The Way You Look Tonight escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 19
Le grand finale


Notas iniciais do capítulo

Monsieurs e mademoiselles, eu vos apresento o esperado dia dos namorados! ♥
Be my guest e enjoy sem moderação! ;)



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Três dias.

Três dias haviam se passado completos desde aquela singela demonstração de carinho na sala de TV. Na despedida, palavras morreram na garganta sem querer arruinar o momento, sentimento floresceu no peito querendo tomar cada espaço de seus corpos.

Três dias onde o destino parecera evitar que se esbarrassem e, quando acontecera, fora sempre de longe, olhadas muito discretas e sorrisos deveras sabidos.

Mais de setenta e duas horas decorridas entre o ósculo fraternal protetor na fronte pálida até o momento presente, o fatídico dia da apresentação.

Cada um dos detalhes fora acompanhado de perto, vistoriado por Atena e opinado por Poseidon durante todo o processo. Retoques finais aconteciam no salão principal, flores sendo entregues e posicionadas, luzes testadas, passagem de som. Mesas com toalhas impecavelmente limpas estendiam-se por toda a amplitude do local, a harmonia presente no ambiente daquele doze de junho parecia o prelúdio de boas novas e um fim digno a odisseia sentimental pela qual fora responsável.

Atena acordara cedo e controlava toda a simultaneidade de ações ocorrendo no salão principal. Seu rosto tinha uma nota de pânico, incerteza, como quem sente os ares da mudança e teme uma queda, mas Poseidon não percebeu. Via-a distante, do outro lado do espaço, próxima às colunas de entrada, enquanto que ele, em frente ao palco, revia os últimos ajustes combinados com Apolo.

—Está tudo certo, então?

—Acredito que sim, ensaiei o bastante para não desafinar, espero.

—Tenho certeza de que ficará ótimo. Vou procurar estar próximo do palco e subirei para tocar o piano assim que você anunciar a abertura, fechado?

—Okay. Agora preciso correr para conseguir me arrumar. Até mais.

—Até, tio...

O jovem deus notava uma energia diferente na dinâmica dos organizadores e só podia torcer que ao menos a alguns amores o impossível não fosse tão enfático assim.

—*_*_

Decoração? Okay.

Buffet? Em andamento na cozinha anexa.

Sonoplastia? Apolo.

Recepção? Uma Afrodite muito animada posicionou-se na porta como uma guardiã do amor que se preze e não parecia ter qualquer intenção de abandonar o posto.

A lista de tarefas na mente de Atena parecia completa. Estava devidamente trajada com um vestido branco perolado e os cabelos presos num coque muito elegante, pequenos cachos dourados soltando-se do arranjo e emoldurando seu rosto.

Olhara-se no espelho a poucos minutos e, mais do que a iluminação de velas ou o efeito da maquiagem cintilante, vira em si um brilho inédito de confiança, resolução e certeza. Sabia bem o próximo passo e vestia a coragem necessária para tal a cada passo vencido em direção ao backstage.

Ares carregava uma pesada caixa de som para auxiliar as Musas e, ao enxergar o caminhar de sua irmã, teve certeza do que se tratava, e sorriu.

Poseidon já estava devidamente vestido, a camisa de botões era de um azul cobalto bastante denso e a intensidade de seu pigmento destacava ainda mais o bronzeado em sua pele. Lindo, Atena permitiu-se pensar, só para depois rir de si mesma ao identificar nela própria o modelo tão clichê de garota apaixonada. Afrodite se orgulharia de mim, e seu revirar de olhos não era assim mais tão reprovador, não de verdade.

O deus dos mares terminava de ajeitar seus cabelos em frente ao espelho, o que aparentemente em seu vocabulário significava apenas desalinha-los ainda mais. Entretanto, foi só uma bela loira adentrar seu campo de visão para estancar seus movimentos. O sorrido tímido que ela exibia pintado daquele tom róseo quase o fez perder a cabeça e, a despeito de qualquer receio ou advertência presente em seu cérebro, estava prestes a fazer um comentário espirituoso ou qualquer gracinha que primeiro lhe chegasse à língua só para tentar desarmá-la de vez. Nem as Moiras sabem o que faria a seguir na tentativa de chegar a seu coração e findar com a angústia que sentia por vê-la tão perto e não a ter, mas nada disso foi preciso.

Não foi preciso, pois Atena aproximou-se dele meticulosa e precisa, como tudo que fazia. Já não tinha mais receios e foi natural como voltar para casa o momento em que pousou suas mãos na lateral do rosto de Poseidon, postou-se na ponta dos pés e tocou-lhe os lábios com os seus.

O beijo era o clímax do livro de suas vidas e dentro deles a emoção era como ondas rebentando na praia. Seus corpos se entendiam como se foram partes do mesmo ser, suas bocas, os maestros de uma sinfonia de amor que era sentida por inteiro.

Atena se entrega e é como finalmente respirar, tomando ciência de que até então não plenamente vivera. Já o moreno mal podia conter a agitação em si, como se cada partícula de seu ser houvesse sido idealizada para aquele encontro. Ao contrário da deusa casta, aquele contato não era novo para si e, ainda assim, soava inédito. Conhecer Atena era como descobrir-se e beijá-la parecia um êxtase, uma emoção que os envolvia por completo de forma quase religiosa, como se houvessem passado a vida toda esperando por isso, sem nem saber.

Quando o beijo termina, seus narizes ainda se tocam, seus suspiros são risonhos e seus corações batem no mesmo compasso.

—Boa sorte – Atena diz, simplesmente, com a mesma voz de quem lhe promete um futuro.

Afasta-se com sorriso de malandra e uma piscadela. Como a boa estrategista que é, sabe que mudou o jogo. Colheria os louros depois, talvez em juras românticas, quem sabe em mais daqueles lábios mornos. Estava realmente gostando das suas opções.

Poseidon permanece estático por mais alguns segundos, a boca formigando e o sentimento irreal de uma miragem. Mas sabe, nem seus sonhos mais otimistas seriam capazes de reproduzir tamanho enlevo. Aquela mulher possuía mesmo um talento natural para tirá-lo do eixo e, de repente, perder o rumo parecia a melhor coisa que poderia ter lhe acontecido.

Adentra o palco exalando energia e um sorriso contagiante, trejeitos de quem participa de um cortejo de vitória. Observa sua família inteira ali: Zeus brindando discretamente com sua esposa Hera; Hermes, Dionísio, Ariadne, Hefesto e Héstia conversando animadamente; até mesmo Ártemis, isolada ao lado de uma das colunas, longe de seu irmão, não aparenta estar tão desgostosa com tudo assim, só um pouco confusa; e Atena, claro, sentada com postura impecável e um curvar de lábios muito contido, sem que ninguém ao seu redor fosse capaz de imaginar a cumplicidade que partilhavam ali.

—Senhoras e senhores, é com muito prazer que declaro oficialmente aberto o evento de comemoração ao dia dos namorados. Eu sei, eu sei, também estou impressionado que nada no local tenha pegado fogo, mas não vamos comemorar antes do tempo, não é mesmo? – Risos no salão – Programei para que minha apresentação musical fosse logo no início, pois não quero estragar a noite de vocês com meus dons artísticos questionáveis. Então, só proponho um brinde ao amor. Exatamente do jeito que ele está esta noite...

Apolo esfrega as mãos umas nas outras, subindo ao palco com um vislumbre muito bem-vindo do garoto animado que já foi um dia. Seu leve arquear de sobrancelhas em direção ao homem posicionado no centro do palco era um indicador de que suspeitava de uma provável mudança de status de relacionamento em breve, mas efetivamente não disse nada. Tocou as primeiras notas do piano pensando que saborear de um “felizes para sempre” alheio já era o suficiente por hora.

Call me irresponsible

Call me unreliable

Throw in undependable, too

             Atena gargalhou deliciosamente ao identificar de qual música se tratava e do quanto realmente ela se adequava de maneira perfeita aos dois. Pérsefone, bastante discreta, apenas assentiu enquanto aconchegava-se melhor nos braços de seu marido.

Do my foolish alibis bore you?

Well, I'm not too clever, I

I just adore you

 —Você é impossível, titio!Afrodite exclamou entre um verso e outro, alegre demais para conter-se, trocando um olhar muito significativo com Ares. Sua esperança inicial concretizando-se tão lindamente, bem a sua frente.

So, call me unpredictable

Tell me I'm impractical

Rainbows, I'm inclined to pursue

 Poseidon segue cantando e, há cada estrofe, há mais e mais verdade em suas palavras. Qualquer um dos presentes pode notar, mas ele não liga, pois aquele instante é só seu e dela.

Call me irresponsible

Yes, I'm unreliable

But it's undeniably true

That I'm irresponsibly mad for you

   Irresponsável, não confiável e nem esperto, um tantinho imprevisível e bastante irritante, mas Atena movimenta a boca formando as palavras "eu te amo" e tudo, tudo vale a pena.


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Notas finais do capítulo

Bem, meus queridos, é com um enorme aperto no coração que vos comunico que o próximo capítulo é o último. Tem sido uma aventura maravilhosa escrever essa história e espero ser capaz de finaliza-la da forma especial que vocês merecem.
Mil beijos, nos vemos em breve. ♥



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