Você Ainda Não Tem 15 escrita por Sunshine


Capítulo 8
9 de Março


Notas iniciais do capítulo

Só consegui postar hoje, mas está aí. É recomendado que leiam ouvindo Somebody That I Used To Know, de Gotye e Kimbra



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Ninguém merece aguentar André depois de uma prova que ele não tirou nota baixa. Ele simplesmente fica imaginando ser a pessoa mais inteligente do mundo e acreditando que o coordenador iria deixá-lo parar de receber aulas, mas não era assim tão fácil, ele estava exigindo notas excelentes e não medianas. Tenho que admitir que mesmo agora pretendendo ajudá-lo por conta dos meus amigos, fiquei meio decepcionada com isso, queria muito me ver livre desse garoto.

Eu tentava não ser tão grossa, mas era praticamente impossível, ele era um mestre na arte de me irritar. Se ele usasse metade do esforço que usa para me irritar em seus estudos, tiraria dez em todas as matérias de todas as unidades. Já estava quase me arrependendo de ter decidido ajudá-lo. Ok, Josh era meu amigo e André era praticamente a única família que lhe restava, mas eu já estava cansada desse menino.

As minhas tentativas de aproximação eram péssimas, admito, e acho que o garoto estava estranhando minha atitude legal com o próprio. Eu estava estranhando minha atitude legal. Se não fosse pelo Josh...

Já era quinta e esperava que novamente eu teria que ter a mesma rotina: afastá-lo da garota do dia, ser odiada por mais uma, aguentar mais provocações e tentativas falhas de aproximação vindas de mim. Como sempre eu estava errada.

Ao finalmente subir até o último lance de escada – praticamente morrendo e pingando de suor – e me aproximar devagar da biblioteca, acreditei estar vendo uma miragem devido a hiperventilação com as minhas ofegações. Tinha um mendigo na sentado na porta bebendo cachaça ou era impressão minha?

Nesse caso, foi quase isso, então eu poderia me dar algum crédito. Era apenas André mais bêbado que nunca, acabando com uma garrafa de Ice. Parei estática onde estava, minhas ameaças não funcionam mais? Em que mundo eu estou? Desisti de fingir que era minha maravilhosa imaginação e suspirei, ajeitando a alça da mochila em um ombro.

– Nossa, você se esforça para ser o mais estúpido do colégio. – caminhei até Montez, cruzando os braços e tentando não ficar irritada.

– Luninha! Venha aqui. – meus olhos se arregalaram quando ele puxou meu braço, fazendo-me cair em seu colo. Coisa que tratei logo de sair.

– Ficou louco?! – exclamei limpando as mãos que usei para me apoiar no chão na calça jeans.

Fechei minha mão em punho e me controlei, ele é primo de Josh, ele já foi legal, ainda tinha um pequeno feixe de esperança... O desgraçado ria de minha irritação, o que me dava vontade de bater na pessoa. O que eu faria com o bêbado?

Não podia levá-lo para a casa dele, nem para a minha... Poderia ser a casa do Josh! Não era ele que queria o primo bem de novo? Então ele que lide com esse ser insuportável. Levantei-me e entendi a mão.

– Vamos. Você não pode ficar dessa forma deplorável aqui. – eu poderia jurar que iria pular em sua jugular, pois ele começou a rir mais ainda.

– Olha para isso. Ficou apaixonada foi, Luninha? – Luninha. Rangi os dentes, e continuei estendendo a mão, mas sem conseguir continuar a ser educada.

– Anda logo, retardado. Você vai por conta própria ou eu vou ter que me arrastar?

– Nossa, que fogo. Já estou indo, amor. – era melhor eu ignorar esses comentários se quisesse chegar à casa de Josh naquele século.

Após muito trabalho, consegui levá-lo até o apartamento do adolescente, avisando antes de sair do colégio para meu amigo que estava levando André para lá. Quando finalmente consegui tocar na campainha, parecia que eu tinha corrido uma maratona de tão cansada que estava (porque só ficar perto do jovem de olhos azuis já me fazia ficar sem conseguir respirar direito, pelo seu cheiro de álcool – aparentemente mais tóxico que veneno). Já o jovem de cabelos negros abriu a porta sorrindo nervosamente, parecia que não falava com o bêbado há algum tempo. É nesses momentos que eu me sinto uma intrusa na relação familiar deles.

André cruzou os braços, olhando para mim.

– Pensei que você estava blefando quando me trouxe aqui. – ok, agora eu o deixei irritado.

– É sua família, vocês tem que se resolver. – dei de ombros, entrando. André também entrou, mas relutantemente.

– Cara, vai tomar um banho. Eu te empresto o que você precisar. Quando tiver sóbrio nós conversamos. – Josh apontou para o quarto balançando a cabeça negativamente, falando de forma cansada e de braços cruzados.

– Ok, mamãe. – fiz uma careta, a menção dessa forma ao nome “mãe” não parece fazer bem para nenhum dos dois.

Quando o garoto saiu, joguei-me no sofá suspirando e olhando para Josh enquanto franzia a testa. Ele estava de braços cruzados e se sentou ao meu lado no sofá.

– Você está bem? – perguntei.

– Estou. André é assim mesmo quando está irritado. – deu de ombros e depois de um tempo se levantou. – Vou fazer um café para meu primo. Você também quer?

Assenti e fui para cozinha com meu amigo, para ajudá-lo. Após acabarmos ainda deu tempo de sentar e conversar um pouco enquanto esperávamos a sereia sair da água.

***

– Ok, não dá para continuar assim. Eu entendo como é, mas André, você está acabando com as coisas boas da sua vida!

Isso não iria dar certo, seu olhar era de ceticismo sobre nós enquanto permanecia de braços cruzados após estar com certo nível de sobriedade.

– Josh, não é da sua conta o que eu faço ou deixo de fazer. Muito menos da conta de Luna. – ele me fuzilou com o olhar e eu revirei os olhos.

– Ei, ei, ei, jovem, calma aí. Eu estou disposta a te ajudar, o que é um milagre, e você nem diz um “obrigado”? – eu ri, já tinha desistido de André antes mesmo de começar. O Montez legal me reprimiu com os olhos.

– Mas mano, não pode nem tentar? Todo mundo está procurando entender o que aconteceu com o antigo André.

– E me diga um motivo para eu fazer isso. – bufei.

– Ah, sério? O que você acha de uma vida melhor, mais calma e com bons amigos? Não é um bom motivo?

– É... Não. – ele riu do meu estresse. Josh suspirou.

– Você poderia pelo menos experimentar voltar a ser o antigo André um pouco. Só para decidir se você quer mesmo jogar tudo o que tinha fora por pura infantilidade. – olhei para meu amigo de olhos arregalados. Realmente não esperava que ele fosse fazer isso. André rangeu os dentes e eu vi que uma briga iria começar então tentei me preparar.

– Está bem. – ele rolou os olhos. – Amanhã eu começo. Já que conseguiram o que queriam, vou embora.

Debrucei-me sobre a mesa ao ouvir a porta bater. Já estava cansada. Olhei para Josh e soprei o cabelo que estava no meu rosto.

– Seu primo cansa minha beleza. – ele riu, olhando-me de forma maliciosa.

– É, mas pelo jeito, você convive bastante com André para quem não gosta, baixinha.

– Está vendo coisas. E não acredito que até você está me chamando de baixinha agora!

***

Não me demorei muito por lá e fui para casa, ao abrir a porta já me deparei com minha mãe me esperando sentada no sofá e eu já soube que seria o início de uma conversa importante. Sentei na mesa de centro para ficar de frente para ela.

– Uh... Ok, o que aconteceu? – franzi a testa, ficando meio nervosa. Não era comum minha mãe agir assim, nem mesmo em suas crises de depressão. Ela respirou fundo antes de falar.

– Filha, nós temos que conversar. Seu pai veio falar comigo. – meu pai? Piorou a situação. – E... Bem, ele anda preocupado com você por conta das minhas crises. E ele quer sua guarda de volta.

Meu queixo caiu, não dava para acreditar. Como assim? De onde ele tirou essa ideia estúpida? Eu estava indo muito bem com minha mãe e ela tinha voltado a tomar os remédios. Só teve... A noite da crise dela. Ah, não.

Sem me importar se minha mãe iria entender muita coisa, suspirei, colocando a cabeça escondida em minhas mãos. Só por conta de um dia ele já faz esse exagero todo. Isso não fazia sentido. Agora eu teria que arranjar uma forma de ajudar minha mãe nisso.

– Mãe, vai dar tudo certo, ok? – voltei a olhá-la – Geralmente não tiram filhos de uma mãe.

Eu sorri de lado enquanto ela franzia a testa e colocava uma mecha de cabelo minha atrás da orelha.

– Ele vem para aqui. Vai passar um mês para ver se eu tenho “condições de cuidar de você”. – ela fez aspas com as mãos e sorriu. – Acho que não vai ser tão difícil prová-lo a verdade.

Eu sorri novamente, desta vez com mais animação. Então, ao menos desta vez, seria mais fácil convencer meu pai a mudar de ideia.


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Notas finais do capítulo

Vocês acham que André foi sincero? E sobre o pai da Luns, o que acham dele até agora? Ela merece, não merece?
E o Josh? Como acham que ele está se sentindo com isso?
Vejo vocês nos comentários.



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