Isso era tudo efeito de eu não estar jogando, as coisas saindo do meu controle de uma forma que não tinha como reverter o que acontecia a seguir. Não tinha um save anterior onde eu pudesse voltar para não ter cometido esses erros que eu cometi agora... A vida real era tão mais complicada.

Mas enquanto eu não sabia o que fazer só conseguia pensar uma coisa... Fugir.

Andei sorrateiramente pra escola de óculos escuro e chapéu com tamanha cautela para que o Edward não me visse, se Lesley descobrisse o que tinha acontecido ela com certeza me odiaria, prefiro dar um jeito de cortar isso.

–O que está fazendo?—O sinal tinha tocado liberando pro recreio e achei melhor me esconder. Fiquei abaixada atrás das carteiras olhando para a porta, no susto me joguei pra trás em posição de luta contra o possível Edward falando comigo. Felizmente ou não era só o Erick.

–Ufa...—Suspirei voltando a olhar pra porta.—...Não quero encontrar uma pessoa.—Sussurrei acenando para ele se agauchar e sorrindo de lado fez isso.

–É, isso eu posso perceber, mas quem e por quê?—Engoli seco, eu poderia confiar nele? Se bem que eu o beijei, como diria que outro cara me beijou a não ser que isso não tenha nada haver ou sei la!

–A vida real é um saco, não tem saves que volta a gente pra antes de fazermos besteiras.—Deu uma risada se levantando.

–É por que vivemos no modo hard, precisa aprender os truques pra sair ilesa dia pós dia minha cara, anda levanta daí!—Franzi o cenho o mirando com indignação.

–Você joga!—Afirmei apontando pra ele que me fitou confuso.

–Eu sou o cara do computadores lembra!? Claro que jogo.—Me levantei zangada.

–E como pode não entender minha abstinência? Deveria me ajudar ao invés de tomar os games de mim!—Acenou pra porta pra sairmos.

–Você é um caso a parte, venha, eles vão trancar a sala!—Suspirei nervosa com aquele medo voltando novamente.

–Não posso e se ele estiver lá fora?—Erick arqueou uma das sobrancelhas curioso.

–Ele?—Pigarrei girando o rosto evitando contato visual.

–Como eu disse eu fiz uma besteira e não posso sair, peça que me tranquem aqui dentro.—Sorriu negando.

–Não pode, se você quiser ficar numa sala vem comigo pra de informática.—Ohh é uma ótima ideia.

Eu usei o Erick como escudo humano, andando atrás dele me escondendo do que poderiam ser o Edward, eu ainda não sei o que dizer, sei que preciso dar um jeito nessa situação, mas sinceramente nunca tinha passado por isso antes, não tenho ideia de como dar continuidade a isso.... Se eu tivesse um game agora isso seria facilmente consertado.

–Já sei!!—Sussurrei pro presidente que me fitou confuso.

–Sabe o que?—Engoli seco me aproximando olhei pros dois lados.

–Me empresta uma roupa sua!—Cochichei e Erick ficou mais espantando ainda.

–O que?!—A voz dele quase falhou.—Para que?

–Pra eu voltar ao que era antes, assim ele não vai querer nada comigo!—Girou os olhos sentando na cadeira.

–Diz logo o que está acontecendo se não eu não vou entender!—Engoli seco respirando fundo e me aproximando dele.

–O cara que a Lesley gosta me beijou... —Sussurrei com medo do que ele falaria, porém ele me fitou seco.

–Quer parar de sussurrar, só estamos nós dois aqui e se o problema é esse seja clara com ele e diga que não quer nada!—Apertei os olhos.

–Não posso fazer isso!

–Por que não?

–Eu soquei ele, que tipo de pessoa eu seria se logo após isso fosse cruel desse jeito, prefiro que ele me odeie assim evita de eu ser a vilã do momento.—Ele deu uma risada.

–É complicado quando não se um detonado pra te ajudar, não é?!—Sentei no chão segurando os joelhos o olhando suplicante, era exatamente isso que eu sentia, sem um detonado pra me ajudar!

–Eu estou perdida Erick! Parece que qualquer coisa que eu faça tem uma consequência estrondosa que faz tudo mudar! Se você ao menos me deixasse jogar na escola tudo seria tão mais simples.—Dei um tapa na perna dele o fazendo rir.

–Se te deixar jogar algum jogo você desisti desse que acontece em tempo real...—Ele ficou sério ajeitando os óculos.—... Ainda não consegue ver o tanto de coisas que perdeu enquanto estava enfiada no vicio?!—Mais uma vez o tom de como se eu tivesse algo errado.

–E o quanto eu ganhei?! Vivi muitas coisas também!—Empinei o nariz.

–Viveu nada, está aqui desesperada sem um pingo de experiência de vida com dificuldades em resolver um dos problemas mais simples que surge na vida de todo mundo!—Retrucou e eu fiquei mais zangada ainda me levantando frente a ele.

–Isso é mentira!—Me fitou com desdém e de repente acenou pra porta sorrindo.

–Bom dia Edward!—O que?! Agora? Aí meu santíssimo!!! Corri pra de trás da cadeira dele me escondendo torcendo pro cara não ter me reconhecido. Mas fui vitima de uma brincadeira de mal gosto do idiota dos computadores que caiu na gargalhada.

–Isso foi muito cruel e imaturo da sua parte!—Dei outra risada.

–Pf... Por favor, você está de joelhos atrás da minha cadeira com semblante de uma criança medrosa, você é a imatura aqui.—Suspirei pesado, que cara chato!

–Como você sabe que é o Edward?—Abaixou o rosto pensativo.

–Saiu um boato de que ele estava afim de você, então eu deduzi que em troca de jogar no smartphone dele você deu uns amassos nele.—Isso foi extremamente ofensivo, dei inúmeros cutucões fortes nele o suficiente pra fazê-lo se levantar, pois imaginei que doía.—Aí! O que está fazendo?

–Procurando a opção excluir personagem, quero você fora do meu jogo seu cretino!!—Ele deu um tapa na minha mão.

–Me corrija então se eu estiver errado!—Dei mais uns dez cutucões nele morrendo de raiva.—PARA isso doí!!

–Ótimo! É pra doer mesmo!! Eu pensei que apesar de ser chato fosse compreensivo, mas já veio com pedras pra me atirar! Fique sabendo que vou mandar a vovó cortar seu salário!—Eu ia saindo quando me impediu segurando meu braço e fechando a porta.

–E você não me beijou pra pegar um celular?!—Disse furioso e AHH eu não sei o que responder!! Tapei os ouvidos me afastando abruptamente dele.

–Não quero falar disso, não quero falar disso, não quero falar disso!—Revidei tão rápido que nem sei se ele entendeu, sentia minhas bochechas esquentarem e meu estomago dar um nó de tanta dor.

–O que....

–AHHHH—Gritei impedindo de ouvir o que tinha a dizer.

–Voc...

–AHHHH—Fiz de novo só que dessa vez ele veio pra cima de mim segurando minhas mãos.

–Para de fazer isso maluca, você tem quantos anos?! Dez?—Por favor, não pergunte sobre o beijo, por favor não pergunte sobre o beijo, por favor não pergunte sobre o beijo...Desejei fortemente fechando os olhos.—Ahh minha nossa agora eu entendi tudo....-Me soltou suspirando.

–Entendeu o que?—Perguntei assustada, ele leu minha mente? Ele sorriu.

–Sobre a parte em que disse estar perdida, você não sabe como reagir por que não passou por isso quando todo mundo deveria ter passado.—Eu não entendi nada.

–Não está falando do beijo, não é!? Olha foi algo impensado e você e a minha avó ficaram me torturando, eu fiz a primeira coisa que me veio a cabeça, não foi por maldade ou promiscuidade!—Girou os olhos com desdém.

–Não estava me referindo a só isso, vamos voltar ao problema central, por que você beijou o Edward?—Fiquei vermelha e mexi as mãos negando.

–Não, não, não! Eu não o beijei, ele me beijou do nada! O problema é que a Lesley gosta dele e eu não sei como encerrar essa historia!—Eu achei que riria, mas ficou sério e um tanto estranho depois que disse isso.

–Quem te disse que a sua amiga gosta dele?—Okay eu não esperava esse interesse dele.

–Érr... Ela!—Suspirou com um semblante que me pareceu zangado e mexeu a cabeça em sinal negativo, tirou os óculos coçando os olhos depois me fitou sorrindo.

–Quer que eu vá falar com ele junto com você?—Fiquei boquiaberta com um contentamento enorme. Segurei suas mãos acenando sim.

–Você me ajuda? Vai mesmo comigo e me ajuda a por um fim nisso tudo??—O questionei feliz e ele me sorriu concordando apertando minhas mãos.

–Eu acho que está na hora de você começar a enxergar o que não viu enquanto jogava.—Curvei a cabeça confusa.

–Como assim?—Sorriu sem graça.

–Vamos falar com o Edward.—Segurou minha mão e me puxou indo pra fora da sala.

Eu não estava entendendo nada, mas se ele estaria comigo na hora de falar, então eu acho que as coisas sairiam bem.

–Oi Edward, pode vir aqui um segundo?—Chamou ele na porta e eu respirei fundo, tenha coragem Olivia, qualquer coisa o presidente iria te ajudar.

–Diga Erick, do que precisa?—Edward sorriu pra mim assim que me viu.

–Eu nada, a Olivia quer trocar umas duas palavrinhas com você, mas ficou com vergonha de te chamar!—E o que!?!? Por que ele está saindo de perto de mim? Segurei ele pelo braço negando.

–Hey! Onde pensa que vai!? E o papo de me ajudar!?—Erick sorriu largo colocando a mão a milímetros do meu rosto.

–Nova quest aventureira Olivia: Aprenda a resolver seus problemas sozinha, valendo 10 XP!—Dei um tapa na mão dele cheia de raiva, ele usou gíria de jogo comigo!?!!? ARGH que ódio!!!

–O que foi isso?—Perguntou o garoto atrás de mim e eu o fitei nervosa, é falar ou correr.

–Edward p-p-p-podemos fingir que a-a-aquilo na quadra não aconteceu?—Sua expressão ficou confusa e eu olhei pra trás, Erick me ajuda!! Inútil ele já estava longe falando com outros alunos.

–Por quê?—Sorri sem graça me aproximando.

–Por que a minha melhor amiga gosta de você.—Cochichei pra ele que sei lá por que sorriu largo.

–Ta falando da Lesley?—Era minha única amiga, quem mais seria?

–É, olha eu não quero me encrencar com ela e...—Edward começou a rir me deixando boiando.—... Qual é a graça?

–Você usando sua amiga pra me dar o fora.—Neguei no mesmo instante.

–Não, não, é sério! A Lesley gosta de você!—Repliquei e agora me fez um semblante contrariado.

–A Lesley não gosta de mim, pelo menos não desse jeito que está falando Olivia!—O que?!

–Claro que gosta ela me disse... Que ver só! Lembra aquela vez na festa? Então ela só se aproximou da gente pra falar com você, só que você nem falou com ela?—Ele riu mais ainda de forma nervosa.

–Eu tentei puxar assunto com ela, mas como todo mundo está cansado de saber ela só tem olhos pra um cara na escola.—Claro que tinha e era ele, eu não estava entendendo aquela conversa.

–Obvio, você!—Ele me fitou perplexo.

–Isso é sério?! Não sou eu, alias como pode achar que sou eu? Ela sendo sua melhor amiga devia estar careta de saber que ela é afim do nosso senhor presidente.—Arregalei os olhos incrédula, o que ele disse?

–A Lesley gosta do Erick?

Quando ele confirmou minha pergunta eu precisei girar o rosto para ver o cara dos computadores, como assim? Por que ele nunca me contou nada do tipo? Por que ela nunca me disse nada se isso era verdade? Erick ao ver o observando acenou sorrindo carismático... Não pode ser... Não o chato do meu perseguidor particular.