A outra Potter escrita por Alice Porto


Capítulo 26
Um baile de memórias: esse vestido fica legal em você.


Notas iniciais do capítulo

Oie!

Obrigada a todos que comentaram capítulo passado, agradeço muito a vocês. Fico feliz de ver leitores novos, o que compensa um pouco o fato de alguns terem abandonado a fic. Bom, eu não tenho muitos avisos hoje:

* Esse capítulo pode ser meio confuso, porque se trata de partes da história de Lawrence.

* Antes que me perguntem sobre Matthew, depois que ela sair da mente de Draco, vou falar sobre isso.

* Próximo capítulo: Verdade e Ilusão: o muro que separara mundos paralelos é a mente.

Beeeeeijos! Tchau!



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– Nossa Draco! – ela falou irônica, porém calma – A cada dia a sua capacidade de fazer as coisas parecerem melhores, é exemplar.

O loiro sorriu. De volta aquele sorriso animado e talvez um pouco ilusivo. Os olhos azuis brilharam e um riso preencheu o quarto atingindo a ruiva que o olhou confusa. Draco estava muito estranho.

– Tudo bem... Eu estou me matando de rir. Agora, porque você não dá duas palmas e muda de cenário, ou simplesmente fala que quer ir embora?! – perguntou irritada.

Dessa vez, quem ficou confuso foi o Malfoy. Ele franziu as sobrancelhas e cerrou os olhos, por um momento ficando incrivelmente mais bonito do que ele poderia ser. Ele negou.

– Por que eu iria bater palmas? Ah. Eu não sabia que estava tão animada para o baile! Isso é ótimo! Vou abrir a porta, e avisar a todos para que continuem preparando as coisas. Daqui a pouco, o cheiro da comida vai estar irresistível, como nos velhos tempos. Afinal, o Natal não é uma data para se comemorar em vão. É uma data feliz e unida, onde todos compartilham risadas gostosas pelo salão, e as damas estão sempre dançando de uma forma encantadora. – falou com os olhos brilhando, pegando a mão de Lawrence e botando em seu ombro, enquanto colocava sua própria mão na cintura dela, que estava com os olhos arregalados. – É realmente uma pena que aquele... Como é mesmo o nome dele? Ah, Rafael, não possa vir.

Ele começou a girar animadoramente, e rir com a menina que simplesmente tropeçava por estar sendo praticamente obrigada a dançar sem nem mesmo uma música. Ele ficou girando pelo quarto gigante por alguns minutos, e depois parou de rir e foi em direção à porta.

– Espere aí! Calma! – a ruiva gritou, entrando imediatamente entre a saída e o menino – O que você pensa que está fazendo? Tem um monte de homens lá fora! Você acabou de dizer que eles eram perigosos! Que porcaria de baile é essa, e por que diabos você está dizendo que é Natal, quando mal passou do Halloween?!

O garoto pálido a olhou nitidamente confuso com os gritos da menina. Ele botou a mão na bochecha da garota, e tirou um fio de cabelo que estava grudado no rosto dela, pois a mesma estava suada. Ele deu um sorriso, enquanto a outra estava estática. Draco olhou nos olhos dela, e calmamente depositou um beijo na testa da Potter, que fechou os olhos e o abraçou. Não iria chorar, mas ela achava que o loiro estava começando a se esquecer lentamente das coisas à medida que o tempo ia passando e o estado de saúde dele ia ficando debilitado do lado de fora. O menino já se esquecera do nome de Daniel. Não demoraria para esquecer dela. Ele iria à insanidade, e se ela não o salvasse, ele morreria sem se lembrar de nem mesmo quem era. O pior dos fins.

Ele afagou o cabelo dela, sem entender exatamente o motivo do abraço, mas mesmo assim o aceitou. Soltou uma risada ao perceber que ela se acalmou, e se separou do abraço, segurando o rosto dela.

– Precisamos tomar um banho! – falou animado, e ela sorriu. Agora as coisas estavam entrando na linha. Ele estava se lembrando do passado, em uma circunstância feliz que vivera – Afinal, não queremos ir para o baile de Natal cheirando a porcos!

Abriu a porta, e nenhum dos homens pretos estavam lá. Lawrence ficou apreensiva, olhando para todos os lados a espera de alguém, mas nada aconteceu. Draco estava segurando na sua mão e a levava para algum lugar. O cenário já mudara do lado de fora. Agora, a casa estava cheia de árvores de Natal e viscos, assim como presentes empilhados a cada canto, e as portas tinham algumas guirlandas bonitas. As luzes estavam todas acesas e o lar muito mais iluminado, vivo e aconchegante.

– Aqui. – falou o loiro abrindo uma porta e botando Lawrence para dentro – Esse é o seu quarto. Tem um vestido que era de Heloise, mas que ela nunca usou, e está no armário. Os sapatos estão no armário do canto, e se quiser botar alguma joia, a senha do cofre é: Melanie. Se quiser fazer algum feitiço, pode usar sua varinha, e as maquiagens estão todas dentro do banheiro que é a segunda porta a direita. Não se preocupe você não irá se perder. A primeira porta é o armário de sapatos. A segunda de roupas. A terceira é de produtos de beleza, como hidratantes. A quarta é o banheiro. E a porta gigante do outro lado do quarto é a que leva para a varanda. Sugiro que não abra, porque está frio lá fora. – e então fechou a porta, sem nem mesmo deixar a ruiva raciocinar.

– Frio? Mas você acabou de trocar minhas roupas por roubas de... Verão. Draco? Esquece. Ele já se foi.

Suspirou e olhou tudo a sua volta. Isso não seria fácil.

***

Fazia provavelmente horas que estava trancada dentro do quarto, e tudo que conseguira pensar, fora que Draco não podia ser mais vulgar. Primeiramente porque ele dera um jeito de enfiar a varinha dela dentro do cós do sutiã. E a segunda, porque aquele vestido que ele dissera para ela usar, era muito decotado, chamativo e curto. No começo ela até pensara que talvez não fosse aquele o vestido que deveria usar, e teria botado muita fé naquela ideia se aquela não fosse a única roupa que tinha no quarto, sem ser as íntimas.

A parte de cima do vestido era de bojo, e toda prateada e com glitter, junto com alguns cristais grudados. O decote era consideravelmente decotado, e aparecia boa parte do volume dos seios. A parte da saia era bem soltinha, toda em um tecido tule rosa bebê. As alças eram incrivelmente finas e quase transparentes na pele alva da garota.

Assim como o vestido, o sapato era ousado demais. Era de uma cor mais bege, mas parecida com o rosa bebê da saia. Ele tinha um salto de possíveis 15 cm, e era cheio de furinhos, com a parte da frente aberta. Ela se olhou no espelho depois de botar o vestido e o salto, e sentiu mesmo assim que algo faltava.

– Isso não está muito bom. Se eu não usar algo para tirar a atenção do vestido e do sapato, eu vou ficar parecendo a Carrie em dias de inverno. Afinal, nós estamos no inverno, Lawrence.

– Está correta. – falou uma voz atrás dela, e ela se virou assustada.

A voz era aveludada e grossa, e a pessoa atrás de si também não era lá muito feia. Ele deveria ter cerca de 30 anos, mas Lawren dava facilmente 25. Era alto, muito alto. Tinha os cabelos loiros e os olhos azuis, assim como uma pele bem clara. O sorriso dele era perverso, a barba era muito bem feita. Por um momento, ele lembrou a ela o melhor amigo, Daniel.

– Quem é você? – ele estava todo de preto, o que significava ameaça.

– Ah, que indelicadeza a minha. Matthew Surrey, a seu dispor. – ele beijou sensualmente a mão da ruiva, e o primeiro intuito dela foi ter nojo – Você tem razão. O seu cabelo já é cacheado por naturalidade, mas se fizer isso – estalou os dedos e o cabelo dela ficou em um meio preso, com uma espécie de coroa atrás, que sustentava uma trança que vinha da frente da cabeça – Valoriza os cachos, e deixa o seu rosto mais visível. – disse sério – E se usar algumas joias não fará mal. Mas isso, você escolhe. Agora... Vou lhe avisando: não tente salvar Draco. Ele está começando a se esquecer de tudo. Antes, ainda estava lúcido porque não caíra no feitiço há tanto tempo, mas o nosso canto ajudou ele a começar a se esquecer. Um empurrãozinho para o Obliviate. Agora... Você não pode fazer nada. Somente aproveitar a felicidade de Draco o quanto pode. Agora... Vá. A festa começou. – e com outro estalo de dedos, ele sumiu, deixando a menina estática.

***

– Estão todos lhe olhando. – ele comentou, girando a menina – Sabia que esse vestido ficaria legal, e as joias ressaltaram bastante os pontos não muito notáveis de seu corpo, como os dedos e o pescoço. Gostei. Quer dançar? A festa parece ótima.

O loiro falava com uma rapidez extrema, fazendo com que Lawrence quase não entendesse o que ele queria dizer. Mas ao ouvir a palavra dançar, ela imediatamente negou. Não que tenha realmente funcionado, já que Draco simplesmente agarrou sua mão e a levou para o centro da pista de dança. Ele olhou para o pianista e fez um sinal, que obviamente o outro entendeu, já que começara outra música imediatamente. A melodia era calma, mas triste.

Não era algo que a felicidade deveria mostrar. Era uma junção de sofrimento e dor, junto com agonia e talvez aflição. Como se estivesse à beira de um penhasco, prestes a cair, mas mesmo assim esperando alguma pessoa notar sua falta e ir lhe salvar. Era como se a morte estivesse entrando lentamente em seus pulmões, enquanto lutava para respirar na melodia triste da música, conforme as notas rítmicas que o pianista e o violinista tocavam. Ela se permitiu a fechar os olhos, e começar a rodar junto com Draco.

Ele dançava graciosamente, e quando alguma nota do violino era prolongada, ele lentamente baixava todas as costas dela até o chão, ficando com a respiração calma batendo em seu peito. Sem nem mesmo perceber, Lawren começara a chorar.

Parecia que as coisas vinham em fragmentos de memória, como fotos queimadas voando ao vento. Algumas partes da imagem restavam, e passavam na sua cabeça. As lágrimas caíram sem nem mesmo serem interrompidas por alguma mão. De repente, o salão gigante e iluminado, dera lugar a uma pequena biblioteca, onde um homem e uma menininha dançavam alegremente. As memórias criaram vida em sua própria mente.

Era um lugar mais escuro, mas aconchegante. As estantes de madeira eram cheias de livros, assim como Hogwarts, mas havia uma poltrona gigante em um canto. O tapete era grande, e dava espaço para uma mesinha arredada. Um disco tocava uma música calma. No começo, a memória era somente algo feliz e engraçado.

A menina deveria ter cerca de cinco anos, e tinha os cabelos ruivos cacheados, batendo pouco abaixo dos ombros. Ela usava um vestido branco que ia até os joelhos, e era rodado. Uma boina branca igualmente na cabeça, assim como sapatilhas de laço. O homem usava pijamas, mas mesmo assim dançava alegremente com a menininha, muito fora do ritmo da música.

Lawren abriu um sorriso, mas então a memória mudou. Era o mesmo lugar, mas dessa vez um pouco mais arejado. As pessoas eram as mesmas, mas dessa vez mais velhos. A ruiva dessa vez deveria ter cerca de onze anos, e usava um casaco preto com uma calça jeans. As botas pretas contrastavam com o casaco. Mais uma vez, a boina encontrava-se lá, só que o homem dessa vez usava um terno, e estava bem mais rígido. Se a menina errava um passo, xingamentos como “você é estúpida ou o quê?” chegavam aos seus ouvidos. Era muito óbvio que não havia diversão nessa cena. Ela quase não errava os passos, e dançava com perfeição. Ao longe, uma mulher de aparência cansada observava tudo com um singelo sorriso no rosto.

A música, que agora era calma, mas dançada corretamente, parou. O homem se separou da criança imediatamente, mas era óbvio que não esperava o abraço da baixinha e o som de uma voz ecoando no quarto com as palavras “eu te amo, papai”. Palavras que fizeram a Potter chorar mais ao lembrar a cena. Palavras que nunca foram retribuídas verdadeiramente. Palavras em vão. Não. Jogadas ao vento, talvez. Mas Lawrence sempre saberia que aquelas palavras nunca seriam em vão.

E ao mudar da música do pianista, a cena mudou para uma noite típica de sexta-feira. As risadas na rua eram nítidas. Mas a maior casa da rua não estava tão animada na cena. Dentro do quarto, uma menina de treze para quatorze anos chorava. Ela soltou um grito ao ouvir o barulho no andar de baixo.

Vidros se quebrando. Um disparo. Mais um grito.

A menina olhou para a porta e ouviu o berro de uma mulher, clamando para que o adversário parasse. Ela respirou fundo e abriu a porta, descendo as escadas calmamente, segurando uma faca na mão. Olhou para a cozinha. Uma mulher com um coque e um vestido preto tentava desviar de uma garrafa de cachaça.

As risadas voltaram ao ouvir outro berro por parte dela. O homem que jogou, estava acompanhado por mais três homens. A mais velha tentou sair correndo para o andar de cima, mas ao passar pelo grupo, uma garrafa a acertou na cabeça. Assim ela caiu na frente da porta. Na frente da criança.

O sangue se espalhou pelo chão, e a Lawrence mais nova reprimiu um grito, se atirando para trás e tentando escapar. O grupo, ao ver a presença de mais alguém, se olhou. Eles trocaram sorrisos maníacos e andaram em direção à ruiva. Um deles pegou o cabelo dela e a atirou na frente da mãe.

– Está vendo isso aqui? – o mesmo homem das cenas anteriores gritou, e esfregou sangue na cara dela, que começou a chorar ainda mais – Se você ousar contar para qualquer pessoa que seja o que aconteceu você vai acabar pior do que ela entendeu?

– Pare pai... Você está bêbado! Vamos ajudar a mamãe... – ela tentou respondeu, mas um tapa a acertou, fazendo os outros rirem.

– Eu não estou bêbado! Eu estou te vendo, e sei que posso fazer com você a mesma coisa que fiz com essa vadia aqui. Agora, vá checar o pulso dela. Você é melhor que eu nisso.

Ela engatinhou até a mulher atirada no chão, e colocou dois dedos no pescoço. Ela tremia, mas não entendia o motivo. Nunca se incomodara com sangue, mas agora tinha sangue até mesmo no canto de sua boca.

– Ela... Ela está viva. – a garota sussurrou.

– Ótimo! – sussurrou um moreno, e empurrou o rosto da menina contra a poça de sangue. Ela gritou – Isso quer dizer que não devemos ficar tão preocupados. Agora, vá ligar para a ambulância! – ele ordenou, e ela pegou o celular no bolso, manchando-o de sangue.

– Pai, por favor, os mande embora... – ela pediu.

– Olhe aqui. – ele agarrou o queixo dela e virou para seu rosto, ficando a centímetros dela – Quem manda aqui é eu! Eles são meus amigos e ficam, meu bebezinho do papai. Agora ligue para a ambulância, Lawrence! – mas o gosto metálico do sangue da mãe já atingira a boca da menina, e ela desmaiou – Lawrence Potter! Lawrence! Lawrence! Lawrence!

– Lawrence! – Draco a sacudiu, e ela caiu no chão, soltando um grito – O que houve? Calma, foi só uma dança!

Ele a abraçou, já que a outra estava paralisada enquanto chorava baixinho. Os olhos estavam úmidos e brilhantes, e ninguém mais estava na festa além do grupo de pessoas de preto. Matthew Surrey se destacava em meio a eles, com um sorriso triunfante no rosto. Ela tremeu os lábios e fechou os olhos, afundando o rosto no peito do amigo, e se forçando a acreditar que fora somente um sonho. Mas ela sabia que não era.


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Notas finais do capítulo

http://www.polyvore.com/cgi/set?id=124086074&.locale=pt-br