Pare! Não se aproxime escrita por Apiolho


Capítulo 9
9 - Sendo babá de uma antissocial


Notas iniciais do capítulo

Boa noite lindos! *-*

Gostaria de agradecer aos nove leitores que comentaram no anterior, que são a Senhorita Foxface, Ann Profecy, Sparkly Dark Angel, Ney Gremory, hans, Giovana, Le, Rani e HyAlyss por comentar no anterior. Mesmo, muito, animaram-me demais. Fiquei surpresa pelo número, agradeço por isso.

Gostaria de agradecer também aos que me adicionaram nos favoritos e estão me acompanhando mesmo.

Os outros que quiserem por favor apareçam, não se acanhem.

Espero que gostem, fiz para vocês.



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Capítulo nove

Sendo babá de uma antissocial

“Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.”

(Amyr Klink)

Subi boa parte e notei as pessoas lá embaixo, que rapidamente me viram no terraço. Como era proibido frequentar o local, logo iriam avisar ao Senhor-Leôncio-do-pica-pau que eu estou aqui. Queria pular e não sofrer mais, apanhar das três ou ser alvo de humilhações pelos outros alunos.

E enquanto grande parte de minha vida passava pela mente. Ao me lembrar do que meu pai dizia fiquei estática. A frase “não seja egoísta o bastante para querer se matar, deixando os que se importam para trás ou interromper o que poderia ser um belo futuro” foi o que comentou ao ver uma notícia sobre suicídio no jornal quando era pequena.

Dona Diná foi a segunda pessoa que me passou pela cabeça e seria horrível deixa-la cuidando da loja sozinha. E até Henry foi um dos motivos para que eu desistisse da ideia de acabar comigo. Todavia quando ia sair um homem com uniforme preto me agarrou, colocando-me em seu ombro.

– O que estava fazendo garota? – questionou.

– Minhas tortinhas! – gritei quando percebi que tinham caído para depois aterrissar no pátio da escola.

O dinheiro suado gastado foi destruído junto com os dois pedaços de bolo. Sorte que o pote era de plástico, e não a minha costumeira lancheira.

– Pode comer na sala da direção. – declarou.

– Obrigada, assim fico mais aliviada. – falei.

Não me culpem, estou morta de fome.

– Espero que tenha uma boa explicação para estar no terraço a essa hora, mocinha. – disse o segurança ao me colocar no chão.

Estava tão enjoada por ficar no alto que cheguei a ficar tonta quando ele me soltou. A porta do Clemente foi aberta para mim e entrei. Sua cara não era das melhores, mas é também por causa de sua aparência, que já não era tão jovial assim.

Percebi mais ao canto que Nagel também se encontrava presente.

– O que você teve na cabeça para tentar se jogar do prédio Amélia? – começou o diretor.

– E-eu... – fui interrompida.

– Não tem explicação para sua atitude, seja qual for. Realmente terá que frequentar as sessões de psicologia. – esbravejou e olhou para o outro aluno. – Henry, pagarei a mensalidade, R$120,00 a mais e 1 ponto na média em todas as matérias se cuidar mais dela para que não faça uma loucura.

O mesmo que eu ganharei.

– Aceito, mas ela também tem que se esforçar para que tudo dê certo. – opinou.

– Ortiz? – perguntou para mim.

– Não prometo nada. Esse é trabalho dele, não meu! – contrariei de maneira alterada.

– Tem razão, mas espero que não faça mais isso. Estão dispensados. – finalizou.

– E o meu lanche? – pedi.

– Está aqui. – a contragosto deu três biscoitos e um copo de café.

Preferia uma suspensão do que esse castigo.

Amy, depois de tudo que eu falei você ainda tentou se matar? – o castanho comentou ao sairmos.

– Eu não jurei nem nada. – rebati.

Enquanto ele tentava falar mais algo o ignorei enquanto saboreava a comida. E confesso que é melhor do que a cantina quando fazia as refeições, só que esse café precisava de mais açúcar. Com isso em mente voltei a direção e furtei uns sacos para adoçar a bebida. O dono nem percebeu.

Já o de olhos azuis estava na frente tagarelando para o nada. Deveria estar falando sobre eu criar um tumblr e postar minhas fotos com os cortes ou dando um sermão maior que o de um pastor. Consegui o alcançar rapidamente quando o primeiro sinal tocou.

– Olá Angel. – cumprimentou uma garota o beijando com o batom vermelho.

Só faltei gargalhar por conta da marca que ficou em seu rosto.

– O que foi? – questionou ao ver minha expressão.

– Sua bochecha está suja. – expliquei.

– Onde? – preocupado.

– Aqui. – apontei.

– Limpa para mim. – desesperado.

E tocá-lo? Nunca.

– Eu não. – devolvi.

Ele então foi em direção a primeira menina e a garota o obedeceu e piscou em resposta. Sai correndo por não gostar de ser vista e fui para o meu lugar sagrado. Era tão bom ficar sozinha depois de tanto tempo. E é claro que escreveram na cadeira a palavra suicida e grudaram um chiclete nele, que eu tive de tirar.

Hoje a educação física seria aqui.

Folheei e suspirei quando o galã chegou com borrado de batom nos lábios. Provavelmente conseguiu fisgar a guria que o ajudou. E não consigo entender como elas se sujeitam a isso, ficar correndo atrás de um cara que é mais galinha que o Sudão das arábias.

Henry pegou o espelho que estava em sua mochila e passou as mãos onde estava manchado. E observando seu ato constatei que parecia mais mulher que as patricinhas da escola.

– Amélia, ainda está sujo, pode deixar limpo para mim? Preferível que seja me beijando. – questionou ao fazer bico em minha direção.

– Se quer receber outro tapa é só continuar com essas brincadeiras. – sussurrei de forma mortal.

Ele nada mais falou e o professor chegou. Jogamos xadrez, para a minha sorte, pois não poderiam me machucar. Mordi o lápis, anotei várias coisas, quase dormi, segurei minha face de várias maneiras antes de sermos liberados. Caminhei rapidamente para que não desse tempo do meu guarda costas me chamar e sentei no banco da parada.

Consegui entrar no ônibus sem ser interrompida. Teria sossego a partir de agora e me senti aliviada por isso. Passei na minha casa apenas para colocar o uniforme e ir para a loja. A minha chefe me deu instruções de como fazer o gorro e eu iniciei o crochê, só parando para comer e trabalhar.

– Está ficando bom. – falou com doçura.

– Mas só fiz duas voltas. – respondi.

– E é assim que vemos se saíra alguma coisa. – rebateu em divertimento.

Dona Diná deveria ser daquelas adolescentes alegres e que arrebatavam o coração de todos os garotos da cidade. E possivelmente não deveria nem ligar para o que os outros falavam, diferente de mim. O turno logo acabou e fui para a residência.

E a surpresa me arrebatou ao perceber que Henry Nagel estava sentado no jardim, e penso que há tempo, pois sua expressão era tediosa.

– O que está fazendo aqui? – gritei com raiva.

– Vim cuidar para que não tente fazer outra besteira. – explicou ao se levantar e sorrir para mim.

– Não preciso de babá, sei me virar sozinha. – esbravejei ao fazer um biquinho.

Será que não poderei mais ter paz?

– Nem assim me convence, vamos que eu ficarei a noite toda contigo. – declarou.

Pegou no meu braço e me puxou, abrindo a porta ao colocar a chave na fechadura. Soltei-me depois disso e ele foi em direção ao sofá da sala, deitando-se nele de maneira folgada.

– Vou treinar, espere-me ai. – falei apenas.

Fui ao quarto colocar a roupa de ginástica e desabafei com o Sinistro sobre o garoto. Quando me virei para ir à academia o castanho estava me analisando de maneira maliciosa. Fiquei rubra instantaneamente.

– Há quanto tempo está aqui? Eu disse para ficar na sala. – estava nervosa.

– Cheguei agora. – respondeu com tranquilidade.

Estava tão natural sua expressão que tive a certeza de que era experiente. E isso em nada me acalmava, pelo contrário. Ficar no quarto com ele, sozinha, deixou-me com vontade de morrer.

– Sai! – berrei.

– Esse lugar é onde você dorme? – questionou sem ligar para o meu mandato.

– Faça o favor de sumir. – continuei.

– Gostei daqui. – opinou ao se sentar na cama.

Isso é constrangedor. Justo o primeiro garoto que vê meu quarto é um cara galinha, que não respeita ninguém e não me leva a sério.

– Vaza Henry. – estava perdendo a paciência.

– Está com medo de encostar em mim é? Eu não mordo. – sussurrou de maneira rouca ao se aproximar.

Fiquei aterrorizada por conta de sua altura, que era uns 15 centímetros a mais que eu. Ao chegar mais perto tocou minha face e me olhou de maneira intensa, o que deixou-me com a sensação de estar aquecida e segura.

– Não sabia que era tão gostosa assim, Ortiz. – quebrou o clima e mordeu os lábios.

Clima? Não, nunca teve nada disso antes.

– Já eu não, sempre soube que era cafajeste. – revidei sem humor e sai com ele em meu encalço.

Antes de eu ir em direção ao cômodo para realizar os exercícios, o garoto deu um tapa em minha bunda e sorriu de maneira presunçosa. Piscou e correu para a sala de forma infantil. Segurei-me para não destroça-lo e fui fazer minha atividade rotineira.

Depois disso tomei um banho rapidamente e me troquei mais ágil ainda. Não queria que ele me flagrasse semi nua ou pelada. Cheguei na sala e ele foi levantar para encostar em mim, mas antes disso dei um tapa em sua mão com força.

– Tem que parar de ser tão antissocial, Amélia! – exclamou irritado.

– E você de ser tão canalha. – revidei.

– Se eu fosse galinha mesmo faria isso. – disse em um tom baixo.

Nem deu tempo de reclamar, pois quando notei estava em cima de mim no sofá e me prendendo pelos pulsos. Estava em posição de engatinho e me mirava com luxuria, como se eu fosse uma presa. Das acanhadas por sinal. E então beijou minha bochecha e fez uma trilha com seu nariz até meu pescoço, aspirando meu perfume de forma devagar.

Assustei-me por soltar um gemido e me levantei de súbito. Abaixei minha cabeça e corei por isso, não querendo olhá-lo. Ele simplesmente riu fraco e me pegou pelo braço, puxando-me para si.

– Obrigado por mostrar alguma reação, Amy. – sussurrou, com seu costumeiro tom rouco.

Não respondi, até porque nada saia de minhas cordas vocais. Meu rosto quente e o coração acelerado por experimentar algo novo me fez ansiar por um buraco para me esconder.

– Nunca mais faça isso! – exclamei e o empurrei.

Peguei minha janta e dei uma parte para ele. Corri até meu quarto após isso e me tranquei lá. Não chorei, nem esperneei. Apenas abracei o ursinho de pelúcia enquanto fazia algumas atividades que faltavam e comia a torta salgada. Coloquei meu pijama por conta do sono já ter me invadido. Uma batida na porta foi ouvida e uns passos rápidos pelo corredor.

– Por favor, me desculpa, não se mate Amélia. – estava desesperado.

A pressa de chutá-lo para fora me fez obedecê-lo enquanto esfregava os olhos por causa do cansaço. Ele em resposta fez um biquinho, porém apenas o puxei para dentro.

– Que fofa você fica desse jeito. – confessou.

– Escute aqui, eu não sou suicida. – rosnei.

– Então por que queria pular daquele prédio? – perguntou.

– Apenas fui lanchar lá. – menti um pouco.

– E qual o motivo de ficar tão perto da grade? – curioso.

– Não te interessa, agora faça o favor de ir embora que já são 22h10. – declarei ao olhar para o relógio.

Ele fez um meneio de cabeça e semicerrou os olhos, mirando-me de forma desafiadora.

– Sei que a maioria dos seus machucados não são causados por você. E eu irei descobrir quem fez isso contigo, pode apostar. – avisou e foi embora.

Só ouvi a entrada ser fechada, um baque tão forte que chegou a tremer um pouco a residência. Aproveitei para sair do cômodo e trancar a porta, fazer um sanduíche para o outro dia e ir rapidamente me deitar enquanto apertava o Sinistro. A dor não me abandonava nem em uma segunda e sabia que amanhã teria muitos compromissos. Como frequentar a psicóloga.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?

Gente do céu, eu morri na hora que ele a empurrou no sofá. UAHUAHA

Queria muito a opinião, por favor, mandem-me reviews. Recomendação também será muito bem-vindo, ficarei super feliz.

A imagem não é minha e desculpa algum erro de português.

Beijos e obrigada.