Pare! Não se aproxime escrita por Apiolho


Capítulo 7
7 - Passando a tarde com o galã de quinta categoria


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde lindos!

Queria agradecer a Paradise, Le, Senhorita Foxface, Sparkly Dark Angel, Giovana e Ney Gremory. Fiquei muito feliz com o comentário e suas opiniões, muito mesmo. *-*

Espero que gostem, fiz para vocês!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479958/chapter/7

Capítulo sete

Passando a tarde com o galã de quinta categoria

“Enquanto não atravessamos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver em dois, antes, é necessário ser um”

(Fernando Pessoa)

Enquanto me arrumava o telefone tocava, mas nem me dei o trabalho de atender e fui para a loja de discos. Eram 13h10 e Dona Dina estava no balcão me esperando.

– Cheguei. – iniciei, mas minha expressão não era conveniente com o que foi dito, já que sorrir era o que menos fazia.

– Boa tarde querida. – cumprimentou-me com doçura.

Comecei a colocar a jaqueta que eu tinha esquecido no local ao sair ontem, mas minha chefe parou meu ato e me olhou com pena. Parecia preocupada com o que viu.

– Elas voltaram a te machucar de novo? Não tinham feito uma trégua? – parecia braba.

Abaixei a cabeça, querendo ficar em minha casa desabafando com o Sinistro.

– Prefiro não falar disso. – revidei.

– Não é saudável se guardar tanto. – argumentou.

É o que sempre dizem, entretanto não conseguiria convencê-la a mudar de assunto.

– Sim, uma delas disse que eu tinha me insinuado para o Henry. E o resto você sabe, bateram-me. – confessei ao me render.

Ela então ficou me mirando de forma pensativa.

– Sua mãe sabe? – questionou de repente.

– Não, e se falasse seria o mesmo que nada. – declarei.

Sua reação foi um tentativa de me abraçar, como se eu fosse um animal indefeso e ainda arisco.

– E quanto a festa de aniversário? Vai comparecer nela? – curiosa.

– Não. – respondi simplesmente, mesmo ainda estando em dúvida.

– Nem um presente vai dar? – perguntou.

Como fui me esquecer disso?

– Será que devo entregar algo a ele? – comentei.

– Claro, se não vai pelo menos o presenteie. – rebateu.

– Mas o quê? Mal tenho como comprar algo para mim, imagine para outra pessoa. – expliquei.

– Que tal uma vestimenta costurada? Nada melhor que um feito à mão. – propôs.

Talvez na época dela sim, mas agora preferem ganhar um notebook, celular, tablet e entre outros. Entretanto para a minha condição a sua opção era o mais vantajosa.

– Um suéter? – questionei.

– Isso é o que uma vó daria para um neto. – contrariou-me.

Muitas vezes achava que ela era mais moderna que eu, apesar de sua idade.

– Uma luva? – continuei.

– Não, é muito difícil para fazer os detalhes da mão.

O que farei então?

– Um gorro? – opinei.

– Perfeito. – concluiu.

Agora só falta decidir o estilo.

– Vou pegar linha preta então. – falei com animação.

– Essa cor é muito mórbida, acho mais propicio um cinza se for escuro. – reclamou.

– Não vou discutir com a senhora, então pode ser essa mesmo. – declarei.

Peguei o que precisava para fazê-lo e deixei onde sou recepcionista para não me esquecer. O expediente logo acabou e dona Diná me ensinou como fazê-lo e avisou para eu continuar o gorro na hora do almoço para que ela visse como estava ficando.

Cheguei a minha residência e ao colocar a chave e tirar o sapato o telefone se fez ouvir. E mesmo cansada tirei o aparelho do gancho.

– Alô.

– Amélia, ainda bem que atendeu. – Era o meu parceiro.

De trabalho, claro.

– Eu disse que eu só atenderia perto das sete! – exclamei com raiva.

– Desculpa. – disse.

– O que quer? Veio avisar que não irá vir amanhã? – questionei.

Rezei para que ele confirmasse.

– Não, apenas quis saber por que saiu praticamente correndo da aula de educação física. Estais bem?

Acho que o Henry está me tirando. Só pode.

– Não interessa a ninguém o que eu faço, muito menos você. Aliás, como sabe do meu endereço? – estava bem curiosa sobre isso.

– Importa sim, pensei que tivesse se matado. – rebateu, esquecendo da pergunta.

– Não, e pare de mudar de assunto. Como conseguiu o meu endereço? – irada.

Odeio quando ficam insinuando que eu tenho pensamentos suicidas.

– Eu liguei ontem pela manhã, sua mãe atendeu e me passou. – explicou.

– Pelo menos me será poupado o trabalho de ter que repetir onde moro. – desliguei após isso.

Despedidas me deixavam enojada e ao mesmo tempo nunca sabia o que dizer. E o pior, a mulher que visita a casa as vezes – já que mais fica fora do que dentro – deve estar pensando que estou namorando ele.

Sábado.

Um dia que geralmente é ótimo para mim, mas se tornaria um dos piores por conta do Nagel. Eu deveria ter teimado para fazer na biblioteca e não precisar cozinhar algo para ele.

Sim! Estou preparando uma torta de morango.

Enquanto estava no forno comecei fiquei procurando mais informações para colocar na atividade.

Anotação – selva escolar: para se dar bem é necessário escrever além do necessário. Entretanto pergunto primeiro, pois tem alguns professores que só aceitam responder o que pediram, e se fizer a mais tiram pontos.

Parei e fui me trocar, um vestido preto com capuz e estampa de urso panda no centro e meia três quartos de renda branca na ponta branca decorava meu corpo. Fiz um começo de trança no cabelo e o resto ficou um rabo de cavalo baixo. Peguei a comida e coloquei no balcão para esfriar.

A campainha tocou me assustando. Levantei-me sem vontade e abri a porta lentamente. Henry estava com uma camisa gola bolo xadrez em tons de azul e branca e uma calça jeans. Passou as mãos pelo cabelo, desarrumando-o e por fim sorrindo torto para mim.

Sempre faz isso, como se conquistasse alguém só com esse gesto.

– Boa tarde. – cumprimentou-me, a voz rouca.

– Pode entrar. – respondi com rudez.

Se tivéssemos tendo um relacionamento, não sei quem seria o homem.

Quando parou na sala ficou olhando ao redor e percebi que estava com um sacola em mãos. Sentei novamente na mesa, ficando nervosa por nunca ter recebido um colega, muito menos um garoto. Rapidamente fiquei corada.

– Eu trouxe um liv-... – disse ao parar em um local que dava acesso a sala.

Interrompi-me por ver o castanho colocando um CD no DVD e acomodar-se no sofá enquanto manuseava o controle. E considerei isso uma afronta e falta de educação, o que me deixou incomodada.

– Vem ver a minissérie do “o tempo e o vento”. – gritou com animação.

Tem um filme? Disso eu não sabia, e tinha certeza que era por não ver muita TV e não ter computador.

– Como conseguiu isso? – questionei, sem dar um passo.

– Minha mãe gravou quando passaram para ver depois. – explicou.

– Mas eu prefiro ler o livro. – contrariei.

– Preciso de você aqui para opinar se está fiel ao que o autor escreveu ou não. – argumentou e bateu no assento ao lado.

Tenho de concordar com ele.

– Está bem. – sentei longe dele.

– Não precisa ter medo, pode se aproximar. – declarou ao ver meu ato.

Acha que eu sou quem? Uma fã?

– Vamos assistir juntos apenas, e ficarmos colados é desnecessário. – rebati com raiva.

Então me mirou com uma expressão maliciosa e colocou a cabeça no meu colo, apertando o botão de play para que eu não tivesse tempo de brigar por esse ato. Seus pés, que continham apenas as meias neles, estavam no escoro do sofá.

Henry pegou minhas mãos rapidamente o colocou em seu cabelo, pedindo para que mexesse nele. Fechou os olhos azuis de repente, tirando-me a visão deles. Fiquei tão nervosa por tê-lo tão perto de mim e por me flagrar o observando minuciosamente que me alterei.

– Não é para dormir! – berrei.

Ele então despertou pelo susto e caiu, o baque foi tão grande que gritou de dor. De imediato fui em sua direção e o ajudei, colocando-o novamente no lugar e pausei a minissérie, que já estava no final da abertura.

– Agora você fica perto de mim não? – declarou.

Fez de propósito? Levantei-me por estar chateada e ia novamente para a cozinha terminar o trabalho, entretanto me parou ao me puxar pelo pulso e me posicionou em seu colo, de costas para ele. Suas mãos apertaram minha cintura.

Fiquei tão vermelha e envergonhada que lágrimas se acumularam nos meus olhos. Justo eu que me esforcei tanto para não ter nenhum tipo de contato me encontro nesta posição tão intima com um garoto.

– Prefere ficar aqui ou do meu lado? Temos que ver o filme ainda, Amélia. – sussurrou, virando-me, entretanto não o enlacei com as pernas.

Estou tão cheia dessa falta de respeito.

Como estava perto dele foi mais fácil. Dei um tapa em seu rosto, mais forte que o outro, porém não me soltou. Apenas fez uma cara de dor e empurrou a cabeça para trás.

– Por que fez isso? – indignado.

– Não sou que nem as suas vadias que ficam implorando para que sejam beijadas e nem quero também que me toque, na verdade tenho repulsa e nojo disso. E ainda avisei que eu te bateria novamente se encostasse em mim sem a minha permissão. – desabafei e consegui me soltar.

Fiquei no assento mais próximo do castanho e coloquei para rodar a filmagem. Ele nada falou enquanto as cenas se passavam, parecia concentrado e até um pouco chateado. Também estava emburrada, tanto que meu beiço ficou em formato de biquinho.

– Que fofa. – declarou de repente.

Perderei minha paciência daqui a pouco.

– Olha para a frente. – devolvi.

Assisti o resto sem que ele atrapalhasse. Fui para a cozinha preparar a mesa nos créditos. Tinha sido boa a minissérie e o galã de quinta categoria veio com o papel da atividade, colocando-o no canto.

– Onde está sua mãe? – questionou ao se sentar e pegar um pedaço do bolo.

– Saiu. – respondi simplesmente.

Peguei o cappuccino feito com o liquidificador e o servi, tentando não tremer. Ele apenas sorriu para me incentivar, mas minha única reação foi mexer um pouco a garrafa.

– Sinceramente, é a melhor torta de morango que eu provei na vida. – confessou enquanto lambia o glace que tinha ficado na bochecha.

Abaixei minha cabeça e de novo me senti uma garota boba que cora por tudo.

– Outra pessoa que fez. – menti.

Nagel então me avaliou e bebericou o resto que continha na xícara.

– Então por que ficou constrangida? – perguntou e tentou tocar o meu queixo, entretanto não permiti.

– Está bem, fui eu. – confessei finalmente.

Negar não adiantaria mais, até porque não gosto de fazer muito barraco.

– Doeu falar a verdade? – em um tom divertido.

– Não, mas, por favor, não conte para ninguém. – pedi.

As três iam pensar que estava dando em cima dele novamente se soubesse dessa informação, enquanto o único motivo para ter produzido o bolo era por não saber como me portar ao receber a primeira visita.

– Será nosso segredo. – respondeu.

A chuva iniciou lá fora com força.

– Vamos começar o trabalho? – convidou.

– Sim. – aceitei.

A primeira questão era: “qual a parte mais te chamou atenção?” E sua resposta foi “quando o Pedro e a Ana transaram”.

– Vai colocar mesmo isso? – duvidei.

– Por que não? – devolveu.

– Coloque pelo menos “fazer amor” ao invés de “transaram”. – opinei.

Constrangeria a professora com sua escrita se permanecesse com aquela palavra.

– Você nunca fez amor Amélia? – isso foi de repente.

Nem sei quantas vezes fiquei envergonhada, e só neste dia.

– Não acha que está abusando demais? – esbravejei em nervosismo.

Ele simplesmente me lançou um sorriso malicioso.

– Não acredito que ainda é virgem! – exclamou.

– Pare de gritar, alguém pode ouvir. E trate de terminar esse trabalho logo. – rebati enquanto me encolhia.

Caramba! Como consegue ser tão escandaloso?

– Tem algum trecho para eu complementar?

Então comecei a citar ao achar e ele ficava rindo do meu jeito, e ao falar a palavra “cobra” gargalhou mais alto. Pelo menos escrevia enquanto isso. Quando deu umas seis e meia conseguiu terminar, antes de mim ainda. Já que me interrompia direto para que eu o ajudasse.

Amy, até o próximo encontro. - disse ao parar na porta.

Amy? Tão inédito e esperado, mas fiquei desapontada por ser justo ele a me dar esse apelido.

– Isso não é um encontro! – completamente irritada.

– É sim. – contrariou.

– Eu nunca iria sair com alguém como você. – revidei.

Só faltava bater o pé.

Ao virar a maçaneta uma enxurrada o acertou, pois estava chuviscando muito. Mirou-me e fez uma carinha de cachorro pidão.

– Por favor, não. – sabendo que queria ficar aqui.

– Eu pegarei gripe. – devolveu em desespero.

Fui até meu quarto, deixando-o plantado, e peguei um guarda-chuva.

– Então pegue isto que não ficará molhado. – argumentei.

– Mas... – cortei-o.

– Adeus. – fechei a porta sem o ouvir e tranquei.

Escutei algumas batidas por um tempo, mas logo parou. Fiquei aliviada e pude finalizar a tarefa. Lavei o que tinha na louça e arrumei a mesa. Após me exercitar tomei um banho. Amaldiçoei-me por ficar pensando no que ocorreu anteriormente. Jantei tentando esquecer isso.

Peguei o sinistro, coloquei meu pijama surrado e fui até a sala para ver TV, o que não fazia há meses. Um canal policial passava sobre a morte de uma mulher que tinha desaparecido, roubos e tentativas de homicídio. Isso deixou-me mais revoltada e fui obrigada a ver outra coisa, terminando por assistir um desenho.

Dia legal não?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?

A imagem não é minha e desculpe se tiver algum erro de português.

Mandem-me reviews? Por favor, por favor, adoro quando comentam. Recomendação também será muito bem-vinda.

Beijos e obrigada.