A outra Potter escrita por Alice Porto


Capítulo 27
Verdade e Ilusão: o muro que separara mundos paralelos é a mente.


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Okay, eu demorei mais que o normal dessa vez, e isso provavelmente fez vocês pensarem que eu morri. E eu sinto muito. Mas eu estava muito desanimada. Ai gente, sei lá, alguns dos que estavam comentando pararam de comentar depois que o Nyah saiu do ar. E eu não sei se vocês ainda estão gostando da fic...

* Próximo cap: Armada de Dumbledore: meu irmão é um nerd em DCAT?

Espero que gostem do cap, e eu só queria dizer uma coisa... #TEVECOPASIM.

Desculpe ueheuheuheu.

NOTAS: queria divulgar aqui a fic de uma amiga minha, que se chama Cover Girl. Está só no início, mas ela me contou a temática, me pediu dicas e eu posso garantir que será boa. É sobre a Lene McKinnon, então quem não gosta dela, provavelmente não gostará da fic, mas mesmo assim, seria legal se vocês dessem uma olhadinha: http://fanfiction.com.br/historia/511854/Cover_Girl/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/480186/chapter/27

– Você está bem? – perguntou o loiro depois de alguns minutos.

A expressão de Lawrence estava dura novamente. Seus olhos se estreitaram encontrando em meio aos convidados os olhos de Matthew Surrey. Ela ficou encarando aquelas grandes orbes azul, se perguntando se ele realmente existia, ou se era somente mais um fruto da imaginação nada feliz de Draco.

– Estou bem. – ela afirmou, se levantando, e ajeitando o cabelo e o vestido. Deu um sorriso de canto, mas sua face continuava indecifrável – Será que essa festa não pode acabar tipo, agora?

– Lawrence, eu não posso simplesmente expulsá-los daqui. Você realmente espera que eu bata palmas e faça todos desaparecerem?

– Para falar a verdade, isso é exatamente o que espero que você faça. Vamos lá, você poderia me levar para um lugar não tão movimentado e dizer um sim para mim. – ela falou suplicante, recebendo um olhar malicioso do Malfoy – Não me olhe assim Draco. Temos coisas importantes a tratar.

– Claro. – ele bateu palmas, e do nada, eles estavam em um lugar enorme.

Era uma espécie de corredor cheio de grades prateadas do lado. O lugar provocava ecos, e um forte barulho de água pingando podia ser ouvido. Alguns grunhidos e ventos frios. Por trás das grades, somente escuridão. Ela não tinha ideia do que era aquilo. Mas tinha certeza de que não era feliz. Do nada algumas tochas se acenderam, e uma chama alaranjada brilhou.

– Você deve estar tentando entender o que está acontecendo. – falou Matthew, surgindo da escuridão – Isso aqui é tudo menos feliz. Eu, mais que qualquer um, sabe. Isso deveria ser feliz, mas acredite: Draco não teve a mais feliz das infâncias. Por isso tivemos que mudar um pouquinho o nosso método de trabalho, e criar um futuro feliz para Draco. Assim que ele chegou aqui, ele lutou com todas as forças que tinha para impedir que você viesse para cá. Ele tem poucos minutos de lucidez, acredite. Então, nós criamos um futuro bom, onde ele se casaria com a mulher dos sonhos e teria uma linda filha. Mas ele conseguiu mudar os nossos planos somente com a força do pensamento! – ele gritou, e sua mão criou uma chama verde, que foi jogada nas grades que começaram a queimar – Ele conseguiu fazer com que o futuro não fosse assim tão perfeito para ter mais tempo de lucidez e sair de uma vez por todas daqui. Mas mesmo assim, não deu certo.

– O que quer dizer com “não deu certo”? – ela perguntou, notando que não usava mais roupas de festas. Somente um jeans e uma regata preta.

– Ele não conseguiu lhe falar o suficiente. Como brecha, sabendo que futuro não funcionaria, nós manipulamos o passado, fingindo que em sua casa as festas de Natal eram frequentes. Pura mentira, mas nada que a gente não consiga resolver. – falou simples.

– A sua frase está no plural. Quem mais está do seu lado nisso? – ela perguntou, se virando para o homem que andara para suas costas. Ela não sabia se ele era desonroso o suficiente para atacar por trás.

– A morte. Ou “As mortes”. Você que decide. No fim eles são todo um só se dividindo em vários para confundir e manipular a mente dos inocentes que não sabem se defender. Eu nem participo disso de verdade. Sou mais como algum tipo de estagiário. Fui convocado justamente para o caso do Draco, porque sou o passado dele.

– Eu não vou continuar tentando entender o que está acontecendo. Eu só preciso saber onde está o Draco, eu conversarei com ele, e nós iremos embora. Pronto. Nada mais. – ela falou começando a ficar nervosa, e apertando a varinha nas mãos.

– O Draco está aqui. Nesse corredor. Pode não parecer, Lawrence, mas eu quero lhe ajudar, e muito. Portanto, eu conversei com a morte, e ela aceitou um jogo.

– Como assim, um jogo? – ela perguntou receosa.

– Primeiramente deixaremos claro que você está quase no fim do terceiro dia aqui. Draco está praticamente morto. Dentro de uma hora, ou uma hora e meia ele estará caído mortinho no chão.

– Final do terceiro dia? – ela riu – Está mentindo. Não faz nem mesmo um dia que estou aqui dentro.

– Você é somente mais uma pessoa que acredita que o tempo aqui dentro é o mesmo tempo do lado de fora. Estamos vivendo num sonho. Você já teve a sensação de um sonho que durou a noite inteira, mas pareceram três segundos? É exatamente isso que acontece aqui. Você tem uma hora para convencer Draco que lá fora é o lugar dele. Mas não pense que ele se convencerá facilmente. Ele está debilitado e desidratado. Esqueceu praticamente tudo, e a única coisa que pode salvá-lo é você. Você tem uma hora para conhecer Draco novamente, conquistar Draco novamente, e fazê-lo se lembrar de um motivo na qual não vale a pena morrer.

– Está me dizendo que eu serei uma completa estranha para ele, e que ele terá de confiar em mim?

– Não. Estou dizendo que você será uma completa estranha para ele, e que você terá de fazê-lo esquecer desse detalhe. Boa sorte. Eu acredito que consegue. – ele falou, começando a desaparecer – Não use sentimentalismo. – a voz começou a ecoar – Manipule. Essa é a regra do jogo.

Então ele desapareceu. A ruiva ficou encarando as grades fumegantes, até ouvir um gemido vindo da escuridão. Logo uma sombra apareceu, e a cabeleira de alguém loiro veio à tona.

– Quem é você? – ele perguntou com calma, mas indiferente a Lawrence.

– Não interessa. – ela falou, pensando em como o convenceria a volta – Pelo menos não a mim. Mas, como estamos no meio do nada... Sou Lawrence. Mas me chame de Lawren.

– Eu... – ele a encarou confuso – Eu já te vi antes?

– Já. – ela pareceu triste por um momento, mas se recompôs – Olhe... Eu preciso sair daqui. Como...?

– Vamos seguir por esse corredor, e então você poderia me contar aonde nos vimos. – ele declarou com um sorriso, e com uma faísca de esperança, ela se convenceu de que não seria tão difícil assim.

***

– Está me dizendo que somos melhores amigos, mas que agora eu estou dormindo? – ele perguntou sério.

– Exato. Olhe, eu sei que parece loucura...

– Não parece. Isso é loucura! – ele declarou exaltado – É algum tipo de brincadeira? Não tem motivos para que isso seja um sonho!

– Você não tem amigos, Draco!

– Claro que tenho!

– Quem?

– Não vem ao caso de falar o nome dos meus amigos. – ele bufou – Mas eu tenho. Assim como tenho família, casa, emprego, estudos...

Eles estavam nesse assunto há meia hora, e ela não conseguia convencer Draco de maneira alguma que aquilo não era real. Tinha somente mais meia hora, e não tinha a mínima noção do que poderia fazer para mudar tudo isso.

Eles haviam achado uma porta para um jardim, onde crianças brincavam jogando bola. Os dois foram até um banco, e a ruiva passou a mão no cabelo, angustiada. Não queria morrer. Não queria que Draco morresse.

– Por que isso seria um sonho, me diga? – ela mostrou o parque – Todos estão brincando. Todos estão felizes, como sempre foi.

– É isso que está errado. Ninguém pode ser tão feliz. Todos têm problemas! Não é possível que todas as crianças do parque estejam rindo! Sempre vai ter uma chorando. Você não acha que isso parece a coisa mais artificial que já existiu? – ele negou calmamente, olhando o céu azul com os olhos brilhando.

Do nada, ele começou a tossir. Ele caiu do banco, sem ar, com a mão na barriga. As risadas não haviam cessado mesmo assim. A Potter olhou para o amigo e se jogou no chão, onde ele começara a gemer de dor, e começara a colocar a mão na cabeça.

– Draco, me ouça, por favor. – ela suplicou – Somente acredite em mim! Você não tem mais que dez minutos! Acredite no que eu digo e diga que quer voltar, por favor!

– O que você fez comigo? – ele falou, com as mãos ainda na cabeça, mas dessa vez olhando para Lawrence.

– Não sou eu!

Do nada, o cenário começou a mudar. Conforme ventava, as cenas mudavam. A grama abaixo de si se tornou uma areia, e o barulho dos balanços e das gangorras se tornou um barulho de água batendo em rochas. Eles estavam novamente na praia.

– Não me diga que isso é a felicidade! Você pode ser mais feliz do que isso! – ela já chorava.

Ela levantou os olhos do corpo de Draco, que se contorcia, e ao longe viu um grupo de homens de preto. Entre eles, Matthew, que dava um sorrisinho debochado e apontava para seu relógio de pulso, e logo depois mostrando cinco dedos. Cinco minutos. Era tudo que tinha.

– Draco. Tente me ouvir. – ela sussurrou, e o loiro se acalmou um pouco – Tem gente preocupada com você lá fora. Você tem um melhor amigo que quer você de volta mais do que tudo, e você tem uma melhor amiga que quer mais que tudo que esse desejo se cumpra. Eu nunca tive amigos de verdade. Eu sei que você teve uma vida turbulenta, uma vida infeliz ao lado de quem nunca demonstrou o mínimo sentimento em relação à você. Mas você é uma pessoa que decidiu ir para o lado diferente. Você decidiu que não iria se afetar por isso, porque você tinha um amigo que sempre te apoiou. Estamos a somente dois meses juntos, e só agora eu notei que eu não conheço nada do seu passado. Eu entendo que não queira voltar, porque lá fora não há nada que possa realmente te fazer desejar aquela vida. Mas se voltar, eu prometo que eu vou tentar melhorar os seus dias. Eu juro que não serei tão ignorante e egoísta. Prometo que não serei tão egoísta. Prometo que te farei rir. Eu prometo que serei a amiga que você merece. Prometo que darei um soco em qualquer um que tentar te irritar. Eu prometo que se você voltar, eu vou xingar seus pais até a morte se quiser. Eu prometo que eu capturar o pomo em cinco segundos. Eu prometo que não mentirei. Só diga sim...

– Me dê algo que ma faça ter certeza do que você está falando. – ele disse entre gemidos.

– Isso aqui já não é uma prova? Draco, isso é tudo ilusão. Você está vivendo uma mentira! Você irá morrer, e irá morrer no meio de memórias que nem sequer existiram. Eu estou te dando algo real em que se segurar. Somente pegue o que estou te dando. Agarre.

O loiro fechou os olhos, e a dor estava parecendo ficar mais amena. Em compensação, os olhos pareciam ficar cada vez mais pesados, e tudo em volta parecia um borrão. Ele queria balbuciar um sim para a ruiva, mas ele ainda não conseguia acreditar totalmente em sua história. Estava tão bom naquela praia, com aquele vento.

Um flash passou pela sua memória ao sentir o vento. Ele viu um jogo de quadribol nos seus olhos. A torcida gritando. Alguém fazendo um gol. Alguém caindo. Alguém se levantando. Alguém ganhando o jogo. Mais gritos. Risadas. Uma ruiva em seus braços. O sorriso dela no rosto. Um sorriso satisfatório.

Ele abriu os olhos e arfou, se indagando sobre o que acabara de ver. A ruiva não estava mais na sua frente. Ela estava deitada no chão com as mãos na cabeça e chorando, mas ao ouvir a respiração do loiro, Lawrence se levantou.

Ainda estavam na praia. Os homens de preto estavam cada vez mais perto. Matthew olhou para ela e mostrou um dedo. Um minuto. Ela olhou em volta. Draco abrira os olhos. Ela precisava falar algo. Ela precisava de algo. Mas ao seu redor, as coisas estavam começando a desaparecer, como se alguma borracha estivesse apagando tudo.

Ao longe, em uma árvore, ela avistou uma bolsa branca. Seus olhos brilharam. Sua bolsa. Arfou, e olhou ao redor. Ainda tinha tempo. Levantou-se cambaleante, e correu o mais rápido que podia em direção a árvore, pulando alguns galhos que tinham na frente. Agarrou a alça, e voltou correndo. Trinta segundos eram tudo o que tinha.

Atirou-se ao lado do amigo, e abriu a bolsa, ainda tremendo, enquanto o loiro ia fechar os olhos novamente. Ela pegou, no fundo da bolsa, um pedaço de papel. Estava meio sujo por causa da areia da praia, mas ainda visível.

– Olhe isso! – ela gritou, e colocou o papel na mão de Draco. Vinte segundos. O loiro levou o papel na frente do rosto, enquanto o olhava. As coisas estavam ainda desaparecendo.

O papel era uma foto dos três garotos. Daniel de um lado, Lawrence no meio e Draco do outro lado. Eles seguravam os livros. Haviam tirado a foto numa tarde em que Colin Creevy estava parando todos que participavam dos times de quadribol para tirar fotos. Eles aceitaram tirar a foto, desde que tivessem uma cópia para cada. Era uma foto bonita. Num corredor de Hogwarts, com caretas e depois risadas. Uma das únicas vezes que a ruiva se permitiu rir.

Como se tudo aparecesse do nada, Draco começou a lembrar. Fragmentos de memórias. Risadas. Gritos. Piadas. Apresentações. Um beijo. A torcida de quadribol. O aborrecimento de Lawrence com as mágicas curativas. O gosto de maçã em sua boca. O vento no seu rosto. Aplausos. Uma dança. Um amigo. Uma amiga. Sua escola. A verdade.

– Lawren... – ele sussurrou – Eu... Acredito em você. – dois segundos – Me leve embora.

Mas o tempo já acabara. Tudo se apagara a sua volta. O loiro dormira, e os homens de preto estavam na sua frente. A única que ainda não dormira era Lawren. Ela olhou para eles de forma suplicante.

– Acabou. O tempo... – começou Matthew, antes de a ruiva desmaiar e cair em cima do peito do loiro. Por estar adormecida, ela não notara que seus batimentos continuavam vivos, porém lentos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos!