The Way You Look Tonight escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 16
Céu nublado


Notas iniciais do capítulo

Bonjour, amores! ♥



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Poseidon dispara correndo a sua procura, tentando a todo custo convencê-la da inverdade daquelas palavras. Corre o mais rápido que pode, mas é como se estivesse anestesiado, com o corpo prestes a desmaiar. Quando finalmente alcança a entrada de seu quarto, pega-se desesperado a bater na porta.

— Atena, eu sei o quão clichê e ridículo é eu vir aqui dizer que não é nada do que você está pensando, mas é verdade! Ares estava me provocando, não é real, por favor, acredite em mim...

— Você vem me falar em acreditar?! Eu te dei um voto de confiança no início da semana, Poseidon, contrariando todas as expectativas. E para quê? Aparentemente para ser apunhalada pelas costas!

— Eu jamais –

— Vá para o Tártaro! Não vou escutar nem mais uma palavra vinda de você. Pra mim já chega!

O deus dos mares prossegue inutilmente esmurrando a madeira acima da fechadura, sem que a mesma, contudo, se abra.

— Ela não vai te ouvir agora. É melhor esfriar a cabeça e depois ver como resolver... – Ares aproxima-se vagarosamente, com a intenção de apaziguar os ânimos, mas recebe o efeito contrário em resposta. Poseidon fala alto, dando ênfase nas palavras, quase gritando, sua desestabilidade transparente em tudo, tal qual as águas de seus domínios.

— Você não tá entendendo, isso não é qualquer coisinha à toa! Ela importa pra mim! Eu estava desconfortável desde o início e quando você começou essa porra toda eu disse que não era nada daquilo, mas você não podia entender a hora de parar, não é mesmo?

— E como eu iria saber?! Vocês passaram séculos se odiando! Não venha querer jogar milênios de sentimentos reprimidos e assuntos não resolvidos encima de mim!

— Atena... – ignorando seu sobrinho, bate na porta mais uma vez, desesperado, perdendo as forças.

— Olha, desculpa se você acha que isso é culpa minha, mas ficar berrando não vai adiantar. Você sabe como Atena é, ela não vai te ver hoje. Não antes de ficar sozinha e repensar cada uma das suas ações e as dela também. – O deus da guerra reconhece uma batalha perdida quando vê uma. É hora de retirar as tropas e reorganizar-se – Sabendo disso, você pode aproveitar esse tempo para colocar as ideias no lugar ou pode continuar agindo como uma criança perdida, a escolha é sua. Como sei que é inútil e não quero ficar assistindo essa sua degradação, eu vou embora. E você devia fazer o mesmo, tio.

Ares realmente se vai e, embora saiba de sua razão, Poseidon fica ali mesmo, encostado na parede de fora do quarto. Subitamente sem rumo, sente-se uma bússola sem direção.

—*-*-

— Ares! – Ártemis se aproxima correndo – Ainda bem que encontrei alguém. Você tá sabendo de alguma coisa que aconteceu?

— Por quê? – Pergunta, franzindo o cenho. Meio dia já se passara desde a confusão noturna, sem sinal algum dos envolvidos, e o guerreiro de olhos castanhos começava a estranhar a quantidade de problemas em tão pouco tempo.

— Eu estava indo ter uma reunião com Zeus quando me deparei com Poseidon, semiadormecido à porta do quarto de Atena. Tentei falar com ele, mas não entendi nenhuma palavra, só sei que ele está terrivelmente transtornado.

— Puta que pariu, ele ainda está lá?!

— Como assim “ainda”?

— Esquece, só vem comigo.

Os irmãos dirigem-se apressados para a ala dos aposentos olimpianos e, mesmo de longe, é possível notar a figura mal acomodada aos pés do batente, roupa amarrotada e cabelos uma completa confusão.

— Ártemis, leve Poseidon para seu templo, faça-o comer alguma coisa e descansar, ele precisa dormir.

— Eu não vou sair daqui e –

— Chega dessa palhaçada! Olha pro seu estado! Você acha que isso vá fazer com que ela te ouça? – Abaixa um pouco o tom de voz e fala com menos braveza – Vá com Ártemis. Deixa que eu falo com Atena. Eu vou esclarecer tudo, prometo.

Poseidon começa a se levantar, cedendo, embora a caçadora imortal fosse incapaz de recordar-se uma única vez quando o tivesse visto naquele estado. Antes de ir embora, pés atrapalhando-se e mal podendo equilibrar-se, lança uma última pergunta:

— O que te faz pensar que você vai conseguir? Atena também não vai querer te ver...

— Sorte a sua que sou péssimo em fazer as coisas do jeito que ela quer.

—*-*-

— Ateninha... – Não se preocupa em chamar-lhe a atenção pois tem certeza que ela o está ouvindo – Quero falar com você, vamos.

— Me deixe em paz, Ares! Vá embora!

— Eu vou tentar abrir mais uma vez. Se essa porta ainda estiver trancada eu vou derrubá-la.

— Humpft! Você não ousaria...

Claro que tinha que ser do jeito mais difícil..., murmura de forma praticamente inaudível, estralando os dedos. Uma única pancada violenta, capaz de afundar madeira e estremecer até as dobradiças, e entende-se o porquê àquele homem foi atribuído o posto de divindade guerreira. Mais dois ou três socos e a porta seria apenas um amontoado de entulho no chão.

Rendendo-se, apesar de puro ultraje desenhar-lhe os contornos da face, Atena abre e permite a passagem.

— Bom dia, raio de Sol.

— Ótimo, maravilha, já vi sua maldita cara, agora vaza.

— Caramba, tô ficando de saco cheio já. Chega de bancar a durona. Eu sei que você só tá assim porque o que você ouviu ontem te machucou, tá? Eu sei. – Atena afasta-se, comedida, se sentando na beirada da cama, rosto entre as mãos – Eu tô aqui pra explicar o que aconteceu porque posso ser um tremendo babaca, mas sou seu irmão mais velho e não quero te assistir erguer ainda mais máscaras de frieza porque alguém “abalou sua confiança”. Ainda mais quando tudo não passa de um mal-entendido, causado por mim.

Apesar de qualquer animosidade passada entre eles, havia admiração. Por mais desaprovação que houvesse a respeito de sua inclinação ao ódio cego e violência desmedida, Atena não era capaz de ignorar sua inegável bravura e força. Só podia imaginar o enorme controle necessário para conter tamanha fúria interior quando longe das lutas. Por outro lado, não negando o orgulho inato da família, Ares dificilmente admitiria em voz alta o quanto sua irmã era uma das únicas aliadas que ele jamais desprezaria. Ela exalava uma aura de poder e autoridade superior a do próprio Zeus, talvez por isso mesmo assustando-o tanto vê-la ali, machucada.

— Quando eu fui falar com ele, acabei dizendo aquilo porque era o mais óbvio, entende? É exatamente o tipo de ação que se esperaria de nós, deuses. E eu não podia, sequer cogitaria, que ele houvesse amadurecido tanto assim, tão mais do que... bem, tão mais do que eu. Até hoje, pra mim é muito difícil ver e lidar com as coisas de forma diferente, conter os instintos de manipulação e conquista. E isso só porque tenho Afrodite. Porque mudei por ela. Porque quando me vi apaixonado - ele se interrompe - Ah!

— O quê? O que foi Ares?

— Agora consigo entender o que o fez mudar tanto... – vendo-a ali, olhos muito abertos e sobrecarregada de sentimentos, soube não caber a ele a tarefa de contar-lhe. Devia descobrir por si só – Talvez ele tenha uma habilidade maior pra perceber as coisas. Acho que ele não é um dos três grandes à toa, afinal... O que quero dizer é que você deveria ao menos ouvi-lo.

— Me poupe, Ares. – reclamou, mas a ferida já começava a cicatrizar.


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Notas finais do capítulo

Não se preocupem que, depois de todo esse sofrimento e apreensão, prometo que vai ter muito amorzinho ♥



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