The Way You Look Tonight escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 12
Cartas na mesa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é totalmente dedicado a Cecília por todos seus elogios que me deixam sem jeito, por sua enorme paciência para com minha demora em escrever e por ser a grande responsável por dar vida e as características pelas quais sou tão apaixonada em Poseidon e Atena desde... Bom, desde sempre. Te amo de montão e espero que este capítulo possa estar a altura ♥
Muitíssimo obrigada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479473/chapter/12

Sentei-me num banquinho posicionado no centro do tablado de madeira e Apolo me entregou a letra em um papel amarelado, vestindo um sorriso luminoso em sua face de verão. Ele se aprumou em frente ao piano e dedilhou os acordes iniciais da canção de forma que se encaixassem perfeitamente com o tom da minha voz ao melodiar o primeiro verso, sua imensa e natural habilidade com o instrumento relembrando-me o porquê de ele ser o deus da música.

Embora a partitura repousasse em meu colo, não precisei consultá-la nenhuma vez. Quando dei por mim, cada palavra saía como uma confissão, como uma extensão do sentimento recém descoberto, mas que já vinha tomando forma em mim há séculos. Enquanto cantava, vivi uma espécie de epifania, praticamente uma miragem dos deuses todos reunidos me ouvindo no fatídico dia da apresentação, mas meu olhar buscando um único alguém na multidão. Uma única pessoa a quem me importava a compreensão e aceitação de cada verdade explicitada pelas estrofes ecoando no salão.

Não era uma obra que exigisse grande extensão vocal ou melismas, portanto foram necessárias poucas modificações até que eu e meu exigente amigo ficássemos satisfeitos. O tempo passara voando e, apesar de parecerem poucos minutos, quando dei por mim, a tarde já chegava a seu final e, ao terminar de entoar a canção pela última vez naquele ensaio, fui surpreendido por palmas acaloradas e gritinhos de excitação.

—Titio, isso foi lindo! – A deusa do amor exclamou ao me abraçar, pequenas lágrimas escapando pelo canto de seus olhos – Eu sempre achei que existisse um romântico em você, mas aí você vem e supera todas as minhas expectativas! Estou tão orgulhosa!

—Er... Obrigado, eu acho.

Afrodite rapidamente enxugou seu choro com a ponta dos dedos e já circulava animadamente pelo espaço, veloz e delicada, em seu jeito fada-borboleta de ser.

—Mas onde está minha irmãzinha favorita? Perdão, Apolo, você sabe que te amo.

O deus Sol gargalhava sentado defronte a seu belo piano quando respondi, uma súbita consciência me atingindo ao pensar nela, mal contendo certa tristeza embargando o tom de minha voz ao proferir:

—Atena saiu.... Deve estar em seu templo.

Afrodite logo estacou no lugar e seu semblante antes tão feliz foi substituído pela preocupação.

—Não me diga que vocês brigaram? Eu não posso acreditar, tive tanta certeza ontem de que minhas suspeitas estavam certas e....

—Nós não brigamos, fique tranquila. – Suspirei – E você provavelmente está certa. Ontem eu.... Eu finalmente tive certeza de que a amo.

—Mas eu não entendo... Era para você estar exultante!

Olhei consternado para a deusa a minha frente, tentando entender como é que ela não era capaz de ver o quanto tudo aquilo estava fadado ao fracasso, o quanto esse amor que morava em mim jamais seria capaz de florescer de maneira recíproca. O máximo que eu podia desejar era ser capaz de amainar o ódio por mim que Atena antes consumia. Se, como eu esperava, ao fim destas semanas eu tivesse conquistado isso, já seria vitorioso. Não podia sonhar que ela um dia me olharia de forma diferente e, mesmo que olhasse, eu não teria o direito de lhe pedir que desistisse de um juramento de milênios por mim. Não era justo e eu simplesmente não sabia como pôr isso tudo em palavras, mas não foi necessário. Apolo expressou sua frustração por mim, amargo:

—Nem sempre as coisas são assim tão simples quanto você faz parecer, Dite. O amor reservado a algumas pessoas é só um fardo do qual não conseguimos nos livrar. Um lembrete de que a felicidade deveria ser possível, mas que por vezes simplesmente não é.

De olhos fechados, o sorriso e juventude que ela antes emanava se amainaram. Afrodite parecia sentir cada palavra, cada acusação velada reverberando em seu ser. Em sua face lentamente se pintava o peso do anos, o poder e a seriedade que ela parecia fazer questão de esconder por entre a excentricidade de seu jeito espalhafatoso de menininha cor de rosa.

—Vocês me tomam somente por um rostinho bonito, não é? Pois saibam que sou tão ancestral quanto vocês. – Sua voz seguia doce, mas feria como aço e reverberava como o trovão, não negando o sangue de Zeus que corria em si – Meus domínios não são assim tão fáceis e bobos como vocês pensam e nem gastem saliva para negar, eu sei que é exatamente isso o que passa em suas mentes! O amor se tece em tramas que vocês jamais compreenderiam, mas não se preocupem, eu não me ofendo. O tempo irá lhes mostrar...

—Dite, eu não quis – ela o silenciou com um gesto da mão.

—Vim aqui somente trazer estes filmes – diz estendendo-me duas capinhas de DVD que eu não havia notado – Sugiro que convide Atena a vê-los com você. Pela festa.

Ela já se encaminhava para a saída quando acrescentou um aviso:

—Já lhe preveni quanto a estar cego para o que estava em frente a seus olhos uma vez, espero que não tenha esquecido a lição.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já disse que sou apaixonada por Afrodite? ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Way You Look Tonight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.