as em punho, e pressionou toda sua fonte de magia para a mão. Fechou os olhos, respirando fundo, e depois abrindo-os, ao mesmo tempo em que sua mão se abria.

O objetivo daquilo era fazer uma chama azulada, mas não foi isso que aconteceu. As gotículas que passaram a bater na palma da sua mão assim que fora aberta, começaram a ter uma leve coloração esverdeada, e pairaram no ar em forma de gota. Elas não eram mais líquidas. Tinha consistência de cristal, e flutuavam, começando a girar em volta de sua mão. Desligou o chuveiro com a mão livre, não tirando sua concentração da água. Cerrou os olhos com um sorriso de canto, olhando para o punho. Logo então, fechou-a novamente, e as gotículas que rodopiavam ao redor de seus dedos, subiram, continuando a rodar em sincronia, cada vez mais rápido. Pegou a outra mão, e passou-a através das gotas, que se dividiram em duas partes. Fechou as mãos com elas dentro, e ao abri-las novamente, uma pequena bola de cristal flutuava acima de sua palma, com a chama esverdeada se tornando cada vez mais prateada. Olhou para as duas mãos, e em um movimento rápido, chocou as duas, uma contra a outra, e os cristais se quebraram, formando apenas alguns brilhos no ar.

– Incrível. – falou, com os olhos brilhando, e rindo olhando para as palmas da mão, que continuavam brancas como a neve, sem um aranhão.

Pegou a toalha, e secou uma parte do espelho embaçado. Se olhou mais uma vez, e nessa tentativa produziu a leve chama azulada em sua mão, curando o corte acima da sua boca. Colocou a calça, animada, assim como o cetim e o blazer. Soltou os cabelos e calçou as sapatilhas, saindo apressada do banheiro, e quase correndo para a cozinha. Conhecia três pessoas com quem poderia conversar sobre isso, mas precisava ser privado. Olhou todos na cozinha, e percebeu que estavam começando a jantar, somente a esperando.

– Ah, você chegou! Ótimo, podemos se servir. – falou a Sra. Weasley, a entregando um prato. Ela moveu calmamente a cabeça e se direcionou para o outro lado da mesa, se sentando ao lado de Remo. Estava com o sangue correndo em suas veias mais rápido do que deveria. Estava animada, e tinha vontade de rir ali mesmo. Mas deveria se manter séria, para não gerar desconfianças. Olhou para Gina na sua frente, e ela sorria levemente para Hermione, que falava animada sobre algo.

– Você consegue perceber que ela não está bem, não é? – falou Remo calmamente, cortando um pedaço de carne e colocando na boca. Lawrence se serviu de carne também, cortando em pedaços pequenos, pensando na resposta.

– Algo está a aborrecendo. E foi depois que eu saí do quarto. Eu não sei o que a Hermione falou para ela, mas eu sei que tem a ver com Harry e eu. – falou sem muita emoção, e Remo assentiu calmamente.

– Sabe... Quando me disseram que você estava vindo para estudar em Hogwarts, acreditei que seria uma possibilidade de você se aproximar de Harry, e talvez virar amiga de Hermione para ela ter mais uma companhia além de Gina. Mas pelo visto, você não vai muito com a cara da melhor amiga do seu irmão.

– Falou certo. Melhor amiga do meu irmão. Não minha. Não é uma questão de não gostar dela. Eu só acho algumas atitudes dela estupidez. – disse indiferente, olhando para as duas garotas. Uma, que ria animada, e outra, que ria nervosamente, olhando toda hora para Harry.

– Seus pais negaram minhas percepções sobre você, sabia? Acharam que era coisa de criança pequena. – falou Remo, olhando para ela – Você é Slytherin desde que nasceu. Quando te deram um leão de pelúcia, você o mordeu e jogou em cima de Harry. – falou rindo, e Lawren deu um sorriso leve, ouvindo – Mas eu não posso falar a mesma coisa da serpente que o Horácio, professor antigo de Hogwarts, mandou para Harry. Ele não gostou muito, mas você... Ficou realmente encantada. – Remo suspirou, e a olhou – Nunca pensou que tinha feito a escolha errada? Nem mesmo por um momento? – perguntou, calmo, colocando mais um pedaço de carne na boca.

Lawrence olhou para seu prato, suspirando, e olhando para todo o pessoal Gryffindor ao seu redor. Seus olhos se perderam em seu irmão, rindo com Tonks. Se perderam nos Weasleys, em Sirius... E por um momento se perguntou se poderia ser mais feliz na Gryffindor. Mas ao se perguntar isso, todos os rostos felizes daquela janta desapareceram, e o salão comunal da Slytherin apareceu. As poltronas negras na frente daquela chama esverdeada. O lago acima deles. As risadas ecoaram em sua mente. Sua barriga doendo depois de tanto rir. Draco lhe dando colo e afagando seus cabelos. Daniel contando alguma piada em francês, que Malfoy e Potter não entendiam, mas morriam de rir pelo sotaque. Daniel acordando pelos sinônimos e antônimos. Os dois a ajudando com as mágicas curativas. O beijo entre ela e Draco. O suborno para os alunos do terceiro ano. O quadribol e os gritos de vitória. Os testes. O cheiro do manto verde e o orgulho da serpente estampada em seu tecido. O número sete voando esvoaçante, enquanto tentava pegar o pomo nos treinos. Os olhos azuis dos amigos, sempre ao seu lado, a aceitando como era.

– Já. Já me perguntei. – falou, olhando para Remo, e por fim suspirando e rindo levemente – Mas a minha imaginação de uma vida na Gryffindor nunca chega ao fim, sabe? Eu não posso ser feliz na Gryffindor. Os ideais de lealdade e coragem acima de tudo irritam o meu corpo e me fazem ficar estressada. Eu odeio o jeitinho Gryffindor de ser. Sempre se sacrificando pelos outros, e achando que burrice é a mesma coisa que ser heroico. – Remo riu, e a olhou.

– Existe algo mais por trás dessa sua resposta. – falou calmo, parando de comer, e se virando para ela. Lawrence franziu as sobrancelhas, mas se rendeu logo depois, olhando para o nada com um sorriso leve no canto dos lábios.

– Está certo. – declarou e olhou para o padrinho pelo canto dos olhos – Eu não sei porque... Mas quando eu me imagino feliz... Eu me imagino com Draco e Daniel.

– Quando você estiver em uma situação de perigo, tendo que salvar Draco ou Daniel, você talvez entenda o jeitinho heroico de todo Gryffindor. Me diga, Lawrence... Se você estivesse em uma luta, com seus dois melhores amigos ao chão, precisando de ajuda, e você tivesse a oportunidade de fugir e ser salva. Você fugiria e salvaria a sua vida, ou ficaria, para salvar os seus amigos?

Lawren botou o último pedaço de carne na boca, fingindo pensar. Mas ela sabia a verdade: essa pergunta pairaria no ar, e não seria respondida naquele momento. A verdade, é que a Lawrence Potter, que sabia todas as respostas, não sabia responder esta.

***

A ruiva olhou o relógio no seu pulso, e suspirou. Era uma da manhã. O silêncio reinava na casa, mas ela sabia que a maioria dos membros da ordem estavam acordados. Se levantou, tirando a coberta em cima de si, e desceu o mais silenciosamente o possível a escada do beliche. Hermione dormia calmamente, e isso fez a ruiva ficar mais tranquila. Pegou em baixo do seu travesseiro, na ponta dos pés, o casaco que usava para ir treinar com o Snape. Assim que pegou sobretudo, colocou e amarrou o cinto, depois de abotoar os botões. Colocou um cachecol e pegou as botas de caça atrás da porta. Olhou para a primeira gaveta da cômoda e sorriu, pedindo desculpa mentalmente para Gina, por ter mexido em suas coisas.

– Gina... – sussurrou, olhando para Hermione, que nem se mexeu – Weasley, acorde. – Gina se mexeu desconfortavelmente na cama, e abriu os olhos lentamente, depois ficando atenta ao ver a ruiva.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou, nervosa.

– Não. Olha... – suspirou – Não somos amigas, tudo bem? – Gina a olhou confusa, mas concordou – Preciso fazer algo, e para isso, eu preciso da sua ajuda. Eu confio mais em você, e acho que sabe disso. Além de tudo isso, tem algo que eu preciso lhe mostrar. Dentre todos aqui dentro, você é a única com capacidade de me ajudar. Pelo menos, é o que eu espero. Então, você vem comigo?

Gina continuou a encarando confusa, mas então abriu um sorriso de leve e a olhou marota.

– Vai ter perigo no meio disso, não vai? Você está pensando em entrar no escritório do último andar, mas precisa da chave para isso. Você sabe que a ordem está por lá, então precisa da minha ajuda. – riu baixinho – Se eu vou com você? Meu amor... Gina Weasley nunca nega um desafio.


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Notas finais do capítulo

Beijos!