My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 2
Pulseira de couro




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Elijah parecia extasiado. Aquela mulher, tão desarrumada, era a criatura mais sexy que já vira na vida. Parecia mal humorada e isso o atraiu instantaneamente. O pijama dela possuía um leve decote... Que o fez pensar em como ela dormia... Em como seria dormir com ela... Droga! Aquela era a mãe de seu sobrinho. Ele mal podia acreditar que estava sendo tão indecente. De novo. A beleza dela o deixava desconcertado. Como podia fazer um acordo com essa mulher?

Ela ficou parada lá, com cara de boba, sem reação alguma. Bem, Hayley quis ter uma reação, mas bater a porta na cara de seu velho amigo recém aparecido não era lá o maior exemplo de educação. E talvez nem fosse mesmo Elijah, já fazia tanto tempo...

– Quem é você? – perguntou, por fim.

–Oh, eu mudei tanto assim? – disse o homem, com uma voz cheia de timbres roucos – Sou Elijah, o de doze anos atrás. Da pulseira de couro...

A mulher mal podia acreditar que ele ainda se lembrava disso. Viu uma pequena fagulha de emoção tentando se aflorar e ela esmagou-a raivosamente.

– Ah, hm, oi – disse, sem graça. O que fazer numa situação dessas? – Elijah... Mikaelson?

– Sim, Hayley Marshall.

Ah, se o destino fosse uma pessoa, Hayley teria o socado até a morte. Que tipo de brincadeira sem graça era essa? Respirou fundo e se recordou que ele já não era seu amigo; até uns dez minutos atrás nem sabia seu sobrenome. Aquilo não queria dizer nada; ela não ia se deixar levar por uma coisa que fora apagada há tanto tempo. Ele era só o irmão de Klaus.

– Entre.

– Obrigado – respondeu ele, todo sorrisos. Sem saber o motivo, aquilo a irritou. – Tem uma bela casa. E que cozinha!

Se Elijah estava tentando ser simpático, com ela não iria funcionar. Assim, vestiu sua armadura e encarou-o com mau humor. Não se esqueça do por que ele está aqui, pensou fervorosamente.

– Você veio falar do acordo, não? – disse, tentando não soar ríspida.

– Ah, sim, claro. Mas queria saber um pouco de você. Como tem passado?

A moça suspirou. Sim, ia ter de passar por aquilo.

– Bem. Normal, acho. Uma vida comum; trabalho a noite e estudo de manhã... Mais ou menos. Coisa de gente normal. Nada extraordinário.

– Eu duvido muito – disse ele, mas muito baixo para que ela pudesse ouvir. Continuou em tom mais audível – Ah, fico feliz por estar bem.

– E você? Como está?

– Prosperando, acho. Eu administro as empresas da família e Klaus, a política. E, ah, tenho uma irmã que... Bem, ela gosta de aproveitar a vida. Nossos pais morreram há alguns anos, mas vivemos bem, apesar de tudo.

Toda aquela falação só deixava Hayley mais desconfiada. Por que ele se abria para ela tão confortavelmente?

– Casou-se? – perguntou ela, tentando levá-lo aonde queria... E, intimamente, morta de curiosidade.

– Não, não, não tive a honra. E você... – disse, mas parou. Touché. Adeus zona de conforto.

– Estou grávida do seu irmão.

– Você sabia? Que ele era meu irmão?

– Elijah, acabo de descobrir seu sobrenome. Claro que não. Se soubesse, bem, não ia ser atrás dele que eu iria.

Oh, maldita, maldita língua. É o que se ganha por tentar conversar demais com um velho “amigo”. Jesus, perdera o juízo?! E se... Pensasse que era um flerte? Tudo bem que ele era extremamente atraente... Mas ele só sorriu.

– Você é curiosa – disse, por fim.

– Por que não deixamos os rodeios de lado? Está aqui por algum motivo... Diga-o.

– Sim, claro – respondeu e dessa vez adquiriu um tom formal, involuntariamente, que só usava com os seus clientes de mais alto padrão: o tom frio e superior – Propomos um acordo a você; durante o período de sua gestação irá morar na nossa casa em New Orleans, e cuidaremos de você. Depois, quando a criança nascer, poderá deixá-la conosco e ir para onde bem entender.

O “mas” que ele não queria dizer estava implícito. Elijah, é justo dizer, possuía o coração mais nobre que alguém poderia ter. Por mais que a vida tivesse derrubado-o algumas vezes, ele nunca permitiu que isso afetasse sua bondade. Mas mesmo alguém tão honroso é submetido ao mundo sujo que o cerca; ele não poderia desacatar as ordens do poderoso irmão.

Porém, como um anjo da guarda, poderia garantir que ninguém a ferisse.

– Mas? – continuou Hayley

– Não pode dizer a ninguém onde está indo e nem por quê. Deverá deixar tudo para trás e, no fim, assinar um acordo sobre seu silêncio e partir para um lugar onde ninguém conheça nenhum de nós.

– Wow – disse a mulher, como se tivessem roubado seu ar – É claro que ele pediria isso. Você... Você concordou?

– Esta ideia foi minha. A de meu irmão... Não era algo a se propor a uma dama.

Hayley olhou seu apartamento surrado. Mesmo que sem querer acabara afeiçoando-se ao lugar. Era o único recomeço que experimentara que ia tão bem; esperanças plantaram-se nela. Era seu lugar, imaculado de decepções, onde, com um pouco de sorte, ela poderia manter a infelicidade longe.

– Não posso deixar minha vida para trás! – gritou ela, que odiava se sentir acuada; era como um lobo selvagem, livre – É tudo que eu tenho.

– Hayley... Que vida?

Não sabia se era o efeito precoce da gravidez, mas ela começara a chora. Por que era tão injusto? A felicidade sempre pulava pra longe dela... Então seu olhar recaiu para sua barriga. Ali estava sua obrigação, a chance de fazer com que alguém não precisasse ter o mesmo destino que o dela.

Como que por magnetismo, Elijah a amparou. E, por um simples momento, pode ver a sombra daquela jovem menina e a lembrança do cheiro de maresia o infiltrou. Fazendo uma promessa a si mesmo, talvez por loucura, ele respirou fundo.

– Hei, escute – disse, puxando o queixo dela para cima – Não precisa se preocupar. Eu sempre a protegerei, tem a minha palavra sobre isso. Nenhum mal cairá sobre você enquanto eu estiver perto. Você será feliz, Hayley.

– Eu acredito – sussurrou baixinho.

Aquela promessa era a única coisa a qual ela podia se agarrar. Sem ela, afundaria.

...

Enquanto a mulher dormia ao seu lado no carro, Elijah tinha a cabeça cheia de pensamentos perigosos. Sabia que o irmão iria acabar tentando matá-la; ninguém o desafiava. Mas, dessa vez, seria diferente. Ele a protegeria. Não sabia por que, mas tinha de fazer isso.

Olhando para a pulseira de couro que ainda permanecia em seu pulso, afeição possuindo-o, ele sorriu. A garota ainda tinha o sorriso angelical de que se lembrava. Pelo menos no sono, permanecia imaculado.


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Notas finais do capítulo

Olá, leitores! Obrigada pelos comentários tão positivos! Vocês nos incentivam *-*