My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 4
Quando amanhece


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos Haylijahs! Depois de uma demora quase imperdoável, espero que realmente gostem desse capítulo.



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Eram cinco e meia da manhã, mas ela não se importava. Gostava da tranqüilidade de uma madrugada onde a dócil e persistente neblina se instala por toda parte até a chegada dos primeiros raios de sol. Hayley amava neblina porque fora num dia ensolarado que ela foi abandonada bruscamente em seu primeiro orfanato.

Olhando-se para o espelho diante de si, estava dividida. Sentia-se orgulhosa por ser uma mulher forte e ter sido capaz de dar àquela criança um futuro melhor, não num orfanato vagabundo qualquer. Mas, lá no fundo, havia uma partícula obscura que ela tentava esconder. Era medo; medo de ser mãe e como isso acabaria com ela – porque é certo que acabaria – emocionalmente e... Fisicamente. Acariciando sua barriga aveludada, Hayley observou que estava ligeiramente mais inchada e, mesmo com pouco mais de dois meses de gravidez, sua cintura agora tendia a ser algo disforme.

Veja, a aparência física era importante para ela porque, quando as pessoas olhassem-na – principalmente Elijah -, não queria que Mulher grávida fosse a primeira coisa que lhes viessem à mente. Ora, todo aquele inchaço e os inconstantes enjôos eram lembretes do quanto ela havia sido irresponsável. Mas ela se perdoava; quando se tem uma vida tão absurdamente dura, é fato que alguns erros terríveis acontecerão.

Erro terrível. Seria certo que essa fosse a única coisa que sentisse por aquela pequena vida em seu ventre?

– Eu estou tão fudida – resmungou, abandonando o espelho.

– A mim, parece-me que está linda – respondeu aquele adorável sotaque, cujo dono adquirira o irritante hábito de não bater à sua porta.

– Ah, olá, melhor amigo – disse a moça, desviando os olhos. Por que diabos ela se assustava tão desajeitadamente como uma criança? Elijah devia achar que era vulgar.

– O que faz acordada tão cedo?

– Me preparando para perguntar a você porque insiste em invadir meu quarto.

Ok, ela estava mal humorada. Qualquer uma ficaria ao saber que um homem atraente a pegara olhando para a barriga recém deformada. E... Bem, ele a deixava nervosa. Mesmo que, evidentemente, fosse o oposto de Klaus, havia algo nele que era muito misterioso. E depois do incidente do travesseiro, descobrira que se aproximar do outro irmão era ideia muito ruim.

Porém, sua vida inteira foi constituída de ideias ruins.

– Você é minha convidada – disse Elijah e a moça se preparou para uma repreensão. Quem ela pensava que era pra ser tão petulante sob o teto dele? – Seu bem estar é minha maior preocupação. Preocupação imediata.

E lá se vão as muralhas dela. Aquele homem sabia como a derreter. Durante os dois meses passados desde sua chegada, Elijah mostrara-se um perfeito cavalheiro, atendendo a todas as suas necessidades. Sentindo-se acuada, Hayley constantemente tentava se afastar... Sem sucesso.

Ah, se ela soubesse que toda a educação polida dele era apenas uma tentativa em vão de lembrá-lo que ela era quase a mulher de seu irmão! Era impossível pra ele não ver malícia nos olhares sedutores que ela lhe lançava. Porém, tentava crer veemente que era tudo fruto de sua imaginação. Se Klaus sequer sonhasse que ele a desejava... Faria questão de acabar com a pobre garota. Como fez com todas as outras.

– Enfim – continuou ele – Já que está acordada pensei que poderíamos tomar café juntos. Antes de Klaus sair.

– Aonde ele vai? – perguntou, torcendo para que fosse para o inferno.

– Precisa viajar a negócios por algum tempo. Não sei, ele não me deu muitos detalhes. Mas sei que será um alívio para você.

– Ah, com certeza... Quero dizer, não, é claro que não. Seu irmão é muito gentil e hospitaleiro.

– Hayley – disse, e colocou todo o peso do mundo no nome dela, que sequer conseguiu se mexer; era como magnetismo – Se somos amigos, prometa-me uma coisa. Não minta para mim novamente.

E sem esperar resposta, desceu as escadas. Suspirando, ela só se sentiu mais idiota a cada segundo. Por que é que era tão desconcertante ficar ao lado dele? Amigo, amigo, repetia para si mesma. Como podia contar a seu melhor amigo que o irmão dele era um monstro, que constantemente a importunava e até mesmo a feria? Como Klaus ameaçara, ela teria de ficar quieta para não ver o pobre Elijah magoado.

Quando chegou à cozinha, Elijah tinha duas tigelas de leite com cereal a sua frente e sorria abertamente para ela. O sol ainda não nascera.

– Obrigada – disse ela, com tom divertido. Certamente não esperava isso.

– Desculpe-me pela simplicidade. É basicamente tudo o que eu sei fazer.

– Hei, vamos fazer um acordo. Você para de ser tão formal comigo e eu lhe ensino a cozinhar. Fechado?

Como se ele fosse capaz de negar algo a ela.

– Tudo bem.

E conversaram. Ah, como era boa a tranqüilidade daquela amizade. Era tudo tão puro e simples. Isto é, quando conseguiam deixar de lado a poderosa atração que um exercia sobre o outro. Conversaram sobre como foi a vida de ambos longe um do outro, tomando o mútuo cuidado para não tocar no assunto das várias famílias que Hayley tivera. Ele descobriu que ela era divertida e não conseguia parar de rir das histórias que ela lhe contava.

– Qual é seu maior desejo? Um que seja quase inalcançável? Um sonho? – perguntou Elijah, super curioso sobre tudo o que aquela mulher dizia. Ela o prendia ao mundo dela. Não notaram que conversavam há mais de duas horas.

– Eu sempre gostei de cavalos, quando raramente podia ver um. Sempre quis fazer aulas de equitação.

– Sério? Cavalgar é seu maior desejo?

– Não, fazer sexo com você é que é – disse ela, agora muito mais solta e provocativa, só para ter o prazer de ver os olhos de Elijah se arregalarem.

– Senhorita, este não é um linguajar condizente com uma dama! – exclamou ele, fazendo cara de indignado.

E a risada que ela deu foi tão verdadeira que ele não pode fazer nada além de rir. Essa teria sido uma agradável manhã entre amigos se Klaus não tivesse irrompido cozinha adentro. Indignado com a aproximação deles, pensou em mil e uma coisas para dizer, mas, por fim, ficou calado. Uma maldade em silêncio é sempre uma maldade melhor.

– Olá, irmão – disse Elijah, endireitando-se na cadeira involuntariamente.

– Olá. Como está, Hayley? – disse e o olhar que lançou a ela somente os dois puderam entender. Dizia que ela iria sofrer.

...

Enquanto observavam o carro de Klaus partir, suas mãos tocaram-se sem querer. Não houve fagulhas, nem eletricidade nem qualquer outra dessas coisas. Houve apenas a sensação de que era exatamente isso que deviam ter feito. Porém, confusos, ambos se afastaram.

– Eu lhe darei uma vida incrível, Hayley – prometeu baixinho. Sem contexto ou necessidade; prometeu porque era o que seu coração dizia.

Ela se limitou a olhar as estrelas. Sabia que algo entre os dois estava prestes a acontecer e, seja lá o que fosse, sentia-se pronta. Elijah era como um anjo. Seria tão errado assim aproximar-se dele? Eram mesmo tão influentes as ameaças de Klaus? Estava correndo um risco, mas ela entrelaçou seus dedos nos dele. Ele não se moveu.

Sorrindo para si mesma, percebia que já tinha começado a se apaixonar por ele assim que batera à sua porta. Esse pensamento não produziu só sentimentos bons nela. Suspirando, pressentiu que acabaria machucada novamente e esse nem era o grande problema. O maior desafio era convencer-se de que tinha coragem para seguir em frente... Ou abandonar tudo.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? :D
Sugestões? Sintam-se a vontade!



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